Memória e Tempo: a narração como instrumento de continuidade
Ruth Rodrigues Santos

RESUMO
Através do conceito de memória o intuito do trabalho é mostrar como é estabelecida a relação entre memória individual e memória social no processo de construção da narração, e a partir dessa perspectiva, mostrar que a narração serve também como instrumento utilizado para dar as histórias o caráter de continuidade, de tradição, que faz presente histórias, fatos e acontecimentos passados mostrando o papel social do narrador que a partir de uma experiência vivida (ou não) da história que conta socializa-a através do ato de narrar. Fora tomado como referencial analítico de pesquisa a entrevista realizada com um dos moradores da cidade de Juazeiro do Norte, seu Assis, narrando histórias sobre as romarias e o Pe. Cícero. Para tal intento, o presente trabalho será elaborado de acordo com referenciais teóricos que tratam do papel da memória e do narrador (ou da narração), como M. Halbwaches, E. Bosi, M. Benevides e W. Benjamin.

Palavras-Chave: Memória; Narrações; Tradição

INTRODUÇÃO

A cidade de juazeiro do Norte, entre outros aspectos, é conhecida pelas grandes manifestações religiosas do interior do Ceará no Cariri. Através das romarias ao Pe. Cícero a cidade se desenvolveu significativamente, a ponto de tornar-se hoje, a segunda maior cidade do Ceará, só perdendo para a capital Fortaleza. Faz-se a seguir um pequeno histórico da cidade e a contextualização do desenvolvimento, tanto social, econômico, político, cultural, comercial a partir da atuação de um ilustre cidadão, líder político e religioso o Padre Cícero Romão Batista, dados presentes são de sites da internet.
A população de Juazeiro do Norte é bastante heterogênea. Há praticamente pessoas de todos os Estados nordestinos, muitos dos quais romeiros, que para aqui vieram atraídos pela fama do Padre Cícero. A população nativa representa hoje menos da metade do total. Uma característica marcante é o fato de muita gente aqui ter o nome de Cícero ou Cícera, em homenagem ao Padre Cícero, considerado o fundador da cidade.
Quando Padre Cícero chegou ao povoado de Juazeiro, em 11 de abril de 1872, para fixar residência, o local era um pequeno aglomerado humano com uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, uma escola, cerca de 35 casas (a maioria de taipa) e duas pequenas ruas (Rua Grande e Rua do Brejo). Cinco famílias importantes habitavam o local: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes. O restante da população era formado por escravos e arruaceiros afeitos à bebedeira e à prostituição.
A partir daí Padre Cícero planejou sua vinda para o povoado de Juazeiro. Chegou no dia 11 de abril de 1872. Uma vez instalado em sua nova residência, Padre Cícero deu início a sua ação evangelizadora e moralizadora. Modificou o costume da população acabando pessoalmente com a bebedeira e a prostituição. Com ele o povoado experimenta os primeiros passos rumo ao desenvolvimento.
Diante de fatos não há como negar a importância da figura do Pe. Cícero na história do Juazeiro do Norte. Em função da sua atuação como líder religioso, Pe. Cícero conseguiu fazer com que milhares de pessoas, os romeiros, se destinassem a cidade na crença dos "milagres" do mesmo. O prestígio obtido pelo Pe. e a difusão cada vez maior de sues "milagres" fizeram com que Juazeiro fosse cada vez mais procuradas pelos devotos. A partir de então, o desenvolvimento da cidade avançava de forma cada vez mais significativa, em todos os aspectos, tornando-se hoje uma das principais cidades de referência religiosa, a "capital da fé", como também a mais desenvolvida em relação ao comércio.
Vários foram os motivos que caracterizaram a ascensão do Pe. Cícero para com o povo de maneira geral, mais principalmente para os romeiros. Uma das formas que o fez reconhecido e que fez propagar seus supostos milagres foram as histórias, as narrações de pessoas, dos romeiros, que vinham em romaria ao Juazeiro no intuito de conseguir algum milagre do Padim. Muitas das curas, "milagres", que aconteceram no Juazeiro foram relacionados ao Padim Pe. Ciço. As histórias de milagres, como não poderia ser diferente, fora se tornando cada vez mais difusas, não só entre os romeiros, mas entre a população da região e posteriormente de regiões circunvizinhas.
As experiências vivenciadas pelos romeiros eram transmitidas através de várias formas, uma das formas mais comuns era através de conversas, de histórias contadas, das narrações. Ao ouvir as histórias as pessoas se identificavam com a historia de vida de algumas pessoas e se sentiam no desejo de também vivenciar aquilo. A propagação através da linguagem era cada vez maior, e é nisto que este artigo vem se pautar, como a partir destas experiências e da propagação das mesmas através das histórias contadas, das narrações, elas conseguiram encontrar espaço social assim como também quem as narrava, e a parir desta socialização de vivências, experiências e conotação de histórias é que permaneceu durante a passagem do tempo, dando-lhe existência e mais que isso, continuidade, tradição de ser, de estar sendo romeiro.


