Neste Trabalho de Intervenção Socioescolar, refletiremos a utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação no fazer educativo, sob a perspectiva de uma sociedade do conhecimento, apontando desafios para a elaboração de práticas metodológicas condizentes com o novo fazer pedagógico. Inicialmente, apresentaremos uma visão panorâmica de como a sociedade atual pode afetar a educação e como as novas tecnologias se integram neste novo conceito de educação e sociedade. Em seguida, são apresentadas as considerações sobre as competências necessárias ao novo papel do educador e a necessidade do planejamento pedagógico, bem como o uso dos recursos tecnológicos incorporados ao projeto político pedagógico da escola. A principal contribuição deste trabalho é apresentar novos caminhos para a sociedade contemporânea os quais podem ser úteis a quem deseja aproximar-se das tendências atuais no que concerne à introdução das novas tecnologias da informação e da comunicação na educação formal e informal, no intuito de contribuir para a formação de sujeitos críticos-reflexivos aptos a exercer seu papel em sociedade.
Palavras-Chave: Novas Tecnologias. Sociedade. Educação.

1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Intervenção Socioescolar tem como finalidade apresentar as novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC's) como fator relevante para as divergências existentes no meio educacional e social, mas também pretende levar educadores e educandos a refletir acerca dos avanços e da importância que tais recursos têm exercido sobre a sociedade contemporânea, contribuindo com a propagação do conhecimento e levando-os a repensar suas práticas pedagógicas e educacionais no que concerne ao uso dos recursos tecnológicos como aporte para a aprendizagem.

Desta forma, o trabalho apresenta-se dividido em três capítulos: o primeiro, Introdução, que abordará uma síntese dos capítulos posteriores onde apresentaremos as mudanças pelas quais passam a educação frente aos avanços das novas tecnologias da informação e da comunicação e o novo perfil do profissional educador frente a essas mudanças e exigências. Destaca-se ainda, que não adianta a aquisição de recursos tecnológicos e outros materiais pedagógicos sofisticados sem que haja uma reformulação do Projeto Político Pedagógico da escola em favor desses recursos, enfatiza-se também o quanto se faz necessária a preparação dos profissionais de ensino para interagir com as novas tecnologias no dia a dia escolar.

O segundo capítulo mostra a maneira como surge a consolidação do conhecimento e como este gera uma necessidade maior do indivíduo conhecer mais e, por conseguinte, aperfeiçoar-se.

O terceiro capítulo que visa a mostrar uma abordagem das novas tecnologias e como elas são pertinentes ao profissional da educação na sociedade atual. Uma sociedade cada vez mais globalizada e exigente em relação à qualificação profissional para atender a este mercado. Neste capítulo, também se discute a problemática da desvalorização do professor e a necessidade de políticas públicas voltadas para a melhoria profissional deste. Pois, como poderemos cobrar uma educação de qualidade para todos se não valorizamos o principal agente deste processo?

O quarto capítulo discorre acerca da Proposta de Intervenção Socioescolar, onde apresentaremos um panorama de como se desenvolve o uso das novas tecnologias da informação e da comunicação no âmbito da rede pública e privada de ensino de acordo com as declarações dos educadores de ambas as áreas. As questões abordadas referem-se à prática no uso dos recursos tecnológicos, como estes podem auxiliá-los em sua prática docente; como são utilizados no dia a dia da sala de aula e se há exigência por parte da sociedade escolar para um melhor aprimoramento do educador e para a utilização destes recursos tecnológicos, e qual o papel da educação e do professor frente a estas tecnologias.

Diante destes questionamentos, apresentaremos uma proposta de trabalho que seja desenvolvida durante as atividades escolares, onde abordaremos uma concepção sócio-interacionista de educação em consonância com o desenvolvimento sócio educacional tanto por parte dos alunos quanto dos professores/educadores, coordenadores e gestores envolvidos no processoensino-aprendizagem para que haja interação entre os saberes. O quinto capítulo são as Considerações Finais.

Por esta razão, para que haja professores capacitados e comprometidos com o fazer pedagógico faz-se necessário melhorar as condições de trabalho dando-lhes melhores oportunidades e, conseqüentemente, permitindo que estes consigam desenvolver um ensino de qualidade mediatizando os saberes de maneira diversificada e coerente com o fazer pedagógico da atual sociedade, que cobra do educador um conhecimento tecno-educacional, haja vista que a escola também requer conhecimentos tecnológicos e os alunos cobram isto do profissional da educação.

Para tanto, tem-se como objetivos analisar como ocorre o desenvolvimento da sociedade globalizada e a forma como esta mesma sociedade cria uma geração de excluídos e mostrar que a sociedade contemporânea requer uma educação voltada para a capacitação profissional cujos envolvidos devem ser cidadãos críticos e reflexivos, visto que esta não é apenas uma necessidade, e sim, uma exigência do mercado atual.

Sendo assim, tem-se a necessidade de o professor estar sempre se atualizando, buscando novos saberes, novos métodos, instrumentos que o auxilie na transmissão das informações, apresentando formas inovadoras de aperfeiçoamento do conhecimento e não utilizando as novas tecnologias da informação e da comunicação com métodos pedagogicamente ultrapassados, que nada têm de inovadores. Pois, estando o professor preparado e aberto às novidades terá mais condições de utilizar as novas tecnologias em benefício do educando, mostrando-lhe como é possível aprender mais e melhor através destes métodos e quão importante é o aprimoramento destes em relação aos avanços tecnológicos.

Mas, para que o trabalho se configure enquanto pesquisa buscou-sedelineá-lo através da pesquisa bibliográfica a qual será norteada por autores como Aranha (1998), Azevedo (1997), Demo (1998) dentre outros que venham contribuir para a construção do nosso saber, bem como a observação que será realizada em instituições públicas e privadas no município de São Gonçalo do Amarante/RN.

2 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

Para compreendermos o conceito de sociedade faz-se necessário que percebamos o homem como um ser extremamente social, político e racional. Observamos, ao longo dos anos e através de vários estudos, que o ser humano sempre foi acompanhado pelo conhecimento ou pela busca do mesmo, seja este abstrato ou concreto, e, é por meio deste conhecimento que chegamos à nossa racionalidade. Mas o que vem a ser o conhecimento? De acordo com Aranha (1998, p. 40):

O conhecimento pode designar o ato de conhecer, enquanto relação que se estabelece entre a consciência que conhece e o mundo conhecido. Mas, o conhecimento também se refere ao produto, ao resultado do conteúdo desse ato, ou seja, o saber adquirido e acumulado pelo homem. Na verdade, ninguém inicia o ato de conhecer de uma forma virgem, pois esse ato é simultâneo à transmissão pela educação dos conhecimentos acumulados em uma determinada cultura.

