Lentamente aproxima-se o Anjo da Morte.
Seus gélidos braços estendem-se e me enlaçam.
Deles tento fugir inutilmente.

É díficil querer ainda viver, não poder fugir
nem mais alegria fingir...
Terei, sim, que partir.
.......................................
Deus! Clamo por ti uma vez mais
entre tantas outras que clamei!
Não me abandones, olha para mim!

Perto está o dia em que não mais serei.
Tenho medo.
Sinto frio.
Estou triste.
Triste
por não ter podido viver como queria.
Triste
por não ter sido capaz de libertar-me
de inúteis preconceitos
e transmitir tão grande amor
.
Decepcionada:
comigo e
com a vida que não tive.
Desesperançada...
pois vida, breve, não mais terei...

Não mais me chamarão "Mirna".
Minha voz não será ouvida.
Não Ser... triste sina
de todos nós um dia...

Não mais ser "Mirna"
- tão cedo, tão cedo partir...
ser logo esquecida...

Chegam-me pensamentos,
tento traduzir sentimentos:
- tragédia! Mirna é puro sentimento,
não é só razão!
Saudável loucura levou-a a crer
em uma força que não tinha.
Era fraca, na verdade...
e muito triste ...
e sozinha...
Ninguém sabe para onde.
Partiu - só, para no infinito diluir-se.
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Dobram, plangentes os sinos:

"Mirna não mais é... Mirna não mais é..."
E o som do bronze é ouvido por toda a gente:
"Mirna não mais é...não mais é..."
"Mirna amou demais... intensamente!...
"Mirna não mais é...não mais é..."