Conceituando memória individual e memória coletiva

A memória pode ser pensada tanto individualmente, relacionada a memória do sujeito numa perspectiva psicológica, quanto coletivamente, relacionada ao social, ou seja como a partir desta, aquela se reafirma a partir de elementos congruentes entre a memória socializada.
A memória está associada ao ato de lembrar e o ato de lembrar está relacionado à coisas passadas, como explicitado por Bosi na passagem que diz "a percepção concreta precisa valer-se do passado que de algum modo se conservou; a memória é essa reserva crescente a cada instante e que dispõe da totalidade da nossa experiência vivida (BOSI, 1983)" e acrescenta "a memória permite a relação do corpo presente com o passado e ao mesmo tempo interfere no processo atual das representações (BOSI, 1983)." Esta falação da autora refere-se mais a memória individual, a maneira como qual o indivíduo vive e experiência a sua memória em relação ao tempo (passado-presente). Tratando-se da memória coletiva, a autora cita o que seria esta para Halbwaches dizendo que "em Halbwaches a memória não está relacionada apenas ao individuo, mas a sua realidade interpessoal com as instituições sociais, ou seja, vai depender do seu relacionamento com a família, a classe social, a igreja, etc.(BOSI, 1983)".
Desta forma diante do que foi exposto sobre o contexto no qual acontecera a realização desse trabalho, podemos colocar de acordo com esse pensamento da Bosi, que as romarias ao Pe. Cícero na cidade de Juazeiro do Norte, são como uma forma de rearfimação da memória, tanto num contexto individual quanto coletivo. São memórias que se integram e trazem do passado as lembranças daquilo que fora vivido ou pelos próprios narradores ou pela história contada, que nos remete a idéia de tradição, neste caso, (não de forma generalizada) a tradição religiosa, onde muitas vezes a mesma ação (ritual, no caso as romarias) permanece na família durante gerações.
A memória é uma forma de lembrar, e segundo Halbwaches, essa lembrança é confirmada pelos outros, pra que não se trate de uma memória isolada, ele diz que:
"Assim, para confirmar ou recordar uma lembrança, as testemunhas, no sentido comum do termo, isto é, indivíduos presentes sob uma forma material e sensível, não são necessárias. Elas não seriam, todavia, suficientes. Acontece, com efeito, que uma ou várias pessoas, reunindo suas lembranças, possam descrever muito exatamente os fatos ou os objetos que vimos ao mesmo tempo em que elas, e mesmo reconstituir toda a seqüência d nossos atos e de nossas palavras dentro da circunstâncias definidas, sem que nos lembrássemos de tudo aquilo (Halbwaches, 1990)."

