Novo Ciclo

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência no Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

O natal e o ano novo são tempo de reflexão e de esperança por uma vida melhor. A proposta do Cristo como princípio de humanidade e amor ultrapassa o tempo e o espaço. Em nossa época nunca se teve tanta necessidade de uma busca pela espiritualidade, já que a carência e a violência mostram como nossa sociedade esta caótica.

Palavras Chaves

Natal, Ano Novo, Fraternidade, Amor, Religião.

O mês de dezembro é marcado por dois momentos fantásticos, um é a comemoração do nascimento do menino Deus, que para o Ocidente, ou seja, para os cristãos, representa uma vida recheada de esperança e promessa de salvação. Segundo as escrituras sagradas Jesus de Nazaré é o filho de Deus, nasceu de uma virgem e foi concebido pelo Espírito Santo, o cordeiro imaculado, aquele que veio ao mundo para salvar os homens de boa fé.

“A união e a mútua presença das duas dimensões é tão necessárias a essência da verdadeira igreja, como a união íntima do corpo e da alma para a natureza humana. Cristo é um ser de duas naturezas e subsiste em duas naturezas, a visível e a invisível.”( BOFF,Pg17)

No entanto, o cristianismo está sofrendo durante os séculos uma deturpação de seu principio, devido às várias e novas interpretações equivocadas da bíblia, que segundo os cristãos é o livro sagrado por ter sido expirada por Deus. Porém é bom lembrar que: onde está o homem está a imperfeição. Existe um provérbio árabe que ensina que não há homens perfeitos, mas sim, intenções perfeitas.

“A ignorância é um inimigo mais perigoso do bem do que o mal; podemos protestar contra o mal, desmascará-lo; contra a ignorância somos imponentes; não argumentamos; fatos que contradizem o próprio preconceito nem sequer merecem fé; para vencer a ignorância não basta um ato de instrução, mas é preciso um ato de liberdade”. (BOFF, Pg. 96)

Com a Revolução Industrial e o crescimento das cidades, os homens tem a religião como modelo de conduta, ou melhor, como fonte de adestramento, já que a doutrina das Duas Cidades elaborada por Santo Agostinho molda a sociedade Medieval e adentra a Idade Moderna e Contemporânea. É claro, que  São Tomas de Aquino tendo como Base Aristóteles, vai buscar na razão o entendimento de Cristo e sua proposta salvadora”. A potência resulta da essência da coisa, pois cada coisa age conforme o seu modo de ser. Ora, se Deus é infinito na sua essência, convêm também que o seu poder seja infinito.”(AQUINO, Pg. 37)

A Reforma Religiosa do Século XVI, a igreja cristã é dividida, e há uma nova interpretação das escrituras sagradas. Assim a ciência vem como modelo salvador da modernidade. Mas o poder do capital e a diferença de classes que fundamentam o modelo universal do século XIX, destroi o amor entre os homens, já que o Deus do capitalismo é o lucro.

“O fator econômico mais importante, a grande distancia dos demais, do imperialismo é a influência que tem nos investimentos. O crescente cosmopolitismo do capital constituiu – se na mudança econômica mais notável que se registrou nas últimas gerações. Todas as nações industrialmente desenvolvidas trataram de colocar uma grande parte de seu capital fora dos limites de sua própria área política, em países estrangeiros ou em colônias, e de receber uma renda cada vez mais alta por este investimento”. (BRUIT, Pg. 6)

Talvez em todo o percurso histórico da humanidade nunca se teve tanta necessidade de uma vida mais voltada ao espírito, já que o sistema do capital escraviza a vontade humana e cria novas divindades. “Deuses do consumo”  são levados a adoração pelos meios de comunicação e pela vida vazia e cotidiana. Em uma sociedade de classes, as palavras, fraternidade e caridade perdem o sentido, já que o sistema prega a competitividade. Sendo assim, o homem não tem seu semelhante como irmão e sim como concorrente.

A necessidade de uma nova proposta está expressa no coração dos homens, e o natal vem com uma mensagem de amor e de um novo começo onde o exemplo do Cristo vale mais do que as palavras, e seu ensinamento vai além da temporariedade, ultrapassando o tempo e o espaço como fonte de redenção. “Num sentido amplo, pode – se entender por religião a fé ou a crença na existência de forças sobrenaturais ou em um ser transcendente e sobre – humano, todo – poderoso (ou Deus), com o qual o homem está em relação ou está religado”. (VÁZQUEZ, Pg. 89)

O término do ano seria a representação de um novo começo recheado de esperança e de uma vida melhor e de novas realizações. No Brasil, o novo ano é comemorado com roupas novas de cores significativas, com bebidas e mesa farta que simbolizam abundancia de comida e de festa. Entre todas as famílias e amigos, a festa de fim de ano e de boas vindas ao novo ano, é na realidade uma esperança de uma vida melhor.

Nas nações capitalistas uma vida melhor é ter um maior poder de compra, já que neste sistema a pessoa vale pelo que tem e não pelo que é, ou seja, eu não tenho que ter virtude, eu não tenho que ser uma pessoa melhor no sentido humano e sim uma pessoa mais rica. Ter riqueza, é ser alguém, é estar bem! Isso vai contra o princípio fraterno pregado por Jesus Cristo, pelo Príncipe Sidarta Gautama, por Jeruastro, Maomé e todos os outros mestres (Avatar), já que o princípio de todas as religiões sérias é o amor entre os homens, e a busca de ser uma pessoa melhor no sentido intelectual e espiritual, só assim o novo ciclo chegará de forma real na vida do homem.

“Todos buscam uma nova sociedade. Os tecnocratas imaginam que ela nasce do elitismo de seu saber, com um soberano desprezo do povo; as consequências dessa ilusão, que na verdade significa uma verdadeira impostura, as sofremos em nosso país e no Terceiro Mundo. Os membros conscientes das CEBs esposam a convicção de que somente com a mobilização de todas as bases, daqueles que se aliam a elas e acolhe a imensa criatividade do povo, se poderá gestar uma nova sociedade onde o homem é amigo do outro homem e não o seu potencial lobo.” (BOFF, Pg107).

Bibliografia                        

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Ed Civilização Brasileira, 2005, Rio de Janeiro, RJ;

BOFF, Leonardo, Novas Fronteiras da Igreja, Ed Verus, 2004, Campinas, SP;

BRUIT, Héctor H, O Imperialismo, Ed Atual Editora, 1994, São Paulo, SP;

AQUINO, São Tomais de, Compêndio de Teologia, Ed Presença, 1977, Rio de Janeiro, RJ;