Memórias de um suicida

 


Era noite.

E chovia.

Tudo no total silencio.

Sem sombra de harmonia, felicidade, paz.

Não para mim.

Fechado em meu quarto, percebi que o que fazia já não valia a pena.

Percebi que há muito tempo havia abandonado minha vida.

Deixei minha família,

Meus filhos,

A mulher que tanto amava,

Por gloria pessoal.

Dinheiro.

Arrependo-me muito por isso,

E agora,

Não encontro mais sentido em minha miserável vida.

E foi isso que me levou a esta decisão.

 

Levantei-me.

Atravessei o quarto e peguei meu punhal.

Estava decidido.

 

Ali, em pé, me despedi de minha vida.

Levantei o punhal no ar e,

Com toda a coragem que me restava,

Cravei-o em meu peito.

 

Não pude deixar de gritar.

Sentia o sangue quente escorrer por minha pele, enquanto ia ao chão.

Deitado, sonhei uma vida diferente

Cuja qual eu teria tomado as decisões certas.

Sonho. Ilusão.

 

Caído, agonizando em meus momentos finais

Resolvi acabar com aquilo.

Fechando com mais forca minha mão sobre o punhal,

O levantei novamente no ar,

E o deixei cair

Sobre meu peito esquerdo.

 

Novamente, a dor.

Sentia os ferimentos.

Sentia meu cérebro girar em desespero.

E sentia meu coração, esforçando-se ao máximo

Decidido a completar os batimentos de uma vida antes do fim.

 

Deitado sobre a poça de meu próprio sangue,

Fechei meus olhos,

Por onde uma lagrima escorreu.

 

 

E a morte me levou

Sem misericórdia

Para um lugar onde eu poderia fazer as escolhas certas

E finalmente ser

Feliz.