*Daniela Frizon

Resumo

            O artigo trata do Ensino de Geografia nas escolas e a relação professor-aluno numa perspectiva de busca por aulas mais atrativas e engajadas ao mundo moderno. São abordadas as práticas em sala de aula e o comportamento dos educandos no que concerne ao seu envolvimento com as atividades. Uma pesquisa com educadores contribui para esclarecer as angústias no ensino da disciplina e apontar o que pode ou não funcionar nos ambientes escolares. O debate visa demonstrar quais práticas poderiam contribuir para um ensino de Geografia mais inovador e engajado aos ambientes em que a comunidade escolar está inserida.

Palavras-chave: Geografia; professores, alunos 

Mapas e Globos - Ensino de Geografia.

Abstract 

                    The article deals with the teaching of geography in schools and the teacher-student relationship in search of more attractive prospect for classes and engaged the modern world. Practices in the classroom and behavior of students are addressed in relation to their involvement in the activities. A survey of educators helps to clarify the anguish in the discipline teaching and point out what may or may not work in school environments. The debate aims to demonstrate what practices could contribute to a teaching Geography most innovative and committed to an environment where the school community is inserted.

Key words: Geography ; teachers, students

Introdução

            Na prática docente do Ensino de Geografia nas escolas é comum os professores da área questionarem a prática de seu trabalho. Muitos vivem a angústia da escolha de ficarem presos aos manuais, aos livros didáticos ou embarcarem nas possibilidades que o mundo moderno oferece para essa disciplina. Também, os educadores vivem o dilema da falta de interesse dos alunos, e se perguntam quais métodos, aulas, seriam mais atrativos e trariam os educandos para dentro de um ensino que lhes seja mais significativo e que os engaje na sociedade em que vivem.

            O presente artigo tem o propósito de discutir e apontar as dificuldades do ensino de Geografia como uma reflexão para melhoria de tal trabalho. É importante abordar a questão, uma vez que essa prática remete a um processo de conhecimento e discussão na área que pode apontar maneiras de melhorar o trato dos conteúdos em sala de aula, nas escolas, levando a disciplina para o campo da transformação e da modernidade que lhe é peculiar. Este estudo tem como fundamentos teóricos as contribuições de autores como Castrogiovanni (2003-2005-2009), Cavalcanti( 2010), Filizola( 2009) e Shaffer( 1998-2005).

            O trabalho apresenta inicialmente reflexões sobre a prática docente e o mundo moderno relacionados a uma prática não muito atraente para os jovens estudantes frente aos tempos atuais. Logo, são apontados aspectos da relação professor-aluno frente a atual situação do ensino de Geografia e quais os problemas envolvidos nessa relação e o que nela pode ser aperfeiçoado de modo a tornar as aulas mais atraentes. Por fim, apresenta-se uma pesquisa com nove professores atuantes na área com seus pareceres sobre a prática docente, suas dificuldades, suas expectativas e possibilidades de um ensino mais funcional.

  1. Geografia e Ensino

            Um ensino de geografia que se queira envolvente e moderno precisa ir além do espaço da sala de aula. Segundo Castrogiovanni ( 2009, p.13)  existe ainda pouca aproximação da escola com a vida, com o cotidiano dos alunos. O mundo externo parece sempre ser mais atraente e dinâmico que o espaço interno e homogêneo da escola. Lá fora a vida pulsa, acontece, o ser vive a procura de sua identidade, com seus conflitos, em seus espaços e tempos.

            Bem salienta Castrogiovanni ( 2009, p.13), que são as diferenças que possibilitam os diálogos e as trocas, portanto o constante crescimento social do sujeito. Então, de nada adianta um ensino escolar que pregue e mesmice, com tempo e espaço apenas vistos do ponto de vista da forma e da estrutura. É preciso ir além, contextualizar, trazer as vivências dos alunos, seus problemas, seu espaço geográfico para discussão, para então discutir e entender melhor o mundo.

