NOVO DESAFIO EDUCACIONAL ESCOLAR:

Educar na Era da Informação Digital

Idanir Ecco[1]

 

 [...] não é aconselhável apenas fornecer informação aos alunos, temos que ensiná-los como utilizar de forma eficaz essa informação que rodeia e enche suas vidas, como acessá-la e avaliá-la criticamente, analisá-la, organizá-la, recriá-la e compartilhá-la.

   (Pérez Gómez).

                                                                                             

A produção, a distribuição e o consumo de informações são elementos peculiares às sociedades humanas, independente do tempo e do espaço. Porém, urge considerar que esse fenômeno, hodiernamente, atingiu um ritmo frenético.

A aceleração exponencial da atualização das informações surpreende a todos, de modo especial aos nativos do século passado. Fato, este, gerador de um pressentimento paradoxal: ao mesmo tempo em que se acredita estarmos atualizados, convive-se com a sensação do obsoletismo. Noutros termos: a informação envelhece vertiginosamente, de forma intensa e rápida.

A aceleração que o parágrafo a cima faz referência potencializa o consumo de informações fragmentadas, gerando um dissimulado antagonismo, isto é, apesar da enormidade de informações acessadas e compartilhadas, o indivíduo pode manter-se desinformado.  Como entender essa condição a que muitos estão submetidos? Simples, se conseguirmos compreender que um mosaico de dados satura a memória do ser humano ao invés de produzir compreensão, esclarecimento, formação.

Comprovadamente, a tendência do sujeito de memória saturada, “encharcada” de informes, dados ou noções é deixar-se levar pelo atrativo ou pelas proclamações ou ainda pelos modelos mediáticos, engrossando a fila dos miopizados pela mídia e suas parafernálias tecnológicas. Aliás, encontrar um cidadão pertencente à geração nascida neste século sem um aparelho eletro-eletrônico de qualquer tipo, é tão improvável quanto encontrar um menino ou menina de treze anos, por exemplo, que seja fã de sinfonias, composições musicais para orquestras.

Indubitavelmente, convivemos com uma geração de diversas redes digitais e múltiplas telas, que passa mais tempo conectada do que desconectada. Logo, abastecendo-se diuturnamente de sedutoras informações, sendo algumas (quiçá um elevado percentual) de questionável valor educativo e formativo. E o saldo devedor das novas gerações não está na carência de informações. O déficit desta coletividade de indivíduos relaciona-se à organização significativa e relevante dos informes esmigalhados e tendenciosos que acessam ou lhes são disponibilizados num piscar de olhos. Eis o indicativo de um novo desafio educacional escolar!

Pelo exposto, apesar da sucinta abordagem da temática realçada nos parágrafos anteriores, confirma-se que estamos diante de um novo cenário, com outras características sem precedentes, que reclama mudanças na formação do cidadão contemporâneo. Para isso faz-se necessário rever conceitos relacionados, como por exemplo, ao o que é ensinar, o que é aprender, como também, referente à função docente e à organização escolar como um todo.

Entendemos que um dos desafios fundamentais, à educação formal, consiste em saber organizar a multiplicidade de dados disponibilizados pelas redes digitais e transformar essa avalanche de informações em conhecimentos. Convém salientar que a possibilidade em concretizar este objetivo, está no equacionamento de uma primeira e fundamental interrogação que consiste em saber o que realmente é confiável.

Outrossim, reafirmamos o teor da epígrafe deste texto em que categoricamente  afirma-se que o desafio para a educação formal, na atualidade, consiste em ensinar os estudantes como acessar, avaliar, analisar, organizar, recriar e compartilhar a grande variedade de informações. Incontestavelmente, o docente, a priori, deverá dominar estes saberes para poder orientar seus pupilos. Talvez seja este o desafio primário para a instituição escolar na era da informação digital.



[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]