Resumo

Cuida o presente trabalho da justaposição de dados estatísticos em releases e artigos do jornal "Folha de São Paulo", coletados durante os meses de abril, maio e junho do corrente ano, bem como a utilização desses dados por relações públicas e sua eficácia na obtenção de mídia espontânea.

Os resultados obtidos pela pesquisa demonstraram que: a) o percentual de artigos compostos com dados estatísticos não superou o daqueles sem esse respaldo; b) vem aumentando o número de artigos combinados; c) vêm eles sendo criados estrategicamente com dados estatísticos em busca de maior afirmação, porém isso não é uma unanimidade; e d) é clara maior obtenção de mídia espontânea na utilização de dados estatísticos.

O trabalho, por fim, discute algumas implicações dos resultados para a pesquisa e a utilização deles em possíveis projetos de relações públicas.

Palavras-chave: Relações Públicas, dados estatísticos, artigos, Folha de São Paulo

Introdução

Na atualidade midiática, a utilização de dados estatísticos tem se tornada rotineira nos veículos impressos. A quantificação de discursos e ações pode ser vista em grandes matérias, tanto sobre crises hipotecárias nos Estados Unidos da América do Norte, quanto em reportagens mais simples, como o crescimento de flores em Holambra...

Singelo exemplo, porém importante, é que simples e rápida busca no Google, com as palavras "influência de dados estatísticos ", revelou 1.770.000 páginas referentes ao tema. Sob esse ângulo, podemos inferir a alta relevância do assunto para a nova geração de comunicadores ? que centram suas bases na mídia eletrônica.

Ut Champagne (1998), a ideia de códigos independentes ? estatísticos como aqui proposto ? exerce efeito de "fechamento simbólico", tendente a favorecer exclusivamente agentes que possuam capitais figurados.

De acordo com o conceito de que capital gera capital, os releases que utilizam dados estatísticos reforçariam, em modo espelhado, sua credibilidade perante os editores e jornalistas dos meios de comunicação e, muito acima, junto a seus leitores. Tendo por base essa ideia de capital, Thompson (1998) diz algo como "comunicação quase mediada", ou seja, a escassez de adjetivos simbólicos torna-os vulneráveis à distorção. Em resposta, essa vulnerabilidade é compensada por grande investimento nos fatos quantificados, contudo desprovidos de características de originalidade e de personalidade qualitativa.

Na verdade, a comunicação extensiva (como é o caso aqui proposto com dados estatísticos) é consequência de um longo processo, desde a cultura oral, quando "o tempo e o espaço se realizavam no momento da transmissão da mensagem", como assinala Barreto (1998, p. 123).

O experimento ocorreu em quatro dimensões subsequentes: coleta de dados (leitura aprofundada de artigos do jornal "Folha de São Paulo" e entrevista qualitativa e quantitativa com profissionais da comunicação); análise de dados (construção do corpus); reflexões à luz dos resultados (construção de material teórico de implicações dos resultados); considerações finais (conclusão geral do artigo).

Aquilatam os números, irrefutavelmente, os releases e artigos, ou simplesmente os tornam mais condensados? Verificamos entre influenciadores e leitores do referido jornal e profissionais de grande experiência das relações públicas, em que medida suas percepções se chocam com a utilização de dados estatísticos geralmente utilizados, ou interagem com eles, elaborando assim documento conciso, todavia eficaz, que auxilie a nova geração de comunicadores e lhe sirva de base à pesquisa sobre esses dados numéricos.