UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CENTROS DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE GEOGRAFIA – LICENCIATURA
ANA DARLA RICARDO CARNEIRO
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NA UNIVERSIDADE NO CURSO DE GEOGRAFIA.
SOBRAL-CE
2016
ANA DARLA RICARDO CARNEIRO
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NA UNIVERSIDADE NO CURSO DE GEOGRAFIA
Trabalho de Conclusão de Curso – Memorial de Formação –
apresentado no Curso de Geografia (Licenciatura) da Universidade
Estadual Vale do Acaraú como requisito parcial à obtenção do grau
de Licenciado em Geografia.
Orientador: Prof. MS. Jorge Ricardo Felix de Oliveira
SOBRAL-CE
2016
ANA DARLA RICARDO CARNEIRO
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NA UNIVERSIDADE NO CURSO DE GEOGRAFIA
Trabalho de Conclusão de Curso – Memorial de
Formação – apresentado no Curso de Geografia
(Licenciatura) da Universidade Estadual Vale do Acaraú
como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Geografia. Analisado e aprovado pela Banca
Examinadora formada pelos professores:
_______________________________________________________
Orientador: Prof. Ms. Jorge Ricardo Felix de Oliveira – UVA
________________________________________________________
Prof. Ms. Lucas Pereira Soares
_________________________________________________________
Mestranda Iara Tâmara Pessoa Paiva (MAG/UVA)
SOBRAL, 29 de Fevereiro de 2016.
Dedico este trabalho primeiramente a Deus que
me deu forças e sabedoria para vencer mais uma
etapa de minha vida. A minha família e
principalmente a minha mãe que sempre me deu
apoio. Dedico ainda, a todos os que contribuíram
para mais essa realização na minha vida
acadêmica.
AGRADECIMENTOS
A minha família, pelo apoio a mim dedicado durante toda esta trajetória acadêmica.
A todos os professores formadores do curso de licenciatura em Geografia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú, pela formação e transformação em minha vida pessoal
e profissional.
Ao professor orientador Prof. Ms. Jorge Ricardo Felix De Oliveira, por toda a
paciência que teve durante a minha orientação pelas importantes orientações, contribuições e
aconselhamentos na elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos do curso de Geografia Iara, Renara, Nelson, Mariano, Alessandro e
Ana maria pela troca de conhecimentos e pela amizade que se sedimentou ao longo dessa
trajetória.
Ao meu namorado, amigo e companheiro Carlos Eduardo, pelo carinho e apoio que
me dedicou durante todo esse período.
Aos meus colegas de trabalho, pelo incentivo e apoio sempre que possível.
Aos funcionários colaboradores que trabalham no Centro de Ciências Humanas (CCH)
que estão sempre dispostos a ajudar quando precisamos, em especial a Dona Antonieta e a
secretária Neurice.
Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a
apenas repetir e nunca, a criar, inovar, refazer,
modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais
refém do que já se sabe e portanto, do passado;
aprender sempre é o que mais impede que nos
tornemos prisioneiros de situações que, por
serem inéditas, não saberíamos enfrentar.
Mario Sérgio Cortella
RESUMO
O presente memorial constitui-se de uma apresentação sobre o ensino de geografia em minha
formação, focalizando nas minhas experiências vivenciadas dentro da universidade, das
atividades nas disciplinas de estágios supervisionados I, II, III e IV, desenvolvidos em
diferentes escolas da cidade de Sobral e do Projeto de Intervenção Pedagógica, aplicado na
Escola Estadual de Educação Profissional Dom Walfrido Teixeira Vieira. Sendo possível
dessa forma fazer um resumo dos anos vividos na universidade e descrever as experiências
vividas, dando destaque a importância dos estágios. Os objetivos desse trabalho são
complementares a formação do aluno, proporcionando uma experiência acadêmica
profissional através das vivências no ensino da Geografia e no ambiente escolar; sendo esse
acontecimento o ápice da realização do sonho de chegar à formação acadêmica. Reflete ainda
o processo de construção do conhecimento durante o meu período de formação e
aprendizagem, com reflexões sobre o trabalho no cotidiano do professor, aluno e também a
importância dos estágios na formação do licenciando. Possibilitando uma reflexão de todo o
conhecimento adquerido durante a graduação, fazendo assim uma retrospectiva dos principais
momentos vividos por mim dentro do curso de Geografia.
Palavras – chaves: Ensino de geografia, projeto de intervenção pedagógica, Estágios
supervisionados.
SUMÁRIO
1. Introdução ....................................................................................................................09
2. O interesse em geografia .............................................................................................10
3. Trajetória na universidade ...........................................................................................13
4. A importância dos estágios supervisionados .............................................................15
5. Diário de campo ...........................................................................................................17
5.1 Estágio I ......................................................................................................................19
5.2 Estágio II ....................................................................................................................24
5.3 Estágio III ...................................................................................................................28
5.4 Estágio IV_Aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica ...............................31
6. Considerações finais ....................................................................................................35
Referências .......................................................................................................................36
9
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho, sob título “Memorial de Formação: Experiências Vividas na
Universidade”, como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciada em Geografia, tem
como objetivo relatar acontecimentos importantes que ocorreram durante toda a minha
trajetória acadêmica na universidade, destacando atividades que desenvolvi nas perspectivas
da ciência geografica.
Descrever estas experiências é compartilhar situações que todo estudante de
licenciatura anseia e teme ao mesmo tempo, momentos muito importantes na vida de um
futuro professor. No decorrer do trabalhado contextualizarei situações marcantes, explanarei
sobre a minha trajetória dentro da faculdade embasado nas experiências que tive nos estágios
e sobre a importância da aplicação de tais experiências no ensino de Geografia em minha vida
e farei uma breve apresentação sobre o ensino de Geografia.
Desta forma, este memorial está dividido em seis capítulos. Esta introdução faz parte
do primeiro capítulo e como segundo item trarei uma apresentação estrutural da composição
deste memorial. No segundo capítulo descreve o motivo pelo qual optei por cursar Geografia.
No terceiro relata a minha trajetória na universidade e os questionamentos durante todo o meu
processo de formação. No quarto capítulo, importância dos estágios supervisionados. No
quinto descrevo em forma de diário de campo os estágios supervisionados, que se
desenvolveram em quatro etapas. No sexto e último capítulo, como considerações finais, uma
análise minha sobre a importância da realização deste trabalho para a formação continuada em
decorrência dos estágios realizados.
Este memorial, portanto, resulta de uma análise de minha trajetória educativa e de uma
revisão teórica das obras estudadas durante todo o curso. Os autores que estão citados aqui,
foram selecionados para fundamentar e para ilustrar de uma forma que fosse possível
descrever cada etapa do processo de formação do licenciado.
