Nova Contagem:

Percepção de Jovens residentes em áreas segregadas*

 

**Eduardo de Sousa Menandes

***Rita de Cássia Liberato

 

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo analisar como os jovens de 14 a 20 anos, residentes nos Bairros Nova Contagem, Retiro, Vilas Estaleiro e Renascer, localizados no Município de Contagem – MG percebem o espaço onde residem e a eles próprios. Também foi feita uma análise das formas de atuação do Estado e dos Grupos Socialmente Excluídos, responsáveis pela ocupação da área. O espaço urbano estudado mostrou como as intensas contradições econômicas, políticas e sociais existentes nas grandes cidades brasileiras resultaram em intensos processos de segregação sócio espaciais. A consequência foram as piores formas possíveis de precarização da vida, como por exemplo, o confinamento espacial, serviços públicos ineficazes, grandes índices de violência, pobreza e exclusão social. Como resultado deste trabalho foi possível concluir que o perfil dos jovens estudados o quanto a segregação sócio espacial reflete negativamente no acesso a serviços públicos, na renda familiar e principalmente na vulnerabilidade social, identificado pelos índices de criminalidade. A identificação dos lugares topofílicos e topofóbicos foi fundamental para a compreensão dos sentimentos que os jovens estudados carregam do lugar onde residem. Como resultado deste estudo destaca-se a existência de não somente uma Nova Contagem, mas sim muitas outras nas periferias dos países subdesenvolvidos. As formas de segregação sócio espacial identificadas na área estudada são também encontradas em outros espaços, reservando a cada um deles as suas especificidades. Para finalizar este trabalho destaca a preocupação com os jovens residentes nestes espaços segregados, pois as perspectivas de futuro de muitos possivelmente estará na criminalidade.

Palavras-Chave: Segregação sócio espacial; Espaço urbano; Desigualdade social; Topofilia; Topofobia.

 

ABSTRACT

 

This study aimed to examine how young people 14 to 20 years living in New Neighborhoods Count, Retreat, Villas and Reborn Shipyard, located in the Municipality of Counting - MG perceive the space and where they live themselves. Also an analysis of the forms of state action and socially excluded groups, responsible for the occupation of the area. The urban study showed how intense contradictions economic, political and social in big Brazilian cities resulted in intense processes of social spatial segregation. The result was the worst possible forms of reduced quality of life, for example, the spatial confinement, inefficient public services, high rates of violence, poverty and social exclusion. As a result of this work was concluded that the profile of young people studied how the socio-spatial segregation reflects negatively on access to public services, especially in family income and social vulnerability, identified by crime rates. The identification of places topophilia and topophobia was essential to understand the feelings that young people studied carry the place where they live. As a result of this study highlight the existence of not only a new count, but on the outskirts of many other developing countries. The forms of socio-spatial segregation identified in the study area are also found in other spaces, allowing each one to their specifications. To finish this work highlights the concern about young people living in these segregated spaces, as the future prospects of many possibly will be in the crime.

Key words: Social and spatial segregation, Urban space, Social inequality; Topophilia; Topophobia.

 

*Projeto financiado pela FAPEMIG/PUC Minas em 2010. Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

**Bolsista do curso de Geografia Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas. [email protected]

***Orientadora do projeto e Doutora em Tratamento da Informação Espacial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas. [email protected]

 

Introdução

 

            As grandes cidades brasileiras, ao longo de suas trajetórias, foram marcadas por intensas contradições econômicas, políticas e sociais, que de forma concomitante, expressaram (e ainda expressam) a dinâmica socioeconômica e política em vigor no país. A ocupação dos espaços internos das cidades demonstrou como as relações socioeconômicas e políticas se efetivaram. Ressalta-se que essas são resultantes, por um lado, da desigualdade socioeconômica e política e, por outro, pela impossibilidade de acesso aos bens culturais.

            O processo de ocupação urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte também caminhou nesse sentido. O grande crescimento populacional ocorrido resultou na criação de vários vetores de ocupação, com destaque para o vetor oeste, rumo ao município de Contagem, responsável pela existência da área estudada.

             A construção do Conjunto Habitacional Nova Contagem, bem como o processo de ocupação no seu entorno teve por objetivo atender a demanda da população de baixa renda de Contagem e de outras cidades vizinhas que não tiveram acesso ao emprego formal e à moradia. Também foi utilizado como instrumento de desfavelização, já que para ele foi deslocada população pobre residente nas favelas próximas a Cidade Industrial, especialmente as localizadas em áreas de maior valor econômico. Não se pode negar que a localização do Conjunto Habitacional, distante da área central de Contagem, possibilitou deslocar e manter afastada das áreas de maior valor comercial um tipo de população específica devido a sua situação econômico-financeira.

