De acordo com vários dicionários de português, expatriado é aquele que reside, voluntariamente ou não, fora da sua pátria, exilado. Pilotos brasileiros viveram uma onda de êxodo em busca de emprego quando foram dispensados, ou melhor, descartados do mercado, no “encerramento” de suas empresas aéreas.Foi a única saída para estes. Agora no sentido inverso vemos médicos cubanos chegando aqui.

Traçando um paralelo entre as carreiras de médico e piloto podemos ver muitas parecenças: responsabilidade direta sobre a vida do outro, trabalho noturno, plantões, etc. Porém neste recente caso de expatriação constatam-se gritantes diferenças.

Senão vejamos: o piloto expatriado para trabalhar no exterior precisa, antes,passar por testes e verificação de sua proficiência na atividade, além de domínio do idioma internacional na aviação, o inglês. Depois seguem-se exames médicos e meses de reciclagem e adaptação às normas da empresa e do país. Tudo exigência internacional em prol da segurança. É o "nosso Revalida!.  após as aprovações ele será contratado. É fase que causa um frio na espinha, pois a mudança será acompanhada de perda de identidade, choque cultural, adaptações, solidão. Reações que são atenuadas pela presença e suporte da esposa e filhos.Nem o salário melhor, e a poupança proporcionada compensam a distância da sua terra natal, mas é a única saída.

No caso dos médicos cubanos, eles terão curso de tres semanas para aperfeiçoar a língua portuguesa além de aulas de legislação e ética. Em três semanas!!?!  Coisa para  herói, não? Segundo as palavras do ministro da saúde e da OPAS “eles vêm para vagas não preenchidas pelos brasileiros’ [em locais que eles não escolheram] “seus proventos serão repassados ao Ministério da Saúde cubano” [e o pior de tudo] - “não poderão trazer a família”! Se isto não é loucura ou escravidão então não entendo mais nada.

Não julgando o mérito deste programa este agosto -mês do cachorro louco, que ganhou este nome devido a marcantes acontecimentos históricos, e, também por ser a época do ano em que as mulheres portuguesas não casavam porque era essa a época em que os navios de expedição saíam para explorar novas terras, e neles os recém-maridos expatriados- este mês ficará marcado, na nossa terra, com a chegada dos pessoas expatriadas, com salários expropriados e sem suas famílias e passando por vilões.

Vilão mesmo é o governo que passou onze anos no poder e agora toma medidas emergenciais para tentar melhorar o país.