10
2. O INTERESSE EM GEOGRAFIA
A decisão pelo curso surgiu pelo interesse em estudar e entender a sociedade, desde os
conhecimentos empíricos dos moradores das cidades do sertão do semiárido, até os
conhecimentos científicos daqueles que estudam como a população se comporta e as relações
da sociedade com a economia. Outro fator que me levou a estudar Geografia além da vontade
de estudar as ciências humanas, foi pelo fator prático e econômico, tendo em vista que
precisava trabalhar durante a graduação, o único horário livre que tinha ara no período da
manhã e o curso de geografia era o único que se encaixava dentro das minhas expectativas.
Moro desde o dia em que nasci, na cidade de Sobral, que possui um clima semiárido e
seco, com períodos chuvosos, onde os fatores climáticos sempre interferem na vida das
pessoas, chuva é sempre motivo de alegria, pois abastece os rios temporários da região e
ameniza o clima quente. Esses fatores climáticos da minha região despertaram em mim a
curiosidade de entender como as pessoas se comportam de acordo com o meio.
O curso me proporcionou um conhecimento sistematizado daquilo que eu já tinha
afinidade, possibilitando meios teóricos e metodológicos para exercer uma função que detêm
de um conhecimento científico que é necessário e fundamental para exercer o magistério.
Conhecimento este que é de fundamental importância ser transmitido para os futuros
alunos, que muitas vezes veem a disciplina como algo imutável e decorativa. Esse conceito é
justificável pelos fatores históricos, porém vem sendo desmistificado desde o surgimento da
Geografia crítica.
Segundo as autoras Maria Cláudia Meira Santos Barros, Ada Augusta Celestino
Bezerra e Laís de Santana Araújo, que citam em seu artigo O ensino de Geografia nas turmas
de EJA e as questões ambientais: breves reflexões do papel do educador. A Geografia foi
implantada no Brasil como disciplina curricular com o objetivo de inserir essa disciplina no
currículo acadêmico para a capacitação política de uma camada da elite brasileira que
pretendia se inserir nos cargos da política e nas demais atividades relacionadas, a partir do
século XX a Geografia descritiva predominava no nosso país, do qual o conteúdo visava a
memorização de informações por parte dos alunos, dessa forma a função do professor era
reduzida a informações memorizadas dos livros didáticos.
De acordo com Eduardo de Freitas em sua publicação sobre O ensino de Geografia no
Brasil ao longo da história.após a publicação do livro de Yves Lacoste em 1966, com a obra
11
intitulada: Geografia do Subdesenvolvimento, foi que começaram a surgir propostas das ideias
da Geografia crítica no Brasil. Outra mudança muito importante que ocorreu no país foi o
lançamento oficial dos objetivos da Geografia, onde diz que os educandos necessitam
conhecer e compreender as relações entre a sociedade e também a dinâmica da natureza e suas
paisagens.
Atualmente a prática de ensinar geografia, tem sido um desafio para qualquer
educador, pois com a globalização, o ensino se torna ainda mais complexo, tendo em vista que
as informações estão disponíveis na internet e que a qualquer momento, com apenas alguns
“cliques” é possível obter conhecimento sobre qualquer assunto, mas que podem ser
informações sem nenhum critério de qualidade ou de autenticidade.
Por esse motivo o papel do professor não é somente o de repassar o conteúdo, e sim de
orientar e ensinar os alunos a filtrar todas essas informações, formular conceitos com
embasamentos teóricos nos estudos feitos para que essas informações se tornem
conhecimentos.
Segundo dados de 2009 do MEC, quase 50% dos professores do ensino médio não são
formados na área. No caso da Geografia, apenas 26% dos professores do ensino médio são
formados na área, a situação é ainda mais crítica em outras áreas, como, por exemplo, na
Física, onde somente 9% dos professores que estão em sala de aula, são formados na área.
Esses dados revelam uma realidade preocupante, pois o conhecimento acaba sendo
repassado de uma forma errada ou inadequada, para ser mais exata, um professor de
matemática provavelmente não vai conseguir transmitir um raciocínio de Geografia pelo
simples fato de não ter tido durante a formação acadêmica um embasamento teórico e
metodológico para isso, e dessa forma o aluno receberá um conhecimento insuficiente.
Acredito que após concluir o curso de Geografia estarei capacitada a lecionar e
transmitir os conhecimentos que me foram repassados, tendo em mente mesclar as técnicas
convencionais de ensino e introduzir nas mesmas recursos tecnológicos como por exemplo a
manipulação de recursos para a produção de mapas, que poderá ser usado para ensinar
cartografia e quando os equipamentos não puderem ser utilizados por algum motivo, ensinar
os alunos a produzirem os próprios materiais de estudo, como por exemplo jogos geográficos
feitos artesanalmente, que além de trazer conhecimentos são métodos que estimulam a
participação dos alunos. Recursos estes que me foram ensinados durante o curso de graduação
12
e que acredito que contribuirão para o ensino de Geografia nas escolas.
13
3. TRAJETÓRIA NA UNIVERSIDADE
Ao ingressar na faculdade, minhas expectativas eram grandes pois estava dando um
grande motivo de alegria para meus pais, que não puderam ter um ensino superior por
dificuldades financeiras, minha mãe estudou apenas até o quinto ano do ensino fundamental,
pois por conta da necessidade, tinha que ficar viajando para casas dos parentes próximos,
impedindo de estudar o ano letivo inteiro, já meu pai não pôde cursar o ensino superior, pois
tinha que trabalhar para ajudar na renda familiar. Além desses motivos minhas estimativas
eram revolucionárias, com intenção de começar a lecionar nos primeiros períodos do curso,
porém no decorrer do primeiro ano de curso, comecei a entender que o processo de formação
não era tão simples quanto imaginava.
Quando escolhi um curso de licenciatura, acreditava que seria fácil me inserir no
mercado de trabalho como professora, pois imaginava que bastava algumas noções básicas
sobre metodologia de ensino e o fato de cursar licenciatura seria o necessário para conseguir
um emprego na área, pois a maioria dos professores que tive ainda estavam cursando a
graduação, e mesmo assim já lecionavam em várias escolas. Logo percebi que não é tão
simples e as instituições de ensino ficaram mais criteriosas com o passar dos anos.
Além de entender que não era necessário somente algumas noções básicas, pelo
contrário, com o passar dos semestres, veio também as incertezas e os questionamentos se eu
conseguiria realmente ministrar aulas, se eu teria capacidade para isso e até mesmo se era isso
que eu queria como carreira profissional, mas junto com todos esses questionamentos vieram
também as certezas de que lecionar é algo que eu realmente quero e pretendo fazer.