Este pensamento do autor nos faz perceber como a lembrança ou a memória tem caráter social e se confirma através desta. No caso da pesquisa de campo feita para a realização deste trabalho, só se pode analisar através de uma única entrevista a narração contada por um individuo, não tendo como relacionar a outros discursos, ou seja, partiu de sua própria experiência e de histórias que foram contadas para ele, e que a ele foram contadas. Isso remete a argumentação da Bosi, quando fala em memória-trabalho, onde diz que "a memória não é sonho é trabalho.
"Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado "tal como foi" e que se daria no inconsciente de cada sujeito (BOSI, 1983)", a memória trabalho relaciona-se a idéia de reconstrução, e desta forma, não essa memória não traz de volta ao presente os fatos e acontecimentos tal como aconteceram, isto seria quase impossível, mesmo porque "a memória das pessoas também dependeria desse longo e amplo processo, pelo qual sempre "fica" o que significa. E fica não do mesmo modo: às vezes quase intacto, às vezes profundamente alterado (BOSI, 1983)." É por isso que a memória (ou a lembrança) individual deve estar relacionada a memória coletiva que de certa forma lhe dá condições à sua existência e de certa forma, segundo Halbwaches, sua afirmação a partir do grupo.
Ambas as memórias trabalham no sentido de resgatar do passado algo que seja para o indivíduo seja para o grupo tivera relevância, através das explicitações de Bosi, pode-se perceber que estas memórias não são excluídas uma pela outra, mas são complementada uma pela outra, ficando evidente no seu discurso que a memória coletiva é mais consistente para a contextualização da memória em relação ao tempo, ao espaço e também ao indivíduo. A autora concorda com Halbwaches quando afirma que a memória deve ser reconstruída, fundamentada e compartilhada pelos "outros", n idéia de que haja um reconhecimento por parte de um grupo de referência, para que possa ter um "lugar" na História, não sendo apenas uma lembrança evocada e sustentada apenas por um individuo.
É na esfera coletiva que a memória encontra o suporte necessário para sua função de "continuidade" da História e das histórias que são contadas, perpassando assim a idéia tempo, como uma construção social, no caso da memória está sempre em relação o passado e o presente, e muitas vezes a partir disso, uma projeção do futuro.
O pensamento do autor Halbwaches não é muito diferente do colocado pela Bosi, ele diz que a memória individual é reconstruída, relembrada, a partir da consciência da memória coletiva. È a partir dessa, ou seja, das pessoas, do ambiente social em que ocorre esta memória que terá como referencial a memória dos demais.
A reconstrução da memória ocorrerá de maneira mais eficiente quanto mais compartilhada forem as imagens e os depoimentos acerca de determinado momento, ocasião, acontecimento. È através do compartilhamento de vivencias de diferentes pessoas, ou seja do ponto de vista individual , que será construída a memória coletiva, de maneira recíproca no sentido de complementaridade.

A narração como instrumento

Contextualizada então a questão da memória como sendo fundamental para a narração, visto que esta trata da oratória e de coisas que estão no passado, que já foram vivenciadas, e que estão sendo trazidas de volta ao presente pelo narrador para que tais histórias não se percam no tempo. A narração constitui uma forma de comunicação. É também através delas, que é possível conhecer histórias através das experiências de as viveu e que narram tais histórias ou de quem ouviu falar de tais histórias e a repassam a partir da narração.
Um dos autores que atenta para a questão da narração é Walter Benjamin, no texto o narrador, trata de alguns aspectos característicos da narração e do narrador. Como falado anteriormente a narração trata de um tipo de experiência e que carrega consigo determinada utilidade, acerca da narração ele diz que
clara ou oculta, ela carrega consigo sua utilidade. Esta pode consistir ora numa lição de moral, ora numa indicação prática, ora num ditado ou norma de vida- em qualquer caso o narrador é um homem que dá conselhos ao ouvinte (BENJAMIN,1987).