Percebe-se com isto, que para conhecer é necessário que tenhamos uma base inicial, esta pode ser adquirida por meio do mito do senso comum e chegar à condição de conhecimento científico através das reflexões e pensamentos. O conhecimento parte da intuição, das experiências vividas. Sócrates no século IV representava o conhecimento através da maiêutica socrática, que consistia na busca da verdade no interior do indivíduo e o levava a partir daí a ter uma nova opinião sobre o assunto levantado.

Neste sentido, o conhecimento ocorre de forma concreta ou abstrata. É concreto quando se estabelece uma relação individual e é abstrato quando se estabelece uma relação ampla. Desta forma, se o conhecimento abstrato nos ajuda a organizar e compreender inúmeros tipos de acontecimentos, ele nos afasta da realidade concreta. E é por isso que o conhecimento se forma nas idas e vindas estabelecendo uma relação de sentido entre si.

Vivemos a era da automação dos processos de informação, a tecnologia deixou de ser vista como um diferencial no processo de obtenção do conhecimento e passou a fazer parte desta transformação. Mas será que essa aquisição está sendo utilizada de modo a estimular o saber crítico, o saber concreto? Ou estamos condicionando toda uma geração a serem meros repetidores de informações vagas, saberes abstratos, sem que a levemos a construir reflexões acerca da "enxurrada" a que somos expostos diariamente?

Estamos diante de uma nova sociedade. A sociedade do egocentrismo, onde o "eu" tem mais valia que o "nós", que o "outro". Precisamos, assim, difundir essa consciência de que existe uma real necessidade de exercitarmos a maiêutica socrática, da necessidade de nos aperfeiçoarmos mediante essa realidade e construirmos de forma significativa saberes críticos, fundamentados em um conhecimento concreto desse novo modelo social.

A era da globalização nos deixa diante dessa realidade conflitante, o modelo econômico existente – neoliberalismo– defende a absoluta liberdade de mercado e restrições às intervenções estatais sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e, ainda assim, num grau mínimo. Sob este prisma, o Estado é o mediador e o mercado o regulador da dinâmica social. De acordo com Azevedo (1997, p.12):

[...] defensores do Estado Mínimo, os neoliberais creditam ao mercado a capacidade de regulação do capital e do trabalho e consideram as políticas públicas as principais responsáveis pela crise que perpassa as sociedades [...] Os programas e as várias formas de proteção destinados aos trabalhadores, aos excluídos do mercado e aos pobres são vistos pelos neoliberais como fatores que tendem a tolher a livre iniciativa e a individualidade, acabando por desestimular a competitividade e infringir a própria ética do trabalho.

Assim, é possível perceber como o mercado capitalista/neoliberalista gera cada vez mais uma sociedade de excluídos, uma sociedade onde quem tem vez é aquele que tem condições de estar sempre se reciclando e acompanhando as novas tendências econômicas e as inovações das tecnologias advindas das necessidades impostas pela globalização.

Com relação à exclusão social no plano sócio-econômico, o ajustamento de nossas sociedades à globalização significa a exclusão de dois terços da humanidade dos direitos básicos de sobrevivência, emprego, saúde, educação. No plano cultural e ético-político, a ideologia neoliberal prega o individualismo e a naturalização da exclusão social, considerando-se esta como sacrifício inevitável no processo de modernização e globalização da sociedade. No plano educacional, a educação deixa de ser um direito e transforma-se serviço, em mercadoria, ao mesmo tempo em que se acentua o dualismo educacional: diferentes qualidades de educação para ricos e pobres (Libâneo apud FRIGOTTO, 2004, p. 39):

É importante destacar que na era da globalização um dos grandes desafios da sociedade atual é ter um sistema educacional que promova e viabilize a formação de indivíduos preparados para essa realidade, com níveis de aprendizado compatíveis com a necessidade social existente.

Vemos por exemplo, que a educação profissionalizante, aquela que prepara o indivíduo para o mercado de trabalho, está cada vez mais presente no cotidiano atual. Isto ocorre devido à necessidade frenética desta sociedade que exige profissionais qualificados para compor este mercado.

Por esta razão, a educação passa a ser vista como o maior recurso de que dispomos para enfrentar o contexto social no qual os indivíduos se encontram e do qual depende todo o processo econômico e social existente. Isto não acontecerá por outras vias que não seja a educação, pois, conforme afirma Gadotti e Romão (1992, p. 43) "[...] o nosso apartheid social não será superado apenas com uma melhor distribuição de renda e com a solidariedade das classes médias. Será preciso preparar os jovens para o trabalho." No entanto, mesmo cientes desta necessidade, devido à falta de políticas públicas eficazes, estamos diante de um quadro educacional bastante caótico, com níveis de repetência e evasão escolar altíssimos. Na realidade, o que encontramos é um mercado que precisa de material humano especializado e, no entanto, não dispõe de mão de obra qualificada para atendê-lo. Pois, os profissionais que hoje conseguimos formar deixam o país para ir em busca de melhores oportunidades, condições de formação educacional, pessoal e profissional fora do seu país de origem. Muitos são convidados a trabalhar em multinacionais que lhes oferece suporte profissional, educacional e financeiro para manter tanto os profissionais quanto a estrutura familiar e pessoal, afastando-os cada vez mais do mercado nacional.

Mas, para que tais situações possam ser sanadas faz-se necessária a elaboração de políticas públicas eficientes para manter esses jovens no mercado de trabalho brasileiro. O Estado precisa buscar mecanismos de qualificação junto às grandes empresas para prover os profissionais em formação e lhes dar condições de atuar como pesquisadores. Afinal, estamos na era da informação e as novas tecnologias batem à nossa porta, seja através de um panfleto, um anúncio, uma propaganda, seja através da televisão, rádio, celular ou internet. Mas que tipo de informação chega até nós? Como selecionar criteriosamente o que devemos trabalhar com a criança, diante dessa avalanche de informações?

