“ Muito mais que programas”

Texto: Rm 15.20-24

 

Introdução:

O elo entre teologia e prática: O que deve nos levar a fazer missões? Quando fazemos planos (Abacaxis, Pedrinhas, Índios, África), qual é a base que nos move?

Em Atos dos Apóstolos, observamos que a prática missionária de Paulo se desenvolveu a partir de seu entendimento teológico, que, por sua vez, foi o resultado de um chamado missionário transformador. Este elo entre a teologia e prática missionárias são inseparáveis.

Paulo era um homem de fé, dedicado, e um teólogo comprometido antes do seu encontro com Cristo. Grande parte da sua teologia permaneceu a mesma, após a sua conversão. No entanto, algumas coisas foram completamente transformadas: Por ex. sua perspectiva sobre a lei e a escatologia. Mas a maior transformação foi na sua perspectiva sobre a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. Para ele, a crucificação tinha importância especial para os gentios, assim como a ressurreição tinha para os judeus. Vejam, em Rm 15.7-13:

Judeus: para eles, a ressurreição “prova” que Jesus era quem dizia ser, o messias esperado, o Filho de Davi, que cumpriria as promessas de Deus aos judeus.

Gentios: para os não-cristãos, a crucificação (Gl 3.6-14) se tornou o meio para a sua inclusão no povo de Deus.

            A.T. : O fator impulsionador da obra missionária está na iniciativa e misericórdia de Deus, reveladas e realizadas em Cristo!

            F.T. : Rm 15.20-24 nos mostra 3 princípios na prática missionária:

I. A Razão da Evangelização Mundial

A paixão de Paulo era testemunhar às nações sobre a graça salvadora de Jesus Cristo e trazer, assim, tanto judeus quanto gentios diante do trono de Deus .

Ele reconhece que os beneficiários dos eventos escatológicos que cercavam a morte e a ressurreição de Jesus eram primeiro os judeus, mas também os gentios.

Nos capítulos 9-11 desta carta aos Romanos, Paulo comenta sobre o grande movimento do fato de gentios entrando na igreja. Deus estende a Sua misericórdia aos gentios e esta é a razão para a evangelização mundial. Veja o que Paulo escreveu em Rm 9.15,16.

Isto é muito importante prá nós! A razão da evangelização mundial, portanto, não está na carência da humanidade, na nossa necessidade de Deus, ou mesmo em nosso amor por aqueles que não conhecem a Cristo. Está arraigada na iniciativa e na misericórdia de Deus, reveladas e realizadasem Cristo. Porcausa da Sua misericórdia fomos alcançados e salvos. Os povos estão vindo para Cristo e, portanto, o evangelho precisa ser pregado a todas as nações.

II. Alcançando os menos evangelizados

Paulo iria à Espanha para proclamar o Evangelho “não onde Cristo já fora anunciado” (v.20). Esta prática reflete um princípio fundamental em missões. Paulo estava literalmente “circulando” todo o mundo gentio, “preenchendo” os espaços vazios nessas regiões onde a igreja ainda não havia sido estabelecida. (Partindo de Jerusalém, vai para Antioquia e daí para o Norte e Oeste da Ásia menor, atravessando o Mar Egeu e até a Macedônia. De lá segue para a Acaia, atravessando novamente o Mar Egeu rumo a Antioquia e Jerusalém. E o Ilírico? (2 anos entre a saída de Éfeso e o embarque para Jerusalém). Temos aqui um resumo sucinto de uma visão e prática missionária que visava levar o Evangelho a toda criatura.

Ele dá tanta importância a este princípio no seu ministério missionário que cita o profeta Isaías (Is 52.15), que havia profetizado sobre o impacto mundial da vinda do servo Sofredor.

Certamente em nossos programas missionários devemos olhar para a situação atual no mundo:

-        o desafio do momento é o estabelecimento de igrejas fortes entre todos os povos e etnias do mundo: cerca de 12000 etnias em todo o mundo.