Este estudo tem por objetivo central analisar como os jovens de 14 a 20 anos percebem a si e a área em que vivem. O espaço urbano que das cidades é o lugar onde o jovem é mais visível nos seus mais variados sentidos, tanto por eles próprios, quanto pela sociedade. É principalmente sobre os jovens pobres que recai, com maior perversidade, ao longo de suas trajetórias, as questões do estigma territorial e da violência.

A sistematização das informações deste estudo foi realizada em duas fases. A primeira fase foi realizada junto às lideranças locais, e teve como objetivo sistematizar informações sobre a história da localidade. A segunda, de caráter mais amplo, foi efetivada tendo a entrevista como técnica de coleta de dados e teve por objetivo identificar como os jovens residentes nos Bairros Nova Contagem, Retiro, Vila Estaleiro e Vila Renascer percebem o espaço em que vivem e a eles próprios, conforme colocado no objetivo geral. Paralelamente foram realizadas observações da área estudada com o objetivo de identificar a infraestrutura e os equipamentos existentes e como os jovens os utilizam.

 

O lugar de Nova Contagem na RMBH

 

Com uma população residente de aproximadamente 50 mil habitantes (Atlas de Desenvolvimento Humano, 2006), Nova Contagem está localizada na porção Noroeste do Município de Contagem, distante cerca de 15 quilômetros da Sede, na divisa com os municípios de Esmeraldas e Ribeirão das Neves, todos pertencentes à Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Sendo composta pelos bairros Nova Contagem, Retiro, Vila Estaleiro, Vila Renascer, Campo Grande e Morro Redondo, sendo estes dois últimos condomínios fechados, portanto, não serão objetos desta pesquisa.

 

Figura 1: Mapa de localização dos Bairros Nova Contagem e Retiro, Vilas Estaleiro e Renascer no Município de Contagem-MG. Fonte: Base cartográfica do IBGE, Mapa dos setores Urbanos, 2008.

 

Do rural ao urbano e a precarização da vida

 

A região onde esse se localiza Nova Contagem começou a ser ocupada ainda no século XIX, no entorno de uma capela, denominada São Domingos de Gusmão. Seus primeiros moradores eram pequenos fazendeiros, chamados retirantes. Daí o primeiro nome da localidade: Retiro. Sua paisagem se caracterizou predominantemente como um espaço rural até o início da década de 1980. A partir dessa década a área estudada começou a sofrer as consequências do grande crescimento industrial de Contagem, sobretudo da Cidade Industrial Juventino Dias, que desde a década de 1940 recebeu um grande número de empresas e, consequentemente, de operários.

A população se aglomerava em bairros, favelas e loteamentos clandestinos com precária ou infraestrutura no município, durante a década de 1970, grande parte destas foram removidas pela Prefeitura Municipal de Contagem para o Conjunto Habitacional Nova Contagem. Este foi construído a partir de 1982, pela Prefeitura em parceria com a Comunidade, através da autoconstrução.

A obrigatoriedade do cumprimento da Lei Federal de Parcelamento do Solo Urbano criou, no papel, um bairro ideal. Na prática, Nova Contagem cresceu de forma desordenada, com ausência e/ou precariedade de muitos serviços públicos, refletindo a fragmentação urbana, visível nas metrópoles onde as desigualdades sociais e espaciais ocorrem de forma intensa, se consolidando como um espaço segregado do conjunto urbano de Contagem. Nos anos seguintes a região foi marcada pela ocupação de vários espaços não urbanizados, como por exemplo, áreas de proteção das nascentes e cursos d’água e outros com alta declividade. Consequentemente, estas ocupações foram responsáveis pela criação de vários bairros e favelas na região. Ocorreu também a ocupação de várias áreas públicas, destinadas a construção de praças e áreas de lazer para fins comerciais.

 

Figura 2: Mapa de ocupação atual dos Bairros Nova Contagem, Retiro e Vilas Estaleiro e Renascer

Elaborado por: MENANDES, E., 2010. Fonte: Base Cartográfica do IBGE, 2008.

 

            Para agravar ainda mais a situação do Bairro, nele está situada a Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, que abriga cerca de 1600 presos (AGÊNCIA MINAS, 2008)[1]. Inaugurada em 1988, sua localização naquela localidade favoreceu o surgimento de novas áreas de ocupação na região, como foi o caso da Vila Estaleiro, no seu entorno.

Ao longo deste estudo foi possível identificar como a vida em Nova Contagem é precarizada em diversas formas. Ineficácia dos serviços de saneamento básico, saúde e educação. A localidade possui apenas uma opção de acesso, feito através da MG 432 até o trevo do Bairro Retiro. O transporte público é feito por cerca de 12 linhas, que atendem de forma precária toda a região e entorno, com tarifas mais caras do que no restante do município. A região também não dispõe de postos de combustíveis, tendo a alternativa mais próxima está a 15 km ou no “mercado informal” na localidade.

