DISCIPLINA - SAÚDE MENTAL














O alcoolismo e as instituições empenhadas na saúde mental dos dependentes alcoólicos.

























DISCIPLINA ? SAÚDE MENTAL
CURSO: PSICOLOGIA

Trabalho solicitado como requisito para nota da N2, na disciplina de Saúde mental e apresentado à professora Aline Brandão pelas alunas:
? Anielle Kaline da Silva Andrade
? Claudeni Lima,
? Débora Cardoso,
? Emanuelle Lacerda,
? Jeniffer Camila,
? Maricelma Bezerra,
? Micemere Reis,
? Sílvia Regina,
? Ilana kiara,























INTRODUÇÃO
O alcoolismo é uma doença crônica, declarada pela OMS desde 1951 como a terceira que mais mata no mundo. Segundo o ministério da saúde a dependência causa só no Brasil em média 15 mil mortes por ano. O uso do álcool está associado à maioria dos acidentes de transito e casos de violência e é responsável ainda por um elevado número de mortes evitáveis, além de aumentar os gastos do governo com tratamento médico e internações hospitalares.
Conforme a dependência alcoólica aumenta os problemas com o corpo também se agravam. Muitas doenças são causadas pelo uso contínuo do álcool, desde a diminuição dos reflexos até o câncer, além de conflitos sociais e síndrome alcoólica fetal em mulheres grávidas.
Diante do grave quadro de alcoolismo existente no Brasil e no mundo e do ainda insuficiente número de CAPSad e políticas públicas sobre o tema, a equipe (alunas do curso de psicologia, cursando a disciplina SAÚDE MENTAL) teve a oportunidade de vivenciar reuniões em grupos de Alcoolistas Anônimos, irmandade de homens e mulheres portadores de alcoolismo, em três cidades do interior pernambucano, podendo constatar de perto como se dá a terapêutica no AA, e quão importante é sua contribuição na recuperação de alcoolistas.




































