NADA ALÉM DA MATÉRIA?

    Não há nada, absolutamente nada além da matéria. Não pode haver porque além do cosmos nada pode existir. Logo, nem espaço vazio existe. Não havendo um local, um apoio em que a matéria possa se sustentar, como elementos gasosos por exemplo, finita está a ideia de uma continuidade de algo, mesmo os denominados transcendentais. Estes para existirem, serem concebidos, dependem da existência humana, pois é a mente humana que os fabrica, através de suas concepções/ suposições. 
    Porque recorrermos a este expediente? Algumas são as razões que marcam uma introspecção em nosso âmago, no sentido de aquilatar o que existe, e o que poderia haver e o que jamais poderá existir. Como se sabem, para que exista um elemento qualquer, uma força ou uma simples manifestação, necessário se faz que haja um fornecedor, um "responsável" para que gere, que sustente e que sirva de apoio - base - onde esse algo possa repousar. Ainda, preciso é que essa base seja estável para que um movimento se inicie. Isso é fato, porque no vácuo não há como um móvel se deslocar se não houver, pelo menos, uma força propulsora que o lance de seu estado de inercia. Em não havendo um elemento dessa natureza, o objeto permanecerá estático infinitamente. 
    Podemos dizer que a mente tem seu campo de ação até a um determinado ponto, até onde ela pode conceber a existência de algo. Isso acontece, porque ela nada mais é que um elemento dependente, que age num corpo, seu lugar de origem. Mesmo sendo às vezes considerada infinita; que pode penetrar até onde nem supostos seres angelicais conseguem penetrar, a mente alcança esses limiares. Contudo, chega a um ponto em que não mais prossegue, porque sua área de ação terminou. A base que dava sustentação, não pode mais fornecer elementos, porque também tem esgotadas suas reservas. O pensamento, o gerador de ideias e de concepções, chega a um ponto que não mais cria, não mais emite pareceres acerca disto ou daquilo. 
    Nesse contexto até certo ponto múltiplo, entra o homem como detentor de tudo que possa existir, com domínio até onde os engenhos não conseguem penetrar. Claro, referimo-nos ao chamado infinito que, como se sabe, á a região do nada, não obstante, a mente admitir que possa existir algo nesse mundo imaginário. 
- E além desse mundo? Perguntaria alguém, interessado em saber o que poderia haver além de onde a mente tem finito seu campo de ação. 
- O nada! Responderia o autor de ideais como estas. 
- Porque o "nada", se ele seria também uma concepção, um substantivo sem qualificativo? 
- O início de nossa prédica responde a questão porque, como dito, no vazio, onde não há matéria, impossível a existência de qualquer coisa. Sem um apoio nada existe. Compreendeu? 
- Não totalmente! O senhor disse que mesmo a mente cessa de conceber, porque chega um ponto em que ela se torna infrutífera, esgota as emanações, as concepções, por isso que não pode prosseguir. 
- Com efeito, meu caro! Até ela tem seus limites. Como numa viagem programada, o último ponto da escala é o clímax, o "stop". Dalí só o retorno. 
- Então até na mente o homem é finito? 
- Com absoluta certeza meu inqueridor! Ele, por mais que avance em seus conceitos, concepções, ideais e buscas, está fadado a um "the end" inevitável. Termino por aqui, meu discípulo amado. 
- Como terminar, se ainda há pontos não descritos, não definidos? 
- Para sua mente talvez, porque para mim, que sou finito, meu campo de ação mental chegou ao seu limite. Se você tem uma visão mental acima da minha, poderá prosseguir, mas fique certo de algo: tudo que sua mente criar, tudo que vir a formar uma imagem, um ser ou uma situação, não passará de emanações particulares, o resultado do seu homo pessoal, nada implicando com o que outros possam conceber. Bom dia e boas divagações...meu caro!