            Dentre várias reflexões em sala de aula que um professor se faz, está a utilização do livro didático. Seguir o livro mecanicamente, sem olhar a realidade a sua volta, por exemplo, não parece ser o melhor caminho. Castrogiovanni ( p.137), crítica essa formalidade ao afirmar que devemos construir conhecimentos a partir de conteúdos e não em uma sequência proposta pelos livros didáticos, pois essa pode não ser a maneira mais sensata. É preciso um olhar atento e questionador para avaliar a real necessidade e importância dos conteúdos listados nesses verdadeiros manuais de reprodução em série.

            Todas as formas de estudo tem sua validade, inclusive a memorização e classificação. Porém, não significa que tenhamos que adotar isso como regra. Para Castrogiovanni (2009, p. 138), a memorização em excesso e as classificações presentes nos livros matam a Geografia, pois não são naturais e é preciso, então, que se inove, que se arrisque a fazer diferente, questionando o instituído ou repetido. É dever de um mestre mostrar aos educandos as possibilidades, os caminhos, criar e instigar questionamentos que levem a debates e discussões saudáveis para o crescimento dos mesmos com vistas a torná-los cidadãos ativos em suas comunidades, inseridos de forma convicta em seus espaços geográficos.

            Qual o caminho então para um ensino de geográfica eficaz e calcado na realidade? Segundo Cavalcanti ( 2010, p.  139), no processo de ensino/aprendizagem há uma relação entre sujeito ( aluno em atividade) e objetos de conhecimento ( saber elaborado) sob a direção do professor, que conduz a atividade do sujeito ante o objeto, para que este possa construir seu conhecimento. Com isso não se vai desprezar a realidade do aluno, ao contrário, essa interação, meio de ensino, possibilita que o educando se organize para compreender melhor o mundo, a sua própria realidade e desenvolver  de modo pleno seu senso crítico.

            Afinal, como bem menciona Cavalcanti ( 2010, p. 139), a construção de conceitos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana, uma vez que possibilita à pessoa organizar a realidade, estabelecer classes de objetos e trocar experiências com o outro. Seja o educador, seja o colega, precisam dessas trocas, dessas classificações e experiências para entender melhor a si mesmos a ao local que o cercam.

            Não há evento mais significativo numa escola do que a aprendizagem, Cavalcanti ( 2010, p.140), enfatiza que na relação do homem com o mundo ocorrem dois processos a serem destacados em função de suas implicações educacionais: a aprendizagem e o desenvolvimento. E como vai se dar melhor esse dueto do saber? Creio que, diante de tamanho desafio, um caminho mais condizente com a vida que pulsa na sociedade é a busca por meios interativos de aprendizagem. O professor vai mediar, mostrar, ajudar a organizar, mas vai interagir com a realidade de seus alunos, mostrando que seus espaços tem valores, tem problemas, mas é possível melhorá-los, modificá-los.

            Portanto, conclui Cavalcanti, o professor e os colegas são referência do outro, do social, assim como é a cultura socialmente elaborada; ambos importantes para a construção do conhecimento de cada indivíduo. Nessas trocas de experiências estão as maiores possibilidades para um ensino eficaz e condizente com a realidade da comunidade escolar que jamais deveria deixar de vir á tona, de estar presente nos bancos escolares.

            É preciso uma reflexão constante no ato de ensinar. Como argumenta Filizola ( 2009, p. 16 ), devemos nos perguntar por que ensinamos? A quem compete a decisão de definir aquilo que ensinamos? No que essas pessoas se fundamentam para tomar tais decisões? Diante desses questionamentos, vale salientar, que tais indagações fazem parte do processo de conhecimento. Sem tais dúvidas teríamos um currículo engessado, preso as mesmices da rotina, pouco motivador.

            Querer aulas diferentes é certo que não é tarefa simples. Como também não é algo automático conscientizar alunos e professores de que o processo de aprendizado pode ser construído de modo conjunto, no debate acirrado que a própria problemática do mundo moderno oferece e, muitas vezes, passa batida ou não inserida no contexto escolar. Afinal, somos cidadãos de um mundo em constante ebulição, e, no ensino de geografia na escola, o que melhor, como sintetiza Filizola ( 2009, p. 19), do que uma realidade planetária bastante complexa, com um número significativo de questões que mobilizam interesses conflitantes, contraditórios, para gerar debates e interesse pelo estudo?

