Música na Educação Especial

 

 

 Colman, Rosângela Triburtino                                                               

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Anjos, Andreia Rodrigues Torlai dos

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Virgulino, Carina Silvana Gonçalves

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Eixo temático

Resumo

Neste artigo pretende-se trazer conhecimentos e informações sobre ao que realmente a música pode contribuir na educação especial. Especificando o ensino da música em situações de alunos com necessidades possam ser incluídos, podendo beneficiar o aluno ao conhecimento amplo que a música pode trazer. O estímulo faz com que o aluno possa apreciar a música sendo uma intermediária ligando a várias culturas, enfatizando a importância que ela teve e tem através das épocas, para que haja o conhecimento de seus significados e sua história, servindo de mecanismo no processo de ensino, conseguindo interagir o mundo do aluno na educação especial à arte musical, pois, o desenvolvimento intelectual do educando não ocorre por si só, mas é fruto da atividade do ser humano a partir da relação com o meio em que está inserido. As atividades musicais promovem a socialização e as trocas de aprendizagem. O aluno aprende mais em matéria de leitura quando ele é mais ativo em todos os seus estilos de atuação em diferentes linguagens, com variados objetivos. A prática educativa associada à linguagem musical apresenta maior significação para o desenvolvimento da cognição e a interação entre as crianças especiais. A música estimula e influência o aprendizado e

[1]Especialista em licenciatura; Graduada em pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA.

2 Especialista em Licenciatura Plena em Educação Infantil; Graduada em pedagogia pela Universidade Federativa do Mato Grosso UFMT.

3 Especialista em licenciatura; Graduada em pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA.

tem o poder de despertar a criatividade em um contexto geral. Amparando a criança no desenvolvimento de suas potencialidades, ajudando-a a usar o próprio corpo como meio de comunicação e expressão. Podem-se alcançar diversos objetivos como: a melhoria da linguagem, da coordenação, da percepção auditiva, rítmica, do equilíbrio e comunicação.

Palavras-chave: Música teatral, educação especial, história,professor e aluno.

 

1-Introdução:

A música deve ser explorada de todas as formas, por inteiro, desde a sonoridade até a letra. Isso facilita o processo de educar a criança, pois desenvolve o seu senso crítico, e ela passa a ter uma visão inteira, completa, da realidade. A música traduz muita coisa, ela é carregada de emoção, e não de razão. O homem só chega aonde os sentimentos o levarem (Airton, p. 46, 2003).
Há diversas formas e princípios que podem auxiliar no ensino de crianças especiais. Se o educador tem um conhecimento maior acerca do educando, maior será a adequação de suas propostas e ensino, e com isso a segurança será bem maior para que possa promover o aprendizado, o desenvolvimento dos alunos.

A autora Birkenshaw-Fleming diz que o educador deve buscar mecanismos de pesquisa para que haja possibilidades do desenvolvimento dos educandos e conhecer as limitações e as dificuldades de cada um deles já é um grande passo, não deixando que essas dificuldades sejam empecilhos para que não possa acontecer uma boa aprendizagem interagindo a música de forma ampla e específica.

 A música é uma forma de se expressar, sentir emoções, sensações, usá-la como um relacionamento totalmente expressivo que há entre o silêncio e o som. Ela é a arte de coordenar fenômenos. A música é manifestação folclórica, comum a quase todas as culturas.

Para Birkenshaw-Fleming (1993) é importante evitar os conceitos pré-fixados sobre os que as crianças ou indivíduos portadores de necessidades especiais podem ou não fazer. O excesso de proteção por parte de pessoas que convivem com a criança nem sempre corresponde com aquilo que ela realmente necessita. É importante manter a mente aberta para perceber as potencialidades de cada um.

