MONISMO NA OBRA DE CHICO XAVIER

Vim a consolidar, com as graças inspirativas de um sábio amigo da espiritualidade, três artigos versando sobre aspectos filosóficos de ordem Monista na obra de Allan Kardec, esclarecendo, mais ainda, como tal probabilidade, na história do mundo inteligível, assume o caráter de uma idéia universal. Seus títulos, em ordem seqüencial, receberam as denominações de: 

-Espiritismo, Panteísmo e Monismo;

-Espiritismo: Gérmen do Monismo Ubaldiano; e

-Idéia Universal do Monismo. 

Óbvio está que não pretendi traçar, com tais artigos, todos os aspectos positivos da equidade, do entrosamento e da perfeita sintonização filosófica da obra de Kardec com a de Pietro Ubaldi, mas, pelo menos, chego a conclusão de que tentei exaustivamente fazê-lo e vou continuar tentando, pois que Ubaldi, a meu ver, não tinha de repetir Kardec, mas sim de complementá-lo, desenvolvê-lo em suas tantas perspectivas assentes e convergentes para a divina plataforma do Cristianismo, em sua essência mais pura e mais sublime. 

Tudo isto, é claro, apesar das estreitezas mentais de alguns espiritistas carentes de mais profundas e certeiras conceituações filosóficas, portando, mais ainda, uma quase que total distância das obras ubaldianas. Tal procedimento, muito mais próximo do sensível que do inteligível da proposição platônica, fazem crer que não só não conhecem a fundo a obra de Kardec, bem como desconhecem a de Ubaldi e, mais ainda, as de Francisco Cândido Xavier.  

Isto vem a ser compreensível em face das complexidades doutrinárias do Espiritismo em seu tríplice aspecto-síntese da sabedoria humana e espiritual, cujos preceitos, diga-se, tendem a dilatar-se mais ainda, sucessivamente e progressivamente na linha do tempo-evolução que não para, mas se estende imenso rumo ao infinito do conhecimento estelar e universal. 

E o fato é que um de tais espiritistas, de forma bastante deselegante, e, condenando a obra de Ubaldi, diz estribar-se soberbamente na coletânea psicografada “por Chico Xavier, Ivone Pereira, Zilda Gama, Frederico Junior e outros poucos”. 

Porém, só neste pequenino trecho é de se questionar: como pode alguém dizer que se apóia nas obras de Chico Xavier, sabendo, ou, desconhecendo, muito provavelmente, que Emmanuel, por meio deste mesmo medianeiro: Chico Xavier, esteve a prefaciar e a defender de público a obra de Pietro Ubaldi? Além do mais, Emmanuel, como se sabe, não estava sozinho; ele representava (hoje, Emmanuel, encontra-se reencarnado no Brasil) uma equipe das mais solenes e respeitáveis do Plano Espiritual; tal opinião, pois, não é apenas de Emmanuel, não é apenas e tão somente singular, mas pluralista, proveniente, pois, de altos planos da sabedoria universal. 

Equipe esta, patenteia-se a conjectura, de que seria até maior que a plêiade de Espíritos que consolidaram com Kardec a Terceira Revelação da Lei de Deus em meados do século dezenove. Tanto é que Kardec deixara codificado cerca de vinte importantíssimas obras e Chico Xavier pudera materializar mais de quatrocentas retratando os mais diversos estilos e temas, sendo, o seu trabalho, tal como o de Kardec, reconhecido por intelectuais, espiritistas ou não, do mundo inteiro por sua competência mediúnica, sua vivência evangélica, jornada sacrificial de exemplo cristão. 

Ora, para um trabalho de tamanha grandeza (mais de quatrocentos livros), óbvio que Xavier, mais que um simples médium, era um sábio, um elemento de riquíssima bagagem experiencial pretérita registrada em seu cérebro perispirítico, cuja riqueza refletia em sua obra, sua postura ética, seu acendrado amor pelos semelhantes. 

Valendo acrescentar, mais ainda, que o Chico conhecera, estudara “A Grande Síntese” de Pietro Ubaldi, sendo capaz de fazer brilhantes comentários sobre a estupenda obra. Chico era, pois, dotado de brilhante capacidade intelectual, mas ocultada, sem dúvida, por sua tremenda humildade. 

Indubitavelmente que o fato do Chico, e da equipe que lhe assistia apoiarem o conteúdo da “Síntese” ubaldiana é algo deveras relevante. 

Isto porque, apoiá-la e defende-la se traduz pelo apoiar e defender o seu conjunto de vinte e quatro volumes, que, sem dúvida, para quem conhece o trabalho de Ubaldi, sabe que o mesmo, além de outros temas, irá desenvolvê-la amplamente mais, sobretudo com os tratados nela fundamentados de “Deus e Universo”, “O Sistema” e “Queda e Salvação”, todos editados pela Fundapu. 

Mais ainda: na obra de epíteto: “Emmanuel” (1937 – Chico Xavier – Feb), deste mesmo Espírito, o autor reforça o Monismo na obra de Xavier nas sábias respostas dadas ao seguinte questionamento: 

P – “Será lícito considerar-se Espírito e Matéria como dois estados alotrópicos de um só elemento primordial, de maneira a obter-se a conciliação das duas escolas perpetuamente em luta, dualista e monista, chegando-se a uma concepção unitária do universo?”. 

R – “É lícito considerar-se Espírito e Matéria como estados diversos de uma essência imutável (ou substância imutável; o que muda, quero crer, é a sua potencialidade, sua manifestação na forma, consoante específico padrão vibratório: inserção deste articulista), chegando-se dessa forma a estabelecer a unidade substancial do universo”. 

