Naufrágio Dos Meus Barcos De Ouro
Publicado em 27 de julho de 2008 por JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Nos últimos tempos,
Enquanto durmo
Sob os fleumáticos embalos da brisa da noite,
Minha mente erige sobre o chão da dimensão dos sonhos
O contemplar de uma lata piscina:
Imersos nela repousam
Airosos barcos em distorção:
Airosos porque concitam os portais do estético sortilégio
A inebriar as vistas daqueles que os fitam,
Derramando sobre eles o dilúvio da paixão.
Sim, tais embarcações também me evocam e me eivam,
Me asfixiando em seu oceânico espiral de fascinação:
Por isso resolvo ir ao encontro
De seus corpos em inanimação.
No entanto, ao chegar lá,
Recebo um entorpecente golpe de revelação:
Deslindo que aqueles barcos de Hércules,
Que navegavam pelo mar da minha tenra juventude,
Tão auríferos que chegavam a emanar o brilho da perfeição,
São, na verdade, jangadas quebradiças
De ouropel, de latão!
Agora, para não ser lacrado no mausoléu da misantropia,
Sento sobre o assento do sábio divã da mundana bíblia:
Trilho as alamedas de Ulisses, Orlando, O Processo, As Meninas;
Dois Irmãos, O Jogador, Vidas Secas, Senhora, Brás Cubas, Rei Lear;
Bicicleta Azul, Zero, O Paciente Inglês, 1984, Clara dos Anjos
E O Caçador de Pipas!
Eles me confinam no mais doce exílio:
O arquipélago dos pensamentos e das letras.
Eles me vestem com a insólita indumentária estática
Do mórbido comedor de celulósicas tapeçarias cosmopolitas:
Fazendo-me um hábil trânsfuga de um dos exércitos
Da pátria fixa.
Ah, efemeramente, eles me resgatam das profundezas do mar:
Mar onde reina a opacidade da fotossíntese da arte de sonhar;
Mar onde olho imoto O BÚFULO DA NOITE galopar
Celeremente na tramontana de meu corpo para sua fome saciar;
Mar onde a refração dos MEUS BARCOS DE OURO
É, para os copiosos jardins de esperança que cultivo,
Meu perpétuo crepuscular ferino!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Enquanto durmo
Sob os fleumáticos embalos da brisa da noite,
Minha mente erige sobre o chão da dimensão dos sonhos
O contemplar de uma lata piscina:
Imersos nela repousam
Airosos barcos em distorção:
Airosos porque concitam os portais do estético sortilégio
A inebriar as vistas daqueles que os fitam,
Derramando sobre eles o dilúvio da paixão.
Sim, tais embarcações também me evocam e me eivam,
Me asfixiando em seu oceânico espiral de fascinação:
Por isso resolvo ir ao encontro
De seus corpos em inanimação.
No entanto, ao chegar lá,
Recebo um entorpecente golpe de revelação:
Deslindo que aqueles barcos de Hércules,
Que navegavam pelo mar da minha tenra juventude,
Tão auríferos que chegavam a emanar o brilho da perfeição,
São, na verdade, jangadas quebradiças
De ouropel, de latão!
Agora, para não ser lacrado no mausoléu da misantropia,
Sento sobre o assento do sábio divã da mundana bíblia:
Trilho as alamedas de Ulisses, Orlando, O Processo, As Meninas;
Dois Irmãos, O Jogador, Vidas Secas, Senhora, Brás Cubas, Rei Lear;
Bicicleta Azul, Zero, O Paciente Inglês, 1984, Clara dos Anjos
E O Caçador de Pipas!
Eles me confinam no mais doce exílio:
O arquipélago dos pensamentos e das letras.
Eles me vestem com a insólita indumentária estática
Do mórbido comedor de celulósicas tapeçarias cosmopolitas:
Fazendo-me um hábil trânsfuga de um dos exércitos
Da pátria fixa.
Ah, efemeramente, eles me resgatam das profundezas do mar:
Mar onde reina a opacidade da fotossíntese da arte de sonhar;
Mar onde olho imoto O BÚFULO DA NOITE galopar
Celeremente na tramontana de meu corpo para sua fome saciar;
Mar onde a refração dos MEUS BARCOS DE OURO
É, para os copiosos jardins de esperança que cultivo,
Meu perpétuo crepuscular ferino!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA