É muito bom e faz bem a gente ver coisas bonitas, ouvir falar de coisas boas, saber de bons acontecimentos, sentir que o amor ainda existe, ver gente bonita, coisas que servem de contraponto entre milhares de notícias ruins e estarrecedoras, que circulam pela mídia do mundo inteiro, que nos assustam e entristecem e até nos deixam deprimidos.
Acordei hoje às cinco horas da manhã, e ainda tonta de sono fui pra sala e liguei a televisão pra assistir ao casamento mais famoso do mundo e do século, as bodas do filho da princesa Diana com a plebéia Kate Middleton, moça linda, clássica, charmosa e sortuda pelo menos agora, mas que desejamos que o seja pra sempre. Amém.
No país britânico já eram nove horas e em princípio apenas me diverti pra valer com o desfile das elegantes personalidades convidadas. Algumas pareciam meio deslumbradas, outras meio assustadas, adentrando a secular abadia aonde seria realizado o majestoso casamento.
Os modernos chapéus tiveram o seu dia de glória. Nada contra, muito pelo contrário, mas a bizarrice de algumas dessas peças me fizeram rir tanto que o pesado sono que me derrubava desapareceu. Que eu saiba, chapéu é pra ser colocado na cabeça, mas a moda agora é se por uma cumbuquinha na cara, quase tapando os olhos. Cruzes! Uma jovem senhora usava algo parecido com uma bolsinha redonda, preta, na testa, e percebia-se que para olhar em volta ela tinha que procurar um jeitinho pra enxergar, levantar o queixo, porque o tal chapeuzinho negro estava tapando tudo. Caramba, que moda sem graça!
Alguns desses chapéuzinhos caindo na cara, mais pareciam aqueles antigos sapatos pontudos usados pelos bobos da corte, e eram enfeitados com um penacho comprido que mais pareciam penas de galinha amarela. Deus me livre. Outros, de tão grandes mais pareciam uma barraca de praia. Pobre de quem teve a infelicidade de se sentar atrás daquelas senhoras, pois com certeza não puderam ver nada por causa das abas da enorme cobertura na sua frente. Mas enfim - tudo valeu a pena, até porque a igreja não é pequena - e deu para acomodar a todos. Bizarrices à parte, toda a cerimônia foi simples, clássica e bonita e o casal parecia estar muito feliz e emocionado. Já no palácio, depois de cumpridas as formalidades tradicionais, a saideira fora de protocolo foi sensacional, com os noivos num cadilac a céu aberto, arrastando um montão de penduricalhos, onde só faltava mesmo um belo penico fazendo aquele barulhinho peculiar pela rua a fora.
Povão é povão em qualquer lugar do mundo, e gosto não se discute.Tem mendigo que gosta de ficar sentado na frente de um restaurante só pra ver de longe os outros comendo coisa boa pra ele ficar imaginando como deve estar gostoso. E lá estava o povão plantado em frente à residência real, enquanto lá dentro a aristocracia saboreava as delícias de um almoço pra francês nenhum botar defeito. Então é isso aí, é bom e eu gosto de ver os outros se darem bem, serem felizes, comerem comidas sofisticadas, daquelas que a gente olhando, nem sabe se é doce ou salgado. Cá pra nós, sou mais um esperto strogonoffezinho.
Por aqui por estas bandas ninguém tem chance de casar com príncipe, a maioria dos casórios não é de encher igreja de gente besta de chapéu na cara, e vestido de noiva não custa uns oitenta mil. Nem os noivos têm que encarar a chatice de sair da igreja e ter que ficar de braço duro de tanto dar adeusinho pra quem não conhece e de bochecha doída de tanto sorrir sem vontade pro povão da rua até chegar em casa, não é mesmo? Ofício de plebeu não tem desses ossos. Como aqui não tem príncipe, nem adianta sonhar. Se a noiva curte o seu sapinho que nunca vai virar príncipe, também não corre o risco de acontecer o contrário.
E assim como eu, o mundo inteiro por algumas horas assistiu ao real casamento em frente à TV e com certeza, algumas moçoilas românticas e sonhadoras, com uma pontinha de inveja se sentiram um pouquinho Kate dentro daquele belíssimo vestido de renda. Até eu voltando no tempo, também senti. E por que não? Até chorei...
Bom, pra mim, mulher de príncipe não é duquesa, é princeza. Portanto...
that God blass the princess!
Desejo que o novo casal seja feliz, e que jamais o novo príncipe se transforme num sapo, como já aconteceu num passado não muito distante...

Júnia ? 30.4.2011