Ora, diante de tanta cultura, de tantos ensinos dos mais renomados instrutores do mundo, e, porque não dizer, dos mais sapientes mentores da Espiritualidade, parece não restar dúvidas de que a humanidade está entrando numa sua outra fase de saber e de procedimento ético-cristão. Mesmo assim, nota-se que o psiquismo da humanidade terrena ainda é variadíssimo, possibilitando-nos melhor compreender as razões de tantas crenças dogmáticas, tantos equívocos e infantilidades dos nossos semelhantes em crescimento para mais altos planos de entendimento e de moralidade. 

Sabe-se que o instrutor André Luiz, em suas obras, descreve haver pelo menos três níveis de intelectualidade no ser humano em evolução. Para ele, mais da metade da humanidade terrena (cerca de 60%) encontra-se na infância do conhecimento, daí o primitivismo e obscurantismo da imensa maioria dos nossos pares com suas posturas rasteira, acanhadas e anti-científicas; e uma segunda parte (cerca de 37%), logo acima daquela outra, já atingiu a razão particularista, compondo um grupo de mediana compreensão das coisas do mundo, da cultura e do conhecimento, de uma forma geral; e, os outros restantes (cerca de 3%), operam ou aproximam-se dos estágios da superconsciência, um nível de conhecimento e de moralidade superiores onde o plano racional-concreto se converte em novas formas de entendimento universal. 

E o fato é que o grande intuitivo Pietro Ubaldi detinha uma classificação bastante parecida com a de André Luiz. Já, no campo acadêmico, despontou-se, como se sabe, um grande pesquisador da inteligência humana desde o nascituro, o notável Jean Piaget, que, mesmo desconhecendo aqueles outros, lograra realizar trabalho de suma importância neste mesmo campo, e, pasmem, de mesma estrutura concepcional. Extraídas de longos e cansativos estudos, para o eminente pesquisador, despontam-se as seguintes formas de inteligências humanas:

-Sensório-motora: (dos bebês até os dois anos de idade);

-Pré-lógica (de similaridade com a infância do conhecimento);

-Concreta (parecida com a da razão particularista); e

-Formal (um tanto similar à superconsciência). 

Assim temos: 

-Inteligência Pré-lógica, onde os seus componentes detêm um caráter intelectual notoriamente Simplista, deixando-se ludibriar facilmente, acreditando em magias, mitos e coisas irreais, possuindo, pois, baixa compreensão das coisas e das leis de âmbito físico ou espiritual; 

-Inteligência Concreta, ou Transitiva entre Pré-lógica e Formal, e onde os indivíduos dela portadores fazem um bom uso da razão, ou seja, do raciocínio lógico e de suas leis, mas que vai ascender ainda evoluindo para mais vasta expressão mental, no que se convencionara chamar de: 

-Inteligência Formal, onde os seus componentes humanos podem ser classificados de Experientes ou supra-racionais, porque dotados de uma novíssima expressão mental, onde operam o raciocínio teórico ou hipotético-dedutivo e que, por isso mesmo, estão fazendo a mais vasta reformulação do conhecimento nos seus mais diversos campos. Estes, pois, avizinham-se ou já operam a superconsciência consagrando-se em sabedoria e moralidade, permitindo-lhes uma compreensão mais dilatada das coisas, da complexidade de tudo, pois que são mais avançados e sábios. 

Como Ciência de Observação, sabe-se que o Espiritismo surge numa etapa de maturidade intelectual da humanidade. Seu método, pois, não poderia ser o da Inteligência Racional Concreta, cujo nível de racionalidade só consegue operar sobre as coisas no decorrer de sua ação física, da manipulação da coisa em si. E, por isso, o método espiritista é o da Lógica Formal, de estágio superior, onde o indivíduo irá lançar mão de raciocínios hipotético-dedutivos, firmando novas teorias e estabelecendo coerentes suposições mesmo ausentes de uma realidade mais tangível e concreta. 

No campo do conhecimento, pois, temos que o Espiritismo incorpora o mais avançado método científico, que, com a Matemática, a Física, a Cosmologia, a Química, e outras mais, estão revolucionando as mais diversas áreas do saber. 

E, por isso, o Espiritismo também revoluciona; e, por isso, ele ainda é o grande desconhecido da humanidade. E aguarda que a mesma possa crescer e amadurecer para o entendimento do tríplice aspecto da mais grandiosa concepção filosófico-científica, espiritual e moral do universo concebido.

Autor: Fernando Rosemberg Patrocínio

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