            A precariedade da vida em Nova Contagem pode também ser analisada pelos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e pelo percentual de indigência. De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano (2006), a localidade possui o pior IDH da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2000 (0,712). O IDH da RMBH neste mesmo ano é de 0,813, e do Município de Contagem, 0,789. O percentual de indigentes estava em torno de 17% da população total em 2000, quase três vezes superior a média de do restante do município.

 


[1]              Presos de alta periculosidade.

 O Espaço Urbano

 

O estudo sobre a percepção dos jovens de Nova Contagem é fundamental discutir sobre a produção e reprodução do espaço, tendo por referência que este é parte fundamental nas relações homem-sociedade, na medida em que demarca lugares e impõe formas de agir. Para tanto é necessário fazer uma revisão teórico-conceitual das noções, conceitos e categorias analíticas sobre a espacialidade, esclarecendo que muitas vezes essas se superpõem. Gomes (1997, p. 38) afirma que “o objeto da geografia é (...) [o] espaço, que simultaneamente é disposição física das coisas e práticas sociais que ali ocorrem”.

O espaço deve ser considerado como não mais um reflexo da organização social criada sobre ele, mas sim como uma unidade que, juntamente com as demais estruturas e instâncias da vida social, deve ser analisado de modo dinâmico e dialético. (LIBERATO, 2000, p.13). Nesse sentido, através dos relatos de moradores, líderes comunitários e dos próprios jovens entrevistados, fica evidenciado que desde o início da ocupação dos bairros e favelas da região, a relação homem-espaço sofreu profundas transformações, caminhando no sentido de sua precarização.

De acordo com Liberato (2007, p.52), fragmentar o espaço significa transformá-lo em um “lugar informado”, onde os indivíduos, no cotidiano, estabelecem e mantêm suas relações (sociais, culturais, econômicas, afetivas e/ou políticas). Consequentemente, o espaço é também transformado em lugar de significação. Nesse sentido Ferrara (1999, p. 153) argumenta:

Para apreender a informação do espaço, é necessário fragmentá-lo, transformando-o em lugar informado. É necessário ultrapassar aquela totalidade homogênea do espaço para descobrir seus lugares nos quais a informação se concretiza, na medida em que produz aprendizado e comportamento traduzidos nos seus signos: usos e hábitos. No lugar, o espaço se concretiza na e pela informação que agasalha. De um espaço de informação evoluímos para um lugar informado.

 

O Estado e os Socialmente excluídos

           

            Ao se analisar como ocorreu o processo de criação e ocupação de Nova Contagem, bem como dos bairros e favelas no seu entorno, pode-se notar a atuação de vários agentes sociais, com destaque para o Estado e os Socialmente Excluídos. Os resultados de suas ações se acumularam através do tempo, refletindo no produto social atual.

O Estado para Corrêa (2000) é um importante agente modelador do espaço urbano, pois além de consumir espaço representa os interesses dos integrantes da classe dominante. Ele atua também como agente industrial, proprietário fundiário, promotor imobiliário e, ao mesmo tempo, como regulador do uso da terra, sendo, nesta perspectiva, alvo dos grupos sociais excluídos. “Sua atuação tem sido complexa e variável, tanto no tempo como no espaço, refletindo a dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte” (CORRÊA, 2000, p. 24).

No caso de Nova Contagem, o Estado assumiu o papel de promotor imobiliário. Sua atuação serviu também de estimulo à ocupação por favelas e loteamentos clandestinos das áreas próximas a do Conjunto Habitacional. Pode-se destacar também o aumento da especulação imobiliária nos terrenos localizados as margens da via que liga a área central de Contagem a localidade. Essas foram gradativamente ocupadas por populações empobrecidas, não contempladas com residências no Conjunto e que não encontraram outra solução para resolver seu problema habitacional.   

Em Nova Contagem o Estado, além de controlar e impedir a locomoção de mais de vinte e cinco mil habitantes (teoricamente livres) em direção a cidade formal, exclui outras mil e seiscentos pessoas, dentro dos muros enormes e fortemente vigiados da Penitenciária Nelson Hungria (figura 3). Em ambos os espaços pode-se notar grandes semelhanças, a diferença se dá na existência dos muros. Estes no caso da Penitenciária são construções físicas e possuem mais de cinco metros de altura. Já o de Nova Contagem é uma construção ideológica, feita mediante a extrema repressão policial e exclusão social da população. 