As disciplinas pedagógicas que muitos dos meus colegas consideravam como
desinteressantes e sem conteúdo geográfico, me fascinavam, pois ficava imaginando como
colocaria aquelas formas de ensinar e como faria para inovar e trazer informação ao mesmo
tempo, inserir todas aqueles métodos novos e tornar as aulas atrativas para os meus futuros
alunos e como eu farei para não cair no comodismo com todos os desafios do dia a dia do
professor, e fazer o que muitos dos alunos de licenciatura criticam, que é somente repassar
uma informação, com pouca metodologia que faça com que os alunos se interessem pelo
conteúdo.
Assim o interesse pelo curso foi aumentando e a cada disciplina seja ela pedagógica
ou geográfica, tendo cada uma delas uma relevância fundamental na trajetória acadêmica.
14
Lembro-me como esperava ansiosa pelas aulas de campo, pois eram essas que eu mais
estimava, o aprendizado era ainda mais intenso, entender e ver na prática cada conteúdo
estudado em sala, entender a diferença entre os relevos, solos, formação das rochas, e percebi
que a Geografia é a única ciência que estuda o universo desde os fenômenos físicos aos
humanos e biológicos.
No decorrer do processo de graduação houve alguns contratempos, tendo em vista ter
presenciado duas paralisações nas universidades estaduais, que apesar de entender e
concordar com os motivos, que dentre as principais reivindicações estava a realização de
concurso para professores efetivos na universidade. Mas que adiaram a conclusão da tão
esperada graduação, mas que não foram motivos que levassem a desmotivação e muito menos
a desistência do curso.
Outra dificuldade que encontrei no decorrer do curso foi conseguir conciliar o trabalho
com os estudos, tendo em vista a necessidade de trabalhar durante a graduação, no horário de
13:00 às 22:00 horas, ficando somente o período da manha disponível para os estudos, então
muitas vezes passei noites acordada, estudando provas ou fazendo trabalhos, sem esquecer de
mencionar as disciplinas que só foram ofertadas no turno da noite, e que nem sempre
conseguia autorização no emprego para cursá-las o que atrasou ainda mais o curso.
Algumas das disciplinas cursadas foram de uma relevância maior para a composição
deste trabalho, como por exemplo a disciplina de Ensino de Geografia, Práticas Curriculares
de ensino e Teoria e Método em Geografia, pois foram essas que deram embasamento para
realizar os estágios que são relatados neste memorial.
15
4- A IMPORTÂNCIA DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS
O estágio tem papel fundamental na formação do futuro professor (a), cabendo ao
estagiário o desenvolvimento de novas técnicas que possam facilitar o aprendizado dos
alunos, dando também a oportunidade para o estagiário desenvolver algum projeto que possa
contribuir para a vida escolar dos alunos.
É também uma experiência que possibilita ao estudante vivenciar o que aprendeu até o
atual momento do curso, servindo como visão da realidade profissional, aproximando os
conhecimentos da universidade com as práticas a serem desenvolvidas no processo de ensino,
diminuindo esse distanciamento que existe entre as universidades e as escolas.
Porém alguns autores defendem uma ideia contraria a isso, acreditando que os estágios
não são disciplinas de práticas e sim disciplinas teóricas, pois os alunos vão para a escola com
um objetivo de compreender e se apropriar da complexabilidade das práticas institucionais e
das ações dos seus profissionais. Nesse sentido o estágio é uma forma de instrumentalização
teórica.
Em uma palestra sobre Formação do Professor de Geografia, ministrada no Centro de
Ciências Humanas de Sobral, a autora Núria Hanglei Cacete, que possui um vasto currículo
acadêmico e profissional na área de educação, defende que o curso de formação de
professores é considerado estratégico do ponto de vista que é essa a formação que, de certa
forma, condiciona o desenvolvimento econômico e social do país. Ainda segundo a professora
Núria, ninguém nasce professor, nós nos formamos professores. Ministrar aula requer uma
série de conhecimentos e reflexões que só são obtidas durante os cursos de ensino superior.
Há uma grande desvalorização com a profissão, pois há um senso comum onde se
acredita que qualquer um pode ser professor bastando apenas ter um certo conhecimento na
área. Era assim que eu acreditava que fosse antes de ingressar no curso. Acredito que este
pensamento se dá pelo fato de haver muitos professores que não possuem qualificação
profissional e que, como foi apontado por um levantamento do Ministério da Educação
realizados no ano de 2009, atuam de maneira precária – no sentido intelectual.
Durante todo o período de estágio foi possível perceber um crescimento e um
amadurecimento pessoal, pois a cada ida a escola possibilitou um aprendizado diferente
aprimorando o olhar como profissional e não como discente e gradualmente as experiências
vão acrescentando conhecimentos em nossa vida.
Foi possível perceber também que as aulas teóricas de estágio tem um papel
16
fundamental, preparando o estagiário para as experiências em sala, pois auxiliam em toda a
disciplina, norteando, esclarecendo as dúvidas e os muitos receios que temos durante as
regências.
O ato de se auto avaliar é algo muito complicado, mas acredito que a disciplina de
estágio é aquela onde se adquire um conhecimento enriquecedor, e se pode praticar estes
conhecimentos, portanto considero uma das mais importantes. Sem esquecer de mencionar o
contato com os professores e coordenadores que já estão trabalhando na área de ensino há
algum tempo, pra tentar entender as experiências e os desafios da profissão.
17
5- DIÁRIO DE CAMPO
Escrever este memorial foi um desafio gratificante, pois relatar as experiências
vivenciadas no decorrer da graduação e dos estágios supervisionados, é reviver momentos
prazerosos, descrevendo alguns dos os anseios, receios e expectativas de minha formação.
Desta experiência pude perceber algumas das dificuldades de conciliar as praticas
adotada em salas de aula com o conteúdo assimilado na universidade. As discussões em sala
de aula foram fundamentais, pois com a leitura e orientações teóricas foi possível
compreender melhor sobre o assunto.
O texto de Lima(2008) contribuiu, para entender a prática que é o estágio curricular.
Mostra a diferença entre o escrito e o vivido. Na prática é possível perceber as dificuldades de
se aplicar todo o conhecimento absorvido na academia. Conforme Lima (2008),
O que dá sentido às atividades práticas dos cursos de formação é esse
movimento que acontece partir das leituras, práticas, saberes e o que dá
sentido às atividades práticas dos cursos de formação é esse movimento que
acontece a partir das leituras, práticas, saberes e conhecimentos, que se
confrontam e se intercruzam. As atividades de reflexão e registro poderão
auxiliar no entendimento das questões relativas às contradições acontecidas
no trabalho educativo. Entre o escrito e o vivido estão: cultura, relações de
trabalho, classe social, etnia, idade e campos de poder, entre outros aspectos.
