A mídia brasileira sempre foi bagaceira, desculpem-me a gíria, mas não me contive diante de tanta luz dada a uma mulher de 121 cm de quadril. Medidas extraordinárias, é óbvio, diriam os homens afoitos por peitos e bundas, distantes de um cérebro elaborado. A mulher melancia, aquela que apareceu dançando funk, após a música do tal Créu, ganhou as páginas dos jornais e revistas, embarcou nos programas televisivos de fofoca e, ainda, saiu nua em uma revista masculina e pretende sair em outra. Seus planos são o de se tornar cantora e até tentar a carreira de atriz, mas ela curte o momento, aproveita a fama e além do mais, deitou na cama (?). Sua mãe diz que a filha atingiu a glória, amém!

Há tempos o compositor e agora escritor, Gabriel O Pensador, foi brilhante em mais uma de suas composições, apostando no neologismo bundalização. Vivíamos e vivemos um momento em que a mídia nacional joga em favor da descaracterização de belas mulheres, apostando na sua falta de inteligência e lucrando com isso. Tudo é bunda, o mundo é redondo, mas nem por isso devemos apostar e dar espaço para aqueles que caracterizam a mulher brasileira simplesmente como um objeto, um ser sem a capacidade de pensar. Chegamos à conclusão, aqueles que opinam através dessas pobres manchetes, que mulheres são todas assim: em baixo tudo, em cima nada. Se nós brasileiros perdemos horas apostando nesse tipo de reportagem imaginem nossa imagem perante os países que têm a certeza que o Brasil é uma nação de libertinos: índios, macacos e prostitutas. Que nosso carnaval é a expansão do mercado do sexo... Ufa! Somos campeões e ainda alimentamos esse tipo de barbárie.

Tudo bem que somos um País tropical, mas a melancia está demais. O preço desta fruta dos trópicos, mais água que fruta, saltou nas bancas (bancas de frutas ou de revistas?). Todo momento nas telas televisivas está lá à melancia. Diz que esse apelido veio de um internauta que viu a melancia dançando e sugeriu este pseudônimo. Melancia, que desde os enfeites de Carmem Miranda não era tão sugerida na mídia, agora enche aos olhos daqueles que se fartam com esta fruta.

Mas a ignorância desta fruta deve ser apresentada, talvez o pseudônimo melancia venha ao encontro do sugestivo cérebro cheio d'água. Em uma entrevista a aspirante à cantora comentou os versos de uma composição de Rita Lee, hoje interpretada pela cantora Maria Rita, Pagu, em que a compositora diz: "Nem toda brasileira é bunda, foi aí que a burrice aflorou e a tal melancia afirmou que ela não tinha só sua bunda como sinal de beleza, mas pernas, seios etc. Pobre moçoila faltaram alguns neurônios para acompanhar à profundidade de Rita Lee. De profundidade a melancia entende.