O ARBORETUM E SEU PAPEL NA PRESERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

Equipe: Andréa Cammila Palmeira Santos ([email protected]) - (1)

Henrique Macêdo Santos ([email protected]) - (1)

Jade Corte ([email protected]) - (1)

Jéssica Francyne Frias ([email protected]) - (1)

Jonas Rafael Duarte Cavalcante ([email protected]) - (1)

Júlia Santos Humberto ([email protected]) - (1)

Orientação: Luciano Barbosa dos Santos ([email protected]) – (2)

Aline da Silva Ramos Barboza – (2)

(1) Aluno do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Alagoas – UFAL

(2) Professor do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL

Resumo: Existe no Brasil um dos biomas mais ameaçados pelo desmatamento progressivo, a Mata Atlântica. Com cerca de dez mil espécies vegetais e mais de setecentas espécies animais, sendo muitas delas exclusivas desse meio, encontramos na floresta atlântica uma das maiores biodiversidades do planeta. Com o decorrer dos anos, a expansão territorial urbana e o crescimento econômico das monoculturas, muito da floresta foi perdida pela mão do homem, no entanto a importância e fragilidade deste meio fazem aparente a necessidade de sua preservação. Projetos de teor social, movidos por ONGs e pelo próprio governo, visam à preservação da mata atlântica como uma das maiores riquezas do país, entre eles destaca-se, em Alagoas, o projeto Arboretum Campus A. C. Simões. Localizado dentro do campus da Universidade Federal, o projeto conta com uma área de aproximadamente quatro hectares destinada ao cultivo de espécies nativas brasileiras. São coletadas amostras das plantas em áreas de mata fechada, e no Arboretum, estas são desenvolvidas à produção de mudas e sementes com a finalidade de reflorestar áreas degradadas de mata, distribuição das mudas para arborização urbana e também para desenvolvimentos de projetos sociais de conscientização ambiental; que vão desde o envolvimento direto de escolas primárias com o projeto, visando à conscientização das crianças sobre a importância da preservação; à iniciativas como o coletivo jovem, que forma jovens entre 17 e 25 anos à conservação dos biomas encontrados em nosso país. O projeto conta com o apoio a prefeitura universitária, no entanto, algumas dificuldades são enfrentadas por seus coordenadores e auxiliares, a vizinhança pouco conhecedora da importância do projeto, que acaba por destruir as plantas em prol de seu beneficio pessoal; também a falta de divulgação social e a subseqüente baixa demanda de pesquisas relacionadas ao arboretum, são exemplos destas. É importante a difusão do mesmo com a finalidade de expandir e melhorar a preservação ambiental.


1. Introdução

Mata Atlântica, bioma altamente degradado pela intensa ação humana desde o período colonial que abriga a maior variedade biológica do planeta. Hoje, restando apenas aproximadamente 7% de seu território original este ecossistema sofre bastante e as espécies que o compõe estão cada vez mais perto de chegar à extinção.

Visando solucionar problemas como este, existem inúmeros projetos, ONG's e instituições que trabalham e lutam em prol da preservação da Mata Atlântica ainda existente e do reflorestamento de áreas já devastadas.

Em meio a tantos projetos e instituições existe uma iniciativa maceioense de criação de um ambiente propício ao cultivo de espécies nativas e atípicas do meio; o Projeto Arboretum Campus A. C. Simões, este conta com uma área de aproximadamente quatro hectares, localizado dentro do campus da Universidade Federal de Alagoas, onde são cultivadas várias espécies de plantas com o intuito de produção de mudas e sementes para reflorestamento de regiões degradadas de floresta.

2. Mata Atlântica

Mata Atlântica é um ecossistema que ocupava toda a extensão do litoral brasileiro, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, alcançando outros países como Argentina e Paraguai. É um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, mas é considerada a quinta área mais ameaçada do mundo.

O desenvolvimento da vegetação de mata atlântica é favorecido pela extensa cadeia de montanhas que compõem a costa oriental brasileira, pois os ventos que sopram do oceano em direção ao continente perdem umidade ao percorrerem a altitude, umidade esta que se precipita e torna o clima sempre úmido, propício ao desenvolvimento da floresta densa e alta, com espécies entre vinte e trinta metros de altura.

Embora possua um microclima bastante diversificado em cada um de seus estratos, o macroclima predominante é equatorial ao norte e quente temperado sempre úmido ao sul, com temperaturas médias elevadas durante o ano todo, variando entre 14 e 21ºC.

Os solos da floresta são, em sua maioria, pobres em minerais, tendo a maior parte de seus nutrientes afixados nas plantas. Este solo se torna fértil pela decomposição da matéria orgânica proveniente da própria floresta, o que a torna dependente de si mesma. Se grande área de floresta for desmatada, os nutrientes do solo serão rapidamente levados pela chuva, deixando-o praticamente inutilizável para fins de agricultura.