 

Figura 3: Vista panorâmica da Penitenciária Nelson Hungria

Fonte: Site Panoramio, 2010

 

Na produção do espaço em Nova Contagem, os grupos socialmente excluídos tiveram uma importante participação. A morfologia atual, sobretudo do Conjunto Nova Contagem em nada se assemelha a de seu principio, na década de 1980. Poucas casas mantiveram o modelo original. Como foi dito anteriormente, ocorreu uma intensa ocupação das áreas não ocupadas, originado novos bairros populares e favelas. De acordo com Corrêa (2000, p. 30):

 

É na produção da favela, em terrenos públicos ou privados invadidos, que os grupos sociais excluídos tornam-se, efetivamente, agentes modeladores, produzindo seu próprio espaço, na maioria dos casos independentemente e a despeito dos outros agentes. A produção deste espaço é, antes de mais nada, uma forma de resistência e, ao mesmo tempo, uma estratégia de sobrevivência.

 

A atuação dos grupos socialmente excluídos ocorre principalmente nas áreas residenciais segregadas das periferias das grandes cidades, onde as ações do Estado são ausentes ou insuficientes para modelar o espaço. Corrêa enfatiza que:

 

A segregação residencial pode resultar também de uma ação direta e explicita do Estado através do planejamento, quando da criação, a partir do zero, de núcleos urbanos. Este planejamento reproduz o velho modelo colonial padrão típico da cidade brasileira, com os pobres na periferia. (CORRÊA, 2000, p. 28).

           

            Como alternativa de subsistência e sobrevivência, a alternativa encontrada pelos grupos socialmente excluídos para amenizar o problema habitacional na qual se transformaram nas piores vítimas, foi através da autoconstrução.

 

    

Figuras 4 e 5: Tipologia de moradia do Conjunto Nova Contagem

                Fonte: MENANDES, E., 2010

 

            Kowarick (1979, p.29 e 30) argumenta que os espaços ocupados pelos grupos socialmente excluídos surgem em meio a uma “lógica da desordem”. Essa lógica pode ser observada, ainda segundo o autor, “na aparência desordenada do crescimento metropolitano através de seu traçado irregular e o desconexo de seus espaços vazios e ocupados que já sugerem formas disparatadas de ocupação do solo”.

A literatura especializada aponta que os grupos sociais excluídos somente se tornam agentes modeladores do espaço das cidades quando passam a ocupar terrenos públicos ou particulares. Essas áreas, devido ao grupo social que as ocupa, passam a ser segregadas. Mesmo segregadas elas participam da produção e reprodução do espaço citadino.

 

Segregação sócio espacial

 

A reflexão sobre o processo de segregação sócio espacial em Nova Contagem requer que se proceda algumas considerações a respeito do processo de configuração do espaço urbano das grandes cidades. Os processos e formas espaciais pelas quais a região estudada foi produzida contêm todos os requisitos para considerá-la como resultante desse processo, promovida pelo Estado e afirmada pelos grupos sociais excluídos na sua apropriação. É imprescindível analisar, em especial, as localizadas nos países subdesenvolvidos na medida em que mantém, de acordo com a revisão bibliográfica efetivada para confecção deste trabalho, grande similaridade.

            É importante destacar, como faz Liberato (2007, p.16):

 

A segregação sócio espacial decorre da divisão do espaço urbano entre integrados (incluídos) e não integrados (excluídos), sendo percebida com maior clareza nas grandes cidades por que essas, além de concentrarem o maior número de indivíduos, explicitam mais acentuadamente a forma desigual com que o espaço é apropriado pelas classes sociais. Nesse sentido, a segregação sócio espacial existente nas cidades é indicativa de que os locais, dentro da arquitetura urbana, são previamente estabelecidos e desigualmente apropriados.

 

Os estudos sobre segregação urbana no Brasil destacam os inúmeros impactos da forma de organização territorial sobre a vida dos moradores residentes nas periferias urbanas e sobre a forma como esses moradores se percebem e interagem nos espaços públicos. Como destacam Ribeiro e Santos Junior (2003, p.84), a estrutura urbana expressa “[...] as desigualdades existentes em uma cidade ao acesso aos recursos materiais materializados no espaço urbano em razão da localização residencial e da distribuição desigual dos equipamentos, serviços urbanos, da renda monetária e do bem-estar-social”. A dimensão imaterial deste fenômeno também tem sido destacada como um fator importante para a compreensão de suas implicações sobre a forma de integração dos indivíduos moradores de áreas segregadas ao todo social e sobre a dinâmica comunitária presente nestes lugares (WACQUANT, 2001; KAZTMAN, 2001; RIBEIRO, 2005). Fatores como os efeitos da estigmatização e discriminação das periferias urbanas, sobretudo das favelas, a perda de vínculos sociais, a projeção da autoimagem do morador como um indivíduo inferior, entre outros, são fundamentais para a compreensão dos processos de segregação.