DESENVOLVIMENTO

De acordo com a definição do CID-10, a síndrome de dependência do álcool (SDA) é caracterizada por sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos, onde o uso do álcool é prioridade na vida do individuo, assim, o mesmo abandona, de forma progressiva, seus interesses diversos em favor do uso da bebida alcoólica. Além de aumentar a quantidade de tempo necessário para obter, tomar e se recuperar dos efeitos do álcool e continuar a usá-lo apesar das conseqüências o alcoolista possue também dificuldade para controlar o início e término do consumo de álcool. Os sintomas da SDA são: estreitamento de repertório, tolerância, abstinência, alívio ou evitação da abstinência pelo uso do álcool, desejo para consumir álcool e a reinstalação da síndrome após abstinência.
Sabe-se que "O uso do álcool está associado à necessidade de Vencer a timidez, adquirir maior comunicabilidade, conquistar coragem e fugir dos problemas atuais em função dos sentimentos de pessimismo e conflitos em que vivem."¹ (Braga, 1977) Frequentemente são citados os fatores biológicos, hereditários e a predisposição ambiental como possíveis explicações para o consumo e dependência do álcool bem como os seus agravamentos.
É importante ressaltar que o uso de psicoativos é ainda influenciado pela facilidade para se adquirir bebidas com teor alcoólico, pela mídia, que constantemente faz apologia ao álcool, além da influencia de nossa cultura machista, exigindo que os homens sejam bons bebedores para mostrarem sua masculinidade e também pelo fato de não conseguir encontrar seu lugar na sociedade ou estar em lugar de fracasso. Filhos de alcoolistas também têm probabilidade quatro vezes maior de se tornarem alcoolistas na idade adulta do que a população geral. De acordo com pesquisas realizadas nos Estados Unidos, mais de 17 milhões de americanos abusam do álcool ou são alcoólatras. No Brasil, são 19 milhões de dependentes do álcool.
O consumo excessivo de álcool não é um problema apenas dos homens. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo constatou que 4% das mulheres do Brasil apresentam alcoolismo. Com a dependência, as alcoolistas ficam mais suscetíveis a sofrer abusos sexuais e também a apresentarem complicações na gestação. A Síndrome alcoólica fetal em mulheres grávidas afeta cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool. Os recém-nascidos sofrem de irritação, mamam e dormem pouco, além de apresentarem tremores. As crianças muito afetadas e que sobrevivem aos primeiros momentos de vida, podem apresentar também problemas físicos e mentais.
Outra conseqüência da dependência do álcool, tanto em homens quanto em mulheres, é a Síndrome da abstinência que é "um conjunto de sinais e sintomas físicos e psíquicos que aparecem por causa da diminuição ou interrupção do uso do álcool"². Inicialmente, os sintomas de abstinência são leves e intermitentes. "Posteriormente, com agravamento da síndrome de dependência, a freqüência e a gravidade dos sintomas aumentam, passando a ser persistentes". ³ (Laranjeira e col, 1996). A síndrome tem início de 6 a 8 horas após o individuo parar de ingerir álcool e se caracteriza por: tremor das mãos, distúrbios gastrintestinais e do sono e um estado de inquietação geral.
Constata-se dependência alcoólica quando há compulsão para consumir a substância, dificuldade de controlar seu consumo, Síndrome de abstinência ao cessar o uso, tolerância ao psicoativo, que requer cada vez maiores doses para proporcionar o mesmo efeito de doses mais baixas, e abandono progressivo de atividades em função da bebida.
O tratamento para o alcoolismo se dá através de: Desintoxicações - requerendo abstinência de álcool para eliminá-lo completamente do organismo. Medicamentos ? para prevenir a recaída utilizam-se remédios que atuam reduzindo o desejo de beber, bloqueando as regiões do cérebro que sentem prazer quando o álcool é consumido; há outros ainda que causam uma reação física ao álcool, como por exemplo: náuseas, vômitos e dores de cabeça. Aconselhamento: terapias individuais ou grupais podem auxiliar na recuperação do alcoólatra, identificando situações nas quais as pessoas podem ser tentadas a beber e encontrando meios de ser mais forte que o desejo. Dentre estas terapias grupais está um dos mais reconhecidos programas de recuperação alcoólica, são os Alcoólicos Anônimos (AA). Há também os CAPSad que tratam de alcoolistas e drogados, porém a quantidade de instituições ainda não são suficientes para atender às populações de todos os estados, o serviço ainda é pouco propagado, e representa a única ação pública governamental em saúde mental para alcoolistas no país.















Braga, M. C. (1977). Caracterização de um grupo de alcoólicos na área da mendicância.
Dissertação de Mestrado não-publicada. Departamento de Serviço
Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Citação retirada de site e escrito por Eurípides Costa do Nascimento & José Sterza Justo em:
Psicologia: Reflexão e Crítica, 2000, 13(3), pp.529-538 Vidas Errantes e Alcoolismo: Uma Questão Social.



ALCOÓLISTAS ANÔNIMOS (AA)