            É preciso provocar os estudantes, porque os jovens já possuem um espírito questionador que lhes é próprio.  Bem salienta Filizola ( 2009, p. 19), que a sociedade e natureza sofrem seus impactos. A pergunta é a seguinte: como nos posicionamos diante desse tipo de questão? É evidente que os educandos, com essas provocações, vão despertar para o debate. Naturalmente questionadores, vão querer argumentar, sugerir, por que o homem faz tal coisa, como podemos interferir, questionar, sugerir mudanças?

            E a questão local ficaria então fora do estudo geográfico? Claro que não, como bem salienta Filizola, da mesma forma que as questões globais se encontram em processo, sua repercussão pode se dar também no âmbito local. Se, por exemplo, um novo empreendimento em determinado bairro vai exigir desmatamentos; locomoção de moradores, se vai causar poluição nas proximidades. Os educandos vão perceber que eventos desse porte interferem em suas vidas, na sua proximidade e esse é um momento rico, propício para vislumbrar um trabalho de geografia condizente com suas vidas. As aulas ganharão sentido, estará se respondendo aquela pergunta que muitas vezes ouve-se estudantes proferindo, “por que eu tenho que aprender isso?”.  Estarão enxergando na prática à geográfica, uma vez que não vão conseguir mais se calar diante de um problema que lhes é próximo, lhes é palpável. E, a partir daí, poderão ter a consciência e a preocupação não só consigo, mas com seu bairro, com sua cidade, seu Estado, seu país e o mundo, pois de alguma forma ou de outra, saberão que pertencemos à mesma raça e fazemos parte de um todo interligado, plugado, conectado; que é o nosso planeta.

1 - Uma pesquisa da voz docente           

            Com o intuito de aprofundar e averiguar o trabalho docente nas escolas realizou-se uma pesquisa sobre o ato de ensinar geografia. Foram entrevistados nove professores da rede pública de Bento Gonçalves- RS que são formados em Geografia.

            A metodologia usada foi de uma entrevista com dois  questionamentos: 1) Quais as dificuldades encontradas no ensino da Geografia dentro do contexto escolar?

2. Quais as novas possibilidades no ensino da Geografia?

            O intuito foi averiguar quais as possibilidades no ensino da Geografia, visando suprir ou apontar caminhos que possam levar a um trabalho escolar que ajude a enfrentar as dificuldades encontradas. Os professores entrevistados são de diferentes escolas da rede pública, atuam com ensino fundamental e Médio.

            Na questão um chama a atenção o apelo comum dos entrevistados em abordar as dificuldades no ensino de geografia. Isso acontece, como menciona o entrevistado Tiago, pelo pouco tempo de duração das aulas, o que impossibilita um trabalho mais aprofundado e de qualidade. Contudo, isso não deve ser empecilho para busca de mais espaço. O próprio dizer do entrevistado, sua insatisfação, remete a luta por mais geografia. É preciso mais, como bem menciona Castrogiovanni  ( 2003, p. 85), o ensino de geografia deve oportunizar situações em que o aluno teorize e textualize as suas significações. Chega de ver o mundo em segunda mão. Um trabalho que se queira sério e engajador necessita sim de mais aulas, de períodos que possam comtemplar a vontade dos educadores de implantar um ensino demais qualidade, de mais compreensão e profundidade.

            Os entrevistados Leonardo, Aline, Jovana e Adriana, respondem ao primeiro questionamento de forma semelhante ao apontar a falta de interesse e comprometimento dos alunos. Isso ratifica a necessidade de um ensino de geografia mais amplo e motivador. É necessário que as aulas cativem os alunos de tal maneira que demonstre aos mesmos que a geografia faz parte de suas vidas, possui importância relevante pois interfere não só no meio em que vivem, mas nos relacionamentos e questões territoriais que os leva, ou deveria levar, ater uma consciência global de bem estar e preservação do planeta e de toda a vida que nela pulsa em sua amis diversas formas.

