MOODLE: ARTEFATO TECNOLÓGICO E PEDAGÓGICO PARA A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

Helenice M. B. Bergmann
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A implantação da informática na escola envolve muito mais do que proporcionar ao professor conhecimento sobre computadores ou metodologias de como usar o computador na escola. A formação de professores para o uso pedagógico das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem é de suma importância nesse processo. O curso de formação deve oportunizar experiências que contextualizem o conhecimento, em que o professor possa analisar e avaliar softwares adequados aos conteúdos de suas disciplinas e desenvolver a criatividade de seus alunos. As novas possibilidades que os computadores oferecem como: multimídia, comunicação via rede e a grande quantidade de softwares disponíveis hoje no mercado fazem com que essa formação tenha que ser mais profunda para que o professor possa entender e ser capaz de discernir entre as inúmeras possibilidades que se apresentam.
A LDB legalizou a Educação a Distância, fortalecendo essa modalidade de ensino, considerada até pouco tempo atrás como um ensino de segunda classe. A interconectividade e acessibilidade que a Internet e as redes desenvolveram nestes últimos anos estão começando a revolucionar a forma de ensinar e aprender.
Esse artigo trata dos cursos de formação continuada de professores da rede municipal de ensino de Vitória ? ES, na modalidade semi presencial utilizando a Plataforma de software Livre MOODLE.

PALAVRAS CHAVES: Formação de professores, uso da plataforma de Software Livre, softwares educacionais.

1. HISTÓRICO

A Secretaria de Educação a Distância ? SEED/MEC, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação ? PDE, realizou, em 2007, a revisão do Programa Nacional de Informática na Educação ? PROINFO. Em sua nova versão, o Programa instituído pelo Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007, intitula-se Programa Nacional de Tecnologia Educacional ? PROINFO e postula a integração e articulação de três componentes:
1) a instalação de ambientes tecnológicos nas escolas (laboratórios de informática com computadores, impressoras e outros equipamentos, e acesso à Internet ? banda larga);
2) a formação continuada dos professores e outros agentes educacionais para o uso pedagógico das Tecnologias de Informação Comunicação (TIC);
3) a disponibilização de conteúdos e recursos educacionais multimídia e digitais, soluções e sistemas de informação disponibilizados pela SEED/MEC nos próprios computadores, por meio do Portal do Professor, da TV/DVD escola etc.

Nesse contexto, surge o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional ? PROINFO Integrado - que congrega um conjunto de processos formativos, dentre eles o Curso de Introdução à Educação Digital (40h), o Curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h) e Complementação Local (projetos educacionais - 40h).

Em 2008 a Prefeitura Municipal de Vitória criou o Núcleo de Tecnologias Municipais, por meio de um convênio entre o Ministério da Educação e Cultura ? MEC e a Secretaria Municipal de Educação de Vitória ? SEME. O Núcleo de Tecnologia Municipal institucionalizou-se com o Laboratório de Formação em Tecnologias Educacionais ? LAFOTE, voltado para a capacitação dos profissionais da educação.

O LAFOTE conta com 15 micro computadores doados pelo MEC, no ano de 2008, uma lousa digital e um data show adquiridos em 2009 pela SEME. Inicialmente os cursos ministrados foram os de Introdução à Educação digital ? com carga horária de 40 horas e o de Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC om carga horária de 100 horas. Esses cursos baseiam-se no uso do VIXLinux ? uma versão do Software Livre, Linux, personalizado com softwares educacionais, capaz de atender as necessidades de crianças, jovens e adultos das escolas da rede municipal de ensino de Vitória.

O primeiro curso ? denominado Educação Digital foi realizado na modalidade presencial e versava sobre o uso do software Livre e seus aplicativos educacionais. O segundo curso ? TIC ? foi planejado na modalidade semi-presencial (blended learning), visando atender às necessidades dos professores que atuavam como mediadores nos laboratórios de informática e que possuem uma carga horária de trabalho de 40 horas semanais. Com esse curso pretendeu-se criar uma cultura de uso da modalidade de Educação a Distância ? EaD ? para os processos de formação inicial e continuada dos profissionais de ensino.

No presente ano ? 2010 - inciamos um outro curso ? o de Projetos ? voltado para a integração das tecnologias ao currículo por meio da elaboração de projetos de aprendizagem.

Esses cursos, em convênio com o MEC, tem como característica proporcionar uma formação voltada para o uso das tecnologias e sua aplicação na educação, contribuindo para a inclusão digital dos profissionais da educação, oportunizando acesso à aprendizagem continuada, imprescindível para o desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo.


2. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento crescente de tecnologias e plataformas especializadas para a EaD contribuiu para a criação de alternativas educacionais, facilitando novas formas de aprendizagem e propiciando ambientes motivadores para a formação de professores e a discussão e socialização de práticas pedagógicas envolvendo o uso das tecnologias na educação.
Uma das características da EaD é o fato de que essa modalidade de ensino e aprendizagem envolve um número crescente de alunos, independente da localização geográfica, horário de estudo, idade e familiaridade com o computador.
Plataformas e ambientes virtuais de aprendizagem vieram facilitar a interação entre professores especialistas, professores regentes, tutores e alunos, trazendo maior flexibilidade de tempos e espaços e introduzindo novas formas de ensinar e aprender.
A eficácia de um curso a distância depende de vários fatores entre eles podemos citar: uma equipe especializada e multidisciplinar de profissionais, o design pedagógico e instrucional dos cursos, uso das tecnologia da informação e comunicação, técnicos e infra-estrutura física, entre outras.
Em 2007, o ENADE (exame do Ministério da Educação que avalia universitários) revelou que alunos de cursos a distância se saíram melhor do que os de presenciais em 7 de 13 áreas em que houve a comparação.
Apesar disso existe, ainda, uma preconceito em relação à essa modalidade de ensino e aprendizagem, principalmente para a graduação. Entretanto, casos de sucesso são relatados com frequencia em seminários e congressos promovidos por instituições de renome como a ABED, ANPEDE, SBIE.
Uma primeira experiência de uso da plataforma Moodle na SEME foi implementada em 2005, com o Projeto URB-AL, cuja finalidade foi o de aproximar as tecnologias da informação e comunicação (TIC) dos cidadãos, visando a diminuição da exclusão digital. Esse projeto partiu de uma iniciativa da União Européia, com o objetivo de oferecer aos cidadãos acesso a oportunidades de aprendizagem permanente mediante o desenvolvimento de um modelo de aprendizagem contínua baseado na Educação a Distância.
Esse primeiro curso de formação online teve como objetivo desenvolver a alfabetização digital e a cidadania, criando competências e habilidades de pesquisa para os profissionais da educação, além de disseminar o uso do software livre nas escolas municipais.
Esse projeto foi coordenado pela cidade de San Sebastián, na Espanha, e contou com a participação das cidades de Naestved Kommune, na Dinamarca, Vitória, Brasil, Cuenca, Equador e Valparaíso, no Chile.

3. DESENHO DE SOFTWARE

A plataforma Moodle (Modular Object Oriented Distance LEarning) é um sistema para gerenciamento de cursos online (SGC). Moddle é um software de fonte aberta (Open Source Software), o que significa que se pode instalar, usar, modificar e mesmo distribuir o programa (nos termos da GNU - General Public Licence). (www.moodle.org)
O Moodle pode ser usado, sem modificações, em Unix, LinuxWindows, Mac OS e outros sistemas de suportem PHP e está disponível em 40 idiomas.
Uma das principais vantagens do Moodle sobre outras plataformas é um forte embasamento na Pedagogia Construcionista (Papert). Seymour Papert é matemático, Ph.D, diretor do grupo de Epistemologia e Aprendizado do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e um dos fundadores do MIT Media Lab, onde continua pesquisando. Adaptou os princípios do construtivismo Cognitivo de Piaget e construiu um conjunto de premissas a serem aplicadas ao processo de construção de conhecimento, utilizando a tecnologia de computadores.
"O Moodle foi construído em uma linha altamente popular com um mínimo de esforço e utiliza tecnologias simples tais como bibliotecas compartilhadas, abstração, e Folhas de Papel de Estilo Cascata (Cascading Style Sheets) pafa definir as interfaces (enquanto ainda trabalha na antiga tecnologia browser). [Dougiamas e Taylor, 2009].

O Moodle integra muitas das características esperadas de uma plataforma de e-learning, entre as quais:
? fóruns de discussão configuráveis, ainda que de forma limitada;
? gestão de conteúdos, permitindo a edição direta de documentos em formato texto e HTML (HyperText Markup Language);
? criação de questionários com possibilidade de opção por vários tipos de resposta;
? sistema de Chat com registo de histórico configurável;
? sistema de Blogues;
? editor Wiki;
? sistema de distribuição de inquéritos estandardizados;
? sistema de gestão de tarefas dos utilizadores, etc.