A fisionomia e a flora da Floresta Atlântica são semelhantes à Floresta Amazônica, porém, a floresta Atlântica possui a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Isso se deve a sua distribuição em condições climáticas e altitudes variáveis, favorecendo a diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas de solo e umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas sofreram grandes mudanças nos ciclos climáticos secos e úmidos, mudanças estas que influenciaram na formação dos padrões atuais.

Sendo assim, a maior importância da mata Atlântica reside na sua biodiversidade, que tem mais de 50% de sua totalidade composta por espécies endêmicas, ou seja, que só existem naquela região.

Na flora destacam-se o pau-brasil, o jequitibá, as quaresmeiras, o jacarandá, o jambo e o jabolão, o xaxim, o palmito, a paineira, a figueira, a caviúna, o angico, a maçaranduba, o ipê-rosa, o jatobá, a imbaúba, o murici, a canela-amarela, o pinheiro-do-paraná, e outras. Sua estrutura varia conforme o solo e as condições climáticas de acordo com cada região.

Cálculos mostram que nela existam dez mil espécies de plantas, cento e trinta e uma espécies de mamíferos, duzentas e quatorze espécies de aves, vinte e três de marsupiais, cinqüenta e sete de roedores, cento e oitenta e três de anfíbios, cento e quarenta e três de répteis e vinte e um de primatas.

Na fauna, mais de duzentas espécies de animais são ameaçadas de extinção. O mico-leão-dourado é uma das mais ameaçadas. Para evitar seu desaparecimento, é preciso que se crie um habitat para abrigar uma população de cada espécie para procriação, já que existe uma relação harmônica entre as plantas e os animais, pois um depende do outro para sobreviver.

A área que resta vem passando por inúmeras devastações e estas causam grandes impactos ambientais. Isso vem ocorrendo desde o período colonial: o pau-brasil era muito extraído para fabricação de tecidos e tinturas, e grande parte das matas era derrubada para plantio de cana-de-açúcar ou café. Ao passar dos anos esse problema só aumentou, pois a mata propicia ao homem grande lucro e nenhuma restrição foi imposta a esta destruição desenfreada. As matas passaram então a serem derrubadas para extração de madeira, servindo de matéria prima para indústria de papel e celulose e para exportação.

Mas o desmatamento não tem como causa apenas a exploração de árvores. A expansão urbana também é um dos motivos, pois exerce grande pressão sob áreas de vegetação.

Como conseqüência disso tudo temos a extinção de várias espécies de animais e de plantas, o aumento das temperaturas, da poluição, da erosão do solo (que leva ao seu empobrecimento), destruição da biodiversidade, elevação das temperaturas e desertificação.

3. O Arboretum

Arboretum é um jardim botânico ou um espaço destinado para o cultivo, coleção e preservação de árvores, arbustos, plantas herbáceas e outras.

Segundo Maria Cecília Bello em entrevista à folha universitária,o Arboretum teve início há seis anos através da equipe do Departamento de Botânica da Ufal, sob sua coordenação, com o objetivo inicial deproduzir mudas de pau-brasil para serem distribuídas durante a comemoração dos 500 anos do Brasil.

Em abril de 2002, o Programa Arboretum da Universidade Federal de Alagoas surgiu com o intuito de contribuir com a biodiversidade, possuindo uma área de mais de quatro hectares, destinada à produção e conservação de diversas espécies de plantas originalmente brasileiras, principalmente da Mata Atlântica.

Ainda relacionados ao Arboretum, existem projetos de caráter social, dentre eles, os trabalhos com os reeducandos do sistema prisional de Alagoas, a integração da escola com o meio ambiente, o projeto coletivo jovem e ações de reflorestamento que visam principalmente à educação comunitária.

3.1 Reflorestamento e Biodiversidade do Arboretum

O reflorestamento de áreas degradadas é uma alternativa importante para a recuperação ambiental. Especialistas em meio ambiente pretendem implantar corredores ecológicos em áreas de mata atlântica, começando da região metropolitana de São Paulo, seguindo pela Serra da Mantiqueira (MG) e terminando na Serra dos Órgãos (RJ). O outro corredor vai do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo, onde é mais urgente a reposição florestal. O objetivo é criar conexões vegetais entre o que ficou da mata e as áreas que foram destruídas.

Segundo Marcelo Tabarelli, convidado para participar do ciclo de palestras da semana do meio ambiente promovido pela UFAL e o IBAMA, a estratégia de conservação da floresta atlântica nordestina tem como objetivo a interligação entre ilhas da mata atlântica nos estados do Nordeste. O projeto de extensão da UFAL, chamado Arboretum, tem um papel interessante dentro deste contexto. Ele possui uma área de proteção de quatro hectares, com quase três mil plantas de diversas espécies nativas brasileiras, principalmente da Mata Atlântica.

O Programa Arboretum iniciou, em 2002, com a produção de espécies arbóreas originalmente brasileiras para fins de reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, distribuição de mudas no Estado e formação do bosque. Possui três mil árvores plantadas, pertencentes a 27 famílias e 73 espécies, com um viveiro florestal com capacidade para 20.000 mudas.