Ao se fazer uma abordagem sobre a segregação sócio espacial em cidades dos países subdesenvolvidos é inevitável associá-la a questão da pobreza, desigualdade e exclusão social, fenômenos facilmente visualizados no espaço urbano dessas. Esses espaços são marcados pela imposição do confinamento espacial. Esse seria o recurso utilizado, como argumenta Liberato (2007, p.68), para impedir e/ou afastar os indivíduos/grupos indesejáveis evitando assim a contaminação do conjunto da sociedade.

As periferias urbanas, sobretudo aquelas onde as marcas da segregação sócio espacial são resultantes da perversa produção do espaço, como é o caso de Nova Contagem, podem ser consideradas, como faz Kowarick (2000, p.43):

 

Periferias... No plural. Isto porque são milhares de Vilas e Jardins. Também porque são muito desiguais. Algumas mais consolidadas do ponto de vista urbanístico; outros verdadeiros acampamentos destituídos de benfeitorias básicas. Mas, no geral, com graves problemas de saneamento, transporte, serviços médicos e escolares, em zonas onde predominam casas autoconstruídas, favelas ou o aluguel de um cubículo situado no fundo de um terreno em que se dividem as instalações sanitárias com outros moradores: é o cortiço da periferia. Zonas que abrigam população pobre, onde se gastam várias horas por dia no percurso entre a casa e o trabalho. Lá impera a violência. Dos bandidos, da polícia, quando não dos “justiceiros”. Lá é por excelência o mundo da subcidadania.

 

Podemos destacar em Nova Contagem, já segregado em relação a outros espaços da cidade, ocorre outro processo de exclusão ou uma “segregação dos segregados” (Torres e Marques, 2001). Esse processo pode ser visualizado pela localização dos equipamentos urbanos, existentes principalmente nas vias e entradas principais da localidade. Consequentemente, os moradores das áreas pouco atendidas pelo comércio e serviços, quando que necessitam destes, precisam fazer longos percursos para acessá-los.

 

A melhoria na oferta de equipamentos e serviços não impediu que uma acentuada parcela da população continuasse incluída de forma marginal no sistema econômico e submetida às piores condições de infraestrutura em espaços que podem também serem denominados como “hiperperiferias”. Estes representariam a “segregação da segregação” por conta da ausência de equipamentos e de oferta de serviços, menor renda da população, maior percurso para o trabalho e alta vulnerabilidade a riscos ambientais (inundações, desmoronamentos, etc.). (Torres, H.G e Marques, E, 2001, p.7).  

 

O lugar do jovem: Identidade e percepção

 

Tendo em vista os processos de segregação presentes em Nova Contagem interessam-nos saber como os atores sociais mais afetados por estes processos, sobretudo os jovens de 14 a 20 anos, vivenciam e percebem o lugar social de que dispõem e a forma como sobrevivem no espaço urbano desigual. Sabe-se que os fenômenos da pobreza e da desigualdade interferem de modo mais efetivo sobre a vida de determinados segmentos da sociedade, em especial os jovens. Os jovens são os atores sociais mais aptos para lidar com os signos culturais da atualidade e os tecnológicos presentes nos espaços urbanos, mesmo considerando que a condição juvenil não se estabelece como homogênea existindo uma multiplicidade de fatores que interferem no modo como cada jovem irá experimentar o mundo que o cerca (DAYRELL, 2003; SPÓSITO, 1997; PERALVA, 1997; ABRAMO, 1994). A construção da identidade do jovem, conforme destaca Coura (2009, p.94) é marcada por múltiplas influências, passando pela vivência na escola, na vizinhança, até chegar às experiências apreendidas e incorporadas pelos/nos espaços da cidade.

Em se tratando de jovens residentes em área segregada, viver essa importante fase da vida torna-se um grande desafio. É necessário enfrentar a precariedade das suas condições de vida, fraca educação, dificuldades financeiras, fragilidade das relações em seu microcosmo, especialmente a familiar, violência, criminalidade, drogas, exclusão social, preconceito (racial, social, cultural), etc.

Para se realizar a análise proposta no objetivo geral, fez-se necessário fazer uma revisão dos estudos de percepção geográfica, principalmente sobre os conceitos de Yi-Fu Tuan sobre Topofilia e Topofobia. De acordo com Tuan (1980, p.105) o termo “topofilia consiste no elo afetivo que a pessoa ou um determinado grupo social têm em relação ao lugar ou ao ambiente físico”. Enquanto que o de topofobia está intrínseco os sentimentos de desafeto e aversão que as pessoas têm para com determinados lugares, espaços ou mesmo paisagens (Tuan, 1980).