A autora encoraja o professor a manter uma atitude positiva e animadora frente o aluno, incentivando-o a transpor suas próprias barreiras e possibilidades. Todo o trabalho, diz ela, deve ser feito com paciência e carinho, lembrando-se de que é preciso valorizar a autoestima de cada aprendiz, motivando-o a reconhecer sua contribuição frente ao grupo em que está inserida, a autora ainda aponta alguns possíveis benefícios que as aulas de música podem proporcionar aos educandos com necessidades especiais:

 O professor tem que encontrar meios para realizar atividades com sucesso, isso fará que aluno passe a ter segurança e posteriormente autoestima. Ele adquire isso, tendo o cuidado e respeito das possibilidades de cada um, encorajando-o a agir por si mesma. É importante, fazer com que o aluno participe de todos os procedimentos de aula, de maneira que suas realizações possam se transformar numa experiência de grande valia. Todos devem ser entusiasmados a ter coragem a dar o melhor de si e serem independentes, tanto nas atividades musicais como em qualquer outra atividade do seu cotidiano.

3 REVISÃO E DISCUSSÃO DA LITERATURA

A Música na Educação especial é um caminho. A importância de estimular a interação social por meio de diversas atividades que envolvam músicas é um bom relacionamento social que possibilita o educando a se envolver com outras pessoas, se afastando de um possível isolamento. A coordenação psicomotora pode ser estimulado por meio de atividades que envolvam movimento associado a diversidade musical. Desenvolvimento da linguagem e capacidade auditiva, intelectual e desenvolvimento da memória podem ser estimulados por meio de atividades musicais tais como trava-línguas, cantigas de roda, parlendas e pequenas canções. È possível promover o desenvolvimento físico, intelectual e afetivo da criança com necessidades especiais, através de um programa de educação bem planejado e estruturado.

 O movimento é outro aspecto apontado por Birkenshaw-Fleming. Ele faz parte do processo natural de desenvolvimento de qualquer criança, auxilia o corpo a assimilar conceitos e leva a criança a efetuar contatos socais. Algumas crianças com limitação física ficam privadas de atividades de movimento perdendo o prazer que tais atividades proporcionam, portanto incluir jogos de movimento, dança e expressão corporal como parte da aula de música pode ser de extrema importância para esses alunos. Desenhos e símbolos são muito úteis para ajudar a concretizar alguns conceitos na música.

Se o educador considerar esses aspectos nas diferentes etapas de sua prática pedagógica, com certeza estará criando um ambiente propício para atingir objetivos musicais que promovam o desenvolvimento geral do aluno. É importante saber que a área de educação musical no Brasil é obrigação conforme a lei 11.769 de 18 de Agosto de 2008 tendo que incluir na grade escolar se estabelecendo com uma área de grande potencial de contribuição para os projetos interdisciplinares trazendo boas e novas perspectivas para a educação de maneira geral, já que a música é inserida na escola desde a década de 1970.  É extremamente importante entender, compreender e considerar a música elemento fundamental que contribuem para o desenvolvimento de cada ser em sua particularidade. Manter um espírito curioso, investigativo e pesquisar o material adequado às características e necessidades de cada criança.

Segundo Penovi (1971), a base da música são os sons e estes transmitem diferentes mudanças psíquicas na pessoa, atuando sobre seu estado mental, emocional e físico. De acordo ainda com a autora, a música está intimamente ligada à vida da criança, sendo que esta sofre uma influência notável do ritmo e da melodia.

 A música parece provocar mudanças na conduta de crianças com necessidades especiais fazendo com que se adaptem melhor à vida escolar, contribuindo para sua interação social e melhor rendimento nas atividades de aprendizagem.

Jeandot (1990) relata que durante seus primeiros cinco anos de vida foi uma criança apática a tudo que acontecia ao seu redor, apatia esta decorrente de um trauma de nascimento. Sua mãe, que era uma excelente violinista, conseguiu sensibilizá-la e quebrar sua apatia por meio da música. O contato sistemático de Jeandot com a música estabeleceu um meio seguro para que ela se comunicasse com o seu meio ambiente. Esse elo foi tão forte que, ao tornar-se adulta, Jeandot dedicou-se à pesquisa e ensino de música.