O programa propõe o uso dessa área como Centro de Educação ambiental destinado à visitação de escolas de rede pública e privada, onde as crianças aprendem os princípios básicos de coleta de sementes, produção de mudas e plantio de campo. A coleta de sementes é feita manualmente ou através de podão. As sementes são diretamente semeadas sobre canteiros ou embalagens para mudas, adequando especificamente para cada tipo de semente.

É importante começar esse tipo de trabalho desde cedo para que exista uma conscientização de preservação. Como exemplo da importância da preservação, temos que uma árvore de 40 metros de altura leva 10 anos crescendo, quer dizer, o que o homem destrói em três ou quatro minutos de moto serra, a natureza precisa de pelo menos uma década para repor. Preservar é uma forma de garantir o futuro do nosso planeta e das novas gerações. Atualmente, a preservação ambiental se torna praticamente obrigatória em todo o mundo, devido às graves conseqüências originadas pela degradação do meio ambiente, sendo a preservação a única maneira de amenizar ou até mesmo acabar com tais conseqüências.

4. Projetos Sociais realizados no Arboretum

Também coligados ao projeto, existem outro projetos menores de teor social que abrangem desde a educação ambiental infantil à reeducação de detentos dos complexos penitenciários vizinhos.

4.1. Educação Ambiental para Crianças

Em parceria com o NEA, o Projeto Arboretum realiza uma ação social com as crianças da educação infantil e do ensino fundamental das escolas vizinhas. No espaço do Arboretum são realizadas oficinas de educação ambiental, onde as crianças aprendem sobre princípios básicos de coleta de sementes, produção de mudas e plantio no campo. Essas atividades são realizadas de forma lúdica, com leitura de histórias, jogos, gincanas, músicas, lendas, fábulas e poesias, tudo incentivando o desenvolvimento artístico e cultural, finalizando com a elaboração de textos e desenhos sobre o tema trabalhado, objetivando a conscientização sobre a necessidade de preservar e conservar o ambiente natural.

O projeto de educação ambiental utiliza metodologias interacionistas, para que os envolvidos possam compreender que a relação entre educação e meio ambiente depende da participação de todos, desde as instituições de ensino até a população, em todos os seus níveis.

4.2. Projeto com os Detentos do Sistema Prisional

Além de educação infantil, o Arboretum dá oportunidade de aprendizado e emprego aos detentos do sistema prisional vizinho ao Campus. Os reeducandos passam a viver em sistema semi-aberto, fazem um cadastro na Prefeitura Universitária e trabalham durante o dia no Arboretum, recebendo um salário mensal pouco inferior a um salário mínimo. Nesse sistema, os detentos ganham, a cada três dias de trabalho, a redução de um dia em suas penas. Desta forma, os presos recebem uma nova oportunidade de inserção no mercado de trabalho, podendo ter novos objetivos em suas vidas.

4.3. Coletivo Jovem

O Núcleo de Educação Ambiental (NEA) criou um projeto para que os estudantes da Universidade Federal de Alagoas pudessem participar ativamente do Arboretum, e criar neles uma consciência ambiental que por diversas vezes é deixada de lado nos cursos de graduação, ou até mesmo na educação básica.

O Coletivo Jovem integra estudantes de todas as áreas da universidade em projetos de educação e conscientização ambiental, aproximando-os do ambiente de extensão que faz parte do currículo da UFAL.

5. Benefícios e Dificuldades do Projeto

Uma iniciativa como esta requer cuidados especiais, no desenvolvimento de tal projeto foram encontradas várias dificuldades antes que a implantação se perpetuasse. Primeiramente com o solo do local, visto que o alto teor de acidez inibia o desenvolvimento de certos tipos de plantas e por isso foi necessário o uso de produtos corretores à base de calcário. Após a limpeza do ambiente e correção do solo, os incentivadores do projeto encontraram outra grande dificuldade: A hostil vizinhança que reside nos condomínios periféricos ao Arboretum, esta foi e é realmente a maior dificuldade enfrentada considerando que foram cometidos inúmeros atos contra a estrutura, tais como: Entrada sem permissão, retirada de casca de árvores para fins medicinais, introdução de animais domésticos, captura de animais selvagens, entre outros.

Paralelamente, mesmo em meio a tantas dificuldades o projeto também desenvolve inúmeros fatores benéficos à sociedade. Dentre estes, existem: Projetos sociais com intuito de conscientização ambiental infanto-juvenil, projetos de reflorestamento de matas devastadas, incluindo matas ciliares, projetos de arborização de condomínios visando primeiramente estética e posteriormente qualidade de vida proporcionada pelo ambiente.

6. Considerações Finais

É de percepção geral a importância da mata atlântica para o ecossistema global, com a sua degradação, também se percebe a necessidade de programas para auxiliar sua proteção e reconstituição. O arboretum é uma iniciativa muito importante neste termo e depende de todos a sua expansão e aprimoramento. Com o interesse e dedicação de todos, pode-se fazer deste um projeto pioneiro no reflorestamento ambiental.

7. Referências Bibliográficas

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