Para tanto foi elaborado um questionário contendo 12 questões abertas e fechadas, que foi aplicado, na forma de entrevista direta, junto à amostra de 121 (cento e vinte e um) jovens. O objetivo da entrevista era o de caracterizar os jovens residentes na localidade, identificar os lugares topofílicos e topofóbicos e os espaços públicos para os mesmos, bem como o(s) local(is) onde praticam atividades de lazer.

Após a realização das entrevistas, as informações coletadas foram codificadas e tabuladas utilizando o software SPSS. Este software permitiu apresentar as frequências e realizar os cruzamentos de todas as variáveis das entrevistas (idade, sexo, escolaridade, renda familiar, ocupação, tempo de residência, atividades de lazer, frequência em praças e espaços públicos, lugares que gosta e não gosta, acesso a computador e internet), tornando possível analisar com maior eficácia os resultados mais relevantes para este trabalho.

 

Vulnerabilidade Social

 

Os índices de criminalidade envolvendo os jovens na faixa etária estudada também foi objeto de destaque neste trabalho.  A ocupação espacial de Nova Contagem ocorreu de forma excludente, configurando a injustiça social. Isso significou na redução ou negação de oportunidades de inserção social da população na cidade formal.

As camadas mais jovens da população Brasil, sobretudo nas áreas periféricas das grandes cidades, os índices de criminalidade crescem em uma magnitude preocupante a cada dia. A ocorrência de homicídios, furtos, tráfico e consumo de drogas tornam-se as principais manifestações da violência no espaço. Dentre estas, a ocorrência de homicídios nas camadas mais jovens merece relevante atenção, devido a sua grande complexidade, seja pelo aspecto quantitativo, mas principalmente pela complexidade da problemática e suas consequências de ordem demográfica, econômica, social e de saúde.

Nesses espaços desvalorizados, como é o caso de Nova Contagem, onde o Estado e as instituições públicas ainda se mostram ausentes e com atuação pouco eficaz é que o crime (organizado ou não) se instala. As periferias pobres oferecem a localização privilegiada para a territorialização do crime, tornando o espaço suscetível a vulnerabilidade social.

Os dados apresentados pela 38ª Companhia da Polícia Militar, responsável pela área estudada, mostram que entre os anos de 2006 até o mês de agosto de 2010 os números de criminalidade de uma forma geral são preocupantes. Além disso, outra questão apontada pelos dados é a participação considerável dos jovens entre 14 e 20 anos no envolvimento com a violência da localidade, seja como autor ou vítima.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            GRÁFICO 1: Homicídios Tentados (%)                       GRÁFICO 2: Homicídios Consumados (%)

  

 

                       GRÁFICO 3: Roubos (%)                           GRÁFICO 4: Tráfico e Consumo de Drogas (%)

   

Fonte: Armazém SIDS e Geo 38ª Cia PM Esp. Adaptado por MENANDES, E., 2010

 

Para muitos jovens, estar nas estatísticas do crime já se tornou parte de seu cotidiano, ou seja, não são vistas por eles como algo fora da realidade e, por mais incrédulo que possa parecer, como inadequado ou anormal. Dentre esses se destacam o tráfico, o consumo de drogas e as mortes que devido a grande ocorrência passou a ser tratada como um fato banal. Isso explica em partes o aumento da participação dos jovens no total de ocorrências policiais na área estudada.

Podemos considerar que esses números alarmantes demonstram o resultado da perversa soma da pobreza, exclusão social, segregação sócio espacial, má atuação do Estado e desvalorização da importância do jovem para a configuração de um território fragmentado pela violência.

  

O lazer na periferia: que lugar é esse?

 

O lazer é um direito de todo cidadão. De acordo com Camargo (1989) é o tempo de que se pode livremente dispor, uma vez cumpridos os afazeres habituais. Atividade praticada nesse tempo; divertimento, entretenimento, distração e recreio. Porém o que se percebe, principalmente nas periferias das grandes cidades brasileiras é a negação deste direito a população.

A falta de opções de lazer nas periferias das grandes cidades brasileiras é um grave problema destas e, sobretudo, um canal para o crescimento da violência. Os jovens constantemente ociosos canalizam sua energia e direcionam suas ideias para atos criminosos de maior ou menor grau, o processo de violência é quase sempre desenvolvido entre os jovens que vivem em bairros de baixa renda.

No caso de Nova Contagem, os jovens que querem buscar outras alternativas de lazer que a localidade não dispõe, e aqueles que não querem virar reféns da televisão, são obrigados a se deslocar para outros bairros, como por exemplo, Eldorado e para a Sede do Município. No entanto, até isso é difícil, pois o valor da tarifa dos ônibus é consideravelmente alto para a população local, e o trajeto destes até os bairros podem consumir até uma hora de viagem.

