É uma loucura como os homens interpretam a natureza e julgam poder escapar dela.

Tudo indica que isso ocorre pelo fato de pensarmos que somos onipotentes, por imaginar que estamos acima das condições humanas. E dessa forma, livres do envelhecimento, da morte, das perdas, das grandes tragédias.

Ainda se julgam capazes de fugir dos pequenos sentimentos de rejeição, de ciúme, de carência e de impotência. Somos levados a pensar que a tristeza não pode aparecer de vez em quando, a euforia deve ser permanente, por isso ao primeiro sinal de descontentamento ou frustração recorremos a antidepressivos, estimulantes, bebidas... Sem permitir que haja uma oportunidade de reclusão, de interiorização para reflexão sobre mudanças necessárias.

Nessa busca insana pela alegria, esquecemo-nos  de perceber que ser humano também é vivenciar momentos de tristeza, assim poder entender e tornar-se mais humano. A questão seria simples: Por que só os outros podem sofrer?

Longe de cultivar a tristeza como companheira de nossos dias, de procurar terapias intermináveis para fugir da dor. Recorrer a longas terapias é o mesmo que entregar-se a certas religiões que cultivam o sofrimento e eternizam os mártires.

Basta que realizemos a tarefa para a qual nascemos, viver, alimentar-se, reproduzir, enfrentar os invernos inevitáveis, os dias cinzentos, pois é assim que as coisas são. Acho isso apaixonante, na medida que só pode ser assim, não há outra forma de viver.

E a cada dia uma nova oportunidade de enquadra-se na malha da vida, de acreditar que há um lado divino na nossa natureza animal e por isso podemos sair fortalecidos quando realizamos da melhor maneira possível a tarefa para a qual nascemos, sem complicar as coisas.

É loucura acreditarmos que podemos fugir do destino do homem.