Na modalidade EaD o professor dinamizador assume papel importante no processo de aprendizagem, fundamentalmente diferente do desempenhado na sala de aula presencial. Nos espaços online, cabe a esse professor potenciar os processos de construção de significados em detrimento dos processos de transmissão de conteúdos, assumindo um papel de moderador e promovendo o acesso ao conhecimento por todos os elementos do grupo.
As plataformas online funcionam como interfaces, pois além dos recursos de produção e comunicação, promovem as inter-relações pessoais, a interatividade e a construção de sentidos e significados, consolidando a construção coletiva do conhecimento.
Entretanto, sabemos que o ambiente virtual, por si só, não constitui espaço inovador e instigador de construção de conhecimento, pois, para que isso ocorra é necessário um projeto pedagógico-comunicacional do professor especialistas e dos tutores que atuarão como mediares desse processo.
Nossa intenção nesse artigo é levantar alguns aspectos sobre o planejamento dos cursos na modalidade blended learning, identificando as formas de atuação e a interação entre os participantes dos cursos e de que formas essa modalidade de ensino e aprendizagem influi na construção de conhecimentos.
4. FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O contexto social no qual estamos inseridos não permite mais que a formação continuada de professores aconteça alheia ao desenvolvimento tecnológico e da própria educação a distância. Grandes empresas e instituições como o Banco do Brasil, SESC, SENAC, Nestle, Petrobrás e outras utilizam a EaD para a capacitação e formação de seus funcionários e profissionais.
A inserção das tecnologias nos processos educativos avançou muito nos últimos anos, principalmente com a Lei n° 9.394 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 20 de dezembro de 1996 e pelo Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que define a EAD "como uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação" (MEC, 2003).
Atualmente mais de 800 mil alunos frequentam cursos superiores na modalidade a distância, fato comum em universidades no mundo inteiro, como Canadá, EUA, Inglaterra, Espanha, Austrália, entre outros [Niskier, 2009]
Sampaio e Leite (1999), afirmam que é de fundamental importância preparar as pessoas para interpretar criticamente as informações e as diferentes linguagens que a tecnologia utiliza, como um um fator de inclusão social. Dessa forma, preparar o professor para o uso pedagógico dessas tecnologias, desenvolvendo conhecimento teórico e prático, e habilidades técnicas, por meio de metodologias ativas de aprendizagem, com embasamento em teorias educacionais, contribuem para o processo reflexivo sobre a própria prática do professor. Esse processo de reflexão na ação, desenvolvida com o auxílio das interações em um ambiente virtual de aprendizagem, contribui para provocar discussões sobre as potencialidades pedagógicas de uso das tecnologias na aprendizagem e para a constituição de redes de conhecimento.
A participação dos professores como alunos em contextos que usam estratégias de EAD contribui para a problematização, o desenvolvimento da criticidade e do diálogo entre os pares. Mattar (2009, p.118), referindo-se aos mundos virtuais como o Second Life, afirma que "a possibilidade de criar locais de aprendizagem mais lúdicos e ricos, em várias dimensões, provoca nos alunos uma interação mais intensa e prazerosa com os colegas, o professor, o conteúdo e, principalmente, os objetos e o próprio ambiente, em seu percurso de aprendizagem.
No curso "Elaboração de Projetos" uma aluna exemplifica essa questão:
Re: Atividade 9: Fórum - Rede de conhecimentos
sábado, 15 maio 2010, 10:15

"Marcelo Franco escreveu que "o mundo é um conjunto de redes interligadas". Esse curso é um exemplo de uma rede de conhecimento, temos as pessoas, os recursos, os usamos e nos aprofundamos nos temas além de interagirmos uns com os outros.
Trabalhar com redes de conhecimentos é importantíssimo porque é um processo no qual trocamos informações além de nos relacionarmos.
Para inserir esta rede de conhecimentos na escola é necessário interação de todos, professores e alunos trabalhando lado a lado na pesquisa e criação, o aluno investiga e problematiza, tornando-se autor da aprendizagem.
Cabe ao educador o papel de desafiador, mediador e parceiro do aluno, respeitador dos caminhos escolhidos pelo aluno."

No curso "Tecnologias da Informação e Comunicação", uma aluna tece comentários a repeito da aprendizagem e sobre o uso da linguagem hipertextual:

hipertexto_ sexta, 7 maio 2010, 14:41
"No contexto em que vivemos, onde a informação se processa de forma rápida e dinâmica, também a forma de pesquisa e até mesmo da prática pedagógica precisa acompanhar o ritmo dos avanços tecnológicos. Quando precisamos acessar a net buscando informações - e isso acontece de forma instantânea e interativa - queremos um aprofundamento do assunto procurado para que realmente aconteça a aprendizagem. O hipertexto veio facilitar esse processo já que com simples click em links e sites podemos interagir com vários textos, seja estes, de livros ou mesmo um simples artigo. Consegui navegar, não me perdi, simplesmente consegui me aprofundar sobre as informações que buscava."