As entrevistas e observações realizadas demonstraram a existência de poucos locais para atividades de lazer. Estes privilegiam principalmente a apropriação pelo sexo masculino, como por exemplo, os campos de futebol e quadras, citado pela grande maioria dos jovens entrevistados, principalmente na faixa etária entre 14 e 16 anos.

 

Topofilia e Topofobia: De onde gosta e de onde não gosta – um problema de identificação

 

No que diz respeito aos espaços públicos existentes em Nova Contagem, o resultado das entrevistas destacou que estes são frequentados, de forma significativa por jovens de ambos os sexos, pertencente à faixa etária entre 14 e 18 anos. Deve ser salientado, como demonstra os dados coletados, que há considerável rejeição (30%) pela frequência a locais públicos, independentemente do sexo.

A identificação dos espaços topofílicos e topofóbicos de Nova Contagem, o ponto chave deste estudo foi feito através de perguntas sobre os lugares que os jovens mais gostavam, e também aqueles que não gostavam. As respostas obtidas foram muito diversas em toda a área estudada, tendo importantes variações por faixa etária, sexo, renda familiar e principalmente tempo de residência entre os bairros e favelas analisados.

Os espaços topofílicos (figuras 6, 7 e 8) mais citados pelos jovens foram os campos de futebol, praças, escolas, feira popular e Organizações Não Governamentais (ONGs). Destaca-se também o considerável número de jovens entrevistados que disseram não gostar de nenhum lugar na área estudada.

 

       

Lugares Topofílicos: Figura 6 - Praça do Coreto, Figura 7 - Campo de Futebol do Bairro Retiro, Figura 8 - Feira popular do Bairro Nova Contagem. Fontes: Google maps Street view, 2009 e MENANDES, E., 2010.

 

            A existência de lugares topofóbicos está intimamente relacionada a não apropriação dos espaços por grupos sociais. Estes espaços indesejados em Nova Contagem podem relacionados a falta de identidade com o lugar e também com o estigma territorial resultante do fato que esses jovens não se reconhecem e não querem se reconhecer no espaço onde vivem. (COURA, 2009, p.47). Tais características topofóbicas foram possíveis de serem constatadas através dos resultados obtidos através das entrevistas realizadas junto à amostra de jovens pesquisados.

Assim como verificado nos lugares topofílicos, a praças foram também citadas os lugares mais topofóbicos citados pelos jovens entrevistados. Outros lugares citados foram favelas, o próprio Bairro Nova Contagem, outros bairros no entorno da área estudada, escolas, algumas ruas, a Penitenciaria Nelson Hungria, dentre outros.

Guimarães (2002, p. 19) argumenta que muitas vezes, a topofilia ou uma topofobia que embora sejam distintas, não se excluem mutuamente, podendo verificar-se em relação a uma só paisagem a ocorrência destes dois sentimentos opostos, concernentes a uma só pessoa, ou grupo cultural.

Os lugares topofóbicos existentes em Nova Contagem demonstraram o grande peso que a violência tem como fator gerador destes, razão citada pela metade dos jovens entrevistados. Destaca-se também que cerca de 23% dos jovens entrevistados disseram não gostar de certos lugares em Nova Contagem pela falta de agradabilidade destes. Ressalta-se também a existência de lugares topofóbicos (figuras 9, 10 e 11) resultantes dos diversos problemas educacionais e também pela ausência de serviços públicos de qualidade.

 

          

Lugares Topofóbicos: Figura 9 - Praça da Rua VC4, Figura 10 - Rato Molhado, Figura 11 - Rua Hércules, Fontes: MENANDES, E., 2010, Google maps Street view, 2009.

 

 

Figura 12 e 13: Mapa dos lugares topofílicos e topofóbicos nos Bairros Nova Contagem, Retiro e Vilas Estaleiro e Renascer.  Fontes: Base Cartográfica do IBGE, 2008. Pesquisa realizada no segundo semestre de 2010.

 

 

Considerações finais

 

Este trabalho procurou analisar como os jovens de 14 a 20 anos, residentes nos Bairros Nova Contagem, Retiro, Vila Estaleiro e Renascer percebem o espaço onde residem e a eles próprios. Partiu-se do pressuposto de que o processo de ocupação da localidade foi marcada pela segregação sócio-espacial e, que esta interferiu no modo como os jovens se reconhecem, interagem e apropriam do espaço.

Pretendeu-se discutir as contradições econômicas, políticas e sociais existentes na sociedade brasileira, sobretudo nas grandes cidades, onde o direito de acesso aos bens culturais que elas dispõem é constantemente negado à população pobre, marginalizada e segregada.

