MONITORAMENTO E CONTROLE DOS CUPINS

Monitoramentos criteriosos associados a táticas de prevenção de infestações são as melhores armas contra estes terríveis insetos. Os cupins são insetos sociais, ou seja, vivem em colônias organizadas. Formadas de castas de indivíduos ápteros e alados, as colônias são denominadas termiteiros ou cupinzeiros, onde os indivíduos vivem e se multiplicam. Tais colônias possuem duas categorias de indivíduos adultos, os reprodutores e os estéreis, estes destinados exclusivamente ao trabalho.

Os indivíduos sexuados alados aparecem todos os anos em enxameagem por volta de outubro no Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais, logo após as primeiras chuvas, quando saem aos milhares em dispersão com o intuito de formar novas colônias. Também conhecidos por "aleluias"ou "siris-siris", os cupins alados são classificados e catalogados no Brasil ha muitas décadas por pesquisadores que colecionam inúmeras espécies, sendo que a maioria dessas espécies está associada a danos a plantas cultivadas e a construções e mobiliários nos centros urbanos e sobretudo no meio rural.

O controle preventivo é sempre a melhor opção, considerando-se as particularidades dos aspectos bioecológicos destes insetos. Os ataques dos cupins dificilmente são detectados nos estágios iniciais porque costumam construir túneis abaixo da superfície para a sua sobrevivência. Desse modo, somente percebemos a presença dos cupins quando o ataque já atingiu níveis bastante elevados, promovendo danos significativos e irreparáveis.

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Existem diversas estratégias que podem ser empregadas na prevenção, desde a escolha de material resistente a ser empregado nas construções ou uso de madeira tratada, até barreiras físicas, métodos alternativos de plantio, antecipação do plantio e barreiras químicas com produtos cupinicidas. Relacionamos a seguir exemplos de três estratégias bastante comuns.

1.BARREIRAS FÍSICAS

O acesso dos cupins a viveiros, hortas, plantios, etc. pode ser dificultadopor meio de alguns artifícios práticos. Um exemplo de barreira física contra os cupins consiste no emprego de viveiros suspensos com plantio em tubetes com estrutura de isopor, dificultando-se o contato dos cupins com as mudas. Essa técnica é muito usada na silvicultura. Outra tática de barreira física é a construção de trincheiras em volta das construções, com profundidade e perímetro similar ao alicerce, devendo a trincheira ser preenchida com areia de rio peneirada, de modo a formar uma barreira granulométrica. Dessa forma os cupins não conseguem construir os túneis em uma camada de areia, e então não podem atravessar a barreira. Em hortas, pode ser empregada uma camada de areia peneirada envolvendo o canteiro por baixo e nas laterais. No plantio de cana-de-açúcar é possível adaptar o arado para produzir sulcos mais largos e mais profundos, com o propósito de atrasar ou dificultar o ataque dos cupins aos toletes. Desse modo os toletes ficam por algum tempo protegidos por uma camada de solo bastante desestruturado que significa na prática uma barreira granulométrica que os cupins não penetram com facilidade.

2. ANTECIPAÇÃODEPLANTIO

Um exemplo de técnica de antecipação de plantio ocorre em plantações de eucalipto em algumas regiões do Estado de São Paulo e Paraná. Planta-se as mudas fora da época de maior ataque dos cupins, durante a época chuvosa, de modo que as mudas se recuperam mais rapidamente se houver um ataque.

3. BARREIRASQUÍMICAS

O emprego de produtos químicos de longa persistência e poder residual pode ser uma alternativa viável. Quanto a barreiras químicas temos o tratamento prévio de madeiras, o emprego de cupinicidas em pulverização nos sulcos de plantio e também pulverizações nas trincheiras de construções como ação adicional preventiva de controle, inclusive aplicações sobre as barreiras granulométricas já descritas.

MONITORAMENTOVISANDOCONTROLE

O monitoramento dos cupins deve estar associado a táticas de prevenção e de controle. Para as culturas agrícolas mais comuns, o monitoramento pode ser feito por amostragem do solo ou por emprego de iscas atrativas. Ambas as técnicas são eficientes. Em cana-de-açúcar costuma-se aproveitar toda a estrutura de coleta da amostragem rotineira de solo e adicionar ao trabalho uma amostragem da presença de cupins em uma ficha própria. Neste caso, não é tão importante a contagem do número exato de cupins amostrados, pois a simples presença de algum cupim já indica que existe uma colônia próxima abrigando milhares de elementos. Marca-se na ficha de amostragem a porcentagem de ataque em relação aos pontos de amostragem. Em áreas mais extensas convém fazer uso de um sistema de posicionamento global (GPS) para uso em mapas de georreferenciamento.

Na silvicultura costuma-se empregar iscas atrativas ricas em celulose que fazem parte da alimentação dos cupins. Usa-se simples pedaços de papelão corrugados dispostos na forma de rolos que devem ser espalhados nos pontos de amostragem, onde devem ficar por pelo menos duas semanas. Em áreas de pastagem no sul de Minas Gerais é comum usar o próprio esterco bovino como isca atrativa para o monitoramento.

Nos cultivos agrícolas o monitoramento deve ser realizado diretamente nas plantas. Deve-se percorrer toda a área cultivada observando-se as raízes nos diversos pontos de amostragem, com atenção especial para as plantas com sintomas de depauperamento e amarelecimento, sendo que alguns sintomas podem ser confundidos com deficiências hídricas ou doenças. Os diversos pontos de amostragem devem ser georreferenciados com um sistema de posicionamento global para os planejamentos das próximas safras.