Encontrando uma maneira de estudar os modos da aplicação de procedimentos de musicalidade infantil sobre o desenvolvimento da percepção rítmica e auditiva de crianças com necessidades especiais e também da sensibilidade dessas crianças para os âmbitos musicais, desenvolvemos um estudo com cerca de doze alunos, ao longo de dez meses, observando, registrando e fazendo as análises às suas reações aos procedimentos musicais aplicados. Esses dez meses foram de ntenso e minucioso trabalho, envolvente, cognitivo e altamente afetivo. A maior parte das crianças com diagnósticos diferenciados em paralisia cerebral. Depois do atendimento individual elas ainda passavam por sessões de prática musical em grupo, nas quais tocavam, cantavam ou se movimentavam explorando seus limites e possibilidades.

Para esboçar as explicações do programa de educação musical foram escolhidos alguns comportamentos para os quais eram analisados os desempenhos dos alunos. Mas, ao pesquisar os conteúdos a serem ensinados num programa de musicalidade, demos conta da necessidade de explicitar melhor alguns comportamentos e dividir outros mais sofisticados para comportamentos ainda mais simples. Dessa maneira, ao descrever a “atenção” do aluno em relação a uma fonte sonora ou à uma canção cantada pelo professor, foi estabelecido que a avaliação seria sobre o comportamento de “olhar da criança em direção à fonte sonora”. Dessa maneira, foram observados e analisados os seguintes comportamentos: olhar da criança em direção à fonte sonora; acompanhar a canção através de percussão corporal e/ou percussão instrumental; identificar a fonte sonora; repetir o ritmo dado pela professora; cantar uma canção; executar uma determinada célula rítmica; distinguir sons lentos e rápidos, fortes e fracos, graves e agudos; percutir acompanhando a pulsação de uma canção; acompanhar com movimentos corporais as diferentes alturas dos sons apresentados pela professora; executar gestos referentes à letra e ao ritmo de uma canção; distinguir sons e silêncios; e outros.

As informações obtidas com a pesquisa deram indicativos de que a música é um excelente auxiliar nos processos de desenvolvimento de crianças, sejam elas portadoras de necessidades especiais ou não. Todos os gráficos gerados a partir do número de solicitações da professora com relação aos comportamentos a serem observados mostraram que a capacidade resposta e o progresso relativo ao desempenho dos alunos foram sempre positivos e crescentes.

Segundo Birkenshaw-Fleming (1993), é possível usar a música em programas de educação especial, principalmente se o professor considerar as reais possibilidades de seus alunos e planejar atividades adequadas aos limites, interesses e motivações. É importante ressaltar que a capacidade do professor aliada à flexibilidade do procedimento são fatores fundamentais que permitem chegar a bons resultados no uso da música em situações de educação especial. Um professor musicalmente bem preparado, tendo em mãos uma programação de ensino variada e flexível, que permite adaptações e modificações nos procedimentos planejados, é capaz de adequar os critérios de avaliação em função das características de seus alunos e adaptar os procedimentos ideais para o desenvolvimento de cada tópico da aula, fazendo com que cada situação de ensino se transforme num degrau, possível de ser transposto, a caminho do desenvolvimento e da integração do indivíduo com necessidades especiais.

É importante considerar que a relação de cumplicidade e afeto estabelecida entre a professora/pesquisadora e cada um dos alunos participantes da pesquisa foi um dos fatores que contribuíram para o sucesso do programa de ensino de música.

É possível concluir que a música é um fator importante para favorecer o desenvolvimento de crianças com necessidades especiais. Desde que o educador consiga planejar adequadamente, a aprendizagem de comportamentos musicais se dá de maneira gradual e crescente, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos, ou seja, a criança aprende comportamentos cada vez mais agregados.

Ao explorar as propostas e concepções de vários educadores musicais da atualidade é possível concluir que, embora a maioria deles não tenha dirigido suas ideias para o desenvolvimento de programas com indivíduos portadores de necessidades especiais, toda a metodologia sugerida por eles é aplicável para qualquer tipo de criança, a música se adequada por si a cada estilo de vida.