De acordo com os PCN's – Parâmetros Curriculares Nacionais (1984, p. 137):

[...] multiplicaram-se os instrumentos de comunicação e é enorme a quantidade de informação disponível, mas a capacidade de assimilação humana continua a mesma, tanto do ponto de vista físico como psicológico. Outro aspecto a ser considerado é o fato de que informação em quantidade não quer dizer informação de qualidade. Em torno das sofisticadas tecnologias circula todo tipo de informação, atendendo a finalidades, interesses, funções bastante diferenciadas.

Ou seja, estamos criando uma sociedade condicionada a aceitar fórmulas prontas sem questioná-las. De certa forma, isto ocorre porque o ser humano não tem o hábito de ler. Neste sentido, faz-se necessário que o professor seja o mediador da construção desse conhecimento, levando os alunos a olhar a vida de maneira criteriosa, valorizando cada uma de suas conquistas.

Os PCN's (1984, p. 137) ainda afirmam que [...] O domínio da tecnologia só faz sentido quando se torna parte do contexto das relações entre homem e sociedade. Assim, ela representa formas de manutenção e de transformação das relações sociais, políticas e econômicas, acentuando a barreira entre os que podem e os que não podem ter acesso a ela.

Há algumas décadas, teríamos que aguardar dias e/ou até mesmo semanas para receber notícias que atualmente são enviadas apenas com o teclar de um botão. O mundo globalizado nos apresenta diariamente fatos importantes que se tornam banais devido à velocidade com que as mudanças e as informações ocorrem. A Internet, grande rede de computadores, nos mantém conectados com uma diversidade de informações que seriam inimagináveis.

Mas, o que deveria ser uma forma de aprendizagem real tornou-se, como vemos, a banalização da informação, onde fatos que deveriam ser trabalhados e discutidos tornam-se cotidianos e aparentemente normais. Isto nos permite perceber que é neste ponto que os profissionais da educação devem atuar com mais afinco levando essa geração a pensar, refletir sobre os fatos e extrair deles o que há de verdadeiro nessa relação de conhecimento de mundo e partilhado.

Não obstante, faz-se necessário ressaltar que os pontos de suma importância da educação objetivam, segundo Oliveira (2004, p. 214), "[...] a transmissão da cultura, a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e, como conseqüência, o desenvolvimento da personalidade e da própria sociedade."

Desta forma, é possível perceber o sentido amplo no qual a educação está inserida e quais são as responsabilidades e o compromisso que todos os educadores – sejam eles pais ou professores – devem assumir, pois eles possuem em suas mãos o futuro de uma sociedade que pode se tornar mais humana. A chave para a mudança da atual realidade sócio-cultural está na educação e, somente por meio dela, podemos construir uma sociedade com indivíduos conscientes de seus deveres e direitos de cidadania plena.

Para que se possa obter êxito é imprescindível que a escola leve alunos e professores a uma integração com o universo científico e tecnológico tanto na sala de aula como fora dela, isto porque as informações advindas das tecnologias são tão variadas como: religião, sexo, drogas, violência, cultura, política, economia, fatos nacionais e internacionais. Por esta razão, é de suma importância que esses assuntos sejam abordados com mais seriedade no contexto escolar. Afinal, tais informações saem do contexto abstrato para o concreto e passam a fazer parte da realidade existente e não apenas de mais uma informação sem caráter criterioso.Entretanto, para que isto se concretize é necessário que os educadores apresentem – de forma espontânea – como os educandos podem usar e julgar as informações, de que forma podem pesquisá-las, como selecioná-las, a melhor forma de compreendê-las no contexto social e como entender a utilidade dessas informações. Neste sentido, o papel da escola e dos educadores é de fundamental importância para levar os alunos a construir sua criticidade e aprender a se relacionar de forma seletiva para organizar as informações no âmbito do seu cotidiano.

Conforme Corrêa (2001, p. 21):

Devemos construir uma nova articulação entre tecnologia e educação, aquilo que chamaríamos de uma visão crítica, apesar do desgaste da palavra "crítica". Ou seja, compreender a tecnologia para além do mero artefato, recuperando sua dimensão humana e social. Lembrando que as tecnologias que favorecem o acesso à informação e aos canais de comunicação não são, por si mesmas, educativas, pois, para isso, dependem de uma proposta educativa que as utilize enquanto mediação para uma determinada prática educativa.

Uma maneira de termos as novas tecnologias associadas à educação é no contexto de que elas não impõem limites ou fronteiras para que o indivíduo possa obter conhecimentos. As novas tecnologias permitem que as pessoas obtenham as mais variadas informações em fração de minutos, independente do lugar em que estejam. Isto pode acontecer, inclusive, a caminho da escola, através de anúncios em cartazes, de um livro digitalizado na tela de um computador ou notebook, de programas sócio-educacionais em canais de TV aberta ou fechada. A esse movimento podemos dar o nome de democratização do saber.

Destaque-se que esses meios tecnológicos levam à melhoria da aprendizagem, ao interesse pela leitura, basta que alunos e professores se dediquem a ampliar seus conhecimentos no uso dessas tecnologias. No entanto, não se pode generalizar, pois, sendo o Brasil um país de grande extensão territorial e diversidade cultural, a dificuldade de manter os níveis de acesso a essas tecnologias se torna até certo ponto utópica, porém nota-se que não demorará muito para que todos estejam inseridos nesta realidade.

O uso das novas tecnologias tornou-se precedente, visto que estas oportunizam uma melhor assimilação dos conteúdos educacionais. A sociedade contemporânea não consegue mais pensar em educação dissociada da tecnologia. Há algumas décadas o quadro de giz, o caderno e até mesmo a caneta esferográfica eram vistos como o "novo" para a formulação e assimilação do processo ensino-aprendizagem, depois, vimos a chegada do retroprojetor, o rádio, a TV, o vídeo cassete. O que vemos hoje é a utilização massificada destes aparelhos, que muitas vezes são subutilizados ou utilizados apenas para "dar folga" ao professor que, em dados momentos, vê nestes instrumentos uma forma de não pensar o plano didático ou os tem como a opção mais viável para abordar diferenciadamente o conteúdo metodológico.

Sendo assim, um dos principais meios de comunicação da sociedade contemporânea, a internet, vem contribuindo de forma primordial para que seus usuários produzam textos. Esse instrumento pode ser utilizado pelo professor para trabalhar a interação entre a tecnologia e o uso da língua. Conforme Valente (1993, p. 8): "(...) o computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do computador."

Vale salientar que é preciso ter um cuidado especial para não camuflar o ensino tradicional aplicando a ele uma "roupagem" moderna com o uso de computadores e data shows, por exemplo. Primeiro, identifica-se quais tipos de ensino se quer oferecer, depois, pensa-se em como adequá-lo ao uso desses instrumentos. Assmann (1995) faz um alerta incisivo: "se todas as demais condições necessárias melhorarem, mas os alunos não aprenderem mais e melhor, não há melhoria na qualidade da educação."

A televisão, por exemplo, é um dos meios de comunicação mais utilizados. Como se utiliza basicamente de imagens e sons não impossibilita que os indivíduos não letrados tenham acesso ao aprendizado por meio dela. A TV (como popularmente é conhecida) tem o poder de influenciar os costumes, inserir novas linguagens, lançar modismos de forma que não existem fronteiras. Todos se utilizam deste meio de comunicação independentemente da classe social em que se esteja inserido.

Sendo assim, os educadores podem se utilizar deste aparelho para tornar as aulas mais atrativas a seus alunos, fazendo com que eles compreendam melhor o conteúdo que está sendo trabalhado seja através da análise de uma propaganda comercial, seja através de um filme direcionado para o objetivo que se quer atingir. A TV pode ser utilizada desde a Educação Infantil, por meio de filmes educativos, próprios para a idade, ou mesmo a formação de graduandos ou pós-graduandos.

Outro meio de comunicação também bastante difundido é o rádio. Este, bem mais popular que a TV, tem um alcance ainda maior, pois consegue atingir desde a classe mais carente da sociedade até os altos executivos. Todos ouvem rádio e sentem necessidade de se manter informados, então, por que não utilizar este meio de comunicação em favor da educação? Por que não incentivar os alunos a pesquisar e preparar um projeto voltado para a elaboração de textos, músicas, propagandas e estes serem apresentados em uma rádio comunitária ou até mesmo a criação de uma rádio escolar?

A verdade é que são várias as propostas que escola e educadores podem utilizar, sendo necessário apenas o incentivo da comunidade escolar e o comprometimento com a proposta de ensino-aprendizagem. A sociedade atual tem sido exigente com relação às novas práticas educativas para a formação dos indivíduos. Existe o instrumento, que é a educação, o que precisamos para compor esse quadro é o comprometimento dos atores envolvidos neste panorama social – a comunidade escolar.

3 OS DESAFIOS E EXIGÊNCIAS DOS AGENTES DA APRENDIZAGEM TECNO-EDUCACIONAL

Para que possamos atender à demanda do mercado que requer mão de obra qualificada e especializada para a sociedade tecnológica da informação e do conhecimento, precisamos estimular o aprendizado crítico. Desta forma, os indivíduos se perceberão livres em suas atitudes e pensamentos. Mas, como deveremos estimular a capacidade de descoberta destes indivíduos frente a esta sociedade? Para que isto ocorra é necessário preparar os agentes desta nova aprendizagem – a aprendizagem digital –. Um dos principais atores deste processo é o educador; nele temos a alma do processo educativo. É fato que o professor é o agente de formação do ser, mas também é notória a desvalorização cada vez mais freqüente de sua profissão. Essa desvalorização não é recente, pois de acordo com Gadotti (1987, p. 125):

A política educacional do regime militar está exigindo, já há mais de 10 anos, 44 aulas semanais para o professor, que deve correr de instituição em instituição, disputando aulas sem saber se vai conservá-las nos anos seguintes. Além de ser uma profissão instável e sacrificada é mal paga. Chegamos em 1979, com o mais baixo salário da década, e com professores ministrando 70 aulas por semana [...] O professor é um dos pontos mais frágeis do sistema de opressão capitalista. O índice de neuroses dos professores é o mais elevado de todas as categorias sociais.

Este quadro caótico não é retratado somente devido ao descaso com que a sociedade vê a educação, mas também dos próprios educadores que não procuram se integrar às novas tendências pedagógicas e insistem em praticar métodos comprovadamente ultrapassados, que não contribuem para a mediação pedagógica tão estimulada pelas novas práticas educativas.

O educador precisa estar motivado para aperfeiçoar-se em sua prática e em sua formação de maneira diferenciada e continuada. Pois, desta forma, poderá reivindicar a sua valorização como profissional e um melhoramento das suas condições de trabalho para obter um aprimoramento dos saberes e uma remuneração condizente com a importância de sua função no meio social.

Não podemos deixar de citar que se faz necessária a criação de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de trabalho para os educadores. Estes possuem atualmente uma carga horária exaustiva e mal remunerada. Os professores, via de regra, se desdobram lecionando em várias instituições para poder manter um padrão social mínimo de conforto. Isto gera um problema grave no que diz respeito à qualidade da educação e do trabalho executado por este profissional, que passa a ter uma carga muito maior de trabalho tornando a qualidade muito aquém do que seria preciso para suprir a necessidade atual do alunado, que termina prejudicado em seu aprendizado.

A educação e o professor precisam ser vistos como instituição e ser que provocam transformações, que abrem as portas do inconsciente e levam os educandos a refletir e a questionar suas atitudes e o reflexo delas na sociedade em que vivem. É evidente a necessidade de criação de políticas públicas direcionadas para a educação e a instituição de planos de cargo carreira e salários para os educadores em geral. Este é o viés para que possamos ter profissionais com liberdade de atuação e que possam agir de maneira digna e comprometida com o fazer pedagógico. Profissionais que participarão democraticamente das decisões em seu ambiente escolar e que buscarão melhorias para a sua própria formação profissional e tecnológica.

Neste sentido, Piaget (apud DUARTE, 2000, p. 34) afirma que "o ideal da educação é não aprender ao máximo [...] mas antes de tudo aprender a aprender, aprender a desenvolver e aprender a continuar se desenvolvendo depois da escola." No entanto, para que isto ocorra, cabe ao educador mediar o conhecimento de seus alunos levando-os a refletir e crescer como indivíduos únicos, singulares, capazes de transformar o mundo e preparados para atuar na sociedade da informação e do conhecimento.