Segundo a revista primeiras noções sobre o Alcoólicos Anônimos, o AA é uma irmandade composta por homens e mulheres que compartilham experiências vivenciadas sob efeitos do álcool, fazendo com que a força e a união os ajudem na recuperação da doença.
O primeiro grupo de AA nasceu na cidade de Akron, em Ohio nos Estados Unidos, no dia 10 de junho de 1935. Os fundadores foram Bill W. e Dr. Bob, ambos compulsivos pela bebida, passaram a seguir a idéia de que um alcoólico pode ajudar outro melhor que outras pessoas, começaram então a reunir pessoas para falarem de suas experiências e assim cresceu o Alcoolistas Anônimos.
Há registros de que uma missão profissional do AA dos Estados Unidos veio ao Brasil em 1945 para tentar instalar no país a irmandade de Alcoolistas Anônimos, mas só em 1946 Herbert D. conseguiu dar inicio a este propósito. O primeiro grupo criado foi chamado de "grupo de AA Rio de Janeiro". Apenas no dia 5 de setembro de 1947 a JUNAAB (Junta de Serviços Gerais de AA do Brasil) convencionou como Alcoolistas Anônimos as atividades grupais exercidas pelos Americanos no Brasil. Em Pernambuco formou-se o primeiro AA em 19/08/1964, na capital.
Atualmente há cerca de 120 mil grupos espalhados em 180 paises e aproximadamente 2 milhões de membros praticando o programa de recuperação, e consequentemente de saúde mental, oferecido pelo AA.
O programa baseia-se em evitar o primeiro gole e a sobriedade é alcançada pelo compartilhamento de experiências durante as reuniões. Para ingressar na instituição basta apenas fazer uso da vontade de parar de beber.
As reuniões dos Alcoolistas Anônimos funcionam de forma igual em todos os núcleos e consistem em: depoimentos de dependentes em recuperação (tempo variado e determinado de acordo com o total de membros da irmandade); leituras dos DOZE PASSOS que devem ser seguidos pelos membros, e das DOZE TRADIÇÕES², sugeridas para as relações interpessoais com a comunidade e os outros participantes da irmandade; pausa para um cafezinho e leitura da oração pela serenidade. Por tanto, percebe-se que na instituição não há profissionais destinados à saúde (embora alguns médicos encaminhem seus pacientes aos grupos de AA) ou chefias e a liderança do grupo não é permanente, pois se criam comitês de serviço com curtos períodos de mandatos que elegem coordenador, tesoureiro e adjunto.
O Alcoolistas Anônimos é auto-suficiente através de seus integrantes, ou seja, eles mesmos doam quantias de dinheiro em cada reunião (sétima tradição) para manutenção do prédio onde estão instalados, aquisição de literaturas e outros custos. Não é aceito dinheiro ou qualquer doação de outras pessoas ou instituições, pois se segue o pensamento de não acumular bens materiais ou qualquer riqueza.
O principal propósito do Alcoolistas Anônimos é ajudar os membros a manterem-se sóbrios. O anonimato se dá por uma questão de segurança e também de ética, já que muitos dos participantes consideram a sua dependência como uma vergonha. Segundo a entidade, os princípios estão acima das personalidades, faz-se necessário a divulgação do nome da instituição e não de seus integrantes (12ª tradição).
O programa de AA não está ligado diretamente a religiões ou seitas, porém se crê em um Poder Superior que ajudará os participantes a se recuperarem.
O Alcoólicos Anônimos conta com acervos de literaturas que auxiliam no entendimento do funcionamento do AA, do programa de recuperação, de suas tradições e de todo os históricos. Dentre as publicações estão os livros: Alcoólicos Anônimos, Alcoólicos Anônimos Atinge A Maioridade, Viver Sóbrio, Dr. Bob E Os Bons Veteranos, Na Opinião do Bill, Viemos A Acreditar, Reflexões Diárias, além de áudios, vídeos, livretos, folhetos e panfletos.




























O ALCOOLISTAS ANÔNIMOS EM 2 CIDADES DO INTERIOR DE PERNAMBUCO.