Durante as aulas teóricas de estágio foi discutido a opinião dos autores que publicaram
obras sobre o a importância dos estágios na vida acadêmica e essas discussões foram
enriquecedoras para formar o conceito dessa importância. A disciplina de estágio é uma
divisória, nas palavras da autora Lima (2008) é um ritual de passagem. Antes mesmo de
termos todas as nossas perguntas e questionamentos respondidos a disciplina acaba. No fim
do texto percebe-se que nunca deixamos de ser estagiários da vida.
Na formação do professor é notório que aulas dinâmicas favorecem ao aprendizado
além de chamar atenção dos alunos e que, acima de tudo, o professor precisa estar preparado
psicologicamente para lidar com situações diversificadas no seu cotidiano na escola.
Com os estágios supervisionados, pude vivenciar algumas experiências do dia a dia do
professor, esclarecendo as duvidas que eu tinha se era realmente essa a profissão que eu
gostaria de seguir. Para Vasconcelos (2000, p. 09) resgatar histórias de vida permite voos bem
amplos.
[...] Possibilita articular biografia e história. Perceber como o individual e o
social estão interligados como pessoas lidam com as situações da estrutura
social mais ampla que se lhes apresentam em seu cotidiano, transformando-o
em espaço de luta de acatamento, de resistência, de resignação e criação.
A metodologia utilizada nos estágios é a observação e as regências. As percepções
18
resumem à dificuldade dos alunos na área da geografia, o pequeno tempo das aulas, a
competitividade dos alunos, a exigência dos pais em obter resultados de aprovação e a falta de
aulas práticas onde o aluno possa sair da sala de aula, e não seja somente um mero copiador
de informações, mas que ele utilize seus conhecimentos para perceber o mundo em que vive e
dessa forma possa desenvolver pensamentos críticos dentro da sociedade.
Realmente é necessário para o acadêmico de licenciatura ter uma visão dos padrões
de ensino, realizando estágios em diferentes escolas e nas duas esferas do ensino, tanto a rede
pública quanto a rede privada, foi perceptível uma enorme diferença. Não só na organização
da escola, mas também na prioridade do ensino.
Cada estágio foi realizado em uma determinada série e em diferentes escolas, para
que, dessa forma fosse possível ter uma visão mais aproximada do cotidiano. Sendo assim
explanarei sobre cada estágio no decorrer deste memorial, relatando os principais momentos
destas experiências como estagiária.
19
5.1 ESTÁGIO I
A instituição escolhida para a realização do primeiro estágio foi, o Colégio Luciano
Feijão, uma escola de ensino privado, no período de Fevereiro a Junho de 2013. Esta escola
em questão é considerada pela população da cidade de Sobral e das cidades circunvizinhas. O
Colégio se localiza no endereço: Av. Dom José, 325 – Centro, Sobral – CE, 62010-290. Logo
abaixo podemos ver o mapa de localização.
Imagem 1: mapa de localização do Colégio Luciano Feijão. Fonte: Google Maps.
Uma das melhores com relação ao ensino e a aprovação nos vestibulares, por esse
motivo é também uma das mais caras com relação as mensalidades escolares. A série em que
executei o primeiro estágio foi, o 1° ano de ensino médio, com observações em duas salas
diferentes. Uma das salas é denominada de “Máster” e a outra de é de ensino regular.
Essa diferenciação ocorre no início do ano letivo, onde os alunos fazem uma prova,
que para os alunos veteranos não é obrigatória, porém esses são incentivados a fazer, aqueles
que obtêm um melhor desempenho são direcionados para a sala “Máster”, e os outros alunos,
são colocados nas demais salas.
Apesar de todo o conteúdo e das metodologias aplicadas serem os mesmos, ocorre
uma discrepância desnecessária por parte das direções de escolas privadas, em impor uma
divisão de alunos, que de certa forma promove a discriminação na escola, separando os alunos
que assimilam o conteúdo com mais facilidade e aqueles que aprendem com mais esforço.
20
Imagem 2: Sala de aula do Colégio Luciano Feijão Fonte: Arquivo pessoal
Por ter estudado o ensino médio em escola pública, percebi uma diferença enorme
entre o ensino privado e o público, a começar pelo interesse dos alunos, pois acredito que por
conta da cobrança dos pais, eles se preocupam mais com o rendimento acadêmico e com as
aprovações.
O público-alvo da escola são alunos de classe média alta, pois o valor da mensalidade
é significativamente alto para os padrões de famílias de baixa renda. Como o colégio é uma
instituição filantrópica há uma porcentagem de alunos de baixa renda que estudam na
condição de bolsistas, mas estes são minoria com relação ao número total de alunos.
A seleção dos alunos bolsistas é feita por uma assistente social que faz um cadastro
dos alunos e analisa a situação da renda familiar, com base no número de vagas, ela seleciona
alunos para estudar com bolsas estudantis de 50% até 100%.
Boa parte dos alunos mora em distritos da cidade de Sobral fazendo diariamente uma
migração pendular para suas cidades, ou moram em residências próximas a escola, morando
em repúblicas com vários outros estudantes.
O ambiente educativo tem professores capacitados e compromissados com os alunos e
com a disciplina no qual era observada. A relação professor-aluno se dá através de diálogos
antes ou depois das aulas como: questões de exercício não respondidos, problemas pessoais,
correção de notas e trabalhos. A família está ligada sempre em reuniões, palestras. Há um
apoio muito importante dos funcionários que trabalham diretamente com os professores e
21
alunos, eles ocupam o cargo de auxiliares de coordenação, eles são responsáveis pela
frequência dos alunos, ficam instaladas próximas as salas para auxiliarem os professores caso
necessitem. O colégio tem três andares, no prédio principal cada andar tem duas auxiliares de
coordenação.
A média é de 5 a 6 professores por disciplina, com quatro coordenadores e com um na
supervisão. A infraestrutura é de boa qualidade, até mesmo a iluminação das salas é
antirreflexo. Por ser uma escola de ensino privado, há um investimento grande com relação à
estrutura física da escola.
Lembro me que um dos problemas que tive ao relatar minhas experiências neste
primeiro estágio, foi por não conseguir identificar problemas quanto a instituição, não que
esta seja a função do estagiário, porém aparentemente tinha me deparado com uma escola
“perfeita”, onde não havia problemas como em escolas da rede pública, como por exemplo,
problemas de infraestrutura e falta de materiais.
Então um dos quesitos que pude enfatizar foi o de mercantilização do ensino, pois por
diversos momentos pude perceber que a educação foi tratada como mercadoria. A educação é
um direito de todos os cidadãos, garantido pela constituição federal, ela é um direito de todo
ser humano como condição necessária para ele usufruir de outros direitos constituídos numa
sociedade democrática.
Apesar de ser um direito garantido, a educação é tratada hoje como mercadoria,
sabendo se que conhecimento é poder, utilizam se deste poder como prestação de serviço.
