Mulheres do Brasil - de Maria a Maria da Penha

Mulheres do Brasil

Jefferson Batista do Nascimento

Professor orientador: Rosemeire F. Assis R. Pereira

ETEC de Ribeirão Pires - Ribeirão Pires/SP


Uma terrível e forte erva daninha se estabeleceu no Brasil há mais de quinhentos anos, vinda do coração e da mente dos homens que aqui chegaram. Uma erva daninha que se desenvolveu a partir do conceito de que o homem é superior às mulheres.
Segundo Martin Luther King "Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios"; porém, pouca coisa é necessária para criar um país com desigualdade de gênero: a humilhação, a exploração e a incompreensão. São essas três coisas que causaram e ainda hoje causam, paulatinamente, a destruição do potencial humano da mulher.
Segundo a historiadora Arilda Ribeiro "a trajetória da ausência da educação feminina coincide também com a história da construção social dos gêneros" . Isso nos faz pensar na situação da mulher brasileira hoje, quando ainda, muitas delas, se deixam explorar como objetos, não reconhecendo a sua própria humanidade nem seu valor dentro da sociedade. Afirma ainda a citada autora que o modelo familiar que temos hoje remonta aos tempos de colônia, quando o português possuía o direito sobre a vida das pessoas e a existência das coisas. Nesse contexto "mulheres, filhos, crianças, escravos, terras, etc. Eram "bens" pertencentes ao poder dito na época "naturalmente" construído ao deleite do gênero masculino".
Em análise, percebe-se que quando os portugueses chegaram ao Brasil, alimentaram a sua carne com a lascívia, fazendo das mulheres apenas um objeto de prazer. Por este fato, as mulheres tanto brasílicas (índias), quanto portuguesas, impossibilitadas de estudar e exercer a sua opinião na sociedade eram apenas um objeto de sexualidade e reprodução.
Hoje todos nós, brasileiros, sofremos e presenciamos, por mínimo que seja, as conseqüências da desigualdade de gênero, principalmente as mulheres, que são as maiores vítimas de preconceitos e humilhações.
Essa erva daninha se fortifica pela natureza autoritária do homem, que faz com que aquela seja bem visível quando a pessoa age constantemente, desrespeitosamente e indignamente em relação ao próximo. Porém com a execução da força, da fé, da persistência e da determinação, essa erva daninha é desfeita do nosso meio.
E foi isso que aconteceu com Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu muito com o seu marido Marco Antonio Herredia, que tentou matá-la duas vezes no ano de 1983. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade. A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena. O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.
A vitória de Maria da Penha Maia Fernandes e de milhares de mulheres brasileiras foi o decreto da lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de Agosto de 2006; dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar.
Agora essa erva daninha presente entre nós está perdendo suas forças, suas fontes de alimentação diminuindo, e consequentemente a sua morte já se anuncia.
Todavia, para isso foi preciso que essa erva daninha crescesse e fizesse com que as pessoas agissem para que a mulher fosse olhada sobre a luz igualitária da lei.
Portanto, o tempo do nascimento das belas flores já começou, a brisa pelo estabelecimento da igualdade em nossa sociedade está no ar, agora é necessário que todos respirem profundamente a vinda dessa vitória e nos mantenhamos firmes e constantes no cultivo e na colheita abundante da nossa própria vida, pois o nosso trabalho não é vão.

Referências Bibliográficas
RIBEIRO, Arilda Ines Miranda. Mulheres e educação no Brasil - colônia: Histórias entrecruzadas in dissertação de mestrado, Educação da mulher no Brasil ? colônia, São Paulo, 1997.
Wikipédia, a enciclopédia livre ? Lei Maria da Penha.