Quantas vezes ouvimos falar, não só na mídia, como também entre as pessoas no dia a dia, sobre as dificuldades que o pequeno investidor passa no momento de aplicar suas economias? Quantas vezes ouvimos que o mercado de ações foi criado apenas para quem tem muito dinheiro e está distante de quem tem pouco?

            Estas e outras frases são longas conhecidas do âmbito financeiro. Tudo isso é fruto da falta de entendimento e conhecimento da sociedade. Prova disso é o percentual de investidores que temos no Brasil comparando-se ao percentual que existe nos Estados Unidos, ou seja, de aproximadamente 200 milhões de brasileiros, apenas cerca de 600 mil investem na Bolsa de Valores. Isso resulta em menos de 1% da população, enquanto nos EUA mais de 50% das pessoas já possui essa consciência econômica, Cabe ressaltar que parte dessa conscientização provém do incentivo das organizações (empregadores), uma vez que pagam seus funcionários com bônus em forma de ações daquela companhia, por exemplo. Além disso, estes mesmos funcionários, muita vezes, utilizam o salário para comprar mais e mais ações da mesma, tendo em vista que confiam naquela organização da qual fazem parte. Isso acaba virando uma “bola de neve”, pois o crescimento da empresa acaba ficando intimamente ligado aos funcionários, já que quanto mais ela cresce mais as ações da empresa sobem na bolsa de valores e o funcionário, por sua vez, também se beneficia por ser sócio-acionista. Além disso, o funcionário sabe que quanto maior for sua dedicação com a  empresa, maior a chance de ela atingir um resultado melhor. Vale ressaltar que o comprometimento e o entendimento dessas pessoas torna-se tão consciente que eles evitam, inclusive, desperdício, pois tem ciência de que isso se tornará custo e prejudicará a companhia da qual é também sócio.

            Em relação a falta de informação que foi mencionada , ainda existem muitas pessoas que acreditam que o investimento em ações deve ser obrigatoriamente alto em termos de capital. No entanto, atualmente é possível investir em ações de boas companhias com R$ 10,00, R$ 50,00, R$ 100,00, enfim, praticamente qualquer valor. O mínimo que podemos comprar em ações de uma determinada companhia é UMA AÇÃO. Ou seja, a empresa XYZ está custando na Bolsa de Valores R$ 25,00, logo, esse é o preço para eu adquirir uma ação dessa companhia. Estarei me tornando sócio dessa forma? SIM! Mesmo que essa empresa possua no mercado mais de 100 mil ações, você adquiriu uma participação nela, por menor que seja. Dessa forma, quando a empresa XYZ distribuir seus lucros trimestrais aos acionistas, você irá usufruir de forma proporcional.

            É importante salientar que é um grande mito a ideia de que grandes investidores possuem vantagens na Bolsa. Há bastante polêmica, pois muitos acreditam haver, pelo menos, um beneficio fiscal para estes investidores. No entanto, está na lei que o imposto, assim como demais regras, é aplicado da mesma forma para qualquer pessoa física.  Talvez a única vantagem dos grandes investidores seja relacionada ao custo, pois os custos fixos para quem tem mais dinheiro representam um impacto menor. Atualmente para manter uma carteira de ações, por exemplo, você vai pagar entre R$ 5,00 e R$ 20,00 reais por mês, ou mais dependendo da instituição financeira. Essa taxa é chamada de taxa de custódia e é repassada a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custodia). Sendo assim, R$ 20,00 reais para quem possui um investimento de R$ 10.000,00 equivale a um custo de 0,20% ao mês. Já para outro investidor que possua R$ 1.000.000,00 investido, os mesmos vinte reais representarão 0,002% de custo mensal, ou seja, quase zero. Podemos notar claramente que o ato de investir propriamente dito não é empecilho a ninguém, mas é inegável que deve-se ter atenção a sustentabilidade do investimento, pois do contrário mesmo que seu investimento resulte em um bom retorno, uma parte dos seus lucros serão usados para pagar as taxas, diminuindo o ganho real.

             De qualquer forma, o pequeno investidor pode pesquisar abertamente quais são as instituições que cobram menores taxas, bastando perguntar a cada uma delas antes de abrir uma conta para investir.

            Apesar da grande valorização da Bolsa de Valores entre 2000 e 2011, pouquíssimas pessoas se interessam por investimentos. No entanto, a cada dia a barreira da desinformação está caindo. Hoje, se você quer saber o que aconteceu no mundo, basta entrar em dois ou três sites de noticias e já está a par de tudo que ocorreu, seja na economia ou não. Se você ouviu falar de uma empresa que não conhecia até então e que pode vir a ser um bom investimento, basta entrar em alguns sites para ler a opinião de diversos analistas a respeito dela. Se você é cliente de um banco, corretora, ou ambos, você tem, provavelmente, à sua disposição uma enorme gama de informações que são divulgadas dia a dia pela área de análise desta organização.

            A cada dia fatores como informação globalizada, aliada ao crescimento econômico, principalmente do Brasil, trarão às Bolsas de Valores mais e mais investidores, basta olharmos para os países desenvolvidos que já se percebe o que irá acontecer. Sem contar o fato que no Brasil a taxa de juros oferecidas aos investidores da caderneta de poupança e títulos públicos e privados ainda são muito atrativas. No entanto, onde se investirá quando essa taxa chegar a 1% ao ano, ou menos, como ocorreu com os Estados Unidos? Pode demorar cem anos, não sei, mas uma coisa é certa, temos que estar preparados!

            É de fácil percepção que nas últimas duas décadas houve um “salto” tecnológico muito grande. Com isso, irão surgir mais e mais formas de investir de maneira fácil e prática. A informação chegará até nós cada vez mais rapidamente.

            Apesar das crises econômicas, as pessoas estão começando a entender que tudo está dentro de um contexto cíclico, onde há uma baixa ou retração na economia para, posteriormente, vir um movimento de consolidação resultando no desenvolvimento. O ano de 2008, com a crise dos EUA, acabou deixando uma marca muito negativa na economia. No entanto, é importante lembrar-se do grande crescimento que houve de 2000 a 2008, pois se o esquecermos, realmente a única coisa a se lembrar será a “terrível crise da Bolsa”. Se todos lembrássemos que em torno de cinco em cinco anos há um movimento dessa magnitude no mercado não teríamos ficado tão surpresos. Mas, pelo contrário, as pessoas estavam cegas, acreditando em um crescimento movido a dívidas e alavancagem das pessoas e dos bancos, completamente fictícios. As pessoas hipotecavam suas casas para consumir cada vez mais e os bancos estavam cheios de títulos “podres” que eram lastrados em imóveis de pessoas que não tinham condições de honrar suas hipotecas. É válido mencionar que existem diversas maneiras de se investir de forma diversificada e segura para correr riscos menores em momentos de economia frágil e que estão à disposição de qualquer investidor, descritos em livros, internet e nas instituições financeiras.

            Segundo estudos da grande maioria dos analistas de mercado de capitais, o crescimento global está em tendência de alta e é questão de tempo até acelerar novamente. Dessa forma, resta ter atenção e conhecimento em relação ao mercado para investir de forma inteligente e sustentável, já que cada vez mais isso fará parte de nossas vidas, tanto em âmbito pessoal como profissional. Portanto, caso ainda sinta-se desconfortável em investir ou achar que existe alguma barreira para tanto, basta procurar um especialista em uma instituição financeira ou buscar em literaturas cada vez mais informações. E lembre-se, invista em conhecimento!