Desta forma só podem ter acesso a um serviço de qualidade quem pode pagar. Dando espaço
para muitas indústrias de conhecimento, “escolas de ensino privado”.
Surgem então muitas “indústrias do conhecimento” que oferecem os mais
variados pacotes educacionais para todos os gostos em acirradas disputas
mercantis movidas pelo “marketing educacional”, vendendo educação como
se vende um sabonete. A questão é ainda mais grave quando alguns políticos
e economistas argumentam que se trata de uma questão de custos: é mais
barato garantir esse direito através do mercado do que através do alto custo
da educação pública. Entender a educação como uma despesa e não como
um investimento.(GADOTTI, 2005, p.02)
Tratando a escola como uma empresa, o produto de comercialização seria a educação.
Desta forma quem tem maior poder aquisitivo, coloca seus filhos em escolas da rede de
ensino privado, para que assim possam exigir um produto de boa qualidade, que neste caso
seria o ensino.
Não posso deixar de mencionar a diferença da qualidade entre a escola pública e a
escola particular. Já que atualmente o ensino está sendo produto de comercialização, quem
tem um poder aquisitivo maior, exige um produto de qualidade extrema. O que na verdade
22
não deveria ser dessa forma, pois o recurso utilizado para manter as escolas públicas são
arrecadados com os impostos pagos pela sociedade, ou seja, aqueles que tem filhos estudando
em escolas públicas têm o mesmo direito de cobrar uma educação de qualidade.
Acredito que não funcione desta forma porque o público-alvo das escolas da prefeitura
ou do estado, são famílias de baixa renda, que tem pouca ou não tem nenhuma escolaridade e
por este motivo não entendem o poder político que possuem para exigirem seus direitos.
Outro fator de diferenciação da escola privada é o monitoramento por câmeras de
vigilância, esse é um tema que leva a alguns debates entre os educadores. A instituição que
estagiei é monitorada com câmeras em todas as salas e corredores dos prédios. É neste
momento que se levanta um questionamento sobre até que ponto vai à segurança e em que
momento passa a ser considerada invasão de privacidade, não somente privacidade do aluno,
como também do profissional em sala de aula, questionando o conhecimento que é repassado
pelo professor.
De um lado, os defensores acreditam que a presença das câmeras inibem a bagunça em
sala de aula e ajuda a disciplinar os alunos. Os opositores afirmam que os equipamentos
invadem a privacidade de professores e estudantes e atrapalham o processo pedagógico.
Especialistas acreditam que as câmeras são um recurso exagerado para resolver os problemas
internos.
O presidente do Sindicato dos professores de Pernambuco,
Jackson Bezerra,(2013), defende que:
No nosso entender a câmera em sala de aula acua o professor e prejudica a
relação com os alunos. Além disso, a instalação dos equipamentos pressupõe
que existem delinquentes dentro das salas. Não podemos ficar vigiando
alunos que estão em processo de formação nem transformar o exercício
profissional em operação mecânica. (2013)
Os pais dos alunos afirmaram em algumas reuniões que se sentem mais seguros com
relação a segurança dos seus filhos, sabendo que eles serão monitorados durante o período em
que estiverem dentro da escola, os pais acreditam que isso force o aluno a ter um bom
comportamento e se dedicar mais durante as aulas.
Durante o estágio, realizei algumas entrevistas durante os intervalos e perguntei aos
alunos quais as opiniões deles sobre a vigilância dos sistemas de câmeras, os mesmos
afirmaram que já estavam acostumados com as câmeras e que não atrapalhava nem
influenciava no comportamento deles.
Como o primeiro estágio consistia somente em observação, percebi na prática que os
alunos prestam mais atenção e participam mais quando o conteúdo é ministrado de uma forma
23
descontraída. Quando há brincadeiras ocorre participação, já em uma aula “engessada” não há
participação. Essa inovação de metodologias é de fundamental importância, principalmente
no ensino de Geografia, pois como se trata de uma disciplina de ciências humanas onde boa
parte do conteúdo requer diálogos, as dinâmicas e inovações metodológicas facilitam no
entrosamento dos alunos, estimulando a participação dos mesmos.
O professor trazia o conteúdo para a realidade dos alunos, fazendo isso o aluno
assimila mais rápido e mais fácil. Das experiências em sala, acompanhei as aulas de
Geografia na sala do 1° B máster, ano do ensino médio, os alunos tinham idade de 13 a 16
anos. O tema de uma das aulas foi, A Indústria e a Industrialização. E quando ele cita o
capitalismo ele associa a MARCA “LF” (Luciano Feijão), já que é uma escola particular.
Dessa forma os alunos compreendiam o assunto, pois fizeram associações com a realidade
deles.
Após o término da aula lembrei-me do autor Paulo Freire quando se questionou sobre
quem inventou a limitação do tempo entre uma aula e outra. Quem disse que os alunos
deveriam pensar 50 minutos, somente em matemática e depois 50 minutos, em somente em
português?
Acredito que alguém estabeleceu este tempo para que tanto os professores quanto os
alunos não ficassem desgastados e enquanto refletia e lembrava das referências de Paulo
Freire das aulas teóricas, não senti o tempo passar, comecei então a fazer associações com os
autores estudados em sala.
Das experiências em sala, presenciei algumas situações inusitadas e que requer uma
postura adequada dentro da profissão, como por exemplo, o ato do professor não entregar
provas corrigidas no dia seguinte a aplicação da avaliação, o que gerou alguns comentários
dos alunos, insinuando que o mesmo não as teria corrigido por irresponsabilidade.
Comentários que demostram desrespeito com o professor, porém o mesmo respondeu sem
exaltar-se e com postura firme, que não havia corrigido por falta de tempo, que é um outro
fator de grandes reclamações dos professores.
É neste momento que comecei a entender o cotidiano da vida real dos professores, o
fato de ter sempre uma postura adequada, para cada tipo de situação inusitada, como por
exemplo, quando um aluno falta com o respeito ou faz perguntas e comentários inadequados.
24
5.2 ESTÁGIO II
A disciplina de estágio II tem como objetivo a observação do espaço físico da escola,
dos recursos pedagógicos adotados, do conteúdo, uma contextualização de classe social em
que a escola se enquadra e experiência em sala com as regências. A Escola Municipal Trajano
de Medeiros, que se localiza na cidade de Sobral-CE, no endereço: Avenida José Euclides
Ferreira Gomes, 1 – Colina Boa Vista CEP: 62030-591.
Imagem 3: Mapa de localização da Escola Trajano de Medeiros. Fonte: Google Maps.
O segundo estágio foi realizado no período de Agosto a Novembro de 2013 na Escola
Municipal Trajano de Medeiros, na cidade de Sobral-CE. As modalidades de ensino que são
trabalhados na escola são, no turno da manhã e tarde, educação infantil e fundamental, e no
turno da noite, funciona o EJA(Educação de Jovens e Adultos).
