Cansada, mas repaginada pelo trabalho na Seara Divina, resolvi ver a um filme. Um filme que já assisti algumas vezes. É uma técnica que utilizo para o sono dar o ar da graça ao meu espírito...

Lá pelas tantas da belíssima obra parei numa lembrança: “Robin Williams suicidou... Poxa! Que grande infortúnio”!

Havia esquecido por algumas horas, que esse ator formidável já não está entre nós, fisicamente falando... E me lembrei... Assim, num repente, enquanto assistia pela “enésima” vez ao filme [1]“Amor Além da Vida”.

Fiquei triste... Pausei a obra no momento em que o personagem, Chris Nielsen, (médico e marido primoroso) alegrava-se por reencontrar seu filho no Mundo Espiritual, onde agora era um dos mentores espirituais que lhe auxiliou grandemente na obra, enquanto buscava por sua esposa, Annie (Annabella Sciorra), suicida, nos longes dos “recantos dos suicidas”.

Pensei em nós que nos dizemos Espíritas... No tanto que lemos e repetimos justamente aquilo que não deveríamos mais repetir... Sobretudo, para não emperrar NOSSA progressão espiritual.

Fiquei muito chateada por me dizerem que “ele foi um fraco idiota”... Olha que julgamento mais ferrenho. E quem me disse isso foi uma pessoa que se diz espírita.

As palavras tem um peso que não sabemos dimensionar... No livro “Além da Matéria”, Robson Pinheiro através do Médico que é seu mentor, separou um capítulo sobre essa “pequena” bomba atômica: a palavra. Chamo a palavra de ‘bomba atômica” por considera-la sim, um elemento criado para o Bem ou para o Mal.

Matamo-nos diariamente quando não deixamos DEFINITIVAMENTE de sermos o dono da última palavra... Isso tem nome: chama-se arrogância.

Matamo-nos quando somos vaidosos, personalistas, egoístas, maledicentes, interesseiros, mesquinhos...

Matamo-nos quando falamos ao outro o que não desejaríamos que nos falassem!

Não é difícil entender, nem precisaria explicar... Como é que Jesus falou conosco? Através de Parábolas. Claro! Se fosse falar “na lata” o que teríamos de ouvir, sobre o homem primata que ainda éramos (que me desculpem os macacos) não seríamos capazes de entender e, “perigava” recorrermos ao melindre completo e absoluto.

Jesus falou conosco através de histórias. Ele foi O Contador de nossos próprios malefícios e benefícios. Tudo dito de modo muito “cuidadoso”. Ele era O Mentor das Palavras.

Em tudo nos ensinou como agir, mas nos distanciamos. Não queremos, não conseguimos, não sabemos...

A sociedade diz para que sejamos o mais forte, o mais eloquente, aquele da voz mais imponente, o que “chega chegando”... Tudo ao contrário do que Cristo ensinou...

Essa criatura que se diz espírita e que julgou e condenou meu ator predileto, não sabe usar a palavra. Ele devia estar aborrecido, por ter, um mortal tão talentoso (Robin Williams) decaído ao suicídio...  Deixado a vida por consequência do uso de drogas.

E Robin Williams, um dos meus preferidos atores, não teve forças para deixá-las... Talvez, por vergonha disso, dessa fraqueza, deu cabo de si...

Fiquei pensando: “Se tivesse prestado atenção na mensagem do filme, que aborda justamente sobre o suicídio, será que conseguiria resistir à tentação do suicídio”? Não sabemos... Nunca vamos saber... Pois que há entre os espíritas, alguns suicidas.

Mas e nós? Não somos suicidas? Não agimos feito eles? Na vida que levamos, não nos matamos? Nossas atitudes são de vida ou de morte espiritual? De dar força ou fraqueza aos nossos espíritos?

Antes de atirar qualquer pedra, pergunte-se a si: “Estou sem pecado? Não erro nunca? Serviria como guia e modelo”?

Ah meus irmãos... Quantos de nós temos envergamento para julgar quem quer que seja... E quantos, seríamos capazes de ir ao inferno para salvar um dos nossos irmãos, como fez Robin Williams (através do personagem Chris Nielsen) no filme “Amor além da vida”?

Acredito que agora ele esteja lembrando-se do filme. E creio que isso o auxiliará bastante a encontrar um caminho para a busca de si mesmo, de sua consciência Divina, de onde quer que esteja.

Na minha ignorância de espírita mirim, penso que Deus jamais jugou quem quer que seja por ter sido fraco. Através dos livros que já li e que venho lendo, não vi nenhuma palavra que diga que esses irmãos são condenados “ao fogo do inferno”. Aliás, não li ainda (em nenhum livro da literatura espírita) que haja “Inferno” criado por Deus.

Deus é infinito em amor e bondade. É contraditório acreditar que nos julgue e nos condene a qualquer tipo de prisão: ainda mais a prisão eterna. Nós é que nos condenamos! Nossas consciências é que nos jogam num mar de alegrias ou de tenebrosas labaredas de culpa.[2]

Desejo ao meu querido ator Robin Williams, que não tarde o reencontro de si com sua consciência Divina. Desejo que seja breve o pesar e penar... E desejo que um dia, sejamos todos dignos de usar da palavra com a dignidade que Jesus (Modelo e Guia) usava.

SOLINEIDE MARIA DE OLIVEIRA

14-09-14

 [1] Filme: Sinopse e detalhes. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-17994/. Chris Nielsen (Robin Williams), Annie (Annabella Sciorra), sua esposa, e os filhos do casal fazem uma família feliz. Mas os jovens morrem em um acidente e o casal é bastante afetado, principalmente Annie. No entanto, eles superam a morte dos filhos e conseguem levar suas vidas adiante, mas quatro anos depois é a vez de Chris morrer em um acidente e ser mandado para o Paraíso. Mas não um Céu com arcanjos e harpas, pois lá cada um tem um universo particular e o dele é uma pintura (sua mulher coordenava uma galeria de arte). Enquanto tenta entender o Paraíso, onde tudo pode acontecer, bastando que apenas deseje realmente, Chris fica sabendo que Annie, dominada pela dor, comete suicídio. Assim, ele nunca poderá encontrá-la, pois os suicidas são mandados para outro lugar. Mesmo assim decide tentar achá-la, apesar de ser avisado que mesmo que a encontre, ela nunca o reconhecerá.

[2] O inferno, ou trevas segundo a Doutrina Espírita, é um estado de consciência compartilhado por aqueles cujos defeitos e sentimentos ruins ... Fonte: http://www.forumespirita.net/fe/o-ceu-e-o-inferno/como-o-espiritismo-explica-o-ceu-o-inferno-e-o-purgatorio/