? Caruaru-PE
? Surubim-PE
Em Caruaru há três grupos de alcoolistas anônimos e para elaboração deste trabalho visitou-se a instituição PRINCESA DO AGRESTE. A instituição caruaruense foi fundada no dia 25 de setembro de 1975 e desde 1990 funciona numa sala alugada situada na Rua 15 de novembro, nº. 250, sala 3, 1º andar. Para melhor organização da terapia o AA visitado instituiu uma tarefa (resgatar a vida do ser humano), um lema (dividir tarefas, funções e cargos em sistema de rodízio) e um método (depoimentos de experiências vivenciadas enquanto dependentes e sua recuperação após egresso na Irmandade, bem como palestras com psicólogos, médicos, educadores e religiosos). Estima-se que em Caruaru haja 2500 alcoolistas em recuperação, ligados à instituição e em cada reunião comparecem cerca de 50 dependentes. Na composição da mesa organizadora das reuniões estão: um diretor, um adjunto, um tesoureiro.
Em Surubim o Alcoolistas Anônimos está presente há muito tempo. No inicio de sua formação as reuniões aconteciam no salão paroquial da igreja de São José, da cidade. Atualmente, o AA surubinense localiza-se na Rua Santos Dumont, S/N, em um prédio cedido por uma seita de maçonaria. Faz-se necessário ressaltar que embora o prédio pertença aos maçônicos os membros do Alcoolistas Anônimos não são obrigados ou incentivados a participar da seita. Por causa do anonimato não há registros concretos de quantos membros fazem parte do AA de Surubim, mas, estima-se que haja aproximadamente 200 integrantes e destes uma média de 20 membros participam assiduamente das reuniões. Os coordenadores eleitos e os alcoolistas em recuperação são frequentemente solicitados para ministrar palestras em colégios, grupos de outras cidades ou qualquer entidade que os solicitem, estão sempre disponíveis para este trabalho, mas não há números de quantas palestras já foram realizadas ao longo de 25 anos de existência do AA em Surubim.












AL-ANON
Criado em 1951, o AL-ANON é uma associação de parentes e amigos de alcoólicos, que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de ajudarem-se nos problemas que enfrentam em comum.
Hoje existem mais 30.000 grupos desta associação em mais de 100 paises. Há também o AL-ATEEN, destinado a adolescentes, com números de mais de 3.500 grupos em todo o mundo.
No Brasil, o AL-ANON existe desde 1965, mas apenas em 1966 o grupo foi registrado. Qualquer pessoa que se sinta afetada pelo alcoolismo de alguém pode fazer parte da associação, objetivando que os indivíduos aprendam a lidar com os problemas ocasionados pelo uso do álcool por familiares e reprogramar a vida independente do que aconteça na vida do usuário de álcool.




























O ALCOOLISTAS ANÔNIMOS E A PSICANÁLISE: UM DIÁLOGO POSSÍVEL.

A irmandade Alcoólicos Anônimos delimita sua atuação se desvencilhando de interferências externa, que possam influenciar ou mesmo mistificar o seu trabalho, como seitas religiosas, partidos políticos, entre outras ideologias. Porém não há como ignorar que o grande diferencial do AA se dá através da fala dos membros. Eles repetem suas vivências e dores fazendo com que os dependentes se distanciem do álcool, como no processo analítico.
A relação de troca de experiências é o grande alicerce do programa de AA. Com a fala dos membros a identificação é bem maior do que se fosse um não alcoólico afirmando ou intervindo, com teorias, sobre o alcoolismo. Surge o processo de projeção, com os depoimentos de sofrimento vivenciados na dependência fazendo com que cada um consiga deixar um pouco de sua historia nos outros. Há também a introjeção da sobriedade alcançada pelos outros, mesmo que só por mais 24 horas, que aparece não como uma vitória individual, mas sim coletiva. Assim, as 24 horas vão se tornando em dias, meses, anos e décadas.
O discurso acaba conduzindo ao desaparecimento dos sintomas já que " tudo é linguagem, e que a linguagem, em palavras, é o que há de mais germinativo, mais fecundo, no coração e na simbólica do ser humano..." (Dolto, 1999).
O poder de transformação que há no programa de AA é a dinâmica das salas de reunião, que acabam por se transformar em uma grande terapia grupal. Com o diferencial, que não há um profissional que conduz, há membros que estão em pé de igualdade, com um objetivo em comum: parar de beber! A evolução da não dependência é vivenciada pela mútua vigilância. " Eu chegando os companheiros alertaram quer parar de beber o problema é nosso, quer beber o problema é seu". (fragmento de depoimento, em anexo).
Percebemos que a construção de um discurso comum pode transformar vidas, "Lacan destacou seu poder de evocação do passado, a ser procurado nas cadeias associativas que fazem do presente, uma recriação atualizada do que já foi". (CESAROTTO, 1987). Ou seja, ao falar sobre o passado e compartilhar suas experiências os membros de Alcoolistas Anônimos acabam por aliviar suas dores e afastar-se do uso do álcool.










