MODERNISMO NO BRASIL (1922 - até hoje):

O Modernismo é um movimento próprio de cada região onde apareceu. Assim o Modernismo brasileiro é um movimento nascido no Brasil, é nacionalista, reflete o pensamento do nosso povo, nossa beleza, nosso folclore e tradições.

Como na Europa, no Brasil também houve uma mudança radical de pensamento: implantação da República, progressos científicos e tecnológicos, desenvolvimento industrial, agrícola e comercial. Também apareceram diversos conflitos: greve dos operários, revolução constitucionalista de 1930, Coronelismo no nordeste, fanáticos do Pe. Cícero, cangaço, reflexos da queima do café (preços muito baixo), Estado novo e outros. Com todas estas mudanças, as idéias também mudariam.

A literatura passou a ser uma arma onde os escritores descarregavam tudo o que pensavam e isto de uma maneira livre, sem seguir os padrões tradicionais. Ela foi uma espécie de porta-voz de todas as manifestações humanas.

Em 1912, Oswald de Andrade encontra aqui um grupo de intelectuais preocupados com a renovação literária no país. Ele integrou-se ao grupo e dos artigos publicados em jornais e revistas é que surgiu a idéia de uma semana de arte moderna afim de reunir, debater e estudar toda a produção e definir os rumos que o estilo devia seguir.

Entre 1912 e 1915, Oswald de Andrade publica seus artigos defendendo o novo estilo. Lasar Segall realiza uma exposição expressionista em 1913 e em 1914 Anita Malfatti realiza sua primeira exposição. Também neste ano o jornal "O Estado de São Paulo” publica uma série de artigos da nova corrente.

Em 1915 Ronald de Carvalho participa da fundação de Orpheu, primeira revista futurista de Portugal.

Em 1916 foi fundada a Revista do Brasil, por Lima Barreto, Júlio Mesquita e Alfredo

Pujol. Também em 1916 Adelino Magalhães publica "Casos e Impressões" com alguns

resquícios modernos.

O ano de 1917 foi um grande ano no movimento cultural brasileiro. Anita Malfatti realiza a segunda exposição, a qual foi tremendamente criticada por Monteiro Lobato num artigo "Mistificação ou Paranóia?" Apareceram muitas obras nesse ano: Mário de Andrade (Há uma gota de sangue em cada poema), Manuel Bandeira (A cinza das horas), Menoti Del Picchia ( Moisés, Juca Mulato), Guilherme de Almeida ( Nós), Murilo Araújo (Carrilhões).

Graça Aranha retorna da Europa onde mantivera contatos com grandes autores do novo estilo: Apollinaire, Balise, Max Jacob e outros.Todos esses intelectuais estavam decididos. Aqui no Brasil, os nossos intelectuais, reuniram toda a produção renovadora e lançaram a "Semana da Arte Moderna".

15.7.A SEMANA DA ARTE MODERNA:

A Semana da Arte Moderna ocorreu entre l3 e l7 de fevereiro de 1922. Foram representações no teatro municipal de São Paulo. Estavam na pauta: conferências, concertos e recitais, declamações, etc. Destacaram-se nesta semana: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Rego Monteiro, Brecheret- na pintura: Heitor Villa-Lobos - na música; Antônio Moya na Arquitetura - Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida e outros na literatura.

Teve de tudo na Semana da Arte Moderna: vaias, discussões, brigas, risos, deboche e

outros.

Graça Aranha fez a abertura da semana com o tema: "A emoção na Arte Moderna". Arte? Que arte? Talvez perguntasse o público que quase nada entendia daquilo tudo.

Os organizadores desorganizados irmanavam-se num mesmo sentimento. Um deles afirmou: "Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos discernir o que não queremos.

O fato é que a idéia do moderno foi lançada e apesar das dificuldades, aos poucos foi aceita pela massa. Os autores do escândalo foram reconhecidos e atingiram o que propuseram: livre forma de expressão, verso livre, uso de linguagem coloquial, temática do presente etc.

15.8.REVISTAS E GRUPOS:

Após a Semana da Arte Moderna, os autores precisavam vasar suas idéias e trabalhos.

O grupo não permaneceu uno. Graça Aranha foi o primeiro a se desentender com os outros. Em 1925 havia vários grupos de modernistas e o trabalho da renovação continuou primeiramente no Rio e São Paulo e depois em outros Estados brasileiros. Entre os grupos destacaremos os principais:

1.Grupo Dinamista - Rio de Janeiro - Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Renato Almeida, Álvaro Moreira, Villa Lobos e outros. Pregavam o culto do movimento e da velocidade, progresso material. Destaca-se daí o livro "Velocidade" de Renato Almeida”.

