Hoje não é o melhor dia – é meu aniversário – mas talvez a melhor hora seja esta. Há dias venho sofrendo por causa deste aniversário. Não apenas pela idade que completo, muito mais pelas conquistas que não tive! E dizem: todo mundo passa por isso e coisa e tal, mas não me importo (não nesse exato momento) com o que se passa com todo mundo, afinal o mundo não está nem aí pra mim. Mas de repente descubro que algumas pessoas estão “muito aí “pra mim! E agora sinto-me uma ingrata, não só com elas, mas com a vida, com o que tenho feito dela... se tenho motivos pra ser feliz (na verdade não sei quanto acredito nisso) por que então prefiro ser triste? Embora não seja necessariamente uma questão de escolha... Hoje mais do que na véspera e em todas as vésperas da véspera me senti triste, infeliz, mas procurei não ficar me torturando com pensamentos e desejos frustrados e frustrantes. Apenas entristeci, sofri, mas sem chorar muito... a coisa mais fácil que acho na vida é ser triste. É da minha natureza e às vezes me cai melhor que um sorriso. Mas o sorriso é mais contagiante! Tenho andado sem palavras. Fiz cara de chatice na hora dos “Parabéns a você” na festinha surpresa que me arranjaram hoje à noite, e agradeci aos que se fizeram presentes com o básico “obrigada”. Se falasse mais choraria. Ultimamente tenho falado muito mais com meus olhos e lágrimas, com meu silêncio e mau humor, do que com palavras propriamente ditas. Acho que sou bipolar. Ou não. Tudo me faz chorar, feito mulher grávida sensível e ao mesmo tempo, tenho me julgado insensível com a dor dos outros. É estranho, mas por enquanto sou eu... é o que temos pra hoje! Talvez seja uma fase, um processo de transformação ou de amadurecimento - ou endurecimento, do coração – mas sei: ainda não sou eu e ao mesmo tempo sou eu aos 5, aos 10, aos 15 e aos 80 anos. Achava que aos 30 automaticamente virávamos mulher: forte, decidida, dona do mundo e do nariz. E a única coisa que sou dona é do meu nome. E nem sei se sou: tenho duas certidões de nascimento com nomes diferentes. Uma de quando eu não tinha pai e outra de quando ganhei um pai. Meu pai nasceu quando eu tinha sete anos de idade! Não governo nem meus pensamentos e desejos, senão já acordaria feliz e às 5h da manhã, ao menos nos dias quentes!