CAPSad
De acordo com dados do Ministério da Saúde CAPSad são CAPS exclusivos para pessoas usuárias de álcool e drogas, com atendimento diário a população com transtornos causados pela dependência de substâncias psicoativas (que alteram a personalidade). Criado em 2002 o CAPSad possui leitos com a finalidade de tratamento de desintoxicação e estão situados em municípios com população acima de 100.000 habitantes, contando com uma equipe profissional composta por: um médico psiquiatra, um enfermeiro, um médico clinico ( que fará a triagem), quatro profissionais de nível superior (psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro.) e seis profissionais de nível médio (técnico de enfermagem, administrativo, educacional ou artesão). A instituição deve oferecer aos pacientes atividades de atendimento individual e em grupos e oficinas terapêuticas. O CAPSad pode atuar também de forma preventiva na comunidade, ministrando reuniões de conscientização referentes ao uso abusivo do álcool e como lidar com esse problema.
O número de CAPSad no Brasil ainda é insuficiente para atender a todos os dependentes. São apenas 182 instituições espalhados por 24 dos 27 estados brasileiros (Rondônia, Tocantins e Amazônia não dispõem de CAPS para alcoolistas e drogados), para atender a uma população de 189.612.814 habitantes. (dados de outubro de 2008).
Pernambuco dispõe de 10 CAPSad para atender a uma população de 8.734.194 habitantes, o que evidencia uma cobertura muito baixa de atendimento. Justifica-se assim, a escolha dos grupos de ALCOOLISTAS ANÔNIMOS como instituição de atendimento em saúde mental na elaboração do trabalho, o AA está presente em 180 países, apresentando números satisfatórios de grupos, só em Caruaru encontram-se 3 instituições.
















MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

Foram visitadas duas instituições de Alcoólatras Anônimos, que nos deram total apoio:
? Um dos Três Alcoólicos Anônimos de Caruaru ? PE (Princesa do Agreste) situado na Rua 15 de novembro, nº. 250, sala 3, 1º andar.
? Alcoólicos Anônimos de Surubim ? PE Situado na Rua Santos Dumont, S/N.
Utilizou-se ainda de observações, entrevistas com coordenadores e também se assistiu às reuniões, num método qualitativo. As entrevistas e reuniões foram gravadas e os depoimentos foram transcritos.
As perguntas da entrevista foram:
* ano de fundação?
*endereço?
*Prédio cedido, alugado ou próprio?
*há registros sobre os membros?
*números sobre palestras.
*Principal objetivo do Alcoolistas Anônimos?





















NOVAS VISÕES APÓS AS VISITAS ÀS INSTITUIÇÕES DE ALCOOLISTAS ANÔNIMOS.
(OPINIOES DE INTEGRANTES DA EQUIPE ELABORADORA DO TRABALHO)
? Anielle - minha mudança de opinião frente aos alcoolistas anônimos foi severa! De inicio, utilizava de conhecimentos consensuais, julgando os dependentes sem saber que o alcoolismo é uma doença. Hoje após presenciar reuniões da entidade de AA é possível perceber que a dependência é algo extremamente sério e que os alcoolistas necessitam realmente de ajuda. Após a dependência as pessoas deixam de respeitar os alcoólicos e isso só faz com que o consumo do álcool progrida e só com o apoio das instituições como Alcoolistas Anônimos e CAPSad os mesmo encontram o apoio que necessitam para a sua recuperação.
? Claudeni ? a experiência vivenciada no AA impressiona especialmente na relação de troca estabelecida entre os que prestam os depoimentos e os demais. Com a fala do outro os membros acabam por reviver suas historias, o que faz com que se amenize o sofrimento e os conduz à sobriedade. O programa de AA é repetido, seguindo os mesmos modelos nas reuniões e depoimentos. É sempre reforçado que se evite o primeiro gole por mais um dia. Sendo esta vivencia o meu primeiro conato com o Alcoolistas Anônimos e sua filosofia, até então não tinha consciente a dimensão do sofrimento do alcoólico, sabia apenas dos transtornos sociais causados pelo alcoolismo. Cheguei a conclusão que é necessário repensar sobre o assunto e reconhecer que o alcoólico é um sujeito que sofre por si e pelos que o rodeiam.


















