Nossas Escolhas

Um exercício filosófico pessoal 

Existem diversos caminhos em nossa vida que nos levam a lugar nenhum, caminhos que escolhemos e acabam se tornando simplesmente uma perda de tempo. Quantas vezes eu mesmo já insisti em determinadas escolhas e depois de muito tempo tive que abandoná-las e recomeçar do ponto em que havia tomado àquela escolha. Fazendo, depois da “experiência”, outra escolha mais acertada? 

A humanidade desde o inicio de sua história, na maioria das vezes, tem aprendido a fazer suas escolhas pelo processo de eliminação. Faz a escolha, se não dá certo, faz outra. Desta maneira, o homem vai aprendendo, vai adquirindo “suas experiências” no aprendizado entre o certo e o errado, entre aquilo que deve e o que não deve ser feito. 

Muitas pessoas ainda dizem assim: “nunca mais vou cair neste erro” ou mesmo: “não vou cair no mesmo erro duas vezes” ou ainda: “nunca mais farei esta escolha”. Para a maioria que não pode voltar atrás em suas escolhas, fica claro em suas mentes o seguinte pensamento: “se eu pudesse voltar atrás no tempo eu faria uma escolha melhor na minha vida”. Ou “se eu pudesse voltar atrás no tempo eu nunca teria feito isto”. 

Isto demonstra que na maioria das vezes, nós humanos, não sabemos fazer nossas escolhas acertadamente, e vamos vivendo uma seqüência entre cair e levantar-se, tropeçar e aprumar-se. Muitos vivem hoje pensando, ainda que por um determinado momento em suas vidas, que se pudessem escolheriam outro emprego ou outra profissão. Seriam carpinteiros e não pedreiros, seriam eletricistas e não encanadores. Ou quem sabe, seriam engenheiros ao invés de médicos. 

A maioria de nós, seres humanos, se pudessem, escolheriam morar em outro lugar diferente de onde moram. Para alguns quem sabe, seria bem melhor morar em outro país. Escolheriam ter outro amor, escolheriam até mesmo viver de maneira mais simples e despojada sem a complexidade, a responsabilidade e o temor sob o qual vivem, para terem, segundo pensam, uma vida melhor. 

A vida possui muitos caminhos que são na verdade “becos sem saída”. Você já deve ter entrado em um deles não é mesmo? Achamos que vamos nos dar bem em determinada situação e lá na frente descobrimos que o caminho que escolhemos é um beco apertado, escuro, um beco sem saída. 

Um dos becos sem saída na vida do homem chama-se Medo. Nos tempos modernos atuais a humanidade vive amedrontada. Vivemos em constante temor conseqüente da crescente violência, corrupção, impunidade e insanidade social, que nos rodeia. Nós nos tornamos prisioneiros de nossas próprias escolhas e regras morais. 

Vivemos em meio a uma atmosfera de medo e temor, irrompe-se em nosso meio uma onda de libertinagem, liberalismo, e relativismo moral. Uma onda de “vale tudo”. Vale tudo para “ser feliz”, vale assumir a sexualidade do momento mesmo que seja para não ficar fora da moda. Vale apossar-se de idéias que são de outra pessoa para “fabricar” o nosso ideal de vida bela, feliz e socialmente aceito. Vale usurpar o Poder legitimo e de Estado para liderar as massas sofridas através de organizações “paramilitares” e “não governamentais”. 

Vale tudo para driblar a correnteza de uma moralidade estática, fragmentando-a de forma a “inovar”. Criando uma “moral” mais “evoluída” e flexível e que atenda não a conceitos, dito arcaicos, mas que seja uma moral evoluída e evolutiva. Fabricada, desenvolvida e vivenciada somente para atender nossas vontades pessoais no momento que dela precisarmos e acharmos melhor para nós. Vale tudo para eu “ter” a minha própria regra de moral e conduta social em detrimento de uma moral que atenda aos anseios de uma coletividade. 

Por esta e outras razões somos hoje, reféns do temor. O temor produz doenças e paralisa vontades. Por isto, este tipo de medo nos torna inútil e incapaz de reagir e agir razoavelmente, nos deixando a mercê de vândalos, anarquistas e terroristas transvertidos em agentes de mudança e em ícones da modernidade. 

Vencer nosso temor de reagir acertadamente contra as mazelas e a tirania de um sistema corrupto e uma sociedade libertina e destruidora, constituirá uma das grandes vitórias a ser conquistada pelos homens, mulheres e jovens deste tempo. Independente da orientação sexual, religiosa e sociológica de cada um. 

Sem vencer o medo, estaremos invariavelmente sujeitos a uma desorientação social e moral. Sem vencer o temor, o ódio, a intolerância e a razão própria, abrindo caminhos para outras razões, opiniões e pensares, seremos como homens mancos caminhando para o futuro de uma vida desorientada. Quer sejamos pobres ou ricos. Reis ou vassalos. Bonitos ou feios, homem ou mulher. Criança ou jovem. Portanto, Nosso maior desafio é vencer o temor, vencer o medo que está dentro de cada um de nós e que nos engessa e nos comprime contra um “muro” que já deveríamos ter derrubado há muito tempo.

Geraldo Gerraro Goulart.