Tratar a narração como instrumento de continuidade do processo histórico, é tratar que tais experiências narradas estão relacionadas a um fim, para que haja uma forma de comunicação é necessário que se tenha quem fale e quem escute, e num âmbito social que esta fala encontre um grupo de referência.
No caso das romarias em Juazeiro, percebe-se que as histórias, as narrações, mesmo que na maioria tratando-se de histórias individuais, tem em si um encontro com pessoas, com grupos que escutam e que de certa forma vivenciam tal história reafirmando aquilo que está no seu discurso, informando àqueles suas vivências e experiências, que muitas vezes por se tratar num mesmo contexto acabam por se relacionar de forma congruente, ou simplesmente tomam para si, como uma forma de verdade, aquilo que está sendo posto pelo outro. Numa das passagens do texto, Benjamin diz:
não há nada que de forma mais duradoura recomende histórias a memória que aquela casta concisa que as subtrais à análise psicológica. E quanto mais natural o modo pelo qual se dá, para o narrador, renúncia ao matizamento psicológico, tanto maior se torna sua candidatura a um lugar na memória do ouvinte, tão mais plenamente as histórias se conformam `experiência pessoal dele, tanto maior é sua satisfação em mais dia menos dia, voltar afinal a contá-las (BENJAMIN, 1987)."

Ou seja, quando as histórias dos romeiros são compartilhadas seja entre eles ou entre não-"romeiros", estas histórias ficam permeando e sendo repassadas dentro de vários espaços, constituindo assim, a idéia aqui proposta de continuidade, de ser através dela que, como uma forma de linguagem e de comunicação, mantém-se relações continuadas e de recontar tais histórias, e não somente, mas também como uma forma de se manter costumes, tradições.
O narrador implica um ouvinte, "quem ouve uma história está na companhia do narrador, mesmo quem lê participa dessa companhia" e complementa na passagem,
Raras vezes dá-se conta de que a relação ingênua entre ouvinte e narrador é denominada pelo interesse em reter a coisa narrada. O ponto chave para o ouvinte desarmado é garantir a possibilidade de reprodução. A memória é a capacidade épica por excelência. Só graças a uma memória abrangente pode a épica, por um lado, apropriar-se do curso das coisas e por outro, fazer as pazes com o desaparecimento delas (BENJAMIN, 1987).

Este autor trabalha muito a idéia do papel do narrador em relação com a sua narrativa, quais os papeis de ambos em relação a experiência e a história em que são contadas as histórias. Atenta para o fato da importância do narrador, deixando durante o texto algumas diferenças entre este e o romancista, aquele faz a narrativa baseada mais na oratória, no "na experiência do boca a boca", este, se faz na invenção da imprensa, atentando para o fato de que esta observação refere-se a questão da difusão, da forma como são transmitidos. No parágrafo final do texto o autor expõe algumas características do narrador dizendo
Visto deste ângulo, o narrador entra na categoria dos professores e dos sábios. Ele dá conselho ? não como provérbio: para alguns casos ? mas como o sábio: para muitos. Pois lhe é dado recorrer a toda uma vida. (Uma vida, aliás, que abarca não só a própria experiência, mas também o que ele aprendeu ouvindo.). Seu talento consiste em saber narrar sua vida: sua dignidade em narrá-la inteira. O narrador é o homem que poderia deixar a mecha de sua vida consumir-se integralmente no fogo brando de sua narrativa (BENJAMIN, 1987).

Com esta fala pode-se perceber, a importância da narração para o narrador e da maneira como é contada, a importância dela também para o ouvinte. A narração, como já dito é uma forma de comunicação, a partir do momento que as histórias, no caso das romarias/dos romeiros, se encontram em relação uma a outra, ou que tem em si um determinado fim, o de "santificar" o Pe. Cícero, estas histórias encontram força para continuar permanecendo, e esta força é revelada a partir da força coletiva que tem a narrativa, por ser algo que é proferido pelo individuo, mas que, contudo é ouvido, seja por outro ou por um grupo de pessoas, que encontram em determinado momento, seja na figura do Pe. Cícero, seja no "milagre" na graça que receberam, uma congruência que faz-se fortalecer tais histórias mutuamente. Assim essas histórias são contadas, e recontadas, e repassadas, criando cada vez mais espaço e reconhecimento, e da forma como dizem "entrando para a história" e mais que isso, permanecendo nesta de forma resignificada.

