O que procuras ?

Esperei e trabalhei
Para ganhar o meu ócio,
Até que a solidão me enfadou
E me entreguei ao gozo árido.
Bebi e joguei,
Festejei e dissipei,
Até que, enfêrmo e envergonhado,
A comida ficou insossa.
Procurei no Livro
Por radicais convicções,
Até que o cansado cérebro oscilou
Com as próprias contradições.
Então, farto dos ditos,
Da tolice posta em rótulos,
Principiei a ensinar
A vida não se melhora:
Que o combatente falha
Qualquer seja ela a arma,
E nada se aproveita
Enquanto tempo e acaso passam.
Que os tolos que afirmam os homens
Com mentiras são respeitados,
Enquanto a imaginação dos puros
É escarnecida e rejeitada.