Nietzsche e a História.

 


Nietzsche analisando a Filosofia e sua relação com História, à percepção da política, desenvolveu uma crítica veemente em relação à Filosofia como fundamento da História principalmente a respeito da concepção da referida formulada por Hegel.

 Naturalmente que o citado havia estabelecido uma profunda relação entre a Filosofia e a História  sendo que nessa  concepção dialética, existe certo excesso de racionalidade na História, prejudicando ao desenvolvimento humano.

A questão epistemológica levantada por Nietzsche, como crítica literária e filosófica, ele imaginava que o exagero de História na análise filosófica, seria de certo modo perigosa à própria Filosofia e a razão naturalmente estava ficando contaminada pela ideologia da política de conceito liberal do desenvolvimento das relações humanas.

Com efeito, era necessário que a Filosofia libertasse do exagero de formulação desenvolvido pelo conceito da História construída por Hegel, como se a História por ela mesma fosse capaz de ser dona do processo da construção da civilização, o que de certa maneira seria ingenuidade epistemológica por parte de Hegel.

A criticidade da Filosofia depende dela mesma, imaginava Nietzsche, naturalmente que toda forma de realização como produção da Filosofia crítica dentro dos tempos históricos, mas não a História comandando o tempo, no uso da Filosofia como pensava Hegel. Evidentemente, uma crítica racionalista.

O que significa de certo modo, a racionalidade fazendo uso da dialética, em demasia em relação à História, refletia  Nietzsche, o que inibe a ação humana, ainda mais uma História  cheia de dialeticidade, conduziria em um breve tempo, a realização plena do liberalismo econômico, que seria a ascensão do ideal não nobre do homem.

Exatamente nesse aspecto que Nietzsche é tido como conservador poderia muito bem ser crítico a Hegel, a respeito do seu excesso de História na própria História, mas por outro lado, não poderia julgar a  mesma paralisando o tempo na sua construção imaginária do ideal do homem forte, ou seja, do super homem, associado ao ideal não hegeliano do desenvolvimento econômico.

Entretanto, a concepção fundamental de Nietzsche, avançava numa perspectiva também perigosa para outro estilo epistemológico de fundamentação, que defendia essencialmente a valorização do instinto do homem.

Ao contrário Hegel, com seu excesso de Filosofia aplicada à História com sua visão dialética em superação ao tempo histórico, no caminho do desenvolvimento político da sociedade levava ao homem a perder completamente o instinto humano, voltando essencialmente para o mundo da racionalidade.

A crítica de Nietzsche a Hegel, leva ao homem perder de fato os aspectos naturais da vida, passando serem institucionalizados os comportamentos sociais, evitando que o homem comporte com naturalidade, negando a lógica do comportamento animal, o que é da natureza essencial da própria espécie.

 O homem perde a sua inteligência animal, perde seu caminhar no próprio desejo da imaginação, passa ser conduzido pela instrumentação do Estado.

 Hegel confunde essa perspectiva como algo natural ao processo civilizatório, o que na verdade leva ao estabelecimento do homem apenas instrumentalizado ideologicamente na lógica da construção das ações humanas fundamentais.

 Homem torna-se então timorato, um hesitante e perde a confiança em si mesmo. Levando ao homem no mecanismo natural civilizatório, a eliminação quase completa dos instintos pela História política construtora dos mecanismos civilizatórios.

O homem, com efeito, transforma-se apenas, em uma realidade abstrata, da realidade da vida, sem os fundamentos das forças do poder, necessários a ideologia do super homem, mas em outra perspectiva, um homem enfraquecido nele mesmo, na sua realidade natural, transforma-se em sombras das abstrações, sem significação e razão para sua existência.

Edjar Dias de Vasconcelos.