Como propõe educadores como Carl Orff, a educação musical faz com que o,movimento e linguagem da música sejam apresentados de forma lúdica e dinâmica, de maneira que a criança se sente envolvida e motivada para executar os exercícios propostos pelo professor. Se uma criança, por exemplo, tem um problema de desenvolvimento da linguagem e não consegue falar corretamente, a música, o gesto, o movimento e o ritmo organizado de uma canção facilitam a fala de pequenos fragmentos de frase, o que permite que essa criança se integre no contexto da aula. A repetição criativa de vários conceitos conduz à aprendizagem sem medo e inibições e consequentemente desenvolve a autoestima da criança.

As concepções de Carl Orff são perfeitamente adaptáveis às crianças com dificuldades de linguagem ou dificuldades motoras e são também importantes para desencadear o desenvolvimento dessas áreas. O jogo musical lúdico e prazeroso impulsiona a criança a falar, cantar, tocar e se movimentar. O instrumental proposto por esse educador é muito interessante para o trabalho com crianças com dificuldades motoras. Como as teclas dos xilofones são desmontáveis, podendo ficar apenas aquelas que deverão ser usadas no decorrer de determinada música, torna-se viável para qualquer criança fazer parte de um conjunto instrumental, o que pode ser extremamente prazeroso e compensador.

“O mais importante e o primeiro ensinamento que a criança deve adquirir é a consciência do ritmo” (Pedagogia Musical Brasileira no Século XX. PAZ, Ermelinda p.14

É possível aplicar ideias de outros educadores musicais tais como Liddy Chiafarelli Dalcroze, Gainza, Schafer, Koellreuter Villa Lobos para citar apenas aqueles educadores mais conhecidos, cujas propostas serviram de base para muitas das metodologias utilizadas por educadores musicais brasileiros e estabelecer um bom programa de ensino para crianças com necessidades especiais. A relação de conexões entre princípios de educação, educação musical e educação especial parece abranger ainda mais a área de atuação do educador musical.

3-Considerações finais

No entanto, é preciso estar alerta para o fato de que a música tem sido reconhecida como elemento importante em processos educativos, preventivos e terapêuticos, mostrando aos poucos como é fundamental no processo de desenvolvimento de crianças, sejam elas especiais ou não, enquanto que há escassez de profissionais que se dedicam à essa prática e há também pouco conhecimento produzido na área em forma de artigos e livros de orientação. Essa pouca inserção do educador musical no mercado de trabalho e a quase ausência de publicações faz com que professor de música seja pouco considerado como fator importante para compor equipes de trabalho e que a música é uma realidade que não deve ficar só na lei, deve ser inserida e praticada, pois após várias pesquisas e estudos é comprovada que a música muda o ambiente escolar em todos os aspectos.

Dessa maneira, é necessário investir na formação de educadores interessados em projetos especiais com crianças de risco, de forma que a música invada, cada vez mais, os projetos educacionais nas mais diferentes escolas e instituições. Trabalhar com crianças portadoras de necessidades especiais cria oportunidades para o educador musical trilhar caminhos interessantes, produtivos, sensíveis e inesquecíveis. Ocupar esse espaço na organização social das comunidades é um chamamento imperativo que precisa ser atendido, nem que seja para descobrir que todos são especiais e que o trabalho musical é igual e extremamente prazeroso para qualquer tipo de indivíduo.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAIA Tiago Quadros/ 2004. Educação Musical Infantil NEAD/UFMT;

ALENCAR Teca / 2008.Música na Educação Especial;

IESDE, Música na escola Brasil- 2009

PLACCO, Vera. Jogos Lúdicos. Revista do Professor. V. 24, n 70, 2002.

ALBERGARIA Lino de.do folhetim da música no âmbito educacional;

ALMEIDA Julia Lopes de, história de nossa terra;

BARBOSA Reni Tiago de. Tecer contos através da musicalidade.