O papel da relação: memória e narração

Na discussão que se apresenta sobre a memória como uma forma de trazer ao presente histórias e experiências do passado, a autora Benevides mostra que isso acontece através de elementos do presente. Disso pode-se pensar como as romarias atuam em relação ao "fazer lembrar", "fazer reviver", recordar, e a partir dessas lembranças narram suas vivências sendo estas reconhecidas e reafirmadas pelo demais.
As romarias funcionam como uma espécie de ritual simbólico com características da esfera da vida religiosa, tais histórias quando são narradas ganham poder e acabam por encontrar um papel fundamental dentro do espaço em que são contadas. É disso que trata os argumentos de Benevides, a autora traz para discussão a constituição dos espaços da memória tanto individual quanto coletiva.
Para ela a memória, tanto material quanto simbólica, ocupa um lugar, tanto para todos e para cada um e juntamente a isso, a idéia de temporalidade onde indivíduos e grupos organizam suas memórias do presente em relação ao passado e de projeção do futuro ao que se constrói no presente.
Com isso pode-se pensar que a romaria, sendo realizada desde muito tempo implica num importante meio de significação e reafirmação da fé para os romeiros, estes "fazem" (d)a romaria de várias maneiras e por diferentes motivos, seja pagando promessas, por tradição familiar, agradecimento por graça alcançada, um milagre concedido pelo Pe. Cícero, enfim, motivos que desejam alcançar ou que já foram alcançados, sobre isto Benevides diz "enquanto o passado fica impregnado em concreto, a página do tempo é evocada em meio as reentrâncias do pensamento (BENEVIDES, 2001)." Assim não somente é válido o milagre em si, mas também o fato de relembrá-lo, recordá-lo e mais que isso revivendo-o de forma compartilhada, revivendo o momento com os demais, e isto se faz a través da narração de tal evento, de tal acontecimento, de tal história, pois anulada a hipótese de se voltar no tempo, resta apenas, lembrar. São estas histórias que também reacendem o "sentido", ou cria-os, tanto para quem viveu a história e a narra, quanto para os que ouvem.
O narrar funciona de maneira a manter o sentido, tornar verdadeiro o significado, no caso das romarias, servindo como fortalecimento da condição de tornar santo o Padim Pe. Ciço, num desejo mais coletivizado, e em relação ao individual, funciona como parte da renovação, reafirmação da fé através dos rituais, onde se reconhecem e são reconhecidos naquele espaço e, muitas vezes, fora dele. Sobre isto Benevides afirma:
Carregados de sentido, os lugares da memória (casas, igrejas, cemitérios...), despertam lembranças do vivido e revelam a presença da ausências, uma vez que são emissários de algo que não mais existe ou de algum momento que já passou (BENEVIDES, 2001).


CONCLUSÃO
O que pode ser observado ao longo do trabalho, é que a memória atua em função da memória como uma espécie de ferramenta necessária para a narração. Memória, tempo, histórias, narrações, são peças que se interligam e se completam estabelecendo-se como um conjunto de fatores necessários a idéia de continuidade, tradição, permanência de acontecimentos, já passados, mas que devido à importância e significado, continuam perpassando o tempo, o concreto, o já acontecido, e que apesar disso continuam, de certa forma, acontecendo, ou poderia simplesmente dizer, continuam.
O contar, o narrar histórias faz com que experiências individuais sejam coletivizadas, sendo repassadas através da linguagem, da comunicação, do compartilhar, encontrando ouvidores que por vezes a reafirma de forma condizente, e outras vezes de forma convergente, porém continuam sendo transmitidas, apenas como um "ouvi dizer" sem muito sentido para este. Porém, não cabe nesta discussão o universo de certo ou errado, sendo este relativizado por aquele que escuta.



REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade; Lembrança de velhos. São Paulo: T.A. Queiroz, 1983.
BENEVIDES, Maririna G. ancorando a Memória e fabricando continuidade. Propostas Alternativas: memória e patrimônio cultural do Ceará, I Fortaleza: Instituto da Memória do Povo Cearense ? IMOPEC, 2001.
HALBWACHES, Maurice. A memória coletiva. "Memória coletivo e memória individual". São Paulo: Vértice/Revista dos Tribunais, 1990.