Neste estágio foi trabalhado alguns dos principais conceitos geográficos como por
exemplo os conceitos de espaço geográfico. Sempre fazendo comparações entre os diferentes
conceitos dos geógrafos como Milton Santos e Roberto Lobato Corrêa, com o propósito de
uma maior compreensão dos alunos.
Na obra intitulada: Por uma geografia nova (1978), o conceito de espaço é central e
compreendido como um conjunto de formas e de relações sociais do passado e do presente,
também por uma estrutura representada por relações que acontecem e se manifestam através
25
de métodos e atribuições. “O espaço é um verdadeiro campo de forças cuja formação é
desigual. Eis a razão pela qual a evolução espacial não se apresenta de igual forma em todos
os lugares”. (Santos, p.122).
(...) O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo que ele
oferece a alguns e recusa a outros, pela seleção de localização feita entre as
atividades e entre os homens, é o resultado de uma práxis coletiva que
reproduz as relações sociais, (...) o espaço evolui pelo movimento da
sociedade total. (SANTOS, 1978, p. 171).
Analisando outra corrente de pensamento geográfico temos o conceito do professor
Roberto Lobato Corrêa, que expressa de uma forma mais clara sua opinião sobre espaço,
explicando que espaço é uma determinada porção de terra que é ocupado pelo homem,
podendo dessa forma ser transformado pelo mesmo.
A expressão espaço geográfico ou simplesmente espaço, aparece como vaga,
ora estando associada a uma porção específica da superfície da Terra
identificada seja pela natureza, seja por um modo particular como o Homem
ali imprimiu as suas marcas, seja com referência a simples localização.”
(CORRÊA, 2003, p.15)
Durante o período de estágio foi possível observar a organização por parte do setor
administrativo, pois a escola tem várias necessidades, como: a falta de materiais, incluindo
carteira escolar e mesas escolares.
Imagem 4: Sala de aula. Fonte: Arquivo pessoal.
Além de problemas com relação a infraestrutura da escola, durante o segundo estágio
26
me deparei com um outro problema corriqueiro na rede de ensino municipal, onde a proposta
de ensino prioriza as disciplinas de português e matemática, devido a aplicação de uma
avaliação que quantifica o índice de educação básica. Sendo assim as escolas municipais
decidiram reduzir o tempo das disciplinas de ciências humanas, para dar um suporte maior
para a disciplina de linguagens e códigos e as disciplinas de cálculos.
Desta forma, quando as avaliações se aproximam o professor de Geografia reduz
tempo da disciplina de Geografia e no tempo restante ele (o professor de Geografia) revisa
conteúdos de matemática. Esse sistema de avaliação é muito criticado dentro das
universidades, pois retira o espaço de aprendizagem das outras disciplinas que tem relevância
tanto quanto as disciplinas de Português e Matemática.
Acredito que os parâmetros deste sistema de avaliação são ineficientes, pois o tempo
de aula que é retirado de outras disciplinas, com a justificativa de melhorar o ensino nas
matérias com maior precariedade que no caso são as matérias de Linguagens e códigos, e a de
Cálculos, além de prejudicar o aluno com o atraso no conteúdo das demais disciplinas, o
aluno não tem um rendimento satisfatório nas disciplinas ditas como prioritárias, já que o
conteúdo repassado para os alunos é somete a temática que é abordada nas avaliações.
Sendo assim o que está sendo repassado para os alunos é apenas um esquema das
questões que estarão na prova. Dessa forma a escola não está melhorando a aprendizagem ou
agregando conhecimentos ao aluno, está somente os preparando para uma avaliação.
Sem mencionar o fato de que os professores que foram capacitados para lecionar uma
determinada disciplina, trabalharão em uma área que não é a de sua formação, ou seja, um
professor formado em Geografia está dando aula de Matemática.
A organização da sala é feita pelos próprios estudantes, há um grande problema com a
quantidade de carteiras e mesas escolares que é insuficiente para o número de alunos. Além de
o ambiente ser muito quente, quando os alunos se alteram são ameaçados de ficar sem
ventilação, acredito que esse tipo de atitude por parte do professor é uma tentativa de
disciplinar os alunos para que assim o mesmo consiga ministrar a aula sem tantas
interrupções.
O material didático-pedagógico de auxílio aos professores são: Atlas com temas
diversos, mapas, maquetes desenvolvidas por alunos que depois de um tempo acabam sendo
um método de ensino para o professor, alguns destes materiais considerados desatualizados e
27
outros nem tanto. Além de outros livros de anos passados já trabalhados pela escola. É neste
momento que compreendo a importância da aplicação de um projeto de intervenção
pedagógica na escola, pois todo material que é produzido durante os estágios e durante as
práticas pode e deve ser doado para as escolas para servir de acervo estudantil.
É de conhecimento de todos os dirigentes de escolas que o Projeto Político Pedagógico
(PPP)esteja sempre atualizado e a disposição de todos, para consulta de regulamentos e para
conhecimento de qualquer um que se interesse, porém essa é uma realidade pouco vista em
escolas públicas. Na escola de ensino fundamental Trajano de Medeiros que foi realizado o
estágio, quando foi solicitado o PPP, avisaram que não seria possível disponibilizar o mesmo
pois não estava atualizado.
O aprendizado que levei desse estágio foi que professor precisa estar preparado para as
diversas realdades das escolas, pois encontrará uma variedade de problemas em boa parte
delas, principalmente em escolas da rede de ensino público, onde sabemos da precariedade de
materiais, tendo em vista que educação ainda não é tratada como prioridade em nosso país.
Mas que apesar das dificuldades em trabalhar em situações não tão favoráveis, a profissão do
professor requer a dedicação e a emoção de em querer ver a transformação intelectual dos
seus alunos. Optar pela licenciatura é uma escolha onde lidará com a incerteza de estabilidade
financeira e as dificuldades diárias de lidar com as diferentes estruturas das escolas, essas
incertezas assustam e intimidam, porém essa escolha é praticamente inconsciente, é algo
vocacional, onde a vontade de querer fazer parte da transformação educacional é maior que os
medos das dificuldades.
28
5.3 ESTÁGIO III
A escola escolhida para a realização do estágio foi, a Escola Dom Walfrido Teixeira
Vieira, uma escola da rede pública, no período de Fevereiro a Junho de 2014. A escola se
localiza no endereço: Av. Paulo Sanford, S/N. Parque Silvana II, Sobral – CE.
Imagem 5: Mapa de localização da Escola Dom Walfrido Teixeira Vieira. Fonte: Google Maps.