No mesmo curso ? TIC, em um dos fóruns em que se discutia sobre o uso pedagógico da internet, um das alunas assim se expressou:

Fórum 1: Sereias - quarta, 21 abril 2010, 13:15
"Acredito que filtrando as informações recebidas vamos construindo o nosso conhecimento. E quanto à plataforma moodle tem me ajudado bastante, apesar de ainda sentir muita dificuldade em lidar com esta nova (para mim) ferramenta de trabalho.
As possibilidades e vantagens ofertadas tanto via internet quanto via plataforma são muito interessantes mas preciso me harmonizar com tudo isto e só depois então partir para conciliar o que eu aprendi com a realidade dos ambientes onde trabalho. Até que ponto isto será possível, só a prática irá responder."

Essas falas demonstram que o processo de aprendizagem no ambiente virtual leva os (as) alunos (as) a refletirem sobre suas práticas docentes, construindo suas identidades como professores ativos e responsáveis pelo norte do seu trabalho docente em oposição ao mero executor de tarefas definidas por outros. Nesse processo percebe-se que a construção da prática do professor é um processo contínuo a ser aprimorado no decorrer de sua vida. A ação reflexiva implica uma consideração ativa, persistente e cuidadosa daquilo em que se acredita ou que se pratica, contrapondo com a teoria apresentada.

5. PLANEJAMENTO DOS CURSOS

5.1 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL ? 40 horas.

O Curso de Introdução à Educação Digital foi organizado visando a familiarizar, motivar e preparar os professores da rede pública de educação básica a utilizar computadores e seus aplicativos, bem como recursos tecnológicos disponíveis pela internet. Não se trata de um curso que reduz o uso do computador a processos meramente operativos, embora reconheçamos que dominá-los é etapa necessária para a construção de esquemas mentais que facilitem seu uso. Trata-se de um curso que propõe e estimula o professor e o gestor escolar a refletir sobre o porquê e o para que utilizar essas tecnologias, oferecendo os instrumentos tecnológicos como meios para desenvolver atividades significativas e refletir sobre diversos temas que fazem parte de sua prática docente.
O Objetivo geral desse curso é contribuir para a inclusão digital de profissionais da educação, bus¬cando familiarizá-los, motivá-los e prepará-los para a utilização significativa de recursos computacionais (sistema operacional Vix Linux e softwares livres) e recursos da internet, refletindo sobre a utilização dessas tecnologias nos diversos aspectos da vida, da sociedade e de sua prática pedagógica.


5.2. CURSO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ? TIC:

Nesse curso, a prática é valorizada como momento de construção de conhecimento por meio de reflexão, análise, problematização e investigação. A perspectiva interdisciplinar é vista como uma construção do profissional aprendiz na busca de respostas para os desafios que se apresentam em sua prática, sendo necessário prever tempos e espaços curriculares adequados para o trabalho interdisciplinar.
Os processos formativos voltados para o uso das TIC assentam-se em situações contextualizadas e reais. As experiências prévias dos profissionais são consideradas e valorizadas, num quadro de inclusão e de multiculturalidade, e as novas aprendizagens são objeto de integração contínua, construindo-se o conhecimento como uma espiral aberta que, em cada etapa do curso, retoma e (re)significa o conjunto das experiências do sujeito a respeito da temática desenvolvida.

Assim, a aprendizagem é vista como um processo interativo, ao mesmo tempo individualizador e socializador, que se realiza com a mediação de outros sujeitos, especialmente o professor e o gestor escolar, de modo que a formação enfatize a interação e o trabalho coletivo.

O Curso Tecnologia da Educação: Ensinando e aprendendo com as TIC está sendo ofertado com uma carga horária total de 100 horas, sendo 48 horas presenciais e 52 horas não presenciais.


5.3. CURSO ELABORAÇÃO DE PROJETOS:
As atividades orientadas pela Metodologia de Projetos (MP) possuem as seguintes características: constituem um objeto de realização concreta; têm algum impacto no ambiente; modificam a relação professor-aluno; baseiam-se em uma nova abordagem dos saberes; propiciam uma nova concepção de avaliação; apresentam-se como um desafio para os alunos; e têm uma dimensão coletiva.

De acordo com Hernandes e Ventura (1998), a MP se propõe à formação de indivíduos com uma visão global da realidade, vinculando a aprendizagem a situações e problemas reais, preparando para a aprendizagem ao longo da vida.

