A grande verdade é que “você é a pessoa que escolhe ser o que é”.

Todos os dias você decide se continua do jeito que é ou muda.

Muitos costumam se desculpar dizendo que são dessa ou daquela maneira devido à influência genética, psicológica, social ou cultural, mas essa influência não é inevitável nem imutável.

Na verdade o ser humano tem o livre arbítrio para superar qualquer influência, basta encontrar o caminho, desejar e decidir mudar.

Talvez você ache estranha essa história de mudar o “Eu”. Afinal, como você pode mudar o que você é? O que você sempre foi?

A base da idéia é distinguir que existem pelo menos duas possibilidades para “ser”. Existe o que sou de verdade e existe o que acredito que sou.

Como alguém determina e sabe que é alguma coisa? Como é que alguém “sabe” que é “brigão”, por exemplo? Certamente deve ser porque têm padrões de comportamento ligados a brigas. Como um tímido  sustentará sua crença se não se lembrar de situações em que agiu com timidez? Portanto, toda crença tem que ter experiências que a comprovam para a pessoa.

Esta é a pista para mudar o que somos: se eu determino o que sou pelos meus comportamentos anteriores, se eu mudar meus comportamentos, logo serei diferente. 

É curioso o círculo que se forma: meus comportamentos passados determinam o que acredito que sou, e o que acredito que sou influencia meus comportamentos.

É semelhante aos hábitos: “primeiro você faz o hábito, depois o hábito te faz”. 

Muitas pessoas ao iniciarem um processo de mudança, começam pelo racional, e essa tomada de consciência é sempre desestabilizante, pois nos remete para fora da zona de conforto.

As mudanças racionais são necessárias, porém não são suficientes.

As mudanças na maneira de sentir são as que alteram definitivamente o comportamento, isto é, a mudança de atuação comportamental exige que a ação chegue ao plano do sentimento e das emoções, incluindo a necessidade da adaptação às mudanças. Cada pessoa possui o seu próprio ritmo de adaptação ao novo. Entretanto, as mudanças ou decisões não podem ser simplesmente emocionais. Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios: o lado direito comanda a emoção e o lado esquerdo comanda a razão. A parte do cérebro que permite a manifestação das emoções é um péssimo tomador de decisões, pois ele só sabe diferenciar o agradável do desagradável, e não o bom do mau. Em outras palavras, decisões emocionais podem privilegiar o que é agradável em vez do que é bom.

Decisões nem sempre são agradáveis, pois implicam em renúncias. Há uma frase meio poética, e bastante válida que diz o seguinte: “o ideal é decidir racionalmente e viver emocionalmente, e não o contrário”. Quando tomamos decisões emocionais, com muita freqüência temos que viver racionalmente na tentativa de corrigir os erros da decisão.

As mudanças acontecem quando as pessoas já não se sentem mais satisfeitas com o que vem ocorrendo em sua vida, quando percebem que têm capacidade, potencial para viver uma nova vida e de maneira melhor.

A decisão mais importante para quem deseja realmente mudar é “jogar fora tudo aquilo que se tornou desnecessário”, fazer a “limpeza no armário”.

Geralmente é complicado. Temos grande dificuldade de nos desfazer de objetos, de relacionamentos, de coisas, dizer adeus a pessoas, principalmente se em algum momento de nossa vida foram importantes para nós.

Temos que aprender a nos libertar das “dívidas emocionais” do passado. Precisamos aprender que houve um momento em que algo nos foi útil, resolveu nossos problemas, nos deu prazer, mas um dia precisará ficar para trás e a isto chamamos de “desapego”.

É preciso ter coragem para mudar, é preciso ter mais do que vontade; é preciso querer mudar!

Para o autodesenvolvimento do ser humano é preciso aprender a fazer o que assusta; o medo faz parte da condição humana. Em todo processo de mudança sempre haverá o medo de algo, só se supera o medo, enfrentando-o; mudar é saltar do conhecido rumo ao incerto.

