Iniciamos a nossa reflexão com uma breve definição sobre aborto. Trata-se da interrupção da gravidez pela morte do feto ou embrião, junto com os anexos ovulares antes que este alcance a fase da viabilidade, ou seja, antes que tenha condições de vida extra-uterina. A viabilidade é usualmente definida em termos de duração de gravidez e/ou peso do feto.
Do ponto de vista de sua causa, classifica-se o abortamento em dois tipos principais: espontâneo e provocado. Entende-se por espontâneo o abortamento ocorrido em conseqüência de causas naturais. Quando resulta de ato deliberado da própria gestante ou de outra pessoa, diz-se provocado.
No Brasil, o aborto é legal em apenas dois casos, de acordo com o artigo 128 do código Penal: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante e se a gravidez resultar de estupro.
Para a realização do aborto legal em caso de estupro, é preciso apresentar um Boletim de Ocorrência (registro em Delegacia) e o laudo do Instituto Médico Legal. Também é necessário o consentimento da mulher ou, se ela for menor de idade, de seu responsável ou representante legal. Em qualquer das situações, a interrupção da gravidez só pode ser feita até a 12º semana de gestação.
Apenas trezes países membros da ONU proíbem o aborto em toda e qualquer circunstância. A permissão para a realização do aborto em diversos casos é a prática internacional.
O aborto é frequentemente apresentado como um problema de "direito das mulheres". É visto como algo desejável para as mulheres, e como um benefício ao qual elas deveriam ter tanto acesso quanto possível. Na verdade, ser "pró-vida" é visto como sendo "contra os direitos da mulher".
Estudos de mulheres que fizeram aborto mostram que o aborto não é uma questão de dar a mulher uma "escolha". É, tragicamente, uma situação em que as mulheres sentiram que não tinham NENHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém se importava com elas e com seu bebê, dando-lhes alternativa alguma a não ser o aborto. A mulher se sente rejeitada, confusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar com a gravidez - e, no meio disto tudo, a sociedade lhe diz, "Nós eliminaremos o seu problema eliminando o seu bebê. Faça um aborto.
Mesmo nos Estados Unidos onde o aborto é legal, ele NÃO é seguro, não é fácil e nem respeita a mulher.
Não é dito às mulheres sobre os muitos efeitos prejudiciais psicológicos e físicos do aborto.
Rosemary Bottcher, uma feminista pela vida, escreveu, "O aborto reduz as mulheres ao status de máquinas de fazer sexo que podem ser 'consertadas' se necessário. O aborto ajuda a aliviar a ansiedade do homem pelo sexo e o libera do último vestígio de responsabilidade. O sexo é realmente livre afinal!".
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que, a cada ano, 20 milhões de mulheres interrompem uma gravidez indesejada. Cerca de 70 mil morrem devido às complicações advindas da intervenção. Cerca de 500 mil mulheres morrem durante a gravidez ou no parto, 99% dessas mortes em países em desenvolvimento. A cada ano, dois milhões de adolescentes são submetidas a mutilações sexuais, representando seis mil casos por dia, cinco por minuto. Dois terços de morbidade feminina está relacionado a problemas de saúde reprodutiva.
A mortalidade materna afeta fundamentalmente as mulheres pobres que, por sua condição sócio-econômica, não têm acesso a serviços adequados durante a gravidez, o parto e o puerpério, além das mortes por aborto, que permanece ilegal. A mortalidade materna continua sendo uma das principais causas de morte entre as mulheres de 15 a 49 anos.
O aborto constitui-se uma importante causa de mortalidade materna. Em cada mil mulheres brasileiras em idade fértil, 18 já sofreram seqüelas de aborto e em cada quatro mulheres submetidas ao aborto clandestino, uma já foi internada com complicações que levaram à esterilidade ou até mesmo à morte. Sendo esta a quarta causa de morte materna, superada apenas pela hipertensão arterial, hemorragia e infecção.