O agente
Publicado em 05 de outubro de 2010 por Haney
O agente Benedy voava em alta velocidade,o moderno painel digital da cabine indicava que já havia superado a marca dos 2000 km/h. A nova versão da aeronave militar, Mig 29, era o caça mais sofisticada da imponente força aérea Russa,equipado com mísseis de alta tecnologia, tinha a capacidade de destruir alvos a mais de 40 quilômetros de distância e permanecer imperceptível a qualquer tipo de radar.
Dentro dele,ainda nervoso pela missão que acabara de realizar,Benedy conseguia respirar tranquilamente graças à típica máscara de oxigênio desenvolvida aos pilotos militares. Pensativo,encarava através do escuro visor acoplado ao capacete,a foto que fixou na parte superior da cabine antes de partir,onde uma bela loira sorria ao segurar nos braços sua pequena e delicada filha.
Desde que aceitara essa missão, há dois meses,Benedy nunca mais viu a família,não podia jamais compartilhar com eles o risco daquela profissão. Agora,finalmente tudo estava terminado,seu objetivo chegou ao fim e tinha sido completado com êxito total. A mão coberta pelas luvas do tradicional macacão de vôo,tremia ao comprimir o pesado manche do caça que oscilava devido a grande aceleração. O céu limpo e ensolarado permitia a Benedy o privilégio de contemplar a deslumbrante paisagem que poucos no mundo tinham a chance de presenciar, eram momentos assim que o faziam sentir o verdadeiro prazer de pilotar. Mas, a calmaria não durou por muito tempo. De repente, a deliciosa música clássica que escutava foi abruptamente interrompida, o ruído agonizante das potentes turbinas trabalhando do lado de fora tomaram conta novamente do interior da aeronave, segundos depois, uma forte voz feminina soou através dos fones em seus ouvidos.
- Alfa Mãe para CC06, está na escuta?
- Aqui é CC06, prossiga Alfa Mãe!
- CC06, informe o relatório da missão.
Benedy deu um longo suspiro, trabalhava como agente secreto há 20 anos e sabia como funcionava o procedimento.Não esperava que fosse diferente em sua última missão.
- Alvo, Solar três, Paquistão, eliminado!... Alvo, Sombra dois, Congo, eliminado!... Alvo, Anjo um, Irã... ? ele fez uma longa pausa,sentindo um alívio antes de finalizar.-Eliminado!
Um breve chiado tomou conta da comunicação,e logo após a voz retornou.
- Positivo, CC06, informação registrada! Prosseguir o percurso de volta à base.
- Alfa Mãe!- Benedy chamou antes que o contato fosse finalizado. ? Espero ter sido claro, não irei fazer de novo.
- Não se preocupe, já entendemos. ? a voz mecânica da mulher farfalhou ao fone. ? será uma pena não tê-lo mais conosco, fique em paz...Benedy.
O coração de Benedy gelou ao ouvir aquelas palavras. Nunca,a base operacional o havia chamado pelo nome, algo estava errado. Assustado, tentou restabelecer a conexão,mas,foi inútil. Em seguida,o imenso display do radar alertou a movimentação de duas aeronaves se aproximando velozmente de seu MIG-29. Imediatamente,ele ativou a câmera externa localizada na parte de trás do caça e pousou a segunda mão sobre o mancho. Pouco acima do painel de controle, uma tela de HUD exibia as imagens captadas pela câmera,dois caças militares Russos se preparavam para abatê-lo.E, antes que Benedy tentasse qualquer reação, a circular luz vermelha sob o teto da cabine começou a piscar, era o alerta de que mísseis haviam sido disparados em sua direção. De forma rápida e decrescente, o visor do longo painel exibia a distância e o tempo restante para o impacto do míssil inimigo, atualizando-os a cada segundo.
Então, faltando menos de dez metros, Benedy usou toda a força dos braços e inclinou o pesado manche o máximo que pôde,o caça desviou rapidamente para a direita ficando na posição vertical. O míssil cortou o ar passando alguns centímetros da fuselagem,fazendo toda a cabine estremecer devido à forte pressão exercida,depois,seguiu até desaparecer no vasto horizonte ensolarado. Ágil,o inimigo manobrou adiante contornando o céu de forma veloz para enquadrá-lo sob a mira novamente, enquanto o outro continuou a segui-lo. Tentando se afastar o mais longe possível daquele local, Benedy ergueu o bico da aeronave e aumentou a potência das turbinas ao máximo. Pretendia subir até o último limite com aquela manobra evasiva, queria ao menos, ter a chance de despistá-los. Porém, na situação em que se encontrava, seria quase impossível sobreviver à batalha.