            Também é importante ressaltar quando os entrevistados mencionam a falta de interesse dos alunos e comunidade escolar  aliada a falta de materiais. Isso é inadmissível numa sociedade educativa que se queira moderna e atuante. A solução talvez passe por uma conscientização e busca constante de aperfeiçoamento e conscientização de comunidades escolares, gestores e professores.

            Numa busca por melhorias no ensino é importante fazer verdadeiras provocações? Vocês sabem por que a geografia é importante? Sabem como obras, prédios, interferem na nossa vida cotidiana, na vida do planeta? Vocês acreditam e apoiariam a compra, instalação, investigação de meios e materiais para melhorar a educação de seus filhos e torná-los verdadeiros cidadãos do mundo? De que formas podemos fazer isso? Com certeza não será uma tarefa fácil, vão surgir discussões, provocações. Mas, aí também está o momento da virada, da valorização, da compreensão de que podemos mais pela geografia, e não faltaram ideias criativas para melhorar a sua prática.

            No pensar ema alternativa para o estudo de geografia tornar-se interessante no segundo questionamento da pesquisa, a resposta do Tiago é a que mais demonstra como essa disciplina pode atrair o público jovem, tão aficionado por aparelhos, pelo manusear, seja eles aparelhos antigos ou modernos, digitais: “a Geografia é uma disciplina muito maleável e mutante, pois pode utilizar equipamentos quase arcaicos e muito interessantes até hoje, como a bússola, passando pelo moderno GPS e aplicativos de celular, além de modernos softwares de geoprocessamento e visualização locacional, como o Google Earth, Google Maps, Google Street View e a plataforma Bing, sem contar os inúmeros aplicativos meteorológicos, topográficos, cartográficos, entre outros. O bom de estudar geografia é que o aluno pode ver tudo que está estudando de forma palpável, interligando os conhecimentos de uma forma muito dinâmica e sem linearidade, pois há ligação em tudo que se aborda em sala de aula, além de percorrer diversas áreas do conhecimento, como matemática, línguas, ciências, matemática, entre outros”.

            Além disso, para os entrevistados Viviane e Patrícia, é relevante não desligar-se dos acontecimentos modernos, dos noticiários, do estar por dentro do que acontece no mundo. Isso leva a debates de temas relevantes e atuais, fugindo um pouco do apego ao livro didático e tornando os educandos mais participativos e interessados.

            Os demais entrevistados também constatam que não é possível se chegar a um estudo de geografia atraente para os jovens, sem que as ferramentas da informática, os meios virtuais e suas mídias estejam de algum modo engajados ao ato de ensinar. Sabemos o quanto as novas gerações estão conectadas e querer um ensino moderno e eficaz sem utilizar ou levar em conta esses meios irá só desmotivar ou tornar o ensino mais difícil.           

CONCLUSÃO 

            Esta observação provocou uma reflexão acerca de muitas das minhas concepções, pois à medida que aconteciam as entrevistas, vinham á mente, uma série de indagações sobre ”a necessidade da mudança no ensino da Geografia”  para compreender como posso aprimorar o conhecimento para que os educandos aprendam a disciplina e as dificuldades  encontradas no contexto escolar.

            Nessas constantes indagações, pude refletir sobre a dinâmica da educação em sala de aula, onde o professor tem uma filosofia, um plano politico pedagógico, uma relação de conteúdos a seguir, um grupo de alunos e uma realidade. Fico apreensiva ao perceber quanta responsabilidade tem um educador, no sentido de agregar as dimensões do seu trabalho para promover o aprendizado de seus alunos.

            A relação professor-aluno deve estar em consonância com a realidade, qualquer que seja a concepção de aprendizagem e opção de ensino, estas deverão estar voltadas á formação plena do educando, portanto deve-se ter sempre o cuidado de deixar claro quais são os métodos mais adequados que garantem esse grande objetivo.

            Entre as principais funções da Geografia, sem dúvida está a formação de pessoas conscientes, capazes de analisar os problemas nos quais o  mundo em que vivem está imerso, e posicionar-se diante deles, não apenas com informações, denúncias, mas também com capacidade de decidir, de enfrentar os problemas apresentados, minimizá-los e mesmo solucioná-los.