E prossegue Emmanuel: 

“Dentro, porém, desse monismo físico-químico, perfeitamente conciliável com a doutrina dualista, faz-se preciso considerar a Matéria como o estado negativo e o Espírito como o estado positivo dessa substância. O ponto de integração dos dois elementos estreitamente unidos em todos os planos do nosso relativo conhecimento, ainda não o encontramos”. 

E lança mão do seu prognóstico, o ilustre mentor espiritual nas alegações de que: 

“A Ciência terrena, no estudo das vibrações, chegará a conceber a unidade de todas as forças físicas e psíquicas do universo”. (Opus cit.). 

E prossegue: 

“O homem, porém, terá sempre um limite nas suas investigações sobre a Matéria e o Movimento. Esse limite é determinado por leis sábias e justas, mas, cientificamente poderemos classificar esse estado inibitório como oriundo da estrutura do seu olho e da insuficiência das suas faculdades sensoriais.” (Opus cit.).

 

Tudo muito claro e pacífico no que se refere ao aspecto monista da questão, no estabelecimento da unidade substancial do universo. O que implica dizer que a obra xavieriana tem caráter fundamentalmente monista, afiançada pelos seus dois principais articuladores: o médium missionário Chico Xavier, cordato com o pensamento monista na recepção da obra, e Emmanuel, responsável máximo por tal pensamento e, portanto, pela sintonização com o referido canal mediúnico que lhe acolhera, e, mais ainda, abrindo caminhos para a implantação, divulgação e desenvolvimento de tal obra no mundo. Ora, e teria de ser assim, haja vista que o Espiritismo Codificado se inclinava para tal Monismo, e Chico-Emmanuel, como grandes ampliadores do Espiritismo kardequiano, não fugiriam à regra insinuada em “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec – 1857) mesmo, como já visto.

 

Mas de retorno àquele crítico que ensejara o presente texto defensório, devo reiterar, entretanto, que, sendo ele meu amigo, ou não, estejam certos de que não o condeno, como pessoa – quiçá, a melhor delas - por sua crítica, mesmo que equivocada. Trata-se de um direito seu. Mas é condenável a idéia de quem critica de forma insensata, não pensando nas conseqüências do que pensa e do que escreve, ferindo suscetibilidades e ofendendo a pessoa do criticado, dando risinhos (rsrsrs) de deboche a certo trecho de sua crítica, quando, no caso em questão, se tratava e se trata de coisa séria, a ser vista com um mínimo de tato, prudência e sensibilidade cristã.

Tão séria que se tratava e se trata, pois, de um homem (Pietro Ubaldi) que, dada à sua alta evolução e capacidade intuitiva supranormal, obtivera a missão divina para deixar-nos publicado vinte e quatro excelentes tratados resolvendo grandes problemas Teológicos, Ontológicos, solucionando, mais ainda, os problemas da Filosofia, da Ciência e do Espírito conduzindo-nos a Cristo, de quem era seu discípulo e manso seguidor. Por tudo, penso que, “insensato”, ou, um “pobrezinho” qualquer, como fora impiedosamente tratado por aquele espiritista, Pietro Ubaldi não era, não! 

Reconheço, por outro lado, que o pensar humano é essencialmente crítico; e, portanto, o ser humano não só pode como deve criticar, mensurar, avaliar o que seja do seu agrado ou não; portanto, a qualquer um de nós, ou melhor, a todos nós, é concedido o direito à crítica, seja falada, escrita ou televisada. No que se refere à segunda, sabe-se que escrever é um ato de grande responsabilidade, de exposição de nossas idéias, valores, comportamentos, solicitando-nos, sempre, importantes reflexões de sorte a não ferirmos a integridade pessoal de quem quer que seja. Por outro lado, o que nos garante que estejamos certos, e, que o nosso oponente, quando o é, esteja errado, neste mundo composto por duas humanidades (encarnada e desencarnada) em evolução, em caráter de aperfeiçoamento? 

O que significa, portanto, que, no estágio atual, somos extremamente imperfeitos, como se há de constatar, e o temos constatado, prolongadamente, e, no meu caso, no decurso de toda uma vida já quase sexagenária. Portanto, reflitamos com o fato de que podemos estar muito enganados em nossa crítica; mas só chegaremos a tal se albergarmos em nosso mundo íntimo um mínimo de coerência, de sobriedade e de bom senso, de sorte a não perdermos nossa credibilidade perante nossos leitores que, cedo ou tarde, se alinharão com a verdade e poderão constatar nossa insensatez ou nossa prudência, nossa pobreza ou nossa riqueza, pressupostos de nossa menor ou maior dignidade espiritual. 

Finalizando, diria mais ainda que: 

Se dito articulista conhecesse melhor o Monismo espiritualista de Pietro Ubaldi, jamais diria que o mesmo é panteísta, mas, tal questão, já pude devidamente esclarecer em meu primeiro artigo intitulado: “Espiritismo, Panteísmo e Monismo”, já postado na net, onde declaro fundamentado em bases estritamente positivas, que: 

“Assim, se o Espiritismo de Kardec não é panteísta, o Monismo de Ubaldi também não o é, conquanto as inegáveis contribuições do Panteísmo àquelas formas mais modernas e atualizadas do pensar filosófico resgatando as verdades desta visão sintética da fenomenologia universal”. (Artigo cit.). 

Resumindo: 

-O Espiritismo de Kardec é o gérmen do Monismo de Pietro Ubaldi, sendo seguidos, inequivocamente, pela obra Monista de Chico Xavier, o maior médium psicógrafo de todos os tempos, sob o auspício reluzente do magnânimo Espírito de Emmanuel. 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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