A série em que executei o estágio foi, o 1° ano de ensino médio. Foi possível perceber
um certo desinteresse de alguns alunos pela disciplina, por mais esforços que o professor
tenha feito, ainda assim alguns alunos ficaram um pouco dispersos. Pelo fato desse estágio ter
sido feito no ensino médio, onde os alunos estão focados em estudar para os vestibulares,
resolvi realizar as regências voltadas a temas que despertasse interesse por parte dos alunos,
então em uma delas fizemos um debate sobre profissões e por estudar Geografia, expliquei a
importância da disciplina e o motivo a ter escolhido.
O professor mostra total domínio sobre o assunto e trabalha em uma perspectiva de
geografia critica. Os alunos mostram respeito durante a aula fazendo silêncio apesar da
inquietação da faixa etária, além disso colaboram com a aula respondendo as questões
elaboradas.
29
Imagem 6: Sala de aula da Escola Dom Walfrido Teixeira Vieira Fonte: Arquivo pessoal.
Quanto a estrutura da Escola, por se tratar de uma escola estadual, que recebe uma
verba maior que as escolas municipais, não tem problemas de materiais ou espaço físico da
escola. A organização da sala tem os nomes dos alunos nas carteiras, a refrigeração é feita por
com ar-condicionado em todas as salas. Cada sala tem uma capacidade média de trinta alunos.
Pelo fato de ter estudado na escola durante todo o ensino médio, me senti muito à
vontade e familiarizada com o local, experimentando uma sensação totalmente diferente, com
outro olhar, naquele momento eu estava em uma situação oposta, tendo a oportunidade de
experimentar a visão de docente, passando dessa forma entender as diversas questões que
englobam o magistério.
Quando fiz esse determinado estágio já estava me aproximando do final do curso,
tendo assim muitos conceitos formados sobre o ensino de geografia e sua real importância e
tendo a cada dia uma certeza maior sobre a minha escolha pela Geografia e pela licenciatura.
Estaria me aproximando da realização de um sonho, sonho que naquele momento já não era
somente meu e sim de todos aqueles que acompanharam meu processo de formação, isso
inclui minha família, meus amigos e até mesmo meus colegas de trabalho.
Neste momento do curso minhas opiniões já eram bem diferentes de quando iniciei e
hoje posso dizer que minhas perspectivas de mundo são distintas, tendo agora um olhar
diferente sobre a sociedade, uma visão mais analítica e com embasamentos teóricos e
30
científicos, que me possibilitarão vislumbrar novos horizontes e viabilidades de pesquisa para
atuar no mercado de trabalho.
31
5.4 ESTÁGIO IV: APLICAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
A metodologia utilizada no estágio IV é, a aplicação de um projeto de intervenção
pedagógico desenvolvido pelo acadêmico, o projeto de intervenção pedagógica tem como
objetivo a suprir as necessidades para um melhor ensino da disciplina de Geografia, fazendo
uma contextualização de classe social em que a escola se enquadra e promovendo discussões
teóricas sobre a problemática do projeto que tinha como tema: Políticas públicas urbanas da
cidade.
Imagem 8: Sala de aula da Escola Dom Walfrido Teixeira Vieira Fonte: Arquivo pessoal.
Dessa forma o projeto de intervenção é então uma resposta de uma postura
pedagógica, como uma forma de pensar no sentido escolar e assim ressignificar o espaço da
escola, transformando em um espaço de interação, abrangendo situações problematizadoras e
as transformando em propostas, concentrando situações de um contexto social e fazendo uma
síntese entre a teoria e a prática, levando isso de uma forma dinâmica para discussão em sala
de aula.
O sentido de um projeto de ação didática pode definir-se por sua
direção, pela intenção que professor e alunos se propõem atingir. Intenção e
ação definem o significado do projeto, em duplo sentido: o da antecipação da
ação que define a intencionalidade e o da ação propriamente dita. O projeto
reflete uma determinada postura pedagógica ao delinear intenções e ações a
serem desenvolvidas. (VEIGA. 2006, p70)
O projeto de intervenção, foi desenvolvido na Escola Estadual de Educação
Profissional Dom Walfrido Teixeira Vieira, onde já havia realizado outro estágio, o motivo de
32
ter escolhido esta escola, se deu pelo fato de ter cursado todo o ensino médio na mesma,
quando a escola ainda não era uma escola profissionalizante e sim somente escola de ensino
regular, além do fato de proximidade local, pois está localizada no bairro onde moro.
Não podendo deixar de citar também o fato de indignação social, de me enquadrar
dentro da população que ainda não foi beneficiada com a construção da Vila Olímpica que
fica ao lado da escola escolhida e que mesmo após dez anos de construção e mais de dez
milhões de reais investidos, a obra ainda não foi concluida.
Dessa forma foi possível a construção e aplicação de um projeto de intervenção
pedagógica, abordando o tema Políticas públicas urbanas na cidade de Sobral, tendo em vista
que a cidade tem diversos problemas em sua urbanização e seu crescimento sem nenhum
controle ou programação, como por exemplo a migração que ocorre em decorrência da
localização de fábricas e universidades, onde as pessoas migram para a cidade em busca de
emprego e ensino. Fazendo-se necessário o estudo e a inserção destes assuntos dentro do
ensino de geografia, trabalhando o contexto social e urbano da polução local.
Com a proximidade que tenho com a escola escolhida, não tive nenhum impasse para
a aplicação do projeto de intervenção pedagógica, precisaria apenas da autorização do
professor da disciplina. O acolhimento na escola foi muito receptivo por parte da
coordenadora Patrícia Valéria Farias Prado, que além de acolher e fazer o pedido junto a
direção, para que fosse possível a aplicação do projeto, se dispôs a ajudar no que fosse
preciso.
As negociações de quantidade de aulas a serem ministradas e conteúdos a serem
discutidos em sala, foram todos acordados com o professor Aristides Ximenes após a
apresentá-lo o meu projeto e explicar quais as intenções da intervenção pedagógica, pois
acredito que esses tipos de discussões em sala de aula tem um grande valor para o
amadurecimento do senso crítico dos alunos.
A escolha da turma foi feita pelo professor, que escolheu o 1° ano do ensino médio, já
que estava trabalhando conteúdos de urbanização. O mesmo acrescentou ainda que o tema do
projeto serviria para auxiliar e complementar os conteúdos já programados para a turma.
Como o foco do projeto de intervenção pedagógica é discutir a cidade, foi possível
trabalhar analisando o conceito de cidade na visão de autores como Roberto Lobato Corrêa e
Ana Fani Alessandri Carlos que abordam o tema em seus respectivos livros: O Espaço
33
Urbano e A Cidade, foi elaborado um projeto, visando a percepção do espaço urbano,
discutindo desde o os equipamentos urbanos da cidade e do bairro, a relação da escola com o
bairro e os equipamentos urbanos como ferramentas dos moradores.
