Desde o modo de produção primitivo, durante a Pré-História, existiam subdivisões, por gênero, das tarefas, as quais eram de caça e pintura, para homens e, cuidar dos filhos e tecerem lã, para as mulheres. Posteriormente, em Atenas, as mulheres além de viverem presas em seus gineceus, eram trocadas pelas cortesãs e etairas, preferências de seus maridos, por essas possuírem certa intelectualidade e consciência política, o que os atraía. Realidade, essa, contemplada por Chico Buarque na música “Mulheres de Antenas”. Concomitantemente, em Esparta, as mulheres tinham considerável liberdade, quando comparada a Atenas, já que por viverem em uma sociedade bélica, treinavam para se fortificarem, e garantir filhos mais fortes e saudáveis, além de ajudarem caso necessitassem de mão de obra militar.

Durante a Idade Média, as mulheres sucumbiram socialmente ainda mais, elas não tinham direitos, autonomia, respeito, eram tratadas como indivíduos de pouca fé, como as causadoras do pecado no mundo, pela visão fundamentalmente bíblica inspirada em Eva. Apesar de toda essa história marcada pela submissão, existiram figuras eminentes na realidade que vigorava. No Egito, Nefertiti contribuiu deveras no governo de seu marido Nabucodonosor II, que construiu, homenageando-a, os Jardins Suspensos, umas das sete maravilhas do mundo antigo. Outra personalidade importante foi a rainha da Inglaterra, por volta de 1560, Elizabeth I, filha de Henrique VIII, criador da igreja Anglicana. O período de seu reinado foi marcado por ascensão em diversas áreas, como poesia, com William Shakespeare, dramaturgia, filosofia e navegação, com a qual se conquistou a colônia norte-americana Virgínia, nomeada em sua homenagem, já que era conhecida como “a rainha virgem”, por nunca ter-se casado.

As mulheres tiveram, historicamente, um plano secundário nos âmbitos mais eminentes da vida social. Majoritariamente, estiveram reclusas, submissas e coordenando apenas a base familiar, ou seja, os filhos e o lar.

A história feminina continua sendo escrita e conquistas são realizadas, diariamente, retratando a isonomia entre gêneros, e a luta delas no campo social, trabalhista e Estatal. No Brasil, o direito ao voto foi concedido às mulheres durante o Governo de Getúlio Vargas, na Constituição de 1934, juntamente a Licença Maternidade, que beneficiou deveras a vida das mulheres.

As conquistas emergem, rotineiramente, como leis e benefícios garantidos a esse microcosmo tão propenso a agressões físicas, psicológicas, sexuais, e têm extrema importância para todas as classes socioeconômicas. Recentemente, durante o Governo de Luís Inácio Lula da Silva, foi estabelecida a Lei de número 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, nome de sua criadora. Ela dedicou-se a garantia da justiça em prol das mulheres, após ser agredida brutalmente por seu marido, agressões essas que culminaram na paraplegia dela e prisão do criminoso. Tudo isso relatado pela vítima no livro “Sobrevivi... Posso contar”. A Lei produz resultados satisfatórios na assistência oferecida à mulher, por exemplo, as delegacias exclusivas para elas, que tornaram a denúncia mais fácil e menos constrangedora. O último censo realizado registrou que o Espírito Santo e o Piauí foram, respectivamente, os estados com maior e menor índice de violência doméstica contra a mulher, retratando que desenvolvimento não equivale à segurança pública, moralidade e nível educacional popular.

O trabalho feminino sempre existiu, abrangentemente, porém a remuneração tardou a acontecer. Somente durante a I e II Guerras Mundiais, com a morte de milhares de homens, as mulheres assumiram o mercado de trabalho. Todavia, a diferenciação salarial de acordo com o gênero permanece até hoje, mesmo as mulheres trabalhando mais, afinal têm o trabalho produtivo, externamente a sua casa, e o reprodutivo, dentro de seus lares, cuidando dos filhos e marido, além de, comprovadamente, estudarem mais que os homens e ainda assim ganharem cerca de 60% da féria masculina.

Assim como antigamente, existem hoje importantes exemplos sociais, como a ex-ministra de Minas e Energia, ex-ministra da Casa Civil e atual Presidenta da República, Dilma Rousseff, primeira mulher a dirigir o país. Todavia, não são somente figuras proeminentes nacional ou internacionalmente que ditam a realidade de uma Nação. O que falar daquelas que suportam diariamente agressões e agüentam trabalhos constrangedores, por falta de oportunidades e por necessidade? Daquelas que abandonam a vaidade e o possível sucesso profissional em prol de uma melhor formação filial, e findam frustrando-se por desistir de sonhos? Como explicar, mulheres submissas a seus maridos, pais, filhos? Existe explicação? Talvez, fora uma criação voltada para tais ações, exemplos familiares, dos quais a diferenciação torna-se quase impossível ou talvez até o amor, sim, o sentimento pelos agressores, adquirido por toda uma vida ao lado dessa pessoa, faz com que muitas esposas não registrem ocorrências, por esperança de que o marido voltará ao normal antigo, e aquilo foi somente uma ocasião passageira. A essas mulheres, análise psicológica é uma opção benéfica, afim de um maior autoconhecimento e superação de ocasionais traumas causados pelas agressões e dúvidas que a cercam após tantos traumas. Ações como essa e outras deveriam ser oferecidas pelo Governo, para que seguras, elas possam denunciar e, posteriormente, superar todo o processo, da separação até o julgamento dos criminosos e ex-maridos.

Todas as conquistas citadas são referentes ao mundo ocidental judaico cristão. Afinal, em pleno século XXI, é difícil crer que existem indivíduos machistas ao ponto de recusarem a inserção feminina em quaisquer cargos, ou até mesmo a autorização de dirigir automóveis, o preconceito ocorre de forma ínfima no mundo inteiro, e mais fortemente nos países orientais, onde a realidade em praticamente nada se assemelha ao ocidente. No Oriente, a cultura, o pensamento e as ações são fundamentadas de acordo com a religião, que reprime as mulheres, como seres inferiores, que não têm direitos, e devem andar sempre cobertas com a burca, não podendo transitar nas ruas desacompanhadas ou dirigir, coisas tão comuns no mundo ocidental.

Durante a Primavera Árabe vigente, as mulheres mostram-se uma das maiores forças protestantes dos países, afinal são elas que mais sofrem com as restrições estabelecidas e que sonham demasiadamente por mudanças políticas, nas quais a introdução de uma mínima equiparação às liberdades femininas do mundo ocidental é desejada. Mínima, pois ocorrências absurdas são presenciadas diariamente por elas, como a legalização nos Emirados Árabes da violência contra a mulher, chamada Sharia, ela dá o direito aos homens de disciplinar mulher e filhos no país desde que não deixe marcas física neles.

O Brasil, país democrático, com uma Presidenta, e com diversas conquistas feministas em todos os âmbitos, transmite imagem falsamente perfeita de uma sociedade sem preconceitos e diferenciações de gêneros, mas será que essa é a verdadeira realidade do país? Atualmente, o país passa por uma das suas melhores fases, porém as mulheres vivem em dilemas complicados, como o estresse pelo trabalho, muitas vezes causado pela vontade de provarem ao mundo e a si que são tão competentes quanto os homens. Essa confusão interior está destruindo famílias, causando frustrações antecipadas e complicações estruturais na sociedade. Mulheres tornaram-se provedoras de lares e administradoras de empresas, provocando confusões no intelecto masculino também, que vêem todo seu campo sendo liderado pelas mulheres.

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