Neste contexto de necessidade de um educador comprometido com este novo formato de sociedade e educação, Póvoa (2000) afirma que "oatual avanço e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação vêm criando novas formas de convivência, novos textos, novas leituras, novas escritas e, sobretudo, novas maneiras de interagir no espaço cibernético".

Assim, vê-se o quanto estão sendo ampliadas as formas de interação em tempo e espaço, pois quando pensamos em educação relacionamos a interação que fazemos a partir daí surge o seguinte questionamento: como integrar essa nova forma de pensar, direcionando essa realidade ao desenvolvimento dos saberes dos alunos? É preciso um novo fazer pedagógico, oferecer novos caminhos, diferentemente do discurso das perguntas e respostas, dos saberes prontos. O novo paradigma da educação nos leva a perceber a necessidade de abertura para a diversidade dos interesses envolvidos neste processo de aprendizagem. Conforme Litto (1997) "o momento exige que coloquemos como meta da educação o preparo do aluno para saber pensar ecológica, sistemática e criticamente".

Esta visão sócio-educativa leva-nos a refletir sobre um fazer educativo sintonizado com as novas maneiras de pensar exigidas pelas novas tecnologias, fazendo necessária a criação de ambientes de aprendizagem que tenham suporte nesses meios de informação e comunicação, pois como afirma Freire (1987): "[...] acho que o uso de computadores no processo de ensino/aprendizagem, em lugar de reduzir, pode expandir a capacidade crítica e criativa... Depende de quem a usa a favor de quê e de quem e para quê."

Sendo assim, o novo modelo serve de apoio ao professor para a criação, desenvolvimento e aplicação em ambientes de aprendizagem, aumentando a flexibilidade, a variedade e a diversidade das ações educativas. Cabe-nos perguntar, portanto, como estão sendo direcionadas as aprendizagens frente às novas tecnologias? Está o professor realmente preparado para lidar com elas?

A Constituição de 1988 estabelece em seu Art. 214:

A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração das ações do poder público que conduzam à:

I – erradicação do analfabetismo;

II – universalização do atendimento escolar;

III – melhoria da qualidade do ensino;

IV – formação para o trabalho;

V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.

Para Valente (1993), o professor deixa de ser o repassador do conhecimento para ser o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento. Demo (1998), tentando redefinir o papel do professor, apresenta-o como o orientador do processo reconstrutivo do aluno, através da avaliação permanente, do suporte em termos de materiais a serem trabalhados, da motivação constante e da organização sistemática do processo educativo.

Moran (1998) considera que o ensino com as novas mídias deveria questionar as relações convencionais entre professores e alunos. Para tanto, define o perfil desse novo professor – ser aberto, humano, que valoriza a busca, o estímulo, o apoio e ser capaz de estabelecer formas democráticas de pesquisa e comunicação.

O que vemos apesar das mudanças que vêm ocorrendo e sendo sugeridas no que diz respeito ao sistema educacional brasileiro, é que a sala de aula continua sendo o principal ambiente de aprendizagem, mas permanece cada vez mais centrada na transmissão e recepção dos saberes. Ou seja, a aprendizagem continua centrada na figura do professor e a ele cabe a seleção e a utilização dos recursos metodológicos, ao passo que, ao aluno, cabe absorver passivamente as informações transmitidas pelo professor através dos materiais didáticos, sem questionamentos ou interação.
Neste contexto, o que se percebe também é que alguns educadores continuam utilizando métodos ultrapassados de aprendizagem, como a transmissão dos conteúdos curriculares enfatizando os aspectos conceituais, que geralmente não desenvolvem a capacidade de dar sentido à informação, nem a fazer relações, tendo em vista que os aspectos procedimentais, atitudinais e condicionais são pouco ou nada trabalhados.

Percebemos, pois, que existe a necessidade de uma reformulação na sala de aula para que tenhamos uma educação comprometida com o desenvolvimento e a construção de conhecimentos através da mediação do aprendizado. As ações educativas precisam ser redirecionadas colocando o aluno como o centro da aprendizagem. De acordo com Guillon e Mirshawka (1995):

A noção de aprendizagem focada no aprendiz deve e precisa, portanto, ganhar mais espaço no fazer educativo contemporâneo. Deve ser uma prática pautada em três pilares básicos: o (meta) cognitivo, o afetivo e o social, com considerações sobre estilos e estratégias de aprendizagem, de maneira a ampliar a variedade no contexto da educação formal.

Como se pode observar os recursos tecnológicos mudam constantemente, mas são os educadores que determinarão o uso que será feito deles. É preciso ter em mente que as inovações tecnológicas não significam inovações pedagógicas, sempre vai depender do contexto no qual o instrumento é e/ou está sendo utilizado. Podemos ver a utilização de data show como uma nova tecnologia, mas utilizá-lo em práticas metodológicas ultrapassadas apenas como transmissor e não como mediador de um conhecimento que nada acrescentará ao aluno significa dizer que há um uso inadequado e que não há uma interação ou que os fins, neste sentido, não justificam os meios. O objeto passa a ser empregado como a subutilização de um recurso tecnológico que não estará inovando a prática pedagógica, não estará havendo interação com a tecnologia proposta. Ele está sendo algo inovador, porém direcionado de maneira errônea.

Neste sentido, Paiva (1993) afirma que o novo paradigma produtivo acompanha o processo de internacionalização da economia, a globalização dos mercados, a intelectualização do processo produtivo, trazendo modificações no processo de produção, no perfil dos trabalhadores, nas relações de trabalho, nos hábitos de consumo etc. Arma-se um circuito integrado envolvendo os avanços tecnológicos, o novo modelo de produção e desenvolvimento, a qualificação profissional e a educação.

Mesquita (2000, p.73) analisa as novas competências necessárias ao trabalhador enfatizando que:

Em decorrência das transformações no sentido do trabalho, verifica-se a substituição da demanda da formação profissional direcionada para "aprender a fazer" por outra que permita "aprender a aprender". Trata-se de uma maneira de trabalhar a informação, de uma nova matriz a orientar os critérios de eficiência e competência, logo, a própria política de qualificações. Quanto menos os empregos são estáveis e mais caracterizados por objetivos gerais, mais as qualificações são substituídas por "saber-ser".

