Você se lembra da história do copo meio cheio ou meio vazio?

Em momentos de incerteza, cada um de nós tem que escolher como vai enxergar o copo. Digo isso, porque já há sinais na imprensa de que o pior já passou, e que os números de vários setores estão se estabilizado.

Alguns dias atrás foram divulgados vários indicadores bastante interessantes da indústria brasileira e no dia 04 de maio foi a vez do mercado financeiro.

De fato, muitos analistas afirmam, desde o segundo semestre do ano passado, que o mercado brasileiro seria um dos primeiros a se beneficiar de uma melhora do cenário econômico-financeiro global. Mas nem o mais otimista deles apostava em altas tão expressivas do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) em tão pouco tempo.

O indicador disparou 6,59% e fechou pela primeira vez acima de 50 mil pontos desde setembro, quando o banco de investimentos americano Lehman Brothers quebrou, provocando... bem, você sabe o que.

Entre o dia 27 de outubro, quando o Ibovespa atingiu o menor nível dos últimos anos (29.435 pontos no fechamento), e no dia 05 de maio o avanço chega a 71,23%.

As ações mais negociadas, Petrobras e Vale, bem como os papéis do setor siderúrgico, puxaram a disparada do mercado doméstico. A ação preferencial da petrolífera subiu 7,07%, enquanto o ativo da mineradora disparou 8,75%. Já a ação ordinária da CSN teve forte ganho de 7,24%, a ação da Usiminas teve acréscimo de 6,18%, enquanto a ação da Gerdau teve avanço de 8,91%.

O movimento de recuperação foi liderado pelos investidores estrangeiros, que veem no Brasil uma ótima oportunidade em comparação com o resto do mundo neste momento. Até o dia 30 de abril, as compras de ações por parte desses investidores superavam as vendas em R$ 4,5 bilhões no acumulado do ano. Somente em abril, o saldo chegava a R$ 3,1 bilhões.

Uma das explicações que vem ganhando força é que o Brasil é bem visto porque tem um mercado interno forte (mais ainda depois das medidas governamentais de estímulo ao consumo), tem resistido bem à crise (graças a fundamentos considerados sólidos) e por causa de suas relações comerciais crescentes com a China.

Mercado chinês é a bóia de salvação
Uma informação relacionada ao gigante asiático foi a grande responsável pelo otimismo. Um indicador que mede a atividade industrial chinesa teve em abril a primeira expansão após oito meses seguidos de baixa.

A China é grande importadora de matérias-primas, como petróleo e minério de ferro. Como nosso país possui um grande excedente exportável de commodities, ele acaba atraindo a confiança dos investidores estrangeiros.

Além disso, analistas comemoraram a iniciativa dos países asiáticos em criar um fundo de emergência com uma verba de US$ 120 bilhões. Os recursos devem ser utilizados para ajudar os países mais seriamente afetados pela crise mundial.

Notícias que ajudaram a "levantar" o índice
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, preparado pelo Banco Central, revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro melhoraram suas projeções para a evolução do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano: em vez de uma contração de 0,39%, a mediana das projeções aponta uma retração de 0,30%.

O Ministério do Desenvolvimento contabilizou um superávit comercial (exportações maiores que importações) de US$ 3,7 bilhões. O resultado é 113% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (US$ 1,737 bilhão) e 109% maior que o verificado em março deste ano (US$ 1,772 bilhão).

O Bradesco anunciou lucro líquido de R$ 1,723 bilhão no primeiro trimestre, resultado 9,6% abaixo dos ganhos apurados em idêntico período de 2008. A instituição bancária elevou sua provisão (dinheiro de reserva) para devedores duvidosos em R$ 1 bilhão.

Expectativa sobre o mercado financeiro americano
O pano de fundo para que questões estruturais voltem a ser consideradas pelos investidores é a melhora de percepção sobre o sistema financeiro dos Estados Unidos. No dia 07 de maio o governo americano deve divulgar os resultados dos testes de estresse aos quais foram submetidos 19 bancos.

Informações antecipadas pela imprensa americana dão conta de que todos deverão precisar de mais capital. Contudo, o mercado não se tem mostrado preocupado porque há a percepção de que os valores necessários não são tão elevados quanto se imaginava, contribuido para a "calma" entre os mercados.

Tendência
Incertezas à parte, os analistas acreditam que, apesar das fortes altas recentes, a tendência para a bolsa brasileira ainda é de valorização. A Bovespa encerrou o primeiro pregão de maio com forte valorização e no período de apenas uma semana já acumula valorização de 10%. Em 2009, o ganho acumulado da Bolsa já chega a 34,2%. Os investidores estão um pouco mais animados com as expectativas para a economia doméstica e internacional. A taxa de câmbio retraiu para R$ 2,13, em sua menor cotação desde novembro do ano passado.

E você? Acha que o copo está enchendo ou esvaziando?

Bibliografia:
Jornal O Estado de São Paulo de 05 de maio de 2009
Jornal do Brasil de 05 de maio de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 05 de maio de 2009