CONCLUSÃO

Ao término deste trabalho percebemos que a vivência prática e as pesquisas sobre o alcoolismo foram de grande importância para um maior conhecimento e conscientização, pois, até então a equipe só usufruía do conhecimento do senso comum, achando que os dependentes do álcool são desocupados, sem escrúpulos e indignos de respeito. Foi-nos mostrado que a dependência alcoólica é "uma doença progressiva degenerativa e com terminação fatal" (conceito dado por um dos membros do AA) e que o CID ? 10 (Código Internacional das Doenças) incorporou em seus códigos também a Síndrome de Dependência do Álcool e os critérios para o diagnóstico desta. Foi também explanado sobre a existência de grupos de apoio às famílias de alcoolistas (AL-ANON) e instituições governamentais como o CAPSad que trabalham na saúde mental daqueles afetados pelo álcool. Portanto, hoje sabemos que enquanto profissionais (em formação) na área de saúde mental necessitamos compreender que o alcoolismo é uma doença com graves conseqüências e infinitas causas, e os afetados pela mesma necessitam e devem ter atenção psíquica para sua recuperação.























BIBLIOGRAFIA:

BRASIL. Ministério da saúde. Saúde mental em dados ? 5 anos III. Nº. 5 informativo eletrônico. Brasília: outubro de 2008 (acesso em 25/05/09). www.saude.gov.br/bvs/saudemental


































ANEXOS
Doze passos:
? Admitimos que éramos impotentes perante o álcool ? que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
? Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos a sanidade.
? Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida a vontade de Deus, na forma como o concebíamos.
? Fizemos minuciosos e destemidos inventários moral sobre nos mesmos.
? Admitimos perante Deus, perante nos mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
? Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
? Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de todas as imperfeições.
? Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a eles causados.
? Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
? Continuamos fazendo o inventário pessoal e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
? Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.
? Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.














Doze tradições:
? Nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende de unidade de A.A.
? Somente uma autoridade preside, em ultima análise, ao nosso propósito comum¬¬ ¬¬um Deus amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos lideres são apenas servidores de confiança; não tem poderes para governar.
? Para ser membro A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber.
? Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros grupos ou ao A.A. em seu conjunto.
? Cada grupo é animado de um único propósito primordial ? o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
? Nenhum grupo A.A. devera jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio a irmandade, a fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestigio não nos afastem de nosso objetivo primordial.
? Todos os grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora.
? Alcoólicos anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviços possam contratar funcionários especializados.
? A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou Comitês de serviços diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.
? Alcoólicos anônimos não opina sobre questões alheias á irmandade; portanto, o nome de AA jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
? Nossas relações com o publico baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.
? O anonimato é o alicerce espiritual das nossas tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.