Devemos ter a coragem de fazer o que deve ser feito.

É importante que a pessoa se autoconheça, goste de si própria e aprenda a usar a si mesmo de um modo que lhe proporcione satisfação e realização.

O indivíduo sente-se feliz quando ele se realiza naquilo que faz.

Promover o autocrescimento e o autoconhecimento é um processo demorado, que requer  coragem, investimento pessoal e a vivência consciente da experiência presente, implica lutar contra os condicionamentos sociais, os medos que nos impuseram a vida toda, implica ousadia e abertura para enfrentar os próprios fantasmas, além das adversidades próprias da vida.

Quando os resultados de nossa vida não são os esperados, chegou a hora de mudar. Muitas pessoas vivem iludidas, pensando que os resultados mudarão sem que se faça algo diferente.

Na vida nós somos problema ou solução. Enquanto não assimilamos o ensinamento embutido num problema, prolongamos e aumentamos o sofrimento que ele nos causa.

Mudar exige uma revolução de posturas, atitudes, idéias, intenções e ações.

Quem não consegue mudar os processos, os pensamentos, as atitudes, conceitos, também não muda os resultados.

Para ilustrar, cito duas metáforas interessantes:

 

Dois pescadores fretaram um avião para levá-los a um rio no meio da floresta. Algum tempo depois, o piloto voltou para buscá-los. Observando a quantidade de peixes disse:

-                  “– Este avião não agüenta mais que dois pirarucus. Vocês vão ter que deixar os outros aqui”.

-                  “- Mas o piloto do ano passado aceitou levar todos!”, reclamaram os pescadores.

O piloto concordou então em levar todos os peixes gigantescos. Logo depois de decolar, entretanto, o pequeno avião não pode ganhar altura e se espatifou no solo.

Os pescadores, muito machucados, conseguiram saltar do avião; olharam ao redor e um perguntou ao outro:

“- Onde será que nós estamos?”

“- No mesmo lugar onde caímos no ano passado... disse seu colega”.

Moral: assistir ao mesmo filme várias vezes não irá mudar o final....

- Certa vez, duas moscas caíram num copo com leite. A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Como a superfície era muito lisa e suas asas estavam molhadas, não conseguia escapar. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de se debater, afundou e morreu.

Sua companheira, apesar de não ser tão forte, era tenaz, tinha esperança de sair dali, e por isso continuou a se debater e a lutar.

Aos poucos, com tanta agitação, o leite ao seu redor formou um pequeno nódulo de nata no qual ela subiu. Dali conseguiu levantar vôo para longe.

Tempos mais tarde, a mesma mosca, por descuido, novamente caiu em outro copo, desta vez cheio de água. Como pensou que já conhecia a solução para aquele problema, começou a se debater na esperança de que, no devido tempo, sairia voando dali.

Outra mosca, passando por ela e vendo sua aflição, pousou na borda do copo e lhe disse:

“- Tem um canudo ali, nade até ele e suba”.

A mosca respondeu:

“- Pode deixar, colega, eu sei como resolver esse problema”.

E continuou a se debater cada vez mais até que, exausta, afundou na água e morreu.

Moral da história: soluções do passado em contextos diferentes podem transformar-se em problemas. Se a situação se modificou, dê um jeito de mudar, busque novas alternativas...

Uma das coisas que têm forte influência sobre nossos comportamentos é o nosso sistema de crenças e valores. Neste sentido Henry Ford um dia disse: "Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode, você está certo."

Todos nós temos um conjunto de crenças e valores que fomos adquirindo ao longo da vida e que são determinantes do nosso comportamento. Algumas podem ser extremamente úteis, como acreditar que tudo o que nos acontece pode ser uma oportunidade. Outras podem ser negativas, como a de se acreditar vítima das circunstâncias, na base do "isto só acontece comigo". Em geral as pessoas não analisam os impactos de suas crenças sobre suas vidas e não sabem que podem e como mudá-las.

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