Meditação ou Tempestade de ideias.

Um turbilhão de pensamentos passava por minha cabeça, nenhum deles se fixava por mais de um segundo, alguns iam e teimosamente voltavam assim como que a reclamar uma maior atenção.

Sentia-me perdido sem saber ao certo que rumo tomar, as circunstâncias da última semana gritavam forte: - dispensa esses pensamentos intrusos e concentra num "Nome de Deus", busca o teu centro, não fica aí a badalar. Outros, no entanto, espremidos entre uma e outra me diziam: - se não pensares nas muitas alternativas, nas várias formas de cada circunstancia ou como o fato se apresenta, como irás ser criativo, como irás entender as coisas nos seus múltiplos aspectos?

Os livros que acabo de ler me dizem "pratique meditação: concentre os seus pensamentos" e "reprima o vagar dos pensamentos". Assim, eu tentei, com seriedade busquei apagar da minha mente os pensamentos e tentar viver somente concentrado na respiração, ou nos motivos que representam o aqui e agora ? neste exato momento.

Mas ao me deitar cansado de tanto lutar e diante de tantas derrotas me vi diante do questionamento: com quem estará a razão?

Essa fuga é algo verdadeiramente natural? Ou o contrário seria mais próximo do ser humano normal? Afinal o que é ser normal? (diga-se também nesse mundo louco).

Viver buscando uma forma de trabalhar a mente na busca de um comportamento "quase artificial" próprio apenas a alguns iluminados(?)... ou esquizofrênicos. Ou seria normal aquele ser dotado de mente irrequieta que age como um cavalo selvagem e que não sossega um segundo no seu modo de ser. Natural e normal, portanto.

Penso como defesa a visão de um fato e logo a seguir a busca da mente em interpretar esse fato, em todas as alternativas possíveis, criando pressupostos conhecidos e inventando outros desconhecidos para entender ? o fato ? e isso só é possível com a utilização da mente criativa ? da mente que divaga e não se prende, mas cria e recria ? fantasia, sonhas, divaga.

Seria razoável pensar que esse processo doidivano explica a criatividade porque de outro modo os "sinapse" novos não seriam ligados e novos caminhos não seriam desdobrados.

A mente divaga como num processo de manutenção e de conservação dos caminhos já abertos e na também na abertura e desdobramento de novas ligações, novas trilhas, do contrário, tenderiam a se apagar e não surgiriam as novas alternativas. Crescimento, pois.

Assim pensando, adormeci ? com a dúvida: Devo meditar ou devo divagar?

Qual seria o melhor caminho para inteligência do homem crescer e assim crescer como raça, como espécie?

Claro, claro. Em algumas circunstâncias o melhor é meditar ? para acalmar e fazer repousar a nossa mente. Fazer as energias do cavalo bravio serem restabelecidas. Noutras circunstâncias porém, o melhor é atiçar as alternativas, acender o motor da imaginação, para produzir os mais coloridos sonhos possíveis e quando mais inesperados melhor.

Mas, quando é realmente a hora de agir assim ou assado. Talvez a sabedoria se apresente unicamente em saber escolher essa hora esse lugar e não ser mestre numa ou noutra e sim alternando ? com o uso de uma ou de outra ? praticando uma excluindo outra alternativamente ? e sucessivamente, sempre.

A mente, como o corpo humano, foram construídos de modo a funcionar ora trabalhando duro, ora preguiçando e repousando. Ora pra cá, ora pra lá. Numa alternância feito badalo ? nunca só la, nunca somente cá.

Por fim concluímos assim, divagar por pensamentos vagabundos e errantes, é uma forma de ser e de agir, que julgamos justa, própria e devida, como fazer repousar a mente rotineira e sistematicamente também o será ? na justa medida.

Que acham?

Apolinario de A. Albuquerque ([email protected]) Rio, 22 nov 2010