Enquanto subia ao infinito, os fortes raios solares invadiam as lentes do capacete, não havia nuvens, somente uma enorme mancha alaranjada tomava conta da magnífica atmosfera.Seu corpo vibrava,o intenso abalo era provocado pelo som ensurdecedor do caça durante o esforço para cumprir a trajetória. Lentamente, Benedy esticou um dos braços e retirou a foto colada acima,a fitou por alguns momentos pensando em todos os dias felizes que viveu ao lado da esposa e da única filha, desejou profundamente estar com elas naquele momento, abraçá-las e por fim, explicar o motivo das vezes em que precisou ausentar-se de casa subitamente,além disso, queria dizer outra vez o quanto as amava. Infelizmente, o destino lhe reservou um caminho inesperado.
Quando as dores começaram a atormentar os seus músculos, e uma repentina vertigem lhe invadiu a cabeça escurecendo a visão, Benedy teve a consciência de aquele era o limite suportável a qualquer piloto. Sem verificar a altura em que estava, fechou os olhos tristemente, espremeu a foto contra o peito enrijecido, e largou a segunda mão do manche para arrancar a grossa máscara de oxigênio presa ao rosto suado.
Sentado à majestosa mesa de vidro,o homem moreno de suéter azul cumpria sua habitual rotina verificando os e-mails diários em seu laptop. Antes de levar a xícara quente aos lábios e saborear mais um gole do café, a porta da sala foi escancarada inesperadamente. Uma mulher alta de cabelos compridos e trajando um terno preto, atravessou o decorado escritório iluminado até se aproximar do homem.
- Diretor,ele está morto.
- Ótimo. ? respondeu, sem desviar os olhos do laptop aberto sobre a mesa.
- Era um bom agente...
Em silêncio, o diretor fechou o laptop e calmamente virou-se para encarar a funcionária. Os olhos negros, frios e sem vida, traçavam cada detalhe da mulher.
-Qualquer um pode se tornar um bom agente, mas nem todos conseguem conviver com grandes segredos.
Dentro dele,ainda nervoso pela missão que acabara de realizar,Benedy conseguia respirar tranquilamente graças à típica máscara de oxigênio desenvolvida aos pilotos militares. Pensativo,encarava através do escuro visor acoplado ao capacete,a foto que fixou na parte superior da cabine antes de partir,onde uma bela loira sorria ao segurar nos braços sua pequena e delicada filha.
Desde que aceitara essa missão, há dois meses,Benedy nunca mais viu a família,não podia jamais compartilhar com eles o risco daquela profissão. Agora,finalmente tudo estava terminado,seu objetivo chegou ao fim e tinha sido completado com êxito total. A mão coberta pelas luvas do tradicional macacão de vôo,tremia ao comprimir o pesado manche do caça que oscilava devido a grande aceleração. O céu limpo e ensolarado permitia a Benedy o privilégio de contemplar a deslumbrante paisagem que poucos no mundo tinham a chance de presenciar, eram momentos assim que o faziam sentir o verdadeiro prazer de pilotar. Mas, a calmaria não durou por muito tempo. De repente, a deliciosa música clássica que escutava foi abruptamente interrompida, o ruído agonizante das potentes turbinas trabalhando do lado de fora tomaram conta novamente do interior da aeronave, segundos depois, uma forte voz feminina soou através dos fones em seus ouvidos.
- Alfa Mãe para CC06, está na escuta?
- Aqui é CC06, prossiga Alfa Mãe!
- CC06, informe o relatório da missão.
Benedy deu um longo suspiro, trabalhava como agente secreto há 20 anos e sabia como funcionava o procedimento.Não esperava que fosse diferente em sua última missão.
- Alvo, Solar três, Paquistão, eliminado!... Alvo, Sombra dois, Congo, eliminado!... Alvo, Anjo um, Irã... ? ele fez uma longa pausa,sentindo um alívio antes de finalizar.-Eliminado!
