Tome-se uma mulher, nada mais belo em toda a natureza. E completo, pois é portadora de vida, enquanto o homem é apenas provedor. Matrimônio, Vínculo que assegura a unidade familiar, a posse dos bens que sustenta a família.
Ninguém sofre uma opressão tão prolongada ao longo da história como a mulher. Mutiladas em países da África com a supressão do clitóris, censuradas em países islâmicos onde são proibidas de exibir o rosto, subjugadas como escravas e prostitutas em regiões da Ásia, deploradas como filha única por famílias chinesas, são as mulheres que carregam o maior peso da pobreza que atinge, hoje, 4 dos 6 bilhões de habitantes da terra.
Metade da humanidade é mulher. A outra metade, filhos de mulheres. Em muitos países, elas são obrigadas a suportar dupla jornada de trabalho, a doméstica e a profissional, arcando ainda com o cuidado e a educação das crianças.
Estupradas em sua dignidade, elas são despidas em outdoors e capas de revistas, reduzidas a iscas de consumo na propaganda televisiva, ridicularizadas em programas humorísticos, condenadas à anorexia e a beleza compulsória pela ditadura da moda. As belas e burras têm mais "valor de mercado" do que as feias e inteligentes.
O movimento feminista surgiu nos Estados unidos, na segunda metade dos anos 60. Logo, expandiu-se pelos países do ocidente, propugnando a libertação da mulher, e não apenas a emancipação. Equiparar-se ao homem em direitos jurídicos, políticos e econômicos. Corresponde à busca de igualdade. Libertar-se é querer ir mais adiante, marcar a diferença, realçar as condições que regem a alteridade nas relações de gênero, de modo a afirmar a mulher como indivíduo autônomo, independente, dotado de plenitude humana e tão sujeito frente ao homem quanto o homem frente à mulher. É esse o objetivo numa sociedade que ainda mantém a mulher como uma pessoa oprimida, estrutural e superestruturalmente.
Simone de Beauvoir, ao publicar O Segundo Sexo, pôs a descoberto as profundas raízes da opressão feminina, analisando o desenvolvimento psicológico da mulher e as condições sociais que a tornam alienada e submissa ao homem.
A partir dessas novas idéias, o movimento feminista alastrou-se pelo mundo. Sutiãs foram queimados nas ruas; a libertação sexual tornou-se um fato político; as palavras de ordem se multiplicaram: "Nosso corpo nos pertence!" "Direitos ao prazer!" "O privado também é político!" "Diferentes, mas não desiguais!" O modelo tradicional do ser mulher entrou em crise e um novo perfil começou a se esboçar. Pressionada a ONU declarou 1975 Ano Internacional da Mulher, e a década que se seguiu até 1985, Década da Mulher em todo o mundo.
A partir de 1977, o movimento feminista fragmentou-se em diversas tendências, algumas mais voltadas para a discriminação do aborto, outras centradas na isonomia profissional com homens. Muitas mulheres, após conquistar postos de trabalho antes ocupados exclusivamente pelos homens, lograram também assumir funções políticas de mando. A crise da família faz com que muitas mulheres exerçam o papel de chefe de família, como ocorre, com muitas mulheres latino-americanas, sobretudo as mais pobres.
A definição de feminismo como um movimento político de mulheres que lutam pela eqüidade com relação aos homens, embora seja a definição mais recente não é a mais precisa.
O movimento feminista no Brasil está estritamente relacionado à época da ditadura militar. Muitas mulheres brasileiras participaram ativamente da resistência à ditadura, mas o primeiro grupo organizado de feministas surgiu em São Paulo, em 1972.
Aos poucos, o tema do feminismo passou a ocupar fóruns nacionais de debate. A imprensa feminista ganhou fôlego, surgindo inúmeros jornais e revistas. Entre 1970 e 1980, o movimento de mulheres centrou-se na luta pela redemocratização do país. Nas classes populares surgiram, incentivados pela igreja católica, clubes de mães e associações das donas de casa. Outros movimentos, sem vínculos confessionais ou partidários, brotam pelo país afora, como a Rede Mulher, em defesa dos direitos da mulher e da ampliação da cidadania feminina.
O movimento feminista atualmente tem como bandeiras principais, no Brasil, o combate à violência doméstica, que atinge níveis elevados no país, e o combate à discriminação no trabalho. Também se dá importância ao estudo de gênero e da contribuição, até hoje um tanto esquecida, das mulheres nos diversos movimentos históricos e culturais do país. A legalização do aborto e a adoção de estilos de vida independente são metas de alguns grupos.