Em termos gerais, o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si.
Tais usos definem áreas, como: o centro da cidade, local de concentração de
atividades comerciais, de serviço e de gestão; áreas industriais e áreas
residenciais, distintas em termos de forma e conteúdo social; áreas de lazer;
e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão.
Este conjunto de usos da terra é a organização espacial da cidade ou
simplesmente o espaço urbano fragmentado. Eis o que é espaço urbano:
fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de
símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas
dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais.
(CORRÂ. 1995, p.16)
Tendo esse objetivo como foco a ser trabalhado, os procedimentos metodológicos
adotados durante o projeto foram:
 Conversa com o professor para planejar a aplicação do projeto, e para entender o
contexto que estava sendo trabalhado os conteúdos.
 Discussão teórica sobre o tema, tendo como base o texto do autor Elenaldo Celso
Teixeira, O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na
Transformação da Realidade.
 Debate para conhecer a realidade em que os alunos se enquadram.
 Aplicação de questionário após a discussão e debate, para medir o entendimento dos
alunos.
 Utilização de um vídeo com a notícia em destaque no tema central do projeto.
Após a elaboração e apresentação do projeto, acredito que a execução acrescentou
muito no entendimento sobre os processos de urbanização na cidade e sobre a problemática
do papel das políticas públicas no desenvolvimento local, além de levar conhecimentos para
tenar suprir algumas das lacunas no conteúdo da grade curricular no ensino de Geografia.
Como não fui a única a desenvolver projeto de intervenção dentro da escola, credito
que a Geografia cumpri um papel de grande importância com a sociedade, quando trabalha na
formação dos alunos levando esse tipo de contribuição para dentro da escola, estreitando
ainda mais os laços de ensino interdisciplinar.
34
Ao realizar a aplicação de um projeto de intervenção pedagógica tive o prazer de
preparar um conteúdo novo e explicar a importância do assunto para os alunos e senti uma
enorme satisfação em contribuir para a formação das opiniões deles, essa experiência teve
uma importância crucial em minha formação acadêmica, me dando a oportunidade de exercer
o trabalho de pesquisa sobre o tema do projeto e ao mesmo tempo me proporcionou o prazer
de aplicar o projeto em uma escola que faz parte da minha vida de estudante, pude então
experimentar a sensação de atuar no magistério.
35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao produzir este memorial revivi toda a minha trajetória dentro da universidade e hoje
tenho a convicção que fiz a escolha certa quando escolhi cursar Geografia, tenho certeza e
consciência que este processo que durou mais de quatro anos dentro da faculdade, foi apenas
uma das primeiras etapas, e que as próximas etapas que virão serão cada vez maiores, pois a
profissão do magistério tem desafios diários.
Acredito então que após concluir o curso, terei por frente o maior desafio da profissão
do magistério, o qual penso que seja a rotina de professora, saber lidar todos os dias com
turmas numerosas que provocam stress e ainda assim continuar motivada a lecionar.
Após concluir todos os estágios supervisionados, pude entender que cada uma deles
são etapas fundamentais para a formação do aluno de licenciatura, pois eles transmitem um
ensinamento teórico e prático que seria impossível de ser adquirido de outra forma, tendo
também a vantagem de preparar o a estagiário para o cotidiano escolar. Além de ser a melhor
forma de aprender a ministrar aula, tendo a oportunidade de observar os professores que já
atuam na área a algum tempo, e fazendo as observações do que poderia ser feito para tornar as
aulas mais interessantes e quais métodos poderiam facilitar o aprendizado dos alunos, isso
seria uma forma de ministrar uma boa aula.
Este trabalho me ajudou a compreender a importância de todas as disciplinas e de
todas as experiências que tive durante a graduação e que tudo isso teve uma imensa relevância
para a minha formação, apesar dos momentos de dificuldade em que não pude me dedicar
exclusivamente para o curso, pois tinha que trabalhar o que me impediu de concluir o curso
junto com a turma que iniciei a graduação e que por motivos de greves já tinha sido estendida,
este memorial servirá como contribuição para aqueles que quiserem entender sobre o processo
de formação na universidade baseado nas vivencias de uma acadêmica que passou por muitos
dos desafios diários da vida de um estudante.
Portanto estas vivencias estarão sempre em minha memória, guardarei também todas
amizades cultivadas durante esses anos que foram muito importantes em minha vida.Sei que a
partir de agora os obstáculos serão ainda maiores, assim como as responsabilidades e
expectativas depositadas, expectativas que também terei em começar a exercer uma profissão
da qual admiro e terei orgulho em dizer que faço parte e contribuo para construir a educação.
36
REFERÊNCIAS
BERNARDY, Katieli; PAZ, Dirce Maria Teixeira. Importância do estágio supervisionado
para a formação de professores. Rio Grande do Sul 2012.
BRASIL, Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
geografia. Brasília: MEC.2001.
CACETE, Núria Hanglei. A Formação do professor de Geografia: uma questão
institucional. Artigo n.1/2, (24): 23-30, Goiás, 2004.
CORRÊA, Roberto Lobato; CASTRO, Iná Elias; GOMES, Paulo César da Costa. Espaço:
Um conceito-chave da geografia. (orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. 5ª edição. Bertrand:
Rio de Janeiro, 2003.
CORRÊA, Roberto Lobato.O Espaço Urbano. Editora Ática, Série Princípios, 3a. edição,
n.174, São Paulo, 1995.
COSTA, Roseli Araújo Barros; GONÇALVES, Tadeu Oliver. Histórias de vidas de
professores: Apontamentos teóricos, Revista Espaço Acadêmico, n. 64, set.Minas Gerais,
2006.
COSTA, Allyne Talícia Melo da Costa; DANTAS, Priscila Monick de Araújo Barbosa: A
Geografia como base da cidadania: A melhoria do processo de ensino através da proposição
de um projeto de intervenção. Artigo n 1/27, Rio Grande do Norte, 2010.
GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não formal, São Paulo, 2005.
LIMA, Maria Socorro Lucena; Reflexões Sobre O Estágio/ Prática De Ensino Na Formação
De Professores. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 8, n. 23, p. 195-205, jan./abr. 2008.
SANTOS, M. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, Edusp, 1978.
SOARES JÚNIOR, Francisco Cláudio. A produção histórica do ensino da Geografia no
Brasil. Rio Grande do Norte, 2006.
SILVA, Gilvanete Lopes; Memorias de uma educadora vitoriosa. 37 f. Memorial de
Formação ( Graduação), Instituto de educação Superior Presidente Kennedy, 2013.
TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O Papel das políticas públicas. Bahia, 2002.
VEIGA, Alessandro Lima Passos. Projeto de ação didática. p70, Papiros editora, São Paulo,
2006.