MEMÓRIA ARTIFICIAL – O DOMÍNIO

 ...RETIREM AS MÁQUINAS  E TUDO SE EMPERRA.

Um estágio em que as máquinas informatizadas determinam praticamente tudo. Em todas as áreas elas se fazem presentes. Sem elas tudo se amarra, tudo termina.
Uma operaçãozinha rudimentar, dessas bem simples, que até um indouto do passado fazia, necessita-se recorrer à máquina hoje, senão o troco sai errado. Lê-se mais com os dedos que com a própria mente. Esta  se “enferrujando”, podendo perder suas funções mais elementares.
Tabuada? Quequéisso??? Coisa do passado! Pra que tabuada, se os dedos trazem as repostas prontamente!!! Crianças portando celulares - para falar o quê? - Leptops e coisas afins fazendo-as viverem num mundo aleatório, informatizado e, principalmente virtual. Sim, o virtual tomando o lugar do real. Real, se nem a moeda tem mais seu lugar de apenas auxiliar? Verdadeiro deus que comanda os passos, as atitudes do dia-a-dia. Maquinas que contam esses valores, mil vezes mas rápidas que os dígitos de uma mão que se atrofiará por falta de agilidade.
Um mundo de apertadores de botões, um universo de alienados que morreriam sem a informática. Olhos, ah os olhos! Estes perderam suas agilidades, porque permanecem presos ao videio, seu mundo do cotidiano. Os dedos, fazendo movimentos automáticos, jogando com os olhos e, sem dúvida, ganham de virada!
Tudo movido pela maquinaria, onde os processos se desenvolvem quase sem o recurso humano. Maquinas que substituem cortadores de cana, na proporção de 1 x 800: uma máquina fazendo o trabalho de 800 operários. Todas comandadas por computadores. Corta, limpa, tritura, transportam simultaneamente, atirando o produto aos caminhões que as seguem incontinentes. Estes, os brutos de 10 rodas, também comandados por microcomputadores até.
Um mundo de competição, onde é preciso produzir com incrível velocidade, porque a demanda cresce a olhos vistos!. China, o maior produtor de sapiens do mundo, despejam bilhares desses comandos ao redor do mundo, inundam os oceanos do mundo com seus "senhores" que dominam os quadrantes.
Música. Música? Onde, quando? Simples rufar de uma percussão eletrônica tomando o lugar dos antigos acordes que embalavam a alma. Ruídos apenas, destinados à pele, aos pés, quando muito ao gingado do corpo. Enquanto a bestialidade se processa, perde-se o conceito do que seja música. Tudo embalado pelos sintéticos sons de máquinas que jogaram aos porões pianos, órgãos e outros instrumentos nobres.
Adeus mentes a trabalhar, a criar e a perceber a natureza que se esvai pela ação dos comandados pelas máquinas e, estas, atiradas ao leu quando se desgastam, poluindo ainda mais o ambiente. Mundo dos dígitos, do supérfluo, que segue seu destino, inexorável rumo a não se sabe o quê...

Que será deste mundo se explosões solares gigantescas conseguirem vencer a intensidade do magnetismo terrestre, cujos efeitos serão explosões de transformadores, linhas de transmissão e... as máquinas? Os gigantes informatizados, minis espécimes que comandam o dia-a-dia do homem moderno; jatos, carros com seus computadores de bordo; as indústrias com seus robôs substituindo os humanos; hospitais com suas ressonâncias magnéticas,  corações artificiais comandados pela informática ... ships subcutâneos. Será o caos total! Não sobrará setor da atividade humana que não seja atingido.

Um Mundo onde a invenção toma lugar do inventor; onde o homem se coloca como um semideus, em redor de quem tudo deve girar, até a natureza tem que prostrar-se aos seus caprichos.  Invasão da privacidade natural, desfazendo o manto verde que outrora cobria a face do desnudo mundo. Ali, sim, até ali, no meio das poucas restingas de matas que teimam em aguentar o tranco da devastação, a informática movimenta as gigantescas máquinas controladas por chips. Tombam os últimos espécimes.

Pássaros, animais silvestres, buscando abrigo nos centros urbanos, onde o roceiro os precederam. Fincaram moradas, desalojados pelas enormes máquinas robotizadas dos senhores de engenhos. O solo, antes produtivo em cereais em larga escala, transformado em mares de canaviais.

Sim, as máquinas com suas memórias, acumulando megabits, mais e mais, tomando a dianteira neste mundo humano, que colocou o cérebro para finalidades vis. Não mais a preservação das virtudes, do amor, da compaixão e da fraternidade. Mentes a serviço de anseios materiais, do sexo que domina os quadrantes da sensualidade e... o esquecimento por completo da Fonte de vida, a origem que jaz no fundo do baú das reminiscências escondidas apenas no subconsciente. Deus riscado do lugar ocupado outrora, não tendo mais lugar neste contexto, onde tudo gira em torno da matéria.