Foi possível identificar em Nova Contagem um tipico exemplo da perversidade com que o espaço urbano é fragmentado pelos agentes sociais, que de acordo com os seus interesses fazem e refazem a cidade. Além disso, entendeu-se como se deu esta dinâmica espacial, que privilegiou a ocupação das melhores áreas pelos detentores do poder econômico e político, reservando as mais distantes para os grupos de menor ou nenhum poder aquisitivo. A estes últimos a alternativa encontrada para a ocupação foram os espaços “impróprios” sob a forma de assentamentos informais (favelas, loteamentos populares e/ou clandestinos, e por volta da década de 1980, os conjuntos habitacionais populares).

Excluídos da cidade oficial, os moradores dos assentamentos informais terão no clientelismo, prática na qual se assentou, e ainda se assenta, grande parte das relações políticas brasileiras, o modo prevalecente para a busca de soluções de seus problemas habitacionais e de instalação da infraestrutura básica nos locais já habitados (LIBERATO, 2007).

Neste estudo, a periferia urbana foi retratada como fruto de um processo histórico constituído pelas contradições da (re) produção do espaço e pela pluralidade das ações dos agentes sociais envolvidos. Apesar dos vários constrangimentos estruturais da metrópole sobre a periferia, ela não constitui um lugar apartado da dinâmica urbana, tanto no que diz respeito aos fluxos econômicos e políticos quanto às produções culturais e simbólicas sobre/da cidade. A idéia de uma cidade (bi) partida entre periferia e centro, formal e informal, civilizada e incivilizada e tantas outras dicotomias que apontam a periferia como local da negatividade se constitui em uma falácia, pois não existe centro sem periferia e a periferia é necessária a manutenção do centro.

Foram identificadas na realização do trabalho as várias faces do processo de segregação sócio-espacial, iniciando-se pela própria localização no extremo noroeste do Município de Contagem, área que na época da construção do conjunto não tinha o menor valor econômico, tendo apenas uma única opção de acesso.

Infraestrutura precária e insuficiente à população residente, pobreza, indigência, os piores IDHs, a repressão polícial, penitenciária de segurança máxima, violência, tráfico de drogas, falta de perspectivas de vida da população de uma forma geral, etc. A vida neste espaço foi precarizada de tal forma que este estudo identificou a “segregação da segregação”, marcada pela existência de espaços completamente desvalorizados e esquecidos pelo Estado.

A grande relevância deste estudo não está somente na identificação e compreensão da dinâmica da (re) produção do espaço urbano e das características do processo de segregação sócio-espacial na localidade. Mas sim na constatação de que tais características não são um “privilégio” somente de Nova Contagem. Reservando as especidades locais poderiamos identificar em vários outros espaços nas grandes cidades brasileiras características semelhantes ou até mesmo com ainda mais perversidade.

Nesse contexto, a partir das entrevistas realizadas com os jovens com idade entre 14 e 20 anos, residentes em Nova Contagem, foi possível identificar como vivem, percebem e apropriam o lugar. Lugar este marcado pelas experiências cotidianas, onde estes jovens estabeleceram suas identidades individuais e coletivas, vive os momentos de “crise”, adquirem novos conhecimentos, se reestruturam e amadurecem.     

            A identificação dos lugares topofílicos e topofóbicos foi fundamental para a compreensão dos sentimentos que os jovens estudados carregam do lugar onde residem. O sentimento topofílico foi principalmente identificado nas escolas, nas poucas áreas de lazer e entretenimento existentes na localidade, nos projetos sociais, na própria residência, etc. O elo afetivo dos jovens entrevistados com estes lugares se dá principalmente pelo encontro com os amigos, diversão e prática esportiva.

Já o sentimento topofóbico em Nova Contagem mostrou como o processo de segregação sócio-espacial ocorrido e principalmente a vulnerabilidade a violência existente representa um grande fator negativo na percepção do lugar pelos jovens. A identificação dos principais lugares desagradáveis, como por exemplo, as favelas, escolas, praças, determinadas ruas demonstraram também a falta de identidade com o lugar e o estigma territorial existente.

Para finalizar, este trabalho mostrou como vida dos jovens residentes nas periferias das grandes cidades brasileiras é, em grande parte, sem perspectiva, o que traz a tona a seguinte indadagação: Que futuro estes jovens terão? Pois a eles são negados tudo aquilo que é primordial para o futuro de qualquer um, como por exemplo, educação e saúde de qualidade, igualdade de oportunidades, emprego, qualificação profissional, acesso a cultura, etc. Mas a única coisa que o Estado não nega a eles é a pobreza, a exclusão social, a precariedade da educação, da saúde, da segurança. A violência cada vez mais presente em seus cotidianos, além das poucas opções de espaços de lazer e cultura disponíveis os empurra cada vez mais para a margem da estrutura social. Para alguns, o futuro está na criminalidade e a detenção na penitenciária vizinha, que para estes a sua existência na paisagem já não mais assusta.

 

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