A metodologia de projetos vem nortear as atividades escolares, permitindo um trabalho inter, multi e transdisciplinar, abrangendo as diversas áreas do conhecimento, inserida na realidade e viabilizando múltiplas relações sociais.

O curso elaboração de projetos possui carga horária de 16 horas presenciais e 24 horas a distância, por meio da plataforma Moodle - VixEduca.


6. METODOLOGIA

Quanto à metodologia dos cursos, podemos afirmar que foi desenvolvida visando integrar as tecnologias ao cotidiano dos professores e às atividades curriculares, incentivando o desenvolvimento de um trabalho inter, multi e transdisciplinar, abrangendo as diversas áreas do conhecimento e de acordo com o contexto escolar.

Os cursos buscamos articular a experiência pedagógica do professor com as teorias educacionais e o uso dos diversos softwares instalados na versão VixEduca, com vistas ao desenvolvimento de projetos integrando conteúdo/mídias/tecnologias. Trata-se de um processo de formação na ação, contextualizado no espaço concreto da escola e da pratica pedagógica, viabilizado pela formação a distância utilizando o ambiente colaborativo de aprendizagem Moodle, além de outras tecnologias existentes na escola (lousa digital, TV, vídeo) .

A formação de educadores, de acordo com Niskier (2009, p.30), "perpassa a dimensão técnica, a dimensão humana, o contexto político-econômico e a parte de conhecimentos a serem transmitidos", resumindo a "aquisição de competências, que abrange: o saber e o fazer; a teoria e a prática e os princípios e processos da tecnologia educacional."

As atividades desenvolvem-se na modalidade híbrida (parte presencial e parte a distância), levando-se em consideração que os cursistas já participaram do curso TIC e têm experiência com o ambiente de formação a distância. O cursista usa o ambiente virtual para ter acesso a informações e materiais de apoio oriundos de diferentes fontes; participa de fóruns e troca de mensagens com o professor e com os colegas, formando assim, uma rede colaborativa de conhecimento e de reflexão sobre o significado do aprender e ensinar e do currículo que se constrói no desenvolvimento de projetos de trabalho.




7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A oferta de cursos na modalidade blended learning, voltada para a formação continuada de professores representa uma alternativa viável, considerando sua adequação pedagógica, os objetivos educacionais propostos, os perfis dos alunos e os custos.
Essa modalidade de ensino e aprendizagem permite que os profissionais de educação repensem e elaborem conceitos sobre suas práticas, na medida em que transitam pela teoria seja nos momentos presencias de discussão ou nos momentos virtuais em que leem textos e artigos que abordam a integração das tecnologias ao currículo e têm oportunidade de refletir sobre suas práticas docentes.
Essa modalidade confere ao processo educacional um potencial de comunicação e integração espaço/tempo, atendendo a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. Nesse cenário, incentiva-se a autonomia dos profissionais da educação e os processos de interação e cooperação.
Nesta perspectiva, a educação a distância mostra-se eficaz nas demandas de aprendizagem ao longo da vida e contribui, ao mesmo tempo, para viabilizar a igualdade de chances de acesso à formação dos profissionais da rede municipal de ensino de Vitória.
Em 2009 foram oferecidas 6 turmas do curso Educação Digital ? 40 h, totalizando 68 alunos/professores formandos e 4 turmas do curso TIC ? 100 h, totalizando 49 alunos/professores formandos. O curso Projetos iniciou-se em 2010, com uma turma de 20 professores. Os cursos de Educação Digital e TIC estão acontecendo com 3 turmas cada uma no primeiro semestre desse ano.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HERNÁNDEZ, F. & VENTURA, M. (1998). A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas.
MATTAR, João. Interatividade e aprendizagem. (2009). LITTO, F. M. FORMIGA, M.M.M. (orgs.) São Paulo: Pearson Education do Brasil. p.112-120
LITTO, F. M. E FORMIGA, M. Educação a Distância: o estado da arte. (2009). LITTO, F. M. FORMIGA, M.M.M. (orgs.) São Paulo: Pearson Education do Brasil..
NIKIER, A . Os Aspectos culturais e a EAD. P.28-33. LITTO, F. M., FORMIGA, M.M.M. (orgs.) São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
PIMENTA, Selma G. e GHEDIN, Evandro (orgs.). (2002). Professor reflexivo no Brasil gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez.
PIMENTEL, Nara Maria. (2006). Educação a Distância: Florianópolis: SEAD/UFSC.
SAMPAIO, Marisa Narcizo; LEITE, Lígia Silva. (1999). Alfabetização tecnológica do professor. 5. ed. Petrópolis: Vozes.