Mentiras ou verdades pela metade
Publicado em 28 de março de 2009 por Lucia Jovelho
Estive pensando sobre as vantagens de se ser absolutamente sincero. Ou não.
Somos menos honestos quando escondemos o que sentimos? Porque existiria a mentira?
Vale lembrar que existem vários tipos de mentiras. Aquelas que aprendemos quando ainda somos crianças e praticamos principalmente com os amigos, com os professores e com os pais, geralmente sem grandes comprometimentos e sem afetar a vida de ninguém diretamente.
Desta fase infanto- juvenil pra frente vamos desenvolvendo e aperfeiçoando a arte de mentir, e aí criamos também as meias mentiras, lembram do Cazuza? – "mentiras sinceras me interessam..."
Daí pra frente todas as relações, seja entre pais e filhos, amantes, amigos, passando pelos políticos (particularmente), e chegando a qualquer mortal, o exercício da mentira foi ganhando contornos dignos de uma tese sobre o comportamento humano, alcançando assim status na sociedade moderna.
Não quero aqui entrar nas questões maléficas da mentira, que tem na fofoca o seu apogeu, não. Também não vou fazer juízo de valor das mentiras do dia-a-dia que podem envenenar a vida de alguém. Nestes casos andam juntos com a mentira a ética, o caráter, a dissimulação, etc. e isso não me interessa contemplar.
Interessa-me falar de relacionamentos afetivos que por conta da necessidade de sobrevivência criaram uma espécie de código que validaram as mentiras "brancas", ou mentiras e verdades pela metade, simplesmente porque compreendemos que a nossa sinceridade poderá magoar ou ferir alguém a quem queremos bem.
E é aí que eu queria chegar. Nem sempre seremos compreendidos, então, nos casos em que não vale à pena criar uma dor ou um sofrimento, dizemos aquilo que avaliamos ser o melhor para os dois lados.
Deste modo deixamos pra exercitar a mentira original e verdadeira somente com quem sabemos que irá suportá-la, mas tenho certeza que dificilmente alguém agüente o tranco de uma verdade nua e crua.
Nenhuma relação sobreviveria ao "sincericismo" sempre. Até porque nada nesta vida é absoluto, tudo é relativo, inclusive a mentira e a verdade.
Atire a primeira pedra aquela (ou aquele) que nunca teve que optar por uma mentira sincera, seja para dar ou para receber.