MINHAMUSAMISTERIOSA... OU MINHA PAIXÃO PLATÔNICA.

Hoje eu a vi!...Ou melhor, revi, depois de certo tempo ansioso à espera de que tal acontecesse.

Passeava solitário pelo shopping quando resolvi sentar-me num dos bancos e ficar apreciando o desfile das beldades que costumam aparecer nos finais de semana.

Absorto em meus pensamentos, nem notei que ela estava bem ali, num quiosque à minha frente! Usava uma roupa lilás que realçava sua beleza e a loirice de seus cabelos.

Linda, ela chegava sempre só. Procurava uma mesa vazia e ali se instalava. Sempre muito elegante, sobriamente vestida e discretamente adornada, despertava minha curiosidade e minha libido!

Quem seria?! Nunca a vira nos lugares comuns para se conhecer pessoas, tais como bares, restaurantes, clubes, shoppings, etc.

Sempre séria, quase sisuda, parecia ignorar tudo e todos à sua volta! Nenhum sorriso, impassível! Seu olhar vago percorria toda a sala, porém, sem fixar-se em nada ou alguém!

Aquilo mexia comigo! Qual seria o segredo daquela mulher misteriosa?!

Do mesmo modo como chegava, após algumas partidas jogadas, ela deixava o salão do bingo, soberana.

Por várias vezes isso aconteceu e parece que eu ficava, a cada dia, esperando a bela mulher misteriosa aparecer, apenas para contemplá-la de longe.

Não resisti, e num determinado dia, pedindo licença, sentei-me à sua mesa. Bem à sua frente, queria vê-la de perto. Matar minha curiosidade e sentir seu cheiro. Pude então observá-la melhor.

Loira, olhos verdes evasivos às minhas encaradas, cílios longos, volteados, pele lisa, hígida, sedosa como a de uma jovenzinha! As marcas faciais, que seriam naturais pela faixa etária que ela me sugeria, não existiam. Realmente, uma mulher com um rosto privilegiado, uma pele invejável!

Lábios grossos, bem desenhados (que eu imaginava estar sugando, num daqueles chupões voluptuosos de quando o tesão é enorme!), que emolduravam dentes alvos, perfeitos.

Isso eu só consegui ver depois de dizer uma gracinha sem graça qualquer e finalmente ser contemplado com um discreto e educado sorriso!

Os seios pareciam normais, ou naturais (quer dizer, sem silicone) e de volume proporcional à sua silhueta magra, esguia, bem definida.

Ela mantinha o olhar na cartela e assim pude deleitar-me, observando atentamente aquela bela mulher, sem ter sido inconveniente ou constrangedor.

Com o fechamento dos bingos, perdi totalmente o contato com minha musa. Imaginava jamais revê-la!

Mas Deusinho é ótimo comigo!!

Numa manhã de sábado dei de frente com ela exercitando-se numa caminhada... Encarei e sorri. Ela interrompeu a marcha, sorriu, estendeu-me a mão num cumprimento amistoso e perguntou:

- Do bingo, né?!

- Sim, do bingo, respondi. Como vai, Luiza?

- Puxa... Você se lembra do meu nome?!

- Como não haveria de...?!! Indaguei.

Percebi nela uma expressão mista de vaidade e contentamento.

- Que bom! Prazer em vê-lo.

Dito isso, estendeu-me novamente a mão despedindo-se e continuou na caminhada. Eu fiquei observando sua esbelta silhueta indo, numa bermuda branca, camiseta florida e o indispensável tênis.

As pernas, branquinhas como a bermuda, porém, bem torneadas e sem varizes (rsrs)

Lá pela metade do quarteirão ela resolveu atravessar a rua e disfarçar uma olhadinha para trás, conferindo se eu ainda a acompanhava com o olhar.

Mais vaidosa ainda deve ter ficado ao constatar que eu estava ali parado, aguardando seu sumiço na distância.

E mais uma vez eu a perdi de vista... O mistério continuou!

Eis, porém, que a reencontro, meses depois, no caixa eletrônico de uma agência bancária. O lugar, lógico, mais inverossímil e inesperado para um encontro... Ou será que não?!! Claro que sim! Com centenas de agências bancárias na cidade, caixas eletrônicos com até 24 horas de atendimento... Por que deveria eu estar naquela agência, justamente àquela hora, minuto ou segundo?!! ( MAKTUB ? do árabe, estava escrito, era o destino)

Dessa vez pensei rápido, e ao invés do óbvio que seria pedir o número de seu celular (o que seria prontamente negado), fui mais sutil e convidei-a a visitar-me no Recanto das Letras, fornecendo o endereço para tal. Ela não apareceu e eu decepcionado curti minha triste insignificância até hoje, quando ela revelou ter tentado, mas não conseguido, o acesso. Talvez um engano no endereço fornecido ou um erro de digitação.

Menos mal que isso tenha ocorrido... A esperança de tê-la em meus braços renasceu! Forneci novamente o endereço e ansiosamente aguardo a hora que esse tesão de mulher entre em contato.

Estou platonicamente apaixonado!!!... De quatro !!!

Soriévilo02/03/08