O atual contexto social onde as necessidades tecnológicas se modificam constantemente não considera que as tecnologias gerem a necessidade de capacitação dos seus usuários em seus processos cognitivos e sociais. Estas mostram que surgem indivíduos que possuem aversão ao uso das tecnologias, que acreditam que a máquina substituirá o homem e que promoverá o distanciamento das relações; mas também há aqueles que dizem que a máquina possibilitaria a solução para todos os problemas educacionais. O que precisamos deixar claro é que o que faz com que a máquina possibilite, ou não, o conhecimento é o uso que faremos dela. Ela, sozinha, não acrescenta nada, afinal, o homem é quem determina a maneira como irá usá-la. Se bem direcionada trará benefícios e, conseqüentemente, ganhos, o inverso disto acarretará sérios transtornos e prejuízos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao indicarem o uso de novos recursos tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem, demonstram que o processo de reestruturação capitalista também está se tornando presente no cotidiano profissional do educador.

O perfil do trabalhador vem sofrendo alterações, e em pouco tempo a sobrevivência no mercado de trabalho dependerá da aquisição de novas qualificações profissionais. Cada vez mais torna-se necessário que o trabalhador tenha conhecimentos atualizados, iniciativa, flexibilidade mental, atitude crítica, competência técnica, capacidade para criar novas soluções e para lidar com a quantidade crescente de novas informações, em novos formatos e com novas formas de acesso (PCN's, 1998, p. 138).

O uso da tecnologia da informação no processo de ensino-aprendizagem cria novas condições de produção do conhecimento, mas para que seja utilizada em favor da educação faz-se necessário que conscientizemos os responsáveis pela construção e aplicação dos projetos de ensino-aprendizagem. Desta forma, haverá a reformulação na sala de aula e este ambiente será utilizado como espaço metodológico, sendo possível realizar a avaliação deste processo centrando-o no aluno e não no recurso que está sendo utilizado. Exemplo disto é o computador nas escolas brasileiras.

Frise-se que há algumas décadas o uso do computador era geralmente privilégio das classes mais desenvolvidas, seu uso praticamente era para a elaboração de textos e a internet era novidade para todos – alunos, professores e equipe escolar. Hoje, é um recurso visto como algo básico que possui inúmeras funções e sem o qual, em determinados momentos, torna-se impossível até mesmo trabalhar.

Em muitas escolas, os computadores permanecem a maior parte do tempo em salas criadas especificamente para aulas de informática, sem que haja a incorporação deste ao projeto pedagógico ou ao planejamento do professor, que chega a dizer que não sabe utilizar tal objeto.

É importante salientar que o papel do professor na era da informática é dar sentido ao uso desta tecnologia, produzindo conhecimentos com base em várias possibilidades. É possível, por exemplo, estimular o raciocínio lógico com jogos virtuais ou criar páginas na internet para os alunos publicarem seus textos. Mas, o que realmente ocorre através do aprimoramento do conhecimento com a utilização desta nova tecnologia é a sincronia dos projetos pedagógicos da sala de aula com a execução dos mesmos nas salas de informática. Isto possibilita que todos os professores reservem períodos para a sua própria formação digital e utilizem os recursos discutindo as suas aplicações no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola.

Os Referenciais para a Formação de Professores (2002, p. 24) afirmam que a formação de professores destaca-se como um tema crucial e, sem dúvida, uma das mais importantes dentre as políticas públicas para a educação, pois os desafios colocados à escola exigem do trabalho educativo outro patamar profissional, muito superior ao hoje existente. Não se trata de responsabilizar pessoalmente os professores pela insuficiência das aprendizagens dos alunos, mas de considerar que muitas evidências vêm revelando que a formação de que dispõem não tem sido suficiente para garantir o desenvolvimento das capacidades imprescindíveis para que crianças e jovens não só conquistem sucesso escolar, mas, principalmente, capacidade pessoal que lhes permita plena participação social num mundo cada vez mais exigente sob todos os aspectos. Além de uma formação continuada: promover seu desenvolvimento profissional é também intervir em suas reais condições de trabalho.

Se pretendemos uma educação de qualidade precisamos contribuir progressivamente para a formação de cidadãos capazes de responder aos desafios colocados pela realidade e de nela intervir. Para obtermos uma formação nestes moldes, a escola deve garantir, às crianças e aos jovens, aprendizagens diversificadas. Deve garantir a possibilidade de, ao logo da vida escolar, o aluno compreender os conceitos, os princípios e os fenômenos cada vez mais complexos e de transitar pelos diferentes campos do saber, aprendendo os procedimentos, os valores e as atitudes imprescindíveis para o desenvolvimento de suas diferentes capacidades.

Não podemos negar a presença das novas tecnologias da informação e da comunicação na sociedade atual. Cabe à escola e aos que a fazem desempenhar seu papel frente a estes recursos contribuir para a formação dos indivíduos, preparando-os para o pleno exercício da cidadania. É fundamental que a escola, o professor e o aluno, tenham clareza de quais são os fins ou os motivos da atividade de ensino e de aprendizagem, contextualizem seus objetivos, definam as ações e procedimentos necessários para a consecução desses fins e considerem os recursos tecnológicos para o trabalho escolar, partindo de uma análise crítica da realidade, criando condições para a formação da consciência crítica comprometida com a transformação da sociedade.


4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOCIOESCOLAR

Com o objetivo de analisar a prática pedagógica mediada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação no ambiente escolar e identificar a utilização dessas tecnologias pela equipe pedagógica, percebemos a necessidade de realizarmos uma intervenção no meio educacional e, dessa forma, apresentamos resultados relevantes no que concerne ao nosso objeto de pesquisa.

Percebemos que as instituições educacionais no âmbito da rede pública de ensino, em sua maioria, possuem recursos tecnológicos como televisor, retroprojetor e laboratórios de informática; no que tange ao último item se faz necessário um especialista na área da tecnologia da informação para direcionar o uso e a instalação dos equipamentos, o que não ocorre, visto que são várias as instituições em que os equipamentos se encontram em caixas, aguardando um profissional para que se façam as instalações necessárias para o seu uso.

Na rede privada de ensino isto ocorre de maneira diferente, os professores, ao serem contratados, são questionados sobre a sua qualificação na área de informática e em reuniões pedagógicas semanais precisam apresentar um planejamento condizente com o nível de ensino e os recursos que serão utilizados, nestas instituições; em sua maioria, são utilizados como materiais didáticos para os sistemas de ensino que possuem como recurso para professores e alunos os portais de conteúdo on-line para atividades complementares, introduzindo os alunos e professores ao mundo virtual.

