No triste vagar dessa contrição
Vagueio loucamente nessa amplidão
Até que o vago acalanto dessa solidão
Ceda o seu lugar à ardente chama da paixão

Escancarei-te a porta do meu coração,
Mas te negastes a entrar jogando a chave que te dei, no chão
Hoje caminhas em busca de abrigo em meio a escuridão

Acaso se arrependes, meu amor, de haveres jogado no chão
A chave que hoje seria a tua redenção?

Não adianta mais bater a porta do meu coração,
Pois cedi o lugar que era teu a quem soube dar valor à minha paixão

Ainda que aches a chave que impensadamente jogaste no chão
Lamento dizer-te que ela não abre mais a porta do meu coração,
Pois troquei de fechadura com a solidão

Essa chave hoje dá acesso ao quarto escuro de um porão
Lá, ansiosamente, te espera a solidão
Com um copo de martine na mão!
Beberás, em porção dobrada, o veneno da desilusão!
Esse veneno não te matará! Apenas perpetuará a dor no teu coração!
(Rafael Sales)
13/12/11