Mudanças na economia e na educação brasileira em decorrência das novas tecnologias e do capitalismo financeiro

  

Zaira Marliza Leite da Silva

 

 

A economia brasileira atualmente está moldada em sistemas de produções e avanços que evocaram profundas modificações na forma de organização de trabalho e na qualificação de mão de obra. Refletindo diretamente no sistema educacional e nas políticas educacionais, tais mudanças englobam acontecimentos mundiais ligados a novas realidades sociais, mudanças de comportamento da população, anseio pelo sucesso financeiro e domínio das novas tecnologias.

Entendemos a globalização como padronização de recursos mercadológicos e de capital, que trata tudo e todos como um só, ou seja, ignoram-se as diferenças sociais e culturais, é a homogeneização das coisas que compõem o mundo, em nome da difusão de informações e desenvolvimento econômico. Mesmo que isso reflita a dominação da massa e a propagação de ideologias que não conduzem com a realidade de todos os povos, mas que expressa novas formas de produção, novas tecnologias e capitalismo.

Todas as mudanças ocasionadas pela globalização afetam diretamente a sociedade, rompem fronteiras comerciais, privatiza, quantifica eficiência e consequentemente a produção e o lucro.

O modelo econômico neoliberalismo traz prejuízos sociais e causa o empobrecimento da população, estimula a competitividade sem garantias sociais e direitos conquistados ao longo do tempo. O não segmento dessa conduta gera a exclusão, reflexo sentido diretamente pelo sistema educacional, cada vez mais mercadológico e capitalista.

Acaba por direcionar o ensino a construção de perfis profissionais que atendam a demanda pela mão de obra competitiva e efêmera. Mesmo que isso signifique desprezo pela ética profissional e amor pelo próximo. Transforma o ser humano em mercadoria descartável e descrente nas políticas publicas e ações sociais como direito de todos.

Os valores são atirados por terra, imperando a rentabilidade, a produção, a massificação, o consumo, a dominação e a política latente da “democracia excludente”. O papel da escola diante a realidade é aquele que forma, cultural e cientificamente, o cidadão. Não fica presa somente ao repasse da teoria do livro didático, mas relaciona a experiência com o ensino formal, possibilitando a formação cultural embasada no conhecimento contextualizado.

É na escola que o aluno aprende a atribuir significados às informações recebidas por diferentes meios de comunicação. Cabe ao professor intermediar o conhecimento e estimular o desenvolvimento das habilidades cognitivas para a prática da análise crítica dessas informações. À escola é atribuído, também, o papel de proporcionar a criação de informações por seus alunos com a articulação entre receber, interpretar e produzir.

Todas essas ações, ligadas a cinco objetivos, o de desenvolver no aluno a capacidade cognitiva, operativa o social por meio dos conteúdos, fortalecer a idade cultural, desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a imaginação, desenvolver a aptidão para o trabalho na sociedade moderna, tecnológica e comunicacional, formar cidadãos capazes de exercerem um papel critico perante a realidade, e desenvolver/formar princípios éticos e morais voltados para ações de caráter humanista.

Seguindo esses princípios, prevalece a formação de sujeitos que atuem de forma consciente e ativa na prática social, utilizando seu potencial voltado para os problemas atualmente enfrentados na nossa realidade.

A escola atua como promotora dos conhecimentos, acerca da cultura, da ciência, da arte, e do desenvolvimento de seres pensantes, capazes de estabelecer uma postura crítica eficaz para a construção do respeito, do preparo tecnológico, da participação na política educacional e para o exercício ético da cidadania. Desenvolve um papel de organização da parte pedagógica e administrativa no que diz respeito à sua responsabilidade como empresa responsável por um ensino de qualidade.

Entendemos que no contexto em que está inserida, deverá priorizar o estímulo à formação continuada como forma de oferecer, além do processo ensino/aprendizagem, também, desempenhar o papel de promotora da formação social, cultural e profissional do seu quadro de funcionários.

As ações das escolas voltadas para o aperfeiçoamento profissional, complementam a formação inicial, promove a atualização, a contextualização e o desenvolvimento de demais habilidades práticas e teóricas necessárias para a prática docente.

Nesse contexto, a escola que passa, ao longo do tempo, por mudanças e transformações no campo pedagógico, curricular e como intermediadora de saberes quando ignora ou não incentiva a formação continuada, deixa de promover o crescimento social e profissional de seus alunos e de seus professores, e não promove reflexão e mudanças significativas na prática docente e na aquisição de novos conhecimentos em cursos, estudos, reuniões, pesquisas, entre outros.

A educação (escolar/docente), quando fica restrita à formação inicial do professor, sem especialização, atualização e incentivo técnico, remunerado, por parte da escola, acaba por ficar centrada numa prática educacional descontextualizada do sistema educacional como um todo, além de ficar desvinculada de fatores que fazem parte da realidade dos alunos e da própria proposta pedagógica da escola. A ação escolar deve ser incentivadora, promotora e realizadora de propostas que estimulem e propiciem a atualização profissional de seus professores, atuando vigorosamente para fornecer meios que possam tornar sua responsabilidade social, atualizada com as mudanças freqüentes nos métodos e propostas pedagógicas.

A formação continuada atua como mola propulsora do desenvolvimento social e pedagógico do professor, porque está diretamente ligada aos anseios da sociedade e da realidade educacional.

Sabemos que ensinar caracteriza-se como tarefa complexa devido à responsabilidade de todos que fazem parte do corpo pedagógico das escolas, conforme o próprio Perrenoud destaca, não basta só refletir a prática centrada somente na experiência, mas sim, uma reflexão ampla e irrestrita, que abrange todas as ações desenvolvidas na escola. Desde as reuniões pedagógicas, os conselhos de classe e a própria troca informal de informações entre os educadores.

A tarefa de ensinar necessita de preparo, conhecimento e saberes que jamais poderiam limitar-se a invenções e conceitos vagos. A formação continuada é caracterizada como ações dentro da própria escola e fora dela, exige a responsabilidade e força de vontade mútua, Escola X Professor, ambos centrados no compromisso social e profissional do docente e da escola.

A atualização auxilia na aquisição de novos saberes e na elaboração de propostas que possam apresentar resultados inovadores e transformadores, tanto no rendimento escolar do aluno, como em todo o processo educacional do contexto escolar. O resultado da formação contínua e permanente articula os saberes da experiência, da formação inicial e os adquiridos nos cursos de aperfeiçoamento. A prática docente moldada nesses saberes resulta num trabalho voltado para atender as necessidades sociais e educacionais vigentes, proporcionando ações inovadoras, produtivas e reflexivas.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; SANFELICE, José Luís (Orgs.). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas/SP: Autores Associados, HISTEDBR, 2002.

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WEREBE, Maria José Garcia. 30 Anos Depois - Grandezas e Misérias do Ensino no Brasil. São Paulo, Ática, 1997.