Um breve chiado tomou conta da comunicação,e logo após a voz retornou.
- Positivo, CC06, informação registrada! Prosseguir o percurso de volta à base.
- Alfa Mãe!- Benedy chamou antes que o contato fosse finalizado. ? Espero ter sido claro, não irei fazer de novo.
- Não se preocupe, já entendemos. ? a voz mecânica da mulher farfalhou ao fone. ? será uma pena não tê-lo mais conosco, fique em paz...Benedy.
O coração de Benedy gelou ao ouvir aquelas palavras. Nunca,a base operacional o havia chamado pelo nome, algo estava errado. Assustado, tentou restabelecer a conexão,mas,foi inútil. Em seguida,o imenso display do radar alertou a movimentação de duas aeronaves se aproximando velozmente de seu MIG-29. Imediatamente,ele ativou a câmera externa localizada na parte de trás do caça e pousou a segunda mão sobre o mancho. Pouco acima do painel de controle, uma tela de HUD exibia as imagens captadas pela câmera,dois caças militares Russos se preparavam para abatê-lo.E, antes que Benedy tentasse qualquer reação, a circular luz vermelha sob o teto da cabine começou a piscar, era o alerta de que mísseis haviam sido disparados em sua direção. De forma rápida e decrescente, o visor do longo painel exibia a distância e o tempo restante para o impacto do míssil inimigo, atualizando-os a cada segundo.
Então, faltando menos de dez metros, Benedy usou toda a força dos braços e inclinou o pesado manche o máximo que pôde,o caça desviou rapidamente para a direita ficando na posição vertical. O míssil cortou o ar passando alguns centímetros da fuselagem,fazendo toda a cabine estremecer devido à forte pressão exercida,depois,seguiu até desaparecer no vasto horizonte ensolarado. Ágil,o inimigo manobrou adiante contornando o céu de forma veloz para enquadrá-lo sob a mira novamente, enquanto o outro continuou a segui-lo. Tentando se afastar o mais longe possível daquele local, Benedy ergueu o bico da aeronave e aumentou a potência das turbinas ao máximo. Pretendia subir até o último limite com aquela manobra evasiva, queria ao menos, ter a chance de despistá-los. Porém, na situação em que se encontrava, seria quase impossível sobreviver à batalha.
Enquanto subia ao infinito, os fortes raios solares invadiam as lentes do capacete, não havia nuvens, somente uma enorme mancha alaranjada tomava conta da magnífica atmosfera.Seu corpo vibrava,o intenso abalo era provocado pelo som ensurdecedor do caça durante o esforço para cumprir a trajetória. Lentamente, Benedy esticou um dos braços e retirou a foto colada acima,a fitou por alguns momentos pensando em todos os dias felizes que viveu ao lado da esposa e da única filha, desejou profundamente estar com elas naquele momento, abraçá-las e por fim, explicar o motivo das vezes em que precisou ausentar-se de casa subitamente,além disso, queria dizer outra vez o quanto as amava. Infelizmente, o destino lhe reservou um caminho inesperado.
Quando as dores começaram a atormentar os seus músculos, e uma repentina vertigem lhe invadiu a cabeça escurecendo a visão, Benedy teve a consciência de aquele era o limite suportável a qualquer piloto. Sem verificar a altura em que estava, fechou os olhos tristemente, espremeu a foto contra o peito enrijecido, e largou a segunda mão do manche para arrancar a grossa máscara de oxigênio presa ao rosto suado.
Sentado à majestosa mesa de vidro,o homem moreno de suéter azul cumpria sua habitual rotina verificando os e-mails diários em seu laptop. Antes de levar a xícara quente aos lábios e saborear mais um gole do café, a porta da sala foi escancarada inesperadamente. Uma mulher alta de cabelos compridos e trajando um terno preto, atravessou o decorado escritório iluminado até se aproximar do homem.
- Diretor,ele está morto.
- Ótimo. ? respondeu, sem desviar os olhos do laptop aberto sobre a mesa.
- Era um bom agente...
Em silêncio, o diretor fechou o laptop e calmamente virou-se para encarar a funcionária. Os olhos negros, frios e sem vida, traçavam cada detalhe da mulher.
-Qualquer um pode se tornar um bom agente, mas nem todos conseguem conviver com grandes segredos.