Nem Escrever Consigo Mais.

 

Nem escrever consigo mais,

Não possuo o significado das palavras,

Não concordo seu sentido com seu espaço,

Não demonstro seu significado no contexto almejado.

 

Nem escrever consigo mais,

A semântica afunilou,

A metáfora rocha virou,

As figuras de linguagem

“Estátuas estáticas” se formaram.

 

Nem escrever consigo mais,

A poesia libertária,

O livre registro do pensar,

O sentir peculiar e único,

A visão exclusiva de dentro para fora,

Outorgada ao meu devir,

Nem consigo mais escrever em mim.

 

Nem sucesso, nem fracasso.

Nem realizado, nem insatisfeito.

Nem corajoso, nem com medo.

Nem preocupado, nem tranqüilo.

Nem seguro, nem frágil.

Nem frustrado, nem satisfeito.

Nem livre, nem ocupado.

Nem vencendo, nem derrotado.

Nem pobre, nem coitado.

Nem certo, nem errado.

Nem ciente, nem desorientado.

Nem preso, nem libertado.

Nem inquieto, nem sossegado.

Nem firme, nem cansado.

Nem sóbrio, nem embriagado.

Nem devendo, nem emprestado.

Nem casado, nem separado.

Nem conhecendo, nem alienado.

Nem alongando, nem entravado.

Nem Bob Marley, nem silêncio no sábado.

Nem dinheiro, nem dureza.

Nem carro, nem ônibus.

Nem mesmo sei o quê sou mais.

24 de Setembro de 2011.