2.Primitivista - São Paulo: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Alcântara

Machado e outros. Inspiravam-se no primitivismo da terra e gente brasileira. Lançaram

o manifesto do Pau Brasil e a revista antropofagia.

3.Nacionalista - São Paulo - Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Menotti Del Piccia, Cândido Mota e outros. Lançaram o movimento verde amarelo, da Anta, da Bandeira. Pregavam a nacionalização da literatura, incluindo temas indígenas, folclóricos, nativos, americanos. Pretendiam criar a epopéia brasileira.

4.Espiritualista - Rio de Janeiro - Tasso da Silveira, Andrade Muricy, Murilo Araújo, Adelino Magalhães, Cecília Meirelles, Murilo Mendes, Nestor Vítor (crítico). Pregavam a tradição e o mistério, conciliavam o passado e o futuro. Tentaram conservar a herança Simbolista e espiritualista. Publicaram seus trabalhos na revista: "Festa".

5.Desvairada: Mário de Andrade - Pregava a renovação da poesia e a criação da língua nacional, a liberdade de pesquisa estética. Vários intelectuais do país inteiro ligaram-se a este grupo.

Além destes, surgiram outros em todo o país: Independentes, Verde de Cataguases, Flaminaçu, Madrugada e muitos outros.

Entre as revistas, as principais são: Klaxon (São Paulo), Estética (Rio de Janeiro), Terra Rocha e outras Terras (São Paulo), Antropofagia (São Paulo) Papel e tinta (São Paulo) Revista do Brasil (Rio de Janeiro), Festa (Rio de Janeiro).

15.8.CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO:

São inúmeras as características do Modernismo, todas em oposição aos conceitos tradicionais. Elas fizeram uma verdadeira ruptura. Principais características:

1.Total liberdade de forma de expressão;

2.Uso da linguagem coloquial (cotidiano);

3.Uso do verso livre e bárbaro:

4.Descontinuidade cronológica e espacial:

5.Humor na poesia (Poema-piada);

6.Inclusão dos fatos do momento;

7.Nacionalismo, presença da paisagem e sensibilidade da história da terra;

8.Regionalismo, folclore, lendas, tradições e mitos brasileiros;

9.A ação do enredo perde a importância;

10.Linguagem direta, predominância dos substantivos

11.Universalismo.

15.10.FASES DO MODERNISMO:

Os críticos costumam dividir o modernismo brasileiro em três fases ou gerações, isto para facilitar o estudo.

PRIMEIRA FASE: É a fase da implantação, em que são lançadas as bases da nova estética. É também o período de entrosamento entre os autores. Na verdade havia ainda muita indecisão nesta fase e os autores procuravam uma rota para seguir. É o início das manifestações e vai até 1930. Nesta geração apareceram muitas revistas, jornais literários, obras, além da própria Semana da Arte Moderna. Principais autores: Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Ribeiro Couto, Tasso da Silveira, Ronald de Carvalho, Raul Bopp, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles, Murilo Araújo, Barreto Filho e outros.

SEGUNDA GERAÇÃO: Vai de 1930 a 1945 - é a fase central da corrente. Os autores procuram buscar a originalidade, abandonam o imediatismo, os poemas piadas. Tentam criar uma obra totalmente imortal, engajada, responsável. As obras passam a ser mais trabalhadas, mais raciocinadas, deixando de lado as banalidades, o sentimentalismo absoluto dos autores. Autores principais: Augusto Frederico Schmith, Otávio Faria, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, Abílio e Dante Milano, Érico Veríssimo, Onestaldo de Penaforte, Ciro dos Anjos, Cornélio Pires, José Montelo, Lúcio Cardoso e outros.

TERCEIRA GERAÇÃO: Vai de 1945 para a frente. Alguns chamam esta fase de Pós

Modernismo ou Neo-Modernismo. Preferimos denominar de 3a. fase. A preocupação do autor é ainda maior. Ele quer fazer uma obra artesanal, aperfeiçoando a linguagem num trabalho lúcido, original, racional. Um trabalho que exige observação, pesquisa, reflexão e principalmente uma boa elaboração. Ao lado do verso livre, reaparece o verso metrificado, rimado, uso de neologismos. Autores principais: Ledo Ivo, Domingos Carvalho da Silva, João Cabral de Melo Neto, Graciliano Ramos, Mário Quintana, Manuel Cavalcanti Proença, Raquel de Queiróz, José Lins do Rego, Afonso Félix, Antônio Olinto, Marcos Konder Reis, José Américo de Almeida, José Paulo Moreira da Fonseca, Francisco Marins, Darci Damasceno, Mauro Mota, Maria da Saudade, Carlos Pena Filho, Mário Donato, Gustavo Corsão, Antônio Calado e muitos Outros.