Eduardo Dalla Costa Rodrigues

O Abuso Sexual contra crianças é um mal que assola nossos lares, e que muitos confundem com carinho, afago.
Na verdade o que ocorre é um grande absurdo que aterroriza a criança até a sua fase adulta e na maioria dos casos, tornam-na em um adulto também abusador e com outros transtornos e dificuldades.
Define-se Abuso Sexual como qualquer conduta sexual com criança praticada por um adulto ou por outra criança mais velha. Podendo significar, além da penetração vaginal ou anal, também tocar seus genitais ou fazer com que a criança toque os genitais do adulto ou de outra criança mais velha, o contacto oral-genital, roçar os genitais do adulto na criança.
Ocorrem outros tipos de abuso sexual, que na verdade ferem a criança tanto quanto os que são praticados com contato físico, como por exemplo, mostrar os genitais de um adulto a um criança, incitar a criança a ver revistas ou filmes pornográficos, ou fotografar, filmar, de forma a produzir material pornográfico ou obsceno, fazer com que a criança participe de atos sexuais em grupos, mesmo que apenas assistindo.
O abuso ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais.
O abusador, não se torna abusador da noite para o dia, isso é um processo que vem desde a sua infância e é um dos prováveis indícios de que ele também foi abusado. Dentre outros fatores que pode gerar o abuso, está também uma vida sexual com problemas, estresses e outros fatores.
O fato de não existir um perfil específico, é comum que estas pessoas tenham uma vida oculta, uma vida dupla ou tripla. A imagem que é apresentada à sociedade é aquela que a própria sociedade deseja a do bondoso, prestativo, bom pai de família e do ser socialmente responsável.
Em geral os abusadores são homens, porém existem casos de mulheres que também são abusadoras.
Quando o abuso ocorre dentro do lar onde o abusador é geralmente o pai ou padrasto, o processo é bastante complicado. São nesses casos que ocorre algo que prejudica ainda mais a criança que sofreu o abuso, o afastamento dela do seu lar , isto para a sua proteção.
Em cidades que possuem recursos, existem equipes multidisciplinares que trabalham para a amenização da situação. Não raras vezes, a criança é também espancada e deve ser tratada fisicamente.
O tratamento psicológico se dá não só a criança, mas ao abusador e a família também, e é um tratamento a longo prazo e requer profissionais especializados nesta área.
As conseqüências emocionais para a criança abusada são bastante graves, tornando-as inseguras, culpadas, deprimidas, com problemas sexuais e problemas nos relacionamentos íntimos na vida adulta, podendo vir a acontecer até com seus descendentes.
É no seio da família que acontece as maiores atrocidades e, no entanto não se tem conhecimento de todos os casos, por vários motivos, mas o pior deles é que a criança fica de tal forma confusa com a situação, por não ter o discernimento, formado por completo, sobre o que é certo ou errado e acaba por se julgar culpada pelo ocorrido e com medo da punição cala-se, guardando pra si todos as mazelas acontecidas contigo, ficando assim o agressor impune e ninguém sabendo do abuso.
O que ocorre muito nesses casos, entre os familiares, é a divisão entre os que acusam o abusador e os que acusam a vítima, culpando-a por ter provocado e dado causa ao abuso. Pois muitas vezes ninguém acredita que aquele homem bom, funcionário exemplar, vizinho amigo, ou que o irmão, possa ser uma pessoa envolvida neste tipo de barbárie.
A criança é escolhida geralmente dentre as mais inocentes, pois a ausência de conhecimento facilita o abuso, ficando assim mais fácil a manipulação.
O abusador alicia a criança oferecendo recompensas como doces, presentinhos ou qualquer coisa que, sabe ele, a criança vai gostar e com isso conquista-a, tornando-se então um amigo, para mais tarde a própria criança vir a ser seu cúmplice e passar pelo abuso sem nada contar a ninguém. Pois como já foi dito o abusador age de forma a fazer a criança a própria culpada do abuso.
Esse é um problema que perdura a séculos e somente depois dos anos 70 que se começou a fazer alguma coisa a favor dessas crianças abusadas, sendo que existem até hoje países que tem como a iniciação sexual de suas filhas como sendo normal que aconteçam com seus próprios pais.
É preciso uma movimentação em favor dessas crianças. Por conta de algumas campanhas, familiares estão denunciando agressores, logo, não quer dizer que com as campanhas aumentaram os casos como mostram inúmeras estatísticas e sim, aumentaram-se o número de denúncias.
E para finalizar acredito que Varas Especializadas em Abuso Sexual Infantil, deveriam ser criadas, levando em conta o alto índice de casos registrados nas delegacias e os não registrados.
Somente assim a atenção seria voltada especialmente para a causa e com isso forma de combate seriam mais eficazes e eficientes.
"Vamos salvar nossas crianças que pedem socorro no silêncio dos seus olhos."