Tanto os professores da rede pública quanto os da rede privada ao serem questionados sobre a prática na utilização dos equipamentos tecnológicos, afirmam saber manuseá-los; acreditam que estes recursos podem auxiliá-los em sua prática docente como meio de propagar as informações; se declaram atualizados com as novas tecnologias e concordam que o uso dos recursos tecnológicos no ambiente escolar auxilia o aprendizado dos alunos, mas também que na rede pública não existe estrutura adequada nas escolas para um melhor aproveitamento de tais recursos. Os professores da rede privada são orientados a se aperfeiçoar no uso destes equipamentos e os têm a disposição não somente nos laboratórios de informática, mas também em salas de aula para uma maior interação entre o professor e o aluno através dos conteúdos abordados.

Ao serem questionados sobre o uso dos recursos tecnológicos pelos alunos e se estes estão preparados para utilizá-los, os professores afirmam que a grande maioria dos alunos possui conhecimento da utilização destes equipamentos, mas que a sua utilização como ponte para um aprendizado mais complexo ainda precisa ser trabalhada; informa também que a sociedade escolar no âmbito da rede particular de ensino possui uma cobrança maior com relação à utilização destes recursos como fonte de pesquisa e de aprendizado; acreditam que nem todos os educadores se encontram preparados para utilizar as novas tecnologias como forma de mediar o conhecimento de acordo com as novas tendências educacionais e que muitos as utilizam como um método complementar de "transmissão" de informação por não saberem direcionar o aprendizado mediatizando-o com o saber do aluno.

Ao perguntarmos sobre o papel do educador e como eles vêem a educação frente à perspectiva do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação na sala de aula, os professores são unânimes ao afirmar que, com a inclusão das novas tecnologias na escola, o aprendizado se torna mais diversificado e permite os alunos se apropriarem de novos conhecimentos e também esclarecem que não adianta as instituições escolares disporem de diversificados itens tecnológicos sem que os profissionais educadores não estejam capacitados para manuseá-los, contribuindo para o aprendizado em sala de aula.

Sugerimos como proposta de intervenção socioescolar a utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação iniciando-se com a familiarização da forma de manusear os recursos por parte dos educadores que podem ter a contribuição dos profissionais da área de informática e, juntamente com a equipe gestora e pedagógica da instituição, reservar horários para a sua própria capacitação. Uma das opções de se trabalhar a linguagem com os alunos seria a criação de uma rádio escolar utilizando-se o laboratório de informática, em parceria com os professores responsáveis como suporte tecnológico, desta forma se faria uma ponte entre uma tecnologia moderna e uma considerada ultrapassada.

Para a criação desta rádio escolar seria necessário um computador com microfone, ligado a internet, e o conhecimento das ferramentas podcast – programa de áudio disponível na internet – a origem da palavra vem de ipod (marca de um tocador de áudio) com broacasting (transmissão de rádio); editores de textos e outros Com estas ferramentas os alunos poderiam elaborar, revisar e publicar seus textos sejam escritos ou oralmente e apresentá-los como em uma programação de rádio e a postagem dos artigos em blogs – páginas na internet – e comunidades virtuais com conteúdo elaborado pelos alunos para a troca de saberes com outras comunidades criadas com esta finalidade. Desta forma poderão ser trabalhados vários gêneros textuais que seriam de autoria dos próprios alunos e também a oralidade com a apresentação destes nas comunicações orais.

Com isto, percebemos que a relação que irão manter com os textos não será apenas de papel e lápis na mão, mas sim, associando estes a imagens e áudios que exercerão influência na forma como os alunos se relacionarão com os textos a partir daí.

De acordo com os PCN's (1998, p. 153):

As tecnologias da comunicação e informação podem ser utilizadas para realizar formas artísticas; exercitar habilidades matemáticas; apreciar e conhecer textos produzidos por outros; imaginar, sentir, observar, perceber e se comunicar; pesquisar informações curiosas etc., atendendo a objetivos de aprendizagem ou puramente por prazer, diversão e entretenimento. Por isso, na medida do possível, é importante que os alunos possam fazer uso dos computadores tendo propósitos próprios, fora do horário de aula ou quando terminarem a proposta feita pelo professor.

É preciso oportunizar o ensino e, a internet, apresenta-se como uma fonte quase inesgotável de fontes de pesquisa, mas para que se faça um bom proveito desta ferramenta é preciso que estejam claros os objetivos da investigação. É imprescindível o professor discutir com os alunos onde encontrar fontes de pesquisas seguras e confiáveis. Além disto, é preciso que o professor ajude os educandos a refletir sobre o conteúdo disponível, que debatam qual o nível de exposição adequado nos sites de relacionamentos, lembrando que cada um é responsável por aquilo que publica.

As novas tecnologias da informação e da comunicação vêm promovendo uma espécie de redescoberta da comunicação oral nas aulas, o maior estímulo está na possibilidade de realizar videoconferências pela rede mundial de computadores trocando experiências com alunos de outras localidades e que estejam aprendendo o mesmo conteúdo, tornando assim, o aprendizado ainda mais completo, como exemplo vemos o trabalho com gêneros textuais com a ajuda da tecnologia podendo desenvolver a fala, a leitura e a escrita.

Ainda os PCN's (1998, p. 153) informam que:

Para garantir aprendizagens significativas, o professor precisa considerar a experiência prévia dos alunos em relação ao recurso tecnológico que será utilizado e ao conteúdo em questão; e organizar as situações de aula em função do nível de competência dos alunos. As aulas devem ser planejadas levando-se em consideração: os objetivos e os conteúdos de aprendizagem; as potencialidades do recurso tecnológico para promover aprendizagens significativas; os encaminhamentos para problematizar os conteúdos utilizando tecnologia; e os procedimentos da máquina que são necessários conhecer para sua manipulação.

É necessário, portanto, uma cuidadosa reflexão por parte de todos que compõem a comunidade escolar, para que a tecnologia possa de fato contribuir para a formação de indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para a realidade em que vivem. O uso de tecnologias na escola está vinculado a uma concepção de ser humano e mundo, de educação e seu papel em sociedade.

