3 O ALUNO HOSPITALIZADO: LIMITES E POSSIBILIDADES Ao ficar internada, a criança tem que lidar não apenas com a doença, mas com as demais conseqüências da internação: privação de liberdade, de estar com a família e amigos, de freqüentar a escola e fazer o que gosta. Diante desses fatores, a classe hospitalar poderá ser o elo com o mundo além dos muros do hospital, de acordo com Fonseca (2000, p.47): "O tempo de aprender é o tempo do aluno [...] a sala de aula é do tamanho do mundo, no caso da sala de aula da classe hospitalar, serve como mediadora à possibilidade da criança de plugar-se com o mundo fora do hospital." Sabe-se que a hospitalização ocasiona uma interrupção brusca com o cotidiano e convivência social, familiar e escolar desse aluno, o qual passa a vivenciar uma realidade totalmente diferente e distante do mundo que estava habituado. É nesse momento que, para não perder a ligação com o mesmo, entra em cena as ações da Pedagogia Hospitalar que minimizará os prejuízos desta interrupção evitando, entre outros, o desinteresse pelas atividades escolares. Nesse sentido as práticas educativas realizadas no hospital representará um elo entre o aluno e a escola convencional, através do trabalho pedagógico hospitalar. Para que essa interação obtenha sucesso faz-se necessário que este trabalho seja desenvolvido com base no diálogo entre os envolvidos. De acordo com Matos; Muggiati (2008, p.69): [...] a atenção pedagógica, mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato educativo e se propõe a ajudar a criança (ou adolescente) hospitalizado para que, imerso na situação negativa que atravessa no momento, possa se desenvolver em suas dimensões possíveis de educação continuada, como uma proposta de enriquecimento pessoal. O diálogo constitui-se num dos principais fatores em todo ato educativo e, no ambiente hospitalar é essencial, tanto na relação entre professor e aluno, como entre o docente hospitalar e os demais profissionais que atuam no hospital. A maioria dos alunos, quando hospitalizados, tem uma determinada limitação, mas, geralmente, também dispõe de condições para participar de alguma prática educativa no ambiente hospitalar. Diante disso, Gil (2005, p. 50) sugere ao docente que "ao observar um aluno, não olhe apenas as dificuldades. É importante verificar as habilidades e as formas que ele usa para vencer desafios", e assim proporcionar a este educando a oportunidade de estar participando de alguma forma das atividades educativas realizadas no ambiente hospitalar, sem que estas interfiram em seu quadro clínico. Conforme Matos; Mugiatti (2008, p.104,105): [...] deve haver um cuidado especial no desenvolvimento das atividades, a fim de que não venha interferir no processo terapêutico da equipe de saúde. Esse tem como objetivo, o efetivo envolvimento do doente, na busca de uma modificação no ambiente em que está envolvido. Em todo caso, esta relação concreta que se estabelece é de grande utilidade para a equipe e passa a se constituir em fator positivo para o bom êxito do trabalho em ação. Trabalho este, que só é possível mediante a interação entre os profissionais da saúde e da educação, visando o bem estar do educando hospitalizado. E este, segundo Matos; Mugiatti (2008, p.73): "necessita ainda de ajuda para vencer as consequências de sua própria hospitalização", precisa de alguém para ouvi-lo em suas necessidades, já que sente falta do cotidiano que estava habituado. Essa ajuda implica no trabalho do docente hospitalar, que é consciente de que apesar destas limitações, esse aluno pode interagir, aprender, comunicar-se e divertir-se, pois a diversão e o brincar faz parte da vida, são práticas saudáveis até mesmo no ambiente hospitalar. Por isso, desde a criação da Lei n. 11.104/2005 (Veigas, 2007, p. 13) tornou-se obrigatório a instalação de brinquedotecas nos Hospitais do Brasil. Nesse aspecto, segundo Matos; Mugiatti (2008, p.151): "o espaço para as brincadeiras dentro do hospital representa um estímulo para crianças/adolescentes hospitalizados", daí a contribuição da brinquedoteca hospitalar, que segundo as autoras faz com que "a criança possa até esquecer que está em um hospital". (Matos; Mugiatti, 2008, p.153). Sobre o brincar no hospital e o que a brinquedoteca representa paras as crianças hospitalizadas, Veigas (2007, p.11) afirma que a brinquedoteca é: [...] um espaço no hospital, provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças, os adolescentes e seus acompanhantes a brincar no sentido mais amplo possível e conseguir sua recuperação com uma melhor qualidade de vida. Percebe-se que a presença da brinquedoteca no ambiente hospitalar não beneficia apenas as crianças e adolescentes hospitalizados, mas também seus acompanhantes, promovendo interação, auto estima, diversão e tornando o ambiente mais agradável e menos hostil. É oportuno dizer que a brinquedoteca e a classe hospitalar são espaços que contribuem para que estes enfermos se distraiam de forma saudável, ao mesmo tempo que contribuem para o ensino-aprendizagem. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: [email protected]