NO MUNDO ATUAL A EDUCAÇÃO E O CAPITALISMO SÃO AMIGOS?[1]

elivaldo césar cavalcante silva [2]
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RESUMO 

Este artigo discute as relações existentes entre educação e capitalismo no contexto brasileiro. Tem-se como objetivo básico mostrar os benefícios que o capitalismo trouxe à educação nacional como um todo. Objetiva-se também, realizar uma revisão bibliográfica, como ferramenta metodológica, a partir de alguns estudiosos do tema. A saber: Aguirre, Morin, Mota, Cleaver, Marx etc. Tentou-se delinear um panorama da atual educação tendo como base as transformações trazidas ao longo dos anos com os investimentos financeiros inseridos no setor. Por fim, mostrou-se que as políticas de escolarização passam a ser movidas por tecnologias otimizadoras que privilegiam conduzir os sujeitos escolares a estágios elevados de desempenho, assim como propõem a qualificação de suas performances nas tramas do contemporâneo na busca incessante do saber. Tal explanação pode ser ponto de partida para novos significados das pautas investigativas dos estudos críticos em educação na suas mais variadas nuances. 

PALAVRAS-CHAVE: educação. capitalismo. investimentos.

1 INTRODUÇÃO 

          A vida contemporânea emerge repleta de exigências de ampliações do universo de conhecimentos de que cada um dispõe na relação com o trabalho e com outras áreas do conhecimento humano. Como vivemos numa sociedade mercantilista (de consumo), o conhecimento tornou-se mercadoria e moeda de troca, bem como, sujeito a normas paradoxais em relação à sua natureza. Como preceitua o arqueólogo espanhol Emiliano Aguirre (2006-2007, p.1): “O conhecimento enriquece e se distingue do dinheiro porque busca comunicar-se, não concentrar-se”. Assim, a economia capitalista força a natureza das coisas a se encaixar à sua lógica, sempre de forma artificial e arbitrária.

            É nesse diapasão que o presente artigo se propõe a abordar a relação do capitalismo contemporâneo e sua identificação das demandas apresentadas para o campo da educação.

                            A relação entre educação e desenvolvimento econômico não é, com certeza, linear e para discuti-la cabe tecer algumas considerações preliminares. Quando Marx analisa a circulação e a reprodução do capital, no volume II de sua obra O Capital, ele nos mostra como essa reprodução engloba também a reprodução das classes sociais. No que se refere à classe trabalhadora, reproduzi-la implica manter em condições de trabalhar não só os que estão na ativa, mas aqueles que se encontram no exército de reserva, e mais, implica produzir as novas gerações para que o ciclo do capital não seja interrompido.

    No século XX quando Marx escreveu sua obra, o tempo que os trabalhadores passavam fora da fábrica era tão reduzido e voltado para a pura reposição de suas energias exauridas durante extensas jornadas de trabalho pois “não havia necessidade de nenhuma teoria especial sobre a família, o trabalho doméstico ou escolar, porque constituíam uma parte do dia” (Cleaver, 1981, p.140).

    Por esse motivo, o trabalho doméstico foi, durante muito tempo, considerado um trabalho não produtivo. Da mesma forma, o trabalho escolar, tanto do professor quanto do aluno, não era visto como uma atividade com seu lugar na reprodução ampliada do capital, haja vista na escola, nas fases iniciantes do capitalismo, tinha pouca importância na formação de trabalhadores.

    No entanto, a vitória nas lutas travadas pelos trabalhadores, no século XIX e início do século XX, pela obtenção da fixação/redução da jornada de trabalho e melhores salários levou os capitalistas a recorrerem ao uso crescente da maquinaria, resultando em condensação da jornada, portanto resultou em aumento do tempo livre dos trabalhadores.

    Em seguida, os capitalistas procuraram criar meios de monitorar esse tempo gasto fora dos locais de trabalho para transformá-lo também em tempo de trabalho. Em consequência, tanto o lazer quanto o trabalho doméstico e o escolar passaram por reorganizações sucessivas.

    Em vários setores, o Brasil tem demonstrado tendência a aderir às recomendações internacionais. Há uma expectativa de que o sistema educacional deva preparar os consumidores-cidadãos para novos tipos de mercadoria, fomentando a indústria cultural. Essa hipótese torna necessário identificar qual o tipo de demanda é feita para o campo educacional.

                Despiciendo dizer, que desde sua constituição, o capitalismo foi penetrando em quase todos os países e, com o desenvolvimento do comércio, da indústria e dos meios de comunicação em massa, a educação se globalizou.

            Este artigo abrangerá reflexões de cunho teórico sobre a relação de capitalismo e educação, mostrando a modernização pela qual passou a educação brasileira inserida numa sociedade composta de uma diversidade cultural imensa.