            Quando o professor entra em sala de aula muitos são os desafios que se apresentam a ele. Cada aula será sempre um desafio, pois a dinâmica desse cotidiano é o enriquecimento, portanto, cada encontro será diferente do anterior, pois um dia os alunos poderão estar participativos, outros estarão mais agitados, pois muitos são os fatores que estão interagindo no seu interior, desde o campo de afetividade entre os alunos e deles com a escola e o professor. Assim como o nível de conhecimento prévio que cada um carrega consigo, a natureza do espaço físico e dos materiais e recursos didáticos usados na sala de aula bem como o nível socioeconômico de cada um dos alunos.

             São muitas as dificuldades encontradas pelos professores no contexto escolar, principalmente quanto à questão da desmotivação em relação ao ensino e isso não acontece somente na disciplina da Geografia, mas nas outras também. Muitas vezes a escola não consegue atingir os alunos, que estão desorientados e sem expectativa de futuro.

            Compreendo que a grande arte do educador é transformar o conhecimento em ato em que o aluno possa ser um cidadão crítico e consciente. Neste caminho é que o educador deve estar relacionado, buscando uma compreensão de si e da realidade como algo concreto, que é criado e recriado no cotidiano. Só assim é possível uma prática transformadora em busca do novo; não de um novo abstrato que se coloca acima das pessoas, mas de um novo enquanto possibilidade de vir a ser.

            Segundo os PCNs, “é importante que toda a ação esteja ligada e direcionada aos educandos, pois o ensino é a prática educacional que organiza a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento que é tudo o que, sendo observável pelo sujeito, torna-se foco do seu esforço” (2000, p.29).

            O ensino de Geografia de ensino tradicional, de forma geral é realizado mediante aulas expositivas ou leituras de texto de livros didáticos, entretanto, é possível, trabalhar com esse campo de conhecimento de forma mais dinâmica e instigante para os alunos, por meio de conhecimento de forma mais dinâmica e instigante para os alunos, por meio de situações que problematizem os diferentes espaços geográficos materializados em paisagens, lugares, regiões, territórios, que disparem relações entre o presente e o passado, o especifico e o geral, as ações individuais ou coletivas e que provocam o domínio de procedimentos que permitem aos alunos ler e explicar as paisagens e os lugares.

             A Geografia deve proporcionar a leitura provocativa, pois cada vez mais ler poderá ser um caminho para aprender a ser cidadão, pois pode possibilitar confrontos de pontos de vista, pois instiga a curiosidade para saber mais, sendo assim pode ajudar muito a enriquecer o universo de conhecimento de jovens em formação.

            Entendo que a grande arte do educador é transformar o conteúdo e o   conhecimento  em libertação, em ato politico capaz de gerar um cidadão crítico e consciente. Contribuir para que isso se efetive é a nossa expectativa, no momento em que iniciamos nossa caminhada como educadores.

            Paulo Freire( 1996, p.104) afirma que “ a educação é um ato de amor, por isso é um ato de coragem”. Nesse processo de construir uma proposta pedagógica, não podemos tratar os alunos como números. Os alunos são pessoas e pessoa tem sentimentos, valores, potencialidades, sensibilidades.

            Na sala de aula, o professor pode planejar essas situações considerando a própria leitura do seu meio, da sociedade, a observação e a descrição e comparação, a explicação e a interação, a territorialidade e a extensão, a analise e o trabalho com a pesquisa e a representação cartográfica, nessas orientações didáticas, se procura explicar como e por que tais aspectos podem ser utilizados pelo professor no planejamento do seu trabalho.

            Vale lembrar que os educandos nas séries finais de Ensino Fundamental e Médio, nesse período de vida, já estão em consonância com a realidade dos temas de sociedade desiguais que emergem pela mídia, bem como pelas revistas. Nesse sentido, a geografia é uma das áreas mais privilegiadas para ajudar na explicação e compreensão dos fenômenos e processos históricos, no entanto podemos transformar a aula de geografia muito prazerosa para os alunos, procurando dialogar, debatendo assuntos atuais, criticando, pois um aluno crítico transforma a aula, torna-a interessante.