06 de maio de 2009

1° depoimento transcrito na integra

"Meu nome é Antonio, sou ex alcoólatra em recuperação, sou ex alcoólatra sabe por quê? Quando eu bebia, não sabia de nada, mas, graças a Deus conheci a irmandade A.A. que não esta ligada a nada nem religião, política, so ta ligada a mim. Posso ser o que eu quiser em termos de religião.
Do jeito que a pessoa chega aqui o nosso direito é recebê-lo bem, e ele tem o dever de parar de beber. Vocês vão ver no decorrer das reuniões que ingressam muita gente, mas, não fica, por que é uma programação que tem que renunciar a bebida. O que posso fazer é falar de mim, o que é o alcoólatra? Tem quem bebe ai fora e não é alcoólatra, eu bebia, sem limites, começava hoje e terminava... Não tinha dia para terminar né ou terminava no hospital, internado. A bebida afetou toda a minha vida, só causou transtornos em minha vida, na minha família, eu pensava que era o mundo que estava contra mim. Mais não era nada disso, aqui eu peguei as experiências de meus companheiros. Assim como no São João com vinte mil pessoas iguais a mim que não podem beber e tentam beber a pulso, sai antes de começar. Agora aqui aprendi a evitar o primeiro gole, a vida que eu gostava era a bebida. Mas depois começou a me prejudicar. O que eu posso falar de mim, não posso falar de meus companheiros, cheguei aqui muito acabado, acabado mesmo. No tempo que eu bebia, me acabei logo cedo, né, falando do álcool foi a primeira droga que eu tomei. O álcool foi a primeira porteira para as outras, logo parti para todas as drogas. Mas o que eu gostava mesmo era do álcool com os medicamentos. Gostava de medicamentos, o diazepam, eu tomava com álcool, eu tinha prazer, prazer em tomar aquela droga, o corpo gostava. No outro dia eu queria de novo, mais, mais, mais. Eu sei o que é o efeito das drogas eu sinto, eu sei a necessidade, a matéria pede, faz dividas. Então em 22 de setembro vai fazer 25 anos que eu não bebi mais. Porque eu digo a vocês, que faz 25 anos porque eu não parava 25 horas. Hoje quero dizer a vocês que eu so tenho felicidade, eu não estudei, mas sei ler. Graças a Deus, meus filhos não bebem; são donos de casa, tem um que esta terminando o curso da policia militar graças a Deus, ele nem bebe nem fuma. Eu quero dizer a vocês que aprendi de tudo no mundo, tem pessoas que trabalhavam durante o dia e bebiam a noite. E não é só bebendo, é na rua, a noite também só aprendendo o que não presta, mas estou aprendendo a não beber. Para vocês que estão na reunião eu digo que hoje é só felicidade, revelando o que era no passado. E que sou agora? Antes eu só vivia internado em Veloso, né? Quantas pessoas vivem na tamarineira por causa da bebida, a minha ultima internação foi há 25 anos, tudo por causa do álcool. Mas para mim a primeira droga é o álcool, porque é fácil, em todo lugar tem. É diferente eu bebendo uma cachaça, a policia passa e não faz nada comigo, agora se eu tivesse fumando maconha eu seria preso. O álcool é a pior droga do mundo, vou dizer por que é a única que deixa o cara no chão você não vê um drogado caído na rua. Para mim o álcool foi o que me prejudicou, não quero nem saber de bebida, pra dizer a verdade sou tão rigoroso que bebida não entra em casa, não considero ninguém para beber na minha mesa. O dia em que dei o sim aqui, parei. O álcool me humilhou, passei por delegacias, o álcool me aposentou com 30 anos, já estava aposentado hoje, doente tomando remédios, mas estou vivo. Bem vou ficando por aqui, deixando o meu depoimento, desculpe, eu não tenho instrução, mas o mundo me ensinou eu nunca estudei, mas eu leio tudo e não sei escrever (risadas). E assim sou feliz, cada um que faça a sua felicidade se, eu quiser ser infeliz eu volto a beber de novo. Nunca, nunca mais, os companheiros dizem que não posso dizer isso; eu posso, digo porque me garanto nada vai me derrotar, pra voceis boa noite. A gente tem 10 minutos, vem outro companheiro uma boa noite pra todos. Aproveitem a reunião."