Sendo assim, para construirmos uma sociedade da aprendizagem deveríamos promover uma educação na sociedade da informação de forma que garanta e promova a alfabetização universal e relevante e de qualidade para todas as classes, que procure articular as aprendizagens dentro e fora do ambiente escolar; que aproveitem todas as ferramentas e tecnologias disponíveis (não só as tecnologias da informação e da comunicação). Tudo isto no contexto de uma estratégia integral de comunicação e aprendizagem, que ensine a procurar e aproveitar seletiva e criticamente a informação e o conhecimento disponível para identificar, produzir e difundir informação, conhecimentos e saberes; para desenvolver o pensamento autônomo e o pensamento complexo; participar ativamente da ação social transformadora e que supera a própria realidade.

Em suma, é imprescindível que educadores e educandos atuem como fonte de conhecimento e aprendizagem, e que defendam e apropriem em sua prática o direito à educação, entendida fundamentalmente como direito de todos a aprender a aprender ao longo de suas vidas.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do contexto abordado nos capítulos anteriores percebemos o quão importante e necessário é o fazer pedagógico vivenciado no espaço escolar, estando em consonância com a realidade do aluno e da comunidade escolar na qual ele está inserido e o quanto os recursos tecnológicos, quando direcionados de forma a mediatizar o processo do conhecimento formal do aluno, pode influenciar nos conceitos do saber fazer do educador.

Com base nestas considerações se torna cada vez mais difícil imaginar o dia a dia escolar dissociado das novas tecnologias da informação e da comunicação. São variadas as expectativas pela chegada destes novos recursos, para alguns a empolgação pelas oportunidades que surgem mediante um novo meio de chegar até o aluno de forma a chamar-lhe a atenção para o "novo", para outros, a impotência de não saber utilizar ou não conhecer tão bem quanto o aluno.

Apesar de estarmos na era da tecnologia informacional vemos com uma constante o quanto gera de conflitos para a escola a utilização destas tecnologias. São muitos os educadores que não sabem quando ou como utilizar esses novos recursos em sala de aula, é preciso que se tenha em mente que a tecnologia deve ir para a sala de aula sempre que estiver a serviço do aprendizado e que estejam inseridas no planejamento didático pedagógico.

É preciso compreender que a união da tecnologia com os conteúdos curriculares geram inúmeras oportunidades de ensino e é necessário avaliar se estas são significativas para o aluno, se o auxilia de forma real no seu aprendizado. A tecnologia tem um papel importante no desenvolvimento das habilidades para atuar na sociedade atual, mas é preciso buscar o verdadeiro sentido da educação, visualizar que falhas há entre a formação e a atuação profissional.

Finalmente, o que importa não é manter-se atualizado em relação aos recursos tecnológicos, mas aprender a relacionar estes com a educação da sociedade contemporânea. O computador, sozinho, não produz conhecimento, depende da habilidade de nós, seres humanos, para processar dados e realizar as operações. É necessário, portanto, uma cuidadosa reflexão de todos que compõem a comunidade escolar, para que as tecnologias da informação e da comunicação possam de fato contribuir para a formação de indivíduos críticos, competentes, atualizados, conscientes e preparados para a realidade em que vivem.

Os usos dos recursos tecnológicos nas instituições escolares estão ligados a uma concepção de ser humano consciente de seu compromisso para com o mundo moderno, a educação e o seu papel na sociedade contemporânea, com atitudes e pensamentos críticos, reflexivos e comprometidos com o desenvolvimento educacional, profissional e social.

Sob este prisma, sugere-se ainda, que os educadores que trabalhem o conhecimento de seus alunos frente à sociedade da tecnologia e da informação e levem em conta os novos paradigmas da produção do conhecimento dentro do contexto social em que vivem e os incitem a buscar respostas, pois as buscas pelo conhecimento os levarão a um estado de consciência crítica, reflexiva e transformadora do seu processo educacional.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1998.

ASSMANN, Hugo. Sobre a qualidade cognitiva das experiências de aprendizagem. XVII Simpósio Brasileiro de Administração da Educação. Brasília, nov., 1995. Mineo.

AZEVEDO, Janete Maria Lins de. A educação como política pública. São Paulo: Autores Associados, 1997, (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, 56).


BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para a formação de professores. Brasília: MEC/SEF, 2002.

CORRÊA, Juliane. "Devemos aplaudir a educação à distância?" Revista Pátio Pedagógico. São Paulo: ano V, n. 18, ago/out. 2001, p. 21-24.

DEMO, Pedro. Professor & Teleeducação. Revista Tecnologia Educacional. São Paulo: v. 26, n. 143, 1998, p. 52-63.

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: Introdução à Pedagogia do Conflito. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1987.

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. (Orgs). Autonomia da escola: princípios e propostas. 4. ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001.


GUILLON, A.; MIRSHAWKA, V. Re-educação: qualidade, produtividade e criatividade – caminho para a escola excelente no século XXI. São Paulo: Makron Books, 1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão escolar da escola: teoria e prática. 5. ed. rev. e ampl. Goiânia: Alternativa, 2004.

LITTO, E. M. "Um modelo para prioridades educacionais numa sociedade de informação." São Paulo: Pátio, v.1, n.3, Nov. 97/jan. 1998, p. 15-21.

MESQUITA, M. A. N. de. O ensino médio na interface com o trabalho: contradições com a atual política educacional brasileira. In: BARBOSA, J. G. et al. (org) Políticas e educação: múltiplas leituras. São Bernardo do Campo: UMESP, 2002.

MORAN, José Manuel. Internet no ensino universitário: pesquisa e comunicação na sala de aula. Interface – Comunicação, Saúde, Educação. São Paulo: n. 3, ago. 1998.

OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à sociologia. 25. ed. São Paulo: Ática, 2004.

PAIVA, Vanilda P. O novo paradigma de desenvolvimento: educação, cidadania e trabalho. Educação e Sociedade. Campinas, p. 309-326, ago. 1993.

PIAGET, Jean. Problemas de Psicologia e Genética. IN: DUARTE, Newton. Vigotsky e o "aprender a aprender": críticas às apropriações neoliberais epós-modernas da teoria vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2000 (Coleção Educação Contemporânea).

PÓVOA, M. Anatomia da internet: investigações estratégicas sobre o universo digital. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação.Brasília: Mercado Aberto, ano 12, n. 57, p. 3-16, jan/mar 1993.