MIMO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

O que se tem notado é que cada vez mais, as pessoas, ao invés de enfrentar as suas dificuldades vivenciais dentro da realidade, se tratam com uma irresponsabilidade vivencial cada vez maior. Deixa-me perplexo que um simples desrespeito e uma frustração qualquer, levam a abandonar sua vida pessoal e profissional, como se essas nada valessem. As descartam como uma coisa qualquer, insignificante. O pior é que encontram nos profissionais de saúde ecos para os seus mimos. Eles além de darem créditos, adoecem na primeira consulta, com diagnósticos conclusivos (depressão, transtorno de ansiedade, transtorno de humor, etc.). Não prestam atenção que elas estão em busca de justificativas para o seu autoabandono. Na verdade, não querem mudar, pois só muda quem admite os próprios erros. Isso jamais! Logo, falar sobre mimo, mimador e mimado passou a ser um tema muito interessante, já que envolve várias interpretações, desde um ato de carinho até um desvio de personalidade.

É importante ressaltar que o assunto a ser exposto ficará restrito aos malefícios que o mimo poderá produzir numa pessoa. Visto sobre esse prisma, o mimo será analisado sobre dois aspectos: o mimador e o mimado.

Para o autogerenciamento vivencial, o mimador poderá ser analisado sobre dois aspectos:

Aquele que devido a uma experiência pessoal frustrante, de dor e sofrimento, acha que poderá através do ato de mimar o outro (o filho, o marido, a esposa, etc.), estar compensando o que lhe aconteceu no passado e ainda mais, evitar que os mesmos sintam as mesmas frustrações, rejeições, decepções que sofreu na vida. Pobre iludido esquece que só têm poder sobre si e que jamais poderá evitar ou compensar as decepções, frustrações e rejeições do outro.

O motivado por sentimento de culpa, por não ter feito até o momento o que deveria ter feito, como pai, mãe, etc., procura compensar através de uma educação sem limite e irresponsável e de uma relação de anulação da própria vida, o que não deu através de afeto, carinho e participação na família. Pobre ofuscado esquece que só tem poder sobre si e que jamais poderá compensar o que o outro sente ou sentiu falta.

O mimado também poderá ser analisado sobre dois aspectos:

Aquele que não aprendeu a lidar com as frustrações, já que durante a sua educação familiar, os pais sempre fizeram o que ele quis, nunca o ensinaram e este por sua vez, também nunca desejou aprender, que na vida, terá que enfrentar ou conviver com situações frustrantes e que elas jamais se submeterão aos seus caprichos e vontades.

O revoltado com a vida, já que a vida não foi e não é do jeito que quer, prefere combater, lutar, ir contra ela. É o que queria ser mimado e por não ter sido, revolta-se, não busca compreender a vida, o outro e suas diferenças. Não percebe que ao agir com rebeldia e teimosia o maior prejudicado é ele próprio, já que a revolta para existir, precisa ser primeiramente construída dentro de si e aí sim, ser expressa. Por pensar e agir assim deixa de conquistar o seu melhor e passa a sua existência reclamando da vida que leva e acusando as pessoas de serem responsáveis. Pobre coitado é vítima de si mesmo e não percebe o seu autoflagelamento. Não vê que o seu mimo o cega.

 Citarei, entre os vários filósofos, o que acho adequado a esse tema.

Platão — mito da caverna

Para Platão, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõe a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão do que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.

Isto significa que sem autoconsciência/autorreflexão tornará escravo “integralmente” do motivo que instiga a sua consciência, essa é a pior escravidão vivencial que pode existir. Felizmente nós possuímos a liberdade de desobedecer.

Para refletir:   

O homem possui vários caminhos para mudar a sua vida, a alienação, o suicídio, a loucura ou a auto-aceitação. Escolha o seu?

Embora a família contribua para a sua formação cognitiva e social, na verdade, em termos vivenciais, você é produto das suas escolhas vivenciais e não da sua família. Ter família é importante, porém não é fundamental para você ser você e lutar pelo seu melhor. Nunca se esqueça que no mundo da imortalidade na há procriação. Sacou!

Acordem mimados!!!! Terapia não consiste em falar mal ou acusar o outro de ser o responsável pela sua infelicidade, “descarrego vivencial” e nem ter a falsa esperança que através da sua terapia irá mudar quem o/a incomoda. Também não consiste em fazer um tour no museu da sua vida. Terapia é na verdade um ato de autoconsciência/autorreflexão em que se busca um novo caminho para o seu caminhar nessa vida. Para o autogerenciamento vivencial, só mudando de lógica vivencial que se irá mudar de caminho. Nunca se esqueça que em termo vivencial, você é reflexo de si mesma.

Ainda mais! Há pessoas que acha que por ter vivido um sofrimento, passou a ter como prêmio a felicidade. Esquece que a felicidade não é uma herança vivencial, já existe dentro dela, a sua manifestação, essa sim, é um problema do dia a dia, já que ela depende do conteúdo de cada presente para se manifestar. Uma pessoa que no seu interior só habita a infelicidade como pode vive-la e expressá-la????????  O que vocês acham?????

Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo

Email:
[email protected]
hotmail:
[email protected]
blog:
wwwnovaconsciencia.blogspot.com