-        Pelo menos 500 grupos étnicos (cerca de 1 milhão de pessoas) nunca ouviram o evangelho.

Sabem o que isto significa?

            Na prática, isto significa que precisamos cada vez mais direcionar os esforços missionários às áreas de maior necessidade. Quando sonhamos em enviar missionários para países da África de fala portuguesa, estamos considerando muitos desses povos que ainda não ouviram falar de Jesus.

Uma pergunta importante? Onde ficam as áreas e os povos com maior necessidade? Pode ser que estejam bem próximos, ou podem estar distantes. Pode ser entre os ribeirinhos no Amazonas, ou em Pedrinhas, Morungaba. A evangelização mundial deveria se realizar primeiro nas regiões de maior necessidade, não necessariamente nas regiões mais distantes.

O mesmo princípio que impulsionou Paulo a “circular” todo o mundo gentio, preenchendo os espaços vazios, deve fazer parte da prática missionária da igreja.

Isso nos leva a um terceiro princípio em missões:

 

III. A Igreja é o instrumento de Deus para Missões

            No vs. 24 do texto, Paulo diz: “pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco da vossa companhia”.

            Note bem isto! Paulo escreveu sua carta aos Romanos porque ele cria que o instrumento primário para a missão de Deus é a igreja. Ele esperava que a igreja ou igrejas em Roma fossem outra base do trabalho missionário, como as igrejas em Antioquia e Filipos haviam sido.

            Essa expressão “seja por vós encaminhado” era uma terminologia missionária para o envio e sustento. Perceba alguns fatores muito interessantes aqui:

  • A estratégia de preencher o que falta, pressupunha que as igrejas locais estariam comprometidas e levariam a cabo a evangelização de suas regiões e sustentariam Paulo em sua labuta para ampliar suas fronteiras.
  • Paulo sempre retornava a Jerusalém para prestar relatório do seu trabalho à igreja.

Temos aqui um princípio fundamental na Obra missionária. A base teológica para essa prática se encontra em Ef. 3.10. – é a igreja que testemunha em todos os níveis e diante dos poderes deste mundo. A Obra missionária é tarefa da igreja. Paulo sabia bem disso. Ele gastava horas em cuidado pastoral. Se você olhar para as cartas de Paulo, não irá encontrar muita coisa sobre estratégia e programa missionário. Aqui, neste capítulo 15 de Romanos temos uma das poucas ocasiões em que ele fala sobre isso. Porém, Paulo vai além! Ele não era apenas um pioneiro de novos campos, mas um grande capacitador. Era importante que as igrejas implantadas vivessem sua fé como testemunho da graça e misericórdia de Deus em Cristo.

Uma frase que traduz este pensamento: “A igreja existe para missão como fogo existe para queimar”. (Emil Brunner)

            Não podemos separar missão, no campo, da vida da igreja, do dia-a-dia da igreja. Sonhamos com uma igreja capacitadora, equipando, treinando e encaminhando os seus missionários para “preencher os espaços vazios no Brasil e no mundo”.

Aplicação:

            Vamos pensar um pouquinho na conversão de Paulo, na grande transformação que houve em sua vida. Não foi tanto uma conversão “pessoal” para endireitar sua vida, mas um chamado missionário para trazer outros, especialmente os que anteriormente eram considerados não-judeus, impuros, à bênção da vida em Cristo pela inclusão no povo de Deus e na vida da igreja.

            De certa forma ele começou a cumprir o papel dado a Abraão em Gn 12.3: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

            Esse papel, assumido pela igreja por séculos é agora atribuído a você e a mim.

            Como você pode fazer isso?

Investindo financeiramente em missões (Fp 4.10-19)

Norteando sua vida pela Palavra (Mt 28.19-10)

Disponibilizando-se para ser usado (At 13.1-4)

Orando por missões – (2 Cor 1.11; Rm 15.30; Cl 4.2-4)

Investindo financeiramente em missões

Norteando sua vida pela Palavra

 

Disponibilizando-se para ser usado

 

Orando por missões