            Quando o aluno constrói o seu assunto trabalhado, ele realmente aprende, pois para construir algo é preciso conhecer, analisar e buscar explicações para entender o que está estudando e assim obter ótimos resultados na aprendizagem escolar.

 Nós, professores, e nossos alunos somos sujeitos de aprendizagem, construímos uma relação dialética de trocas, de mediações, onde construímos juntos e permanentemente a concretização do novo saber através do desejo, que é fonte de todas as ações. Se não há desejo, não há ação fecunda.

            Assim, é necessário que tenhamos dentro de uma escola, um agir comum, buscando os mesmos objetivos, através de um trabalho interdisciplinar, ou seja, que todos os professores busquem integrar conteúdos.

Assim, toda prática educacional tem por base certas apostas teóricas. Aceitar tais apostas teorias, é importante para ganhar o maior número delas. A amplitude das incertezas e a complexidade nas noções implicadas são os memores obstáculos (PERRENOUD,1999). Ao contrário, um dos maiores desafios é conquistar o maior número possível de parceiros nesta luta e caminhar em conjunto.

            Conforme  Perrenoud ressalta, continuar a caminhada para uma  escola  que visa  a construção do conhecimento. A resistência de alguns professores não atrapalha o andamento da missão da escola, quando tem claros seus objetivos e as regras mostram-se seguras referentes ao que querem, sendo assim uma escola acolhedora, que passa  o que é seu papel, sua competência que está sempre em processo. “A ênfase primária de qualquer modelo de competência não está nos déficits de SER, mas nos poderes de tornar-se”. (DOLL, 1997).

            Essa perspectiva de trabalho nos remete a esperança e as possibilidades de crescimento de desenvolvimento das pessoas. Não nos limitam os déficits, as faltas e carências. A ponta- nos o olhar para frente, mesmo que á frente estejam dificuldades, incompreensões, críticas. Talvez a maior dificuldade sejamos nós mesmos, nossas resistências ao novo, ao diferente e, sobretudo, a resistência a ultrapassar nossas estruturas culturais, pois como sabiamente nos diz Edgar Morin ( 1991)” Foi-me extremamente difícil criticar as nações que me serviram de algumas críticas para ultrapassar os antigos modos de pensamento.  É Fácil ultrapassar o passado, mas não é fácil ultrapassar aquilo que faz ultrapassar o passado”.

            Portanto, não mudamos se não nos permitimos mudanças. Mas, tendo como principio que o aluno é sujeito da ação de aprender, aquele que age sobre objeto de conhecimento, é fundamental que toda ação esteja ligada e direcionada a ele, pois o ensino é a prática educacional que organiza a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.

            A escola, espaço institucional de acesso ao conhecimento, vem demonstrando inovação, revisando e reformulando conceitos, por isso, o estudo da Geografia deve proporcionar aos alunos a possibilidade de compreenderem sua própria posição no conjunto de interações entre a sociedade e a natureza.

            O componente curricular de Geografia busca tornar o aluno sujeito do processo ensino- aprendizagem para compreender as relações econômicas, politicas, sociais, culturais e duas praticas, da escala local a global. O ensino de Geografia tem como objetivo proporcionar ao aluno a consciência de que a cidadania é também o sentimento de pertencer a uma realidade em que as relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado e em constante transformação do qual ele faz parte e que, portanto, precisa conhecer e do qual se sinta membro participante, efetivamente ligado, responsável e comprometido historicamente com os valores humanísticos, por isso, a importância de considerar a realidade do aluno, fazendo com que ele se sinta um elemento ativo do seu processo histórico.

             É, portanto, fundamental que o educador tenha uma postura inovadora diante do ensino de Geografia a fim de levar o educando a desenvolver uma postura critica e autônoma, o que permitirá que se torne sujeito da aprendizagem, continuando o seu processo de crescimento pessoal, que é condição básica para o bom aprendizado.           

BIBLIOGRAFIA

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