INTRODUÇÃO

Essa monografia foi elaborada a partir de uma experiência clínica realizada no Hospital Central da Marinha. Em decorrência dos atendimentos realizados ao paciente com o nome fictício Rui foi surgindo a curiosidade de articular a prática com a teoria oferecida e ministrada nas aulas do curso de especialização em Psico-logia Clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Essa experi-ência clínica vem se desenvolvendo nesses últimos dois anos e meio numa cons-trução constante com diversos questionamentos e dúvidas apresentadas tanto pelo paciente quanto pela analista nas supervisões oferecidas pelo curso.
No primeiro capítulo apresento a descoberta de Freud quanto à neurose obsessiva a partir do texto Rascunho K de 1896. Antes disso a neurose obsessiva era considerada uma manifestação da mania e pertencia ao quadro das psicoses. Porém, em 1985, no Rascunho H, Freud chamou a atenção para o fato que na psi-quiatria as idéias delirantes (da paranóia) situavam-se ao lado das idéias obsessivas como distúrbios puramente intelectuais. De fato, ao contrário da histeria, em que o sintoma se manifesta no corpo, na neurose obsessiva veremos que o sujeito sofre dos pensamentos.
Em um segundo momento, apresento a relação que o neurótico obsessivo tem em relação ao seu desejo. Porém sabemos que na neurose obsessiva a estraté-gia é de anular o seu desejo, tornando-o como algo impossível. O obsessivo protela suas atividades para fugir do desejo. Ou se precipita, é impulsivo, atua, age im-pensadamente para não se responsabilizar pelos seus atos. Esses aspectos são im-portantes para compreender a relação que o obsessivo estabelece com o pai.
No terceiro momento, discuto o caso clínico do Homem dos Ratos anali-sando as manobras psíquicas que enredam o sujeito. A partir dos temores, impul-sos, proibições, perdas e inibições de seu paciente, Freud busca a trama fantasmá-tica do sujeito. Privilegiando a economia psíquica e a intervenção do analista, pro-curo indicações que apontem para a irrupção do gozo na clínica.
No quarto e último momento desta monografia, apresento o caso clínico que venho acompanhando há dois anos e meio. Com ajuda das aulas teóricas e orientação da supervisora, busquei costurar alguns conceitos teóricos com a prática clínica. Com muitas dúvidas e questionamentos no decorrer do caso clínico a